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terça-feira, 6 de dezembro de 2011

BATISMO 1 - BATISMO

CENTRO APOLOGÉTICO CRISTÃO DE PESQUISAS - CACP

BATISMO


O argumento católico de que o batismo é necessário para a salvação é muito semelhante ao dos opositores de Paulo na Galácia que afirmavam que a circuncisão era necessária para salvação. A resposta de Paulo é que os que exigem a circuncisão estão pregando um outro evangelho (Gal. 1:6). Ele diz que «todos os que confiam nas obras da lei estão sob maldição (3.10) e fala com muita severidade aos que procuram acrescentar qualquer forma de obediência como exigência para a justificação (31 5.4). Portanto precisamos concluir que nenhuma obra é necessária para a salvação. E, portanto, o batismo não é necessário para a salvação..
Mas o que dizer de João 3.5? O versículo diz: “Se alguém não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus”. Embora alguns entendam que essa é uma referência ao batismo, é melhor entender o texto com base no ambiente da promessa da nova aliança em Ezequiel 36:25,27.


“Então aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados; de todas as vossas imundícias, e de todos os vossos ídolos, vos purificarei.Também vos darei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne. Ainda porei dentro de vós o meu Espírito, e farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis as minhas ordenanças, e as observeis.”

Ezequiel fala aqui de um lavar “espiritual” que acontecerá nos dias da nova aliança, quando Deus colocar seu Espírito em seu povo. Á luz disso, nascer da água e do Espírito é um lavar espiritual tal quando ocorre quando nascemos de novo, assim como também quando recebemos um coração” espiritual, e não físico.
De modo semelhante Tito 3.5 não especifica batismo de água mas “o lavar regenerador declarando explicitamente que se trata da doação espiritual de uma nova vida. O batismo nas águas simplesmente não é mencionado nessa passagem. Um lavar espiritual e não literal esta em vista em Efésios 5.26, onde Paulo afirma que Cristo entregou-se a si mesmo pela igreja «para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da palavra”. É a Palavra de Deus que efetua o lavar aqui, não a água. Quanto a posição da igreja católica de que o batismo confere graça separadamente da posição subjetiva do batizado ou do ministro (posição coerente com as crianças batizadas que não exercem fé por si mesmas), precisamos reconhecer que não existe nenhum exemplo no Novo Testamento que comprove esse ponto de vista, nem há nenhum testemunho neotestamentario que indique isso. Pelo contrário, as narrativas que falam dos que foram batizados indicam que eles primeiro chegaram à fé salvadora.  E quando há declarações doutrinárias sobre o batismo, essas também indicam a necessidade de fé salvadora para o batismo. Quando Paulo afirma «tendo sido sepultados, juntamente no qual fostes ressuscitados”, imediatamente ele especifica mediante a fé no poder de Deus que o ressuscitou dentre os mortos» (Cl 2.12).

Finalmente que dizer de lPedro 3.21, onde Pedro escreve: “batismo [...] agora também voz salvará”? Será que o texto não apóia claramente a posição católica de que o batismo, por si só pode conceder graça salvadora ao batizado? Não, porque ao usar essa frase, Pedro pros­segue no mesmo período para explicar o que ele quer dizer com isso.

