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quarta-feira, 23 de novembro de 2011

REFLEXÃO 9 - DESPERTANDO A IGREJA PARA MUDAR O MUNDO

DESPERTANDO A IGREJA PARA MUDAR O MUNDO

Particularmente não gosto de falar sobre políticos e política, mas percebo que o meu silêncio em nada colabora para a mudança que tanto desejo como cristão.
Infelizmente eu sou apenas mais um entre os milhões de brasileiros que não gosta de falar e se envolver com a política. Minha geração foi construída com a sindrome “anti-político”, isto é, que fazer política é coisa de político. Na verdade todo cidadão faz política todos os dias. Não se vive sem participar da política de nosso país, seja contribuindo de maneira intencional ou inconsciente.
Nós cristãos protestantes, em sua grande maioria, não participamos da luta contra a ditadura imposta em nossa sociedade, pois fomos culturalmente ensinados pelas escolas que estavam sob o domínio dos ditadores a não reagir. Minha tristeza se faz quando olho para a história e vejo que a maioria de nossas igrejas, buscando se manterem vivas em meio a ditadura, passou a propagar a teologia da “submissão” passiva.


Esta teologia gerou uma geração que ainda hoje acredita que carregar uma bandeira contra o governo é uma ação contra Deus; afinal Deus estabeleceu toda a autoridade, conforme descreve esssa teologia baseando-se no livro de Romanos, capítulo 13.1-2.
Sem dúvida devemos obedecer ao Estado. O Estado recebeu do povo autoridade para administrar com responsabilidade o patrimônio que lhes é confiado. Servir com responsabilidade significa empregar o patrimônio que o povo lhes confiou em favor do povo.
A pergunta que levanto aqui é: Se o Estado não administra com responsabilidade é legitimo seu governo? Se o empregado não faz o que o patrão lhe manda fazer é legítimo seu trabalho?
Me permita fazer mais uma pergunta: Como reagiria o patrão que tem um trabalhador que lhe rouba e não trabalha com responsabilidade? O Estado nada mais é que empregado do povo, entretanto, olhamos para o Estado como se nós fossemos os serviçais.
Deixa-me voltar para a Bíblia, afinal de contas você deve estar querendo base bíblica para o que estou falando. Quero lembrá-lo que o apóstolo Paulo, o mesmo que escreveu a carta aos Romanos, não obedecia a lei de adoração a Cesar, imposta pelo governo de Roma, uma vez que esta infligia a lei de Deus.  Entretanto acredito que seja importante lembrá-lo que Paulo estava debaixo de um governo monárquico e não democrático.
Mas porque não pensarmos em outros exemplos como:
·        Samuel que depôs o rei Saul e sua casa.
·        Elias que lutou contra Acabe, rei de Israel.
·   Eliseu que ungiu a Jeú para ser o novo rei em Israel orientando-o que matasse o rei Jorão e toda família de Acabe.

O que quero  mostrar com estes exemplo é que o povo de Deus sempre participou ativamente da vida política e sócio-econômica de seu país. Em fim o que quero dizer é "que fazer política não é pecado". Como se faz a política é que pode levar a torná-la pecaminosa.
Longe de mim, e de nós pegarmos em armas, nossa luta não é contra carne e sangue, e, nossas armas não são carnais e sim espirituais.
Podemos demonstrar o amor de Deus:
·    lutando pela justiça (“bem aventurados os que têm sede e fome de justiça...” – Mt 5.6);
·    falando pelas pessoas que não tem condições de falar (“abre a tua boca a favor do mudo, pelo direito de todos que se acham desamparados. Abre a tua boca, julga retamente, e faze justiça aos pobres e aos necessitados” – Pv 31.8 e 9).

Lutar pela justiça, abrir a boca e falar em nome dos pobres, necessitados e marginalizados implica em sair nas ruas e colocar a cara para bater, e, se necessário for dar a outra face. Não se luta sem sair do lugar de comodismo, não se faz ouvir a voz se permanecer calado.
A igreja brasileira, hoje, não é perseguida. Graças a Deus! Será? Já pensamos na possibilidade de que possívelmente estamos caminhando do mesmo lado da injustiça, da hipocrisia, da indiferença... do pecado.
“Aquele que se sabe o bem que tem que fazer e não faz está pecando” – Tg 4.17.
O pecado da igreja não se faz notório quando olhamos para os indivíduos, mas quando olhamos para o todo. A igreja formada por todos que professam sua fé em Cristo, sim, essa igreja que se diz uma (unidade) e santa, peca quando fecha seus ouvidos para o clamor dos pobres e necessitados, sejam eles pobres espirituais ou sócio-cultural. Nesse pecado faço parte e espero contribuir para a mudança da mesma, me sinto como Isaías – “Ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábio impuros, habito no meio de um povo de lábios impuros...” – Is 6.5.
Parafraseando: “Ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios cerrados, habito no meio de um povo de lábios cerrados”.
Entendo e creio que a preocupação maior da igreja deva ser com relação ao futuro eterno das pessoas, mas não podemos ignorar a luta pela vida aqui e agora.

Pr. Cornélio Póvoa de Oliveira

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