A Perseverança
dos Santos (1):
O regenerado não está livre do seu pecado
Aqueles que,
de acordo com o seu propósito, Deus chama à comunhão do seu Filho, nosso Senhor
Jesus Cristo, e regenera pelo seu Santo Espírito, ele certamente os livra do
domínio e da escravidão do pecado. Mas nesta vida, ele não os livra totalmente
da carne e do corpo de pecado (Rm 7.24).
Artigo 2 -
Pecados diários de fraqueza
Portanto,
pecados diários de fraqueza surgem e até as melhores obras dos santos são
imperfeitas.
Estes são
para eles constante motivo para humilhar-se perante Deus e refugiar-se no
Cristo crucificado. Também são motivo para mais e mais mortificar a carne
através do espírito de oração e através dos Santos exercícios de piedade, e
ansiar pela meta da perfeição. Eles fazem isto até que possam reinar com o
Cordeiro de Deus nos céus, finalmente livres deste corpo de morte.
Artigo 3 -
Deus preserva os seus
Por causa dos
seus pecados remanescentes e também por causa das tentações do mundo e de
Satanás, aqueles que têm sido convertidos não poderiam perseverar nesta graça
se deixados ao cuidado de suas próprias forças. Mas Deus é fiei:
misericordiosamente os confirma na graça, uma vez conferida eles, e
poderosamente os preserva [na sua graça] até o fim.
Artigo 4 - Os
santos podem cair em pecados sérios
O poder de
Deus, pelo qual ele confirma e preserva os verdadeiros crentes na graça, é tão
grande que isto não pode ser vencido pela carne. Mas os convertidos nem sempre
são guiados e movidos por Deus, e assim eles poderiam, em certos casos, por sua
própria culpa, desviar-se da direção da graça e ser seduzidos pelos desejos da
carne e segui-los. Devem, portanto, vigiar constantemente e orar para que não
caiam em tentação. Quando não vigiarem e orarem, eles podem ser levados pela
carne, pelo mundo e por Satanás para sérios e horríveis pecados. Isto ocorre
também muitas vezes pela justa permissão de Deus. A lamentável queda de Davi,
Pedro e outros santos, descrita na Sagrada Escritura, demonstra isso.
Artigo 5 - Os
efeitos de tais pecados sérios
Por tais
pecados grosseiros, entretanto, eles causam a ira de Deus, se tornam culpados
de morte, entristecem o Espírito Santo, suspendem o exercício da fé, ferem
profundamente suas consciências e algumas vezes perdem temporariamente a
sensação da graça. Mas quando retornam ao reto caminho por meio de
arrependimento sincero, logo a face paternal de Deus brilha novamente sobre
eles.
Artigo 6 -
Deus não permite que seus eleitos se percam
Pois Deus,
que é rico em misericórdia, de acordo com o imutável propósito da eleição, não
retira completamente o seu Espírito dos seus, mesmo em sua deplorável queda.
Nem tampouco permite que venham a cair tanto que recaiam da graça da adoção e
do estado de justificados. Nem permite que cometam o pecado que leva à morte,
isto é, o pecado contra o Espírito Santo e assim sejam totalmente abandonados
por ele, lançando-se na perdiçao eterna.
Artigo 7 -
Deus quer renovar os eleitos para arrependimento
Pois, em
primeiro lugar, em tal queda, Deus preserva neles sua Imperecível semente da
regeneração, a fim de que esta não pereça nem seja lançada fora. Além disso,
através da sua Palavra e de seu Espírito, ele certamente os renova efetivamente
para arrependimento. Como resultado eles se afligem de coração,
entristecendo-se com Deus pelos pecados que têm cometido; procuram e obtêm pela
fé, com coração contríto, o perdão pelo sangue do Mediador; e experimentam
novamente a graça de Deus, que se reconcilia com eles que, através da fé adoram
sua misericórdia. E aí em diante eles se empenham mais diligentemente pela sua
salvação com temor e tremor.
Artigo 8 - A
graça do trino Deus preserva
Assim, não é
por seus próprios méritos ou força, mas pela imerecida misericórdia de Deus que
eles não caem totalmente da fé e da graça e nem permanecem caldos ou se perdem
definitivamente. Quanto a eles, isto facilmente poderia acontecer e aconteceria
sem dúvida. Quanto a Deus, porém, isto não pode acontecer de modo nenhum. Pois
seu decreto não pode ser mudado, sua promessa não pode ser quebrada, seu
chamado em acordo com seu propósito não pode ser revogado. Nem o mérito, a
intercessão ou a preservação de Cristo podem ser invalidados, e a selagem do
Espírito tampouco pode ser frustada ou destrulda.
Artigo 9 - A
certeza desta preservação
Os crentes
podem estar certos e estão certos dessa preservação dos eleitos para a salvação
e da perseverança dos verdadeiros crentes na fé. Esta certeza ocorre de acordo
com a medida de sua fé, pela qual eles crêem que são e permanecerão verdadeiros
e vivos membros da Igreja, e que têm o perdão dos pecados e a vida eterna.
Artigo 10 - O
fundamento desta certeza
Esta certeza
não vem de uma revelação especial, sem a Palavra ou fora dela, mas vem da fé
nas promessas de Deus, que ele revelou abundantemente em sua Palavra para nossa
consolação; vem também do testemunho do Espírito Santo, testificando com o
nosso espírito que somos filhos e herdeiros de Deus; e, finalmente, vem do zelo
sério e santo por uma boa consciência e por boas obras. E se os eleitos não
tivessem neste mundo a sólida consolação de obter a vitória e esta garantia
infalível da glória eterna, seriam os mais miseráveis de todos os homens (Rm
8.16,17).
Artigo 11 -
Esta certeza nem sempre é sentida
No entanto, a
Escritura testifica que os crentes nesta vida têm de lutar contra várias
dúvidas da carne e, sujeitos a graves tentações, nem sempre sentem plenamente
esta confiança da fé e certeza da perseverança. Mas Deus, que é Pai de toda a
consolação, não os deixa ser tentados além de suas forças, mas com a tentação
proverá também o livramento e pelo Espírito Santo novamente revive neles a
certeza da perseverança (lCo 1 O.13).
Artigo 12 -
Esta certeza não leva à acomodação
Entretanto,
esta certeza de perseverança não faz de maneira nenhuma com que os verdadeiros
crentes se orgulhem e se acomodem. Ao contrário, ela é a verdadeira raiz da
humildade, reverência filial, verdadeira piedade, paciência em toda luta,
orações fervorosas, firmeza em carregar a cruz e confessar a verdade e alegria
sólida em Deus. Além do mais, a reflexão deste benefício é para eles um
estímulo para praticar séria e constantemente a gratidão e as boas obras, como
é evidente nos testemunhos da Escritura e nos exemplos dos santos.
Artigo 13 -
Esta certeza produz diligência
Quando
pessoas são levantadas de uma queda (no pecado) começam a reviver a confiança
na perseverança. Isto não produz descuido ou negligência na piedade delas. Em
vez disto produz maior cuidado e diligência para guardar os caminhos do Senhor,
já preparados, para que, andando neles, possam preservar a certeza da
perseverança. Quando fazem isto, o Deus reconciliado não retira de novo sua
face delas por causa do abuso da sua bondade paternal (a contemplação dela é
para os piedosos mais doce que a vida e sua retirada mais amarga que a morte),
e elas não cairão em tormentos mais graves da alma (Ef 2. 1 O).
Artigo 14 -
Incluído o uso de meios
Tal como
agradou a Deus iniciar sua obra da graça em nós pela pregação do evangelho,
assim ele a mantém, continua e aperfeiçoa pelo ouvir e ler do Evangelho, pelo
meditar nele, pelas suas exortações, ameaças e promessas, e pelo uso dos
sacramentos.
Artigo 15 -
Este doutrina é odiado por Satanás mos amado pela Igreja
Deus revelou
abundantemente em sua Palavra esta doutrina da perseverança dos verdadeiros
crentes e santos e da certeza dela para a glória do seu Nome e para a
consolação dos piedosos. Ele a imprime nos corações dos crentes, mas a carne
não pode entendêIa. Satanás a odeia, o mundo zomba dela, os ignorantes e
hipócritas dela abusam, e os heréticos a ela se opõem. A Noiva de Cristo,
entretanto, sempre tem-na amado ternamente e defendido constantemente como um
tesouro de inestimável valor. Deus, contra quem nenhum plano pode se valer e
nenhuma força pode prevalecer, cuidará para que a Igreja possa continuar
fazendo isso. Ao único Deus, Pai, Filho e Espírito Santo, sejam a honra e a
glória para sempre. Amém !
AUTOR DESCONHECIDO
(Não nos responsabilizamos pelo conteúdo teológico deste material)
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