Ele afirma que o batismo salva não sendo a remoção da imundícia da carne(isto é, não como ato físico, externo, que lava a sujeira do corpo — essa não é a parte que salva), “mas a indagação de uma boa consciência para com Deus” (isto é, Como uma transação espiritual, interna, entre Deus e o individuo, transação simbolizada pela cerimônia externa do batismo). Poderíamos parafrasear a declaração de Pedro, dizendo: «o batismo, agora também vos salva — não a cerimônia física externa do batismo, mas a realidade espiritual interna que o batismo representa». Desse modo, Pedro preserva-se de qualquer posição sobre o batismo que atribuísse poder salvífico automático à. cerimônia física em si.
A frase de Pedro «a indagação de uma boa consciência para com Deus e outra maneira de dizer “um pedido de perdão de pecados e um novo coração”. Quando Deus dá a um pecador uma “consciência clara», tal pessoa tem a segurança de que todo pecado foi perdoado e que ela está em um relacionamento correto com Deus Em Hb 9.14 e 10.22, falam desse modo sobre a purificação da consciência através de Cristo. Ser batizado corretamente é fazer tal “indagação» para com Deus, Na verdade, equivale a dizer: “Por favor, ó Deus, enquanto entro nesse batismo que limpará o meu corpo externamente, peço-te que limpes o meu coração internamente, perdoes os meus pecados e me tornes justo diante de ti”. Entendido dessa forma, o batismo é um símbolo adequado do início da vida cristã.’
Assim, lPedro 3.21 por certo não ensina que o batismo salva automaticamente ou confere graça ex opere operato. O texto não ensina nem sequer que o ato do batismo em si tem poder salvífico, mas sim que a salvação ocorre através do exercício de fé interior representado pelo batismo (cf. Cl 2.12). De fato, os protestantes que defendem o batismo de convertidos podem bem achar em lPedro 3.21 algum apoio para a sua posição: o batismo, pode ser argumentado, é corretamente ministrado a quem tem suficiente idade para fazer “uma indagação de uma boa consciência para com Deus”.”
Concluindo, os ensinos católicos de que o batismo é necessário para a salvação, de que o ato do batismo em si confere graça salvadora e de que o batismo é, portanto, corretamente ministrado a crianças não são convincentes segundo os ensinos do Novo Testamento.

Segunda alternativa: a posição protestante pedobatista. Em contraste com a posição católica que acaba de ser discutida, outro ponto de vista importante é que o batismo é corretamente ministrado a todas as crianças que sejam filhos de pais cristãos. Essa posição é muito comum em muitas igrejas protestantes (especialmente luteranas, episcopais, meto­distas, presbiterianas e reformadas). Essa posição é às vezes conhecida como o argumento da aliança em favor do pedobatismo. É chamada argumento da “aliança” porque depende de interpretar que os filhos dos cristãos fazem parte da «comunidade da aliança” do povo de Deus. O termo “pedobatismo” significa que o Costume de batizar crianças (o prefixo paido expressa a idéia de “criança” e é derivado da palavra grega pais, “criança”).’” Estarei interagindo principalmente com os argumentos de Louis Berkhof, que explica com clareza e defende bem a posição pedobatista.
O argumento de que crianças nascidas de cristãos devem ser batizadas depende principalmente destas três colocações:

      a-   As crianças eram circuncidadas na antiga aliança. No Antigo Testamento. a circuncisão era o sinal externo de ingresso na comunidade da aliança ou na comunidade do povo de Deus. A circuncisão era ministrada a todas as crianças israelitas (do sexo masculino) quando completavam oito dias de vida.

b-   O batismo é paralelo à circuncisão. No Novo Testamento, o sinal externo de ingresso na “comunidade da aliança” é o batismo. Portanto, o batismo é o equivalente neotestamentario da circuncisão. Segue-se que o batismo deve ser ministrado a todas as crianças nascidas de pais cristãos. Negar-lhes tal benefício é privá-las de um privilégio e de um benefício que lhes pertence por direito — o sinal de pertencer à comunidade do povo de Deus, a «comunidade da aliança». O paralelo entre a circuncisão e o batismo é visto claramente em Colossenses 2:

Nele, também fostes circuncidados, não por intermédio de mãos, mas no despo­jamento  da carne, que é a circuncisão de Cristo, tendo sido sepultados, juntamente com ele, no batismo, no qual igualmente fostes ressuscitados mediante a fé no poder de Deus que o ressuscitou dentre os mortos” (Cl 212).

Aqui se diz que Paulo faz uma nítida relação entre a circuncisão e o batismo.

c. O batismo de famílias. Outro apoio para a prática do batismo infantil é encon­trado nos “batismos de famílias” relatados em Atos e nas epístolas, particularmente no batismo da casa de Lídia (At 16.15), da família do carcereiro de Filipos (At 16.33) e da casa de Estéfanas (lCo 1.16). Também se alega que Atos 2.39, que declara que a bênção prometida do evangelho é “para vós outros e para vossos filhos”, serve de base para tal prática.
Em resposta a esses argumentos em favor do pedobatismo, as seguintes considerações podem ser feitas:
(1) Não há dúvida de que o batismo e a circuncisão são semelhantes em vários aspectos, mas não podemos esquecer que o que simbolizam também é diferente em alguns aspectos importantes. A antiga aliança tinha um sinal externo, físico, do ingresso na “comunidade da aliança». Alguém se tornava judeu quando nascia de pais judeus. Portanto todos os judeus do sexo masculino eram circuncidados. A circuncisão não se restringia aos que tinham uma verdadeira vida espiritual interior, mas era feita a todos as que viviam entre o povo de Israel Deus disse:

