Neste capítulo, Paulo volta à
defesa do seu apostolado em contraste com as alegações dos falsos apóstolos que
induziram os coríntios ao erro. Em alguns momentos, ele assume o ponto de vista
dos seus críticos, usando de ironia para se colocar numa posição de fraqueza. É
necessário uma leitura cuidadosa para não se perder nas mudanças de
"tom" nas palavras de Paulo.
10:1-6
Paulo falou que era
humilde entre eles mas ousado nas suas cartas. Mais tarde, ele explica que essa
foi uma acusação feita por seus detratores (compare com o versículo 10:
"dizem").
Por enquanto, Paulo usa esta
imagem para reforçar seu ponto. O sentido é este: "Tudo bem, vocês me
consideram manso quando presente e severo quando ausente. Então, façam tudo
para corrigir os seus problemas, porque não quero ser severo quando chego
aí."
Apesar das opiniões de outros
sobre Paulo, ele afirma a sua determinação de fazer o certo, agindo de acordo
com a vontade de Deus e não a dos homens. Os versículos 3 a 6 descrevem bem a atitude e
as táticas do servo de Deus nas batalhas espirituais. Observe:
-Somos seres humanos, mas não
usamos táticas humanas.
-As armas que usamos são
espirituais, não carnais.
-Com as armas poderosas de
Deus, podemos vencer a força dos homens (fortalezas, sofismas, altivez,
pensamentos).
-Nosso alvo é simples: levar
"cativo todo pensamento à obediência de Cristo", completando a nossa
submissão.
**Obs.: Sofismas são
pensamentos ou raciocínios que parecem razoáveis e válidos, porém são falsos.
Paulo mostra, aqui, que a sabedoria de Deus é superior à suposta sabedoria dos
homens.
10:7-12
Paulo pede para seus
críticos serem justos com ele. Eles se consideravam servos de Cristo, mas
negavam a posição dele na família do Senhor. De fato, Paulo não era nem um pouquinho
inferior a eles. Ele tinha recebido autoridade de Cristo para edificar, e não
para destruir.
**Obs.: Para edificar e não
para destruir. Paulo mostra um dos problemas fundamentais do partidarismo. Ao
invés de edificar, o espírito carnal destrói. Em 1 Coríntios 3:1-16, ele frisou
este mesmo ponto. Os verdadeiros servos não procuram criar ou defender seus
próprios partidos (assim destruindo o corpo de Cristo). Cada um de nós deve
edificar e contribuir ao bem do corpo.
Paulo não aceitou a acusação
que ele fosse forte nas cartas e fraco quando presente. Prometeu, se fosse
necessário, usar da mesma severidade na presença deles.
**Obs.: Padrões errados para
avaliação de homens. Paulo recusou avaliar-se por comparações com outros
homens, e condenou tal prática. Infelizmente, muitos supostos servos do Senhor
ainda não captaram o sentido desse ensinamento. Há hoje comentários sobre qual
pregador é melhor que o outro, prêmios para melhores sermões, melhores livros,
melhores sites evangélicos na Internet, etc. Pessoas que alegam ser cristãs
participam ousadamente do pecado de auto-promoção. Tal prática não cabe no
reino de Deus (veja Mateus 20:27; 23:11; Lucas 17:10).
10:13-18
Paulo não tentou
validar seu trabalho por comparações com os trabalhos de outros. Ele se viu no
contexto da responsabilidade que Deus lhe deu. A esfera de ação dele incluiu
Corinto e ele faria o trabalho entre eles, apesar da oposição de alguns
"irmãos".
**Obs.: A esfera de ação.
Embora Paulo comente sobre locais geográficos, ele não sugere limites de
território físico no trabalho do Senhor. Os apóstolos foram enviados ao mundo
(Marcos 16:15), e a mesma responsabilidade de pregar o evangelho foi
transmitida a homens fiéis e idôneos (2 Timóteo 2:2). Pessoas que se acham hoje
donas de determinados "territórios" no trabalho do Senhor mostram a
mesma atitude carnal que Paulo condenou. Como servos de Deus, podemos e devemos
pregar em qualquer lugar onde exista oportunidade.
Neste parágrafo, encontramos
uma frase que deve controlar todas as tendências orgulhosas de
auto-engrandecimento: "Aquele, porém, que se gloria, glorie-se no
Senhor" (versículo 17).
Autor Desconhecido
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