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terça-feira, 2 de janeiro de 2018

REFLEXÃO 378 - A PERDIÇÃO E SUA PROVISÃO EM CRISTO

A Perdição e Sua Provisão em Cristo

Com efeito, o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido

(Lc 19:10 TEB)

O sentimento e a realidade de perdição apresentam-se em nossa vida, vez por outra, em situações concretas ou abstratas que, ainda assim, e talvez de maneira mais pungente sentimos nossa garganta apertada por ela. Querendo ou não, conscientemente ou não, vez por outra estamos numa situação de perdição real. E exatamente por estarmos nesta condição existencial, perdemos alguns de nossos referenciais mais necessários. É exatamente isso que caracteriza a perdição. A noite escura na floresta, o barco solto em meio a uma madrugada chuvosa no mar furioso da existência. Tudo isto sem bússola, sem norte, sem referenciais. 


O sentimento de perdição articula-se em categorias diversas, e ignorar qualquer uma delas seria equivalente a minimizar o campo de abrangência do Milagre. 



Hoje podemos falar de algumas categorias, das que estão mais próximas de nossa realidade, que podem ser perdição política; financeira; religiosa; moral e, finalmente, perdição real. 



Os mecanismos de relacionamento entre os povos; os projetos de solução dos problemas para a sociedade e sua viabilidade reais, caracterizam uma perdição política. Os referenciais teóricos, que por gerações influenciaram os povos, e serviram de balizas para a estruturação de nossa sociedade sumiram, foram substituídas por uma série de elementos que formam, e impõem à sociedade um padrão sem paradigmas e de difícil digestão conceitual. O filósofo brasileiro e professor da Harvard University, sr. Roberto Mangabeira Unger, questiona inclusive a idéia do capitalismo frente à realidade do que estamos vivendo hoje. Todos os nossos referenciais de teorias políticas, hoje se não foram substituídas por essas novas realidades sem paradigmas, foram condenadas pela história como inúteis e inviáveis. 



No contexto desta confusa massa de teorias sobre macroeconomia, está a nossa micro-economia doméstica; modesta e ameaçada, que sofre os choques das mudanças de rumo da economia mundial, que por sua vez, deixa de ser local para ser global. E nossa economia doméstica é ferozmente achatada em razão das tentativas de se manter um equilíbrio precário na economia do mundo. Falta hoje o dinheiro no bolso da classe média; os jovens que gastavam por final de semana em festas e bares, hoje guardam recursos para ter como andar de ônibus ou metrô. Caracteriza-se uma perdição financeira, no contexto de uma economia equilibrada precariamente às custas do sacrifício do povo. Aumenta-se o bolsão de miséria, os moradores de rua, mendigos e crianças desmazeladas; que além de não possuírem expectativas, são desprovidos inclusive da noção de algo que poderia, quiçá, tirá-los desta perdição. 



A religião que sempre foi o escape do homem quando não sabia as respostas para suas indagações mais profundas, é hoje o escape para qualquer coisa, virou hobby, elemento de consumo. O brasileiro, que possui uma facilidade para qualquer tipo de crença, devido a sua falta de investigação científica, com o que se relaciona a religião e religiosidade, enfrenta hoje o propalar de várias seitas, doutrinas, religiões e "igrejas". Todas elas com a afirmação de possuírem as "respostas", a indicação correta do caminho. E frente a esta miscelânea de crenças, está o desorientado e cego homem em busca de Deus. 



Hoje Deus é apenas mais uma opção, neste supermercado da fé e crenças diversas que se tornou o Brasil, e de certa maneira o mundo. Até no meio evangélico brasileiro há opções para qualquer classe de pessoas, os ricos têm sua igreja, igualmente os pobres; as mulheres têm uma igreja formada por uma liderança só de mulheres; os homossexuais, os sincretistas, os patriarcais, cada um na sua, o importante é "ganhar o mundo". 



A religião já não liga o homem ao Absoluto, sequer orienta o caminho a Ele; distrair, entreter e divertir o fiel já é o bastante. 



A geração Xuxa é hoje uma multidão de mães solteiras. Depois veio a geração Tchan e Axé Music, de danças sensuais e genicológicas. As moças do movimento Funk, são identificadas por nomes animalescos e pornográficos. A situação moral brasileira chegou a ponto de sua cultura ser representada no exterior por danças que sequer história fizeram no país, e a história que se fará redundará em catástrofe para as famílias futuras. Frente a isso questiona-se o uso da censura, uma vez que os resultados de seu emprego na história recente do País foi lastimável, para se dizer o mínimo; mas as alternativas de solução têm sido parcas. É um tipo de fenômeno Tostines, a mídia não quer abrir mão da sensualidade porque a sensualidade vende bem; e esta, por sua vez, vende bem porque está na mídia. Fora deste ciclo, o investimento em cultura de boa qualidade no Brasil é quase nulo, comparado ao que se investe nas chamadas "culturas de lixo". Isso, mesmo com a lei de incentivo à cultura do governo federal que determina isenção de imposto para as empresas que invistam em ações culturais. Isso, mesmo com toda nossa tradição literária reconhecida no mundo inteiro. Isso, mesmo tendo nossa musica reconhecida, admirada e executada no mundo todo. Isso, mesmo com o nosso Samba, nossa Bossa Nova, nossa excelente MPB. 



A situação de culto a uma "cultura lixo", frente ao parco investimento em cultura que traga informação de boa qualidade ao povo; acrescido, ainda, da crescente falta de noções morais mínimas, como o respeito ao próprio corpo e vida,denota uma situação de total perdição moral que ora enfrentamos. 



Haveria ainda várias outras categorias que poderíamos alistar, mas estas talvez sejam as mais gritantes, e as demais, talvez sejam apenas um desdobramento das que aqui foram apresentadas, senão, serão desenvolvidas em trabalhos futuros. 



Mas há ainda que ser tratada uma outra categoria de perdição, que está fora da abrangência de todas as que tratamos aqui. Eu quero chamá-la de Perdição Real, não que as demais não o sejam, mas, antes, porque a natureza desta categoria situa-se num campo totalmente dissociado das demais, uma vez que, as que foram aqui dispostas podem ser superadas através de um esforço da sociedade ou de alguns seguimentos desta; ou mesmo de uma postura pessoal do indivíduo frente a elas, e o resultado será o "achar-se", a despeito de toda a situação. 



Mas o que caracteriza esta outra categoria de perdição está relacionado exatamente com a natureza da provisão para tal. 



Sobre Perdição Real podemos entender a total falta de orientação do homem em achar Deus, mesmo diante das mais variadas propostas de religiões e crenças que aparentemente dEle, se arrogam conhecer e ensinar. 



Uma das atribuições do caráter de Deus que mais me admira é sua total fidelidade aos decretos que Ele, em sua eterna sabedoria estabeleceu sobre o conhecimento de Sua Pessoa. Ele não se entrega fácil, Deus Se respeita, não Se mostra a qualquer preço ou ao primeiro que O busca. 



Em Jeremias capítulo vinte e nove, versículos de números treze e quatorze, o Senhor Deus revela-nos a natureza da busca por Ele que resultará no "achamento" de Sua Pessoa. 



Deus quer se revelar, quer se deixar achar, quer sair de detrás da cortina, do Santíssimo Lugar, quer vir para fora, para o alcance de quem O busca, mas não a qualquer preço. Importa que, os que O querem revelado, empreguem todo o coração nesta busca. 



Isso não é emocional, Deus não se revela por causa de choros, ou de poesias românticas, Davi não era, com certeza o único poeta de Israel em sua época ou depois dela, mas nem todos foram segundo o coração de Deus. 



Qual é, então, o caminho para a revelação de Deus? O texto de Lucas que escolhemos nos dá uma dica. Nele há três verdades que após serem analisadas com cuidado, nos levarão a posição correta frente ao Mistério que resultará na Revelação de Deus e de Sua Vontade. 



A primeira verdade fala da realidade que já constatamos, que é, a existência de uma categoria de pessoas perdidas que sozinhas não se acharão. São os que se perderam de Deus na queda adâmica. 



A segunda verdade da qual trata o Texto fala exatamente do "achamento" de Deus em Cristo. Ou seja, por Cristo e em Cristo seremos achados e acharemos ao Pai. 



E o terceiro, e mais profundo segredo do qual trata o Texto, mostra que Deus quer se revelar ao homem e este desejo chega a ponto de, Ele mesmo nos enviar o Guia que nos levará para Ele. 



Se antes de começarmos nossa busca por Deus, não reconhecermos que estamos totalmente perdidos em nossas ofensas e pecados, separados, por causa de nossa miséria, de Sua Pessoa Sempre Bendita, poderemos até chegar em algumas conclusões espirituais, a experiências místicas e tudo, mas certamente estaremos nos distanciando dEle. É uma questão até simples, para se achar precisa-se reconhecer que se está perdido. O apóstolo Paulo, começa sua aula de doutrina aos crentes de Éfeso exatamente com esta lição, após seu hino de louvor no capítulo um, ele inicia o capítulo seguinte, dizendo "E vos vivificou estando vós mortos em vossas ofensas e pecados; em que noutro tempo andastes segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência. Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também. Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), e nos ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus". 



Não havia como chegar nas conclusões dos capítulos finais do livro se Paulo não começasse deixando claro aos efésios que todos éramos mortos, totalmente separados de Deus. 



Mas Paulo ainda salienta a segunda verdade que identificamos no texto de Lucas, que é em Cristo que ocorre o grande "achamento" de Deus, neste mesmo capítulo Paulo nos mostra que, "Ele (Jesus) é a nossa paz, [...] Na sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar em si mesmo dos dois(judeus e gentios) um novo homem, fazendo a paz, e pela cruz reconciliar ambos com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades.[...] Porque por ele ambos(judeus e gentios) temos acesso ao Pai em um mesmo Espírito."Cristo é a provisão perfeita de Deus para aqueles que querem ter acesso a Deus e enfim chamá-lo de Pai. 