Todo macho entre vós será circuncidado [...] O que tem oito dias será circuncidado entre vós, todo macho nas vossas gerações, tanto o escravo nascido em casa como o comprado a qualquer estrangeiro, que não for da tua estirpe. Com efeito, será circuncidado o nascido em tua casa e o comprado por teu dinheiro; a minha aliança estará na vossa carne e será aliança perpétua (Gn 17 10-13).
Não eram apenas os de descendência física do povo de Israel que eram circuncidados,            
mas também os escravos por eles comprados, que viviam entre eles. A presença ou a
ausência de vida espiritual interior não fazia nenhuma diferença para alguém ser 
circuncidado

. Assim «tomou, pois, Abraão a seu filho Ismael, e a todos os nascidos escravos em sua casa, e a todos os comprados por seu dinheiro, todo macho dentre os de sua casa, e lhes circuncidou a carne do prepúcio de cada um, naquele mesmo dia, como Deus lhe ordenara» (Gn 1223; conf Js 5.4).
Devemos reconhecer que a circuncisão foi dada a cada homem (ou menino) que vivia no meio do povo de Israel embora a verdadeira circuncisão seja algo interior e espiritual:
“Circuncisão é a que é do coração, no espírito, não segundo a letra» (Pan 2.29). Além disso, Paulo declara explicitamente que “nem todos os de Israel são, de fato, israelitas” (Rm 9.6). Todavia, embora houvesse no tempo do Antigo Testamento (e mais plenamente no Novo Testamento) um reconhecimento da realidade espiritual interior que a circun­cisão pretendia representar, não houve nenhuma tentativa de restringir a circuncisão apenas àqueles cujo coração era de fato espiritualmente circuncidado e que tinham genuína fé salvadora. Mesmo entre os homens adultos, a circuncisão era aplicada a todos, não apenas aos que davam prova de fé interior.
(2) No entanto, sob a nova aliança a situação é muito diferente. O Novo Testamento não fala de uma “comunidade da aliança” constituída de convertidos e seus filhos, parentes e servos descrentes que estejam vivendo entre eles. (De fato, na discussão do batismo, a frase “comunidade da aliança” usada pelos pedobatistas tende com freqüência a funcionar como um termo genérico e vago que obscurece as diferenças entre o Antigo e o Novo Testamento nessa questão.) Na igreja do Novo Testamento, a única questão que importa é ter fé salvadora e ser incluído no corpo de Cristo, a verdadeira igreja. A única “comunidade da aliança” discutida é a igreja, a sociedade dos redimidos.
Mas como alguém se torna membro da igreja? O meio de ingresso na igreja é voluntário, espiritual e interior. Alguém tornar-se membro da verdadeira igreja através do novo nascimento e da fé salvadora, e não de um nascimento físico. Isso ocorre não por um ato externo, mas pela fé interior do coração. Com certeza é verdade que o batismo é o sinal de ingresso na igreja, mas isso significa que este deve ser ministrado aos que dão prova de serem membros da igreja, somente os que professam fé em Cristo.
Não devemos ficar surpresos com o fato de ter havido uma mudança do modo de ingressar na comunidade da aliança no Antigo Testamento (nascimento físico) para o modo de ingressar na igreja no Novo Testamento (nascimento espiritual). Há muitas mudanças análogas entre a antiga e a nova aliança também em outros casos. Enquanto os israelitas alimentavam-se do maná físico no deserto, os crentes do Novo Testamento alimentavam-se de Jesus Cristo, o verdadeiro pão que desce do céu (Jo 6.48-51). Os israelitas beberam água que jorrou da rocha no deserto, mas os que crêem em Cristo bebem da água viva da vida eterna que ele dá (Jo 4.10-14). A antiga aliança tinha um templo material ao qual Israel se dirigia para cultuar, mas na nova aliança os cristãos são edificados para serem um templo espiritual (lPe 2.5). Os crentes da antiga aliança ofereciam sacrifícios de animais e de colheitas num altar, mas os do Novo Testamento oferecem “sacrifícios espirituais aceitáveis a Deus por meio de Jesus Cristo» (lPe 2.5; cL Hb 13.15- 16). Os crentes da antiga aliança receberam de Deus a terra física de Israel que ele lhes tinha prometido, mas os crentes do Novo Testamento receberam “uma pátria superior, isto é, celestial” (Hb 11.16). Do mesmo modo, na antiga aliança aqueles que eram semente física ou descendentes de Abraão eram membros do povo de Israel, mas no Novo Testamento os que são “semente” ou descendentes espirituais de Abraão pela fé são membros da igreja (Gl 3.29; cf. Rm 4.11-12).
Em todos esses contrastes vemos a verdade da distinção que Paulo enfatiza entre a antiga e a nova aliança. Os elementos e as atividades materiais da antiga aliança eram apenas sombra das coisas que haviam de vir”, mas a verdadeira realidade, a “substância”, é encontrada no relacionamento da nova aliança que temos em Cristo (Cl 2.17). Portanto, é coerente com tal mudança de sistema que os meninos fossem automaticamente circuncidados na antiga aliança, visto que a descendência e a presença físicas deles na comunidade do povo judeu mostrava que eles eram membros daquela comunidade, na qual a fé não era um requisito de ingresso. Todavia, na nova aliança é apropriado que as crianças não sejam batizadas e que o batismo seja ministrado apenas aos que dão prova de fé salvadora genuína, porque ser membro da igreja está baseado em uma realidade espiritual interna e não na descendência física.
(3) Os casos de batismo de famílias no Novo Testamento não são realmente decisivos em favor de uma ou de outra posição. Quando olhamos para os casos mais de perto, vemos que em alguns deles há indicações de fé salvadora por parte de todos os batizados. Por exemplo, é verdade que a família do carcereiro de Filipos foi batizada (At 16.33), mas também é verdade que Paulo e Silas «lhe pregaram a palavra de Deus e a todos os de sua casa” (At 16.32). Se a Palavra do Senhor foi pregada a todos os da casa, há uma pressu­posição de que todos tinham idade suficiente para entender a palavra e crer nela. Além disso, depois que a família foi batizada, lemos que o carcereiro de Filipos, “com todos os seus,demonstrava grande alegria, por terem crido em Deus” (At 16.3 4). Portanto, temos não apenas o batismo da família, mas também a aceitação da Palavra de Deus por parte da família e uma grande alegria na fé em Deus igualmente por parte da família. Esses fatos indicam com muita clareza que toda a família demonstrara fé em Cristo individualmente.
Com respeito ao fato de que Paulo batizou «a casa de Estéfanas” (lCo 1.16), preci­samos também notar que Paulo diz no final de lCoríntios que “a casa de Estéfanas eram as primícias da Acaia e que se consagraram ao serviço dos santos” (lCo 16.15). Logo, eles não foram apenas batizados; foram também convertidos e tinham trabalhado servindo outros cristãos. Uma vez mais o exemplo de batismo de famílias indica fé de famílias.
Na verdade, há outros exemplos em que o batismo não é mencionado, nos quais vemos testemunho explícito do fato de que uma família inteira demonstrou fé. Depois que Jesus curou o filho de um oficial, lemos que o próprio pai “creu e toda a sua casa” (Jo 4.53). Semelhantemente, quando Paulo pregou em Corinto, «Crispo, o principal da sinagoga, creu no Senhor, com toda a sua casa” (At 18.8).
Isso significa que de todos os exemplos de “batismos de famílias” no Novo Testamen­to, o único que não mostra alguma indicação de fé também da família é Atos 16.14-15, que fala de Lídia: “O Senhor lhe abriu o coração para atender às coisas que Paulo dizia. Depois de ser batizada, ela e toda a sua casa...”. O texto simplesmente não contém informação alguma sobre se havia crianças na casa de Lídia ou não. O texto é ambíguo e não há evidência clara em favor do batismo infantil. A passagem por si só deve ser considerada inconcludente.
Com respeito à declaração de Pedro no Pentecostes, “a promessa é para vós outros e para vossos filhos”, devemos observar que a proposição prossegue: “Pois para vós outros é a promessa, para vossos filhos e para todos os que ainda estão longe, isto é, para quantos o Senhor, nosso Deus, chamar (At 2.3 9). Além disso, o mesmo parágrafo especifica não que os filhos de cristãos e de descrentes eram batizados, mas sim que “os que lhe aceitaram apalavra foram batizados, havendo um acréscimo naquele dia de quase três mil pessoas” (At 2.4 1).
(4) Outro argumento que faz objeção à posição pedobatista pode ser apresentado quando fazemos uma simples pergunta: “Que benefício traz o .batismo?” Em outras palavras, podemos perguntar: “Que o batismo de fato efetua?
Os católicos romanos têm uma resposta clara para essa pergunta: o batismo produz regeneração. E os batistas têm também uma resposta clara: o batismo simboliza o fato de que ocorreu regeneração interna. Os pedobatistas, porém, não podem adotar nenhuma dessas respostas. Eles não querem afirmar que o batismo produz regeneração, nem podem dizer (com respeito às crianças) que simboliza uma regeneração já ocorrida. A única alternativa parece ser dizer que simboliza uma regeneração que ocorrerá no futuro, quando a criança já tiver idade suficiente para exercer fé salvífica. Mas até mesmo isso não resolve inteira­mente a questão, porque não se pode ter certeza de que a criança será regenerada no futuro — algumas crianças batizadas nunca chegam a fé salvífica mais tarde. Assim, a melhor explicação pedobatista do simbolismo do batismo é que ele simboliza uma provável regeneração/fútura. O batismo não produz regeneração, nem simboliza regeneração real; portanto, deve ser entendido como símbolo de uma regeneração provável em algum tempo no futuro.
Mas nesse ponto parece claro que a compreensão pedobatista do batismo é bem diferente da concepção do Novo Testamento, que nunca vê o batismo como algo que simboliza uma provável regeneração futura. Os autores do Novo Testamento não dizem:
“Pode alguém negar a água do batismo aos que provavelmente serão salvos um dia?” (cl. At 10.47), ou ainda: “Todos quantos fostes batizado. em Cristo algum dia de Cristo vos revestireis” (cf. Gl 3.27), ou também: «Porventura ignorais que todos nós que fomos batizados em Cristo Jesus algum dia provavelmente seremos batizados na sua morte?” (Rm 6.3). Simplesmente esse não é o modo usado pelo Novo Testamento para falar do batismo. Batismo no Novo Testamento é um sinal do novo nascimento, da purificação do pecado e do início da vida cristã. Parece adequado reservar esse sinal para os que dão prova de que isso é de fato verdadeiro em suas vidas.
Outra perspectiva do simbolismo do batismo é apresentada por Michael Green. Ele diz:


“O batismo infantil enfatiza a objetividade do evangelho. Aponta para a obra consu­mada do Cristo crucificado e ressurreto, quer respondamos a ela, quer não [.1 Não que venhamos a receber algo dela sem arrependimento e fé. Mas é a firme demonstração de que a nossa salvação não depende de nossa própria fé falível; depende do que Deus fez por nós (p. 76).”

Ele prossegue, afirmando:

“O batismo infantil afirma a iniciativa de Deus na salvação [...1 Deve ser ele rela­cionado primordialmente à resposta humana ou à iniciativa divina? Esse é ponto central da questão [.11 Para um batista, o batismo dá testemunho primordialmente do que fazemos em resposta à graça de Deus. Para um pedobatista, o batismo dá testemunho primordialmente do que Deus fez para torná-la inteiramente possível” (p. 76-77, ênfase de Green).

Todavia vários pontos podem ser observados em resposta a Green. (a) Sua análise negligencia o fato de que o batismo não somente simboliza a morte e a ressurreição de Cristo, como vimos na análise dos textos do Novo Testamento já apresentada, mas também simboliza a aplicação da redenção a nós, como resultado de nossa resposta de fé. O batismo representa o fato de que fomos unidos com Cristo em sua morte e ressurreição, e o lavar da água simboliza que fomos purificados de nossos pecados. Ao dizer que os pedobatistas enfatizam a iniciativa de Deus e que os batistas enfatizam a resposta humana, Green apresenta ao leitor duas alternativas incorretas como opção, porque o batismo representa os dois aspectos e outros mais. O batismo representa (1) a obra redentora de Cristo, (2) minha resposta de fé (quando venho para ser batizado) e (3) a aplicação de Deus dos benefícios da redenção para a minha vida. O batismo de convertidos representa todos os três aspectos (não apenas a minha fé, como Green dá a entender), mas segundo o ponto de vista de Green o pedobatismