TEOLOGIA 3 - DEUS NÃO É AMULETO

DEUS NÃO É AMULETO

INTRODUÇÃO: A ênfase exagerada na pregação da prosperidade e dos milagres tem feito com que Deus seja visto por muitos como um amuleto. Deus de fato pode todas as coisas e quer nosso bem, mas é preciso cuidado para não enfatizarmos o errado nas pregações certas.
Creio na fé que se expressa por meio da confissão, pois confessar a Palavra de Deus é bíblico. Creio em falar à montanha: ou seja, dar ordens aos seus problemas para que vá embora. Creio que a cura é para hoje e foi conquistada por Cristo para cada um de nós, e pessoalmente já vi Jesus realizar diversos milagres.
Entretanto condeno a crença daqueles que confundem dar ordem a espíritos de enfermidades ou aos seus problemas com dar ordens a Deus. Existem pessoas que ousam exigir de Deus, não percebem quem são diante do Todo-Poderoso. Pessoas que pensam poder manipular Deus para realização de seus interesses pessoais. Não posso ficar indiferente diante de ênfases que estão fazendo de Deus nada além de um amuleto, um talismã poderoso que resolve os problemas de qualquer um que o “use” em contradição com os princípios que Ele mesmo ensinou.
Hoje em dia nas igrejas encontramos de tudo – pessoas que buscam a Deus só para ter um carro novo, para se verem curadas, para fazerem fortunas, mas não possuem desejo de servirem a Deus, apenas estão dispostos a dar para receberem em troca as bênçãos que desejam. Nos momentos de necessidades correm para Deus como se Deus fosse o amuleto para lhes dar sorte que desejam.

A geração de Eli – não deu valor à lâmpada de Deus (1 Sm 3:1-3)
..., antes que a lâmpada de Deus se apagasse, (1 Sm 3:3). Eli e seus filhos eram sacerdotes negligentes quanto ao serviço que deveriam prestar ao Senhor (1 Sm 2:12,17,22). Na verdade os filhos de Eli usam do sacerdócio para obterem benefícios próprios.
A lâmpada que se refere o texto eram as luzes do Candelabro que representavam o Espírito de Deus. A ordem que Deus havia dado era para que os sacerdotes nunca deixassem a lâmpada se apagar (Lv 24:3). Os sacerdotes se tornaram relapsos nos seus afazeres e não demoraria para que a lâmpada se apagasse. Estes homens foram se esfriando e logo começaram a se envolver com prostituição na porta do templo de Deus.
Portanto não é estranho que naqueles dias fosse raro uma manifestação do Espírito de Deus na Igreja (1 Sm 3:1).
Esta geração não é um bom exemplo a ser seguido.

A geração de Eli – transformaram Deus em um amuleto (1 Sm 4:1-11)
Por que esta geração foi derrotada? A arca não simbolizava a presença de Deus? Onde falharam?
O grande erro desta geração foi pensar que Deus é um amuleto. Seremos vencedores se levarmos Deus conosco pensaram eles! Mandaram trazer a Arca de Silo (1 Sm 4:3-5). Eles acreditavam na presença de Deus como um amuleto e não como um ser. Deus não é um amuleto é um ser e deve ser adorado e amado pelo que é e não pelo que pode fazer. O povo já nem ia mais a Silo adorar a Deus, mas no momento em que precisaram de uma vitória, quando ficaram com medo de serem derrotados novamente resolveram trazer Deus para pelejar com eles.
Aquela geração não percebeu que Deus não queria ser usado como amuleto e isso se tornou trágico para eles, porque Deus os deixou (1 Sm 4:10-11) e a Arca foi levada pelos filisteus e aquela geração pereceu (1 Sm 4:17-22).
O fim de Eli e seus filhos simbolizaram o fim daquela geração má. A perda da presença de Deus foi mais terrível para Eli e sua Nora do que a perda dos demais membros da família. Perder a presença de Deus é perder tudo.
Devemos cuidar para que não nos tornemos à nova geração ICABODE. Devemos cuidar para não olharmos para Deus como um amuleto. O amor a essa vida pode nos levar a uma perda do que Jesus conquistou para nós na cruz. O amor a essa vida pode nos conduzir a perda dela. Em nossos dias a Igreja vive este perigo. Estamos deixando de adorar ao Senhor PELO QUE ELE É, e estamos buscando-o somente PELO QUE ELE FAZ.
Não sejamos como a geração de Eli que buscou a Deus (Arca) apenas pelo que Ele poderia fazer por eles.

Qual o modelo bíblico daqueles que servem a Deus?
Jó declarou depois que sua mulher lhe pediu que amaldiçoasse seu Deus e morresse: Ainda que Ele me mate, eu o louvarei!
Aleluia! É de gente assim que o reino de Deus necessita hoje. Pessoas que aprendem a buscar a Deus pelo que Ele é, e não pelo que Ele faz. Jó não ficou buscando em momento algum durante seus momentos de tribulações conforto em futuras riquezas, não ficou declarando que Deus iria restituir tudo que ele tinha perdido. Jó não sabia se iria sair vivo daquela situação, contudo sua preocupação era não ferir a Deus. Isto não quer dizer que não podemos buscar o que Deus faz, e sim que não devemos esquecer o que Ele é e nem jamais perder esta ênfase.

A geração de Davi – redescobriram o valor da adoração a Deus
Houve uma geração que se distinguiu da geração de Eli, foi a geração de Davi. Quando falamos de Davi, já pensamos em louvor.
A geração de Eli perdeu a presença de Deus (a Arca simbolizava essa presença) – a negligencia deles na adoração fez com que Deus os abandonasse a sua própria sorte. Ao contrário de Eli e sua geração, Davi fez de tudo para resgatar a Arca da Aliança. Em seus dias a Arca volta para Israel.
Devemos ressaltar que Deus já se fazia presente na vida de Davi, antes mesmo de trazer a Arca de volta. A Arca era um símbolo e não significava que Deus estava preso a ela. Davi sempre foi um jovem adorador e Deus habita no meio dos louvores. Deus já mostrará sua presença a Davi em outras ocasiões, por exemplo: matara um leão e um urso porque o Senhor estava com ele (1 Sm 17:34-37); matará Golias porque o Senhor estava com ele (1 Sm 17:45, 50-51).
Davi possuía um entendimento que a geração de Eli não tinha. Deus não era apenas um amuleto para as horas de dificuldades, mas um ser que merece nossa devoção sempre, independente de nossas circunstâncias.
Mesmo sem a Arca, a presença de Deus na vida de Davi era real, porque ele era um adorador e não via Deus como um amuleto, mas como Senhor de sua vida.
Davi foi chamado de “homem segundo o coração de Deus” não porque era perfeito, pelo contrário Davi cometeu erros terríveis, entretanto tinha um desejo enorme de fazer a vontade de Deus. Sua vida foi uma busca em fazer a vontade Deus.
Quando se tornou rei, imediatamente conquistou Jerusalém, porque sabia que aquela era a cidade que Deus queria para si. Davi durante seu reino passou a lutar por todo território que Deus havia determinado a Moisés e Josué (embora nunca tenha sido totalmente conquistado), porque queria que à vontade de Deus fosse realizada. Procurou construir um Templo para o Senhor, pois queria que Deus tivesse uma casa mais bonita para ser adorado.
Num determinado momento de sua vida, quando seu primeiro filho que Bate-Seba lhe deu adoeceu, buscou a cura em Deus. Entretanto Deus não curou seu filho e a criança veio a morrer. Davi não se revoltou contra Deus e nem mesmo entrou em luto. A Bíblia diz que ele encerrou seu jejum, comeu, lavou-se, mudou de veste e foi adorar a Deus. Por que ele fez isso? Muitos teriam se revoltado contra Deus. Alguns diriam Deus: “Como pode fazer isso Senhor? Eu pago meus dízimos em dia; até faço ofertas ao Senhor; sustento missionários; Deus o Senhor não pode fazer isso comigo, é injusto. Meu filho não...”
Creio que Deus em sua infinita misericórdia, conhecendo a fraqueza dos homens não leva em consideração muitas coisas que falamos, pois sabe o quanto um coração de uma mãe ou de um pai sofre nestes momentos difíceis. Contudo precisamos reconhecer que não temos direito de tratarmos Deus dessa forma.
O que Deus espera de nós? Atitudes como a de Davi. Precisamos reconhecer que Deus é soberano sobre todas as coisas e que às vezes poderá dizer não para nós, e devemos continuar adorando-o. O melhor é reconhecermos que Deus é Deus e sabe o que faz sempre.
A forma como Davi trouxe a Arca nos mostra como ele adorava a Deus (2 Sm 6:12-19).
Destacamos alguns versos:
V. 13 – Sucedeu que, quando os que levavam a arca do Senhor tinham dado seis passos, sacrificava ele bois e carneiros cevados – Que procissão. Quanto tempo levou para a arca voltar neste ritmo? Davi não estava preocupado com o tempo, estava preocupado em adorar a Deus. Algo que precisamos aprender como Igreja. Enquanto estivermos preocupado com o tempo, não estaremos abertos a uma adoração profunda ao Senhor.
V. 14 – Davi dançava (Literalmente rodopiava) com todas as suas forças diante do Senhor... – Davi esqueceu-se da etiqueta real. Davi se portou de forma que Mical, sua esposa, se sentiu envergonhada. Muitas pessoas não adoram a Deus verdadeiramente porque se preocupam demais com a etiqueta. Pessoas assim, não conseguem dançar e pular na presença de Deus, e perdem a verdadeira alegria que Deus proporciona aqueles que o adoram com toda sua força. Mical se tornou estéril e assim tem se tornado muitos crentes que não permitem a verdadeira adoração na casa de Deus. São crentes infrutíferos, não produzem frutos para o reino de Deus.
Davi não se preocupava consigo mesmo, sua preocupação era satisfazer a Deus. Davi adorava a Deus e não importava as circunstâncias de sua vida. Davi adorava a DEU PELO QUE ELE ERA e não PELO QUE ELE FAZIA.
É hora da Igreja compreender que a musica na Igreja não é entretenimento, mas é o caminho para nos levar a adoração a Deus. A musica não é preparo para ouvir a Palavra de Deus, mas é manifestação daqueles que adoram a Deus.
Davi amava a Deus independente de circunstâncias. E nós? Davi adorava a Deus sem se preocupar com o que pensariam dele. E nós?

CONCLUSÃO: É hora de reaprendermos a honrar ao Senhor por causa do que ELE É, e aquilo que ELE FAZ será uma conseqüência natural em nossas vidas. Não há como adorar ao Senhor e deixar de provar a sua ação em nossas vidas. Na medida que adoramos ao Senhor os milagres virão e mesmo quando não virem da forma que esperamos, continuaremos a adorá-lo com alegria.
Deus não é amuleto – Vamos busca-lo pelo que ELE É e não pelo que ELE FAZ.


Pr. Cornélio