No entanto, a beleza e profundidade deste desejo de Deus em fazer com que o homem o alcance, se mostra de maneira inigualável na disposição de Deus em fazê-lo por e através de Cristo; a narrativa de Paulo é belíssima, "Para mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da sua graça pela sua benignidade para conosco em Cristo Jesus". 



A graça de Deus é abundante e rica, e isso se mostra em que Deus, quis em Cristo nos reconciliar Consigo. 



Não há filosofia ou pensador que tenha dito com tamanha autoridade, e inquestionável pertinência acerca da verdade como Jesus o fez; ele não falou sobre a verdade em categorias que não poderíamos ubíquar; sequer falou em categorias como, a verdade "consiste em" ou "a verdade é"; enfaticamente Ele falou "Eu Sou a Verdade"; mais, Ele disse, "Eu Sou o Caminho e ninguém vai ao Pai senão por mim!". 



O que Paulo afirma em Efésios dois está com base em João quatorze e versículo seis; está baseado na revelação total da Paixão de Cristo. Pois tão profunda demonstração de amor só poderia ser a Revelação do Amor de um Deus que quer ser chamado mais de Pai do que de Deus das Guerras, ou dos Sacrifícios de Touros; quer que nos acheguemos a Ele, mais como Filhos Amados que como adoradores que ignoram o caráter de quem adoram; quis-nos nascidos não da vontade da carne, mas de Sua própria Vontade Livre e Soberana; e se Ele nos fez renascer em Cristo, segundo Sua própria vontade, Ele quer se revelar a nós e tirar-nos desta Perdição que é levar a existência sem a noção de sua misericórdia e proposição de paz, proposta exatamente por Ele em Cristo. 



Esta categoria de Libertação da Perdição Real não se encaixa em outras categorias, apesar de fornecer novas perspectivas para a discussão na busca de solução para elas. As palavras do Dr. Martym Loyd-Jones é normativa, "O objetivo do Evangelho não é fazer do homem um ser com padrão moral elevado, mas sim fazer do homem um Novo Homem". 



Ser encontrado em Cristo, tampouco resolve as questões referentes a finanças, Dietrich Bonhoffer, em seu livro Tentação, deixa claro, na Meditação sobre a Primeira Tentação de Jesus, que, "Há duas grandes interrogações na vida do homem: uma indaga a respeito de Deus e a outra trata do pão; as duas perguntas têm ciúmes uma da outra. Nenhuma pretende excluir totalmente a outra, mas cada uma deseja estar em primeiro lugar. O problema acerca de Deus não exige do homem desistir da pergunta pelo pão, nem nega a pergunta pelo pão, após ter sido resolvido, o direito ao homem de também interessar-se por Deus." Mas a conclusão do notável mártir é decisiva, "Certamente(Jesus) poderia produzir pão, mas os homens o adorariam como a quem lhes fornece pão e não como àquele que ele realmente é, o Deus que também na fome, na privação, até mesmo na cruz e na morte, ainda é Deus.[...]" Pois, "Deus se manifesta a si mesmo por si mesmo e jamais pelo pão". 



O Senhor Deus te oferece a oportunidade de conquistas de bens, mas o texto sagrado vai sempre determinar que o bem adquirido deve ser utilizado no auxílio ao próximo. Na segunda carta aos Coríntios, capítulo nove e versículo oito, Paulo estabelece qual a razão pela qual Deus nos cumula de bens, "Deus tem o poder de vos cumular com toda sorte de graças, para que, dispondo sempre e em tudo do necessário, tenhais ainda de sobra para toda boa obra." 



Tampouco esta liberação tem a ver com religião, Deus não exige do homem uma série de normas a serem obedecidas, antes, Ele nos dispõe um padrão que se posto em prática resultarão em um relacionamento pessoal e real com Ele. 



Esta libertação nos traz um novo padrão de relacionamento político, é a política do perdão e amor. 



Não ignoramos, como mencionou Bonhoffer a pergunta por outras categorias de perdição, mas lembramos apenas que Deus não está interessado em trazer respostas para as questões fora de abrangência de Sua revelação. Ele quer que tenhamos sim uma postura coerente quanto as demais categorias de perdição. Mas todavia, ele nos quer conscientes de quem Ele é, o Deus que tão profundamente nos amou que nos enviou seu próprio filho para nEle sermos achados. Ele não só intervém em nossa direção para que o achemos mas faz isto através de Seu filho, Ele nos busca e nos salva por meio do Cristo, tirando-nos do abismo de nossa perdição. 



Glória pois a sua Majestade, Eternidade e Beleza.


AUTOR DESCONHECIDO
(Não nos responsabilizamos pelo conteúdo teológico deste material)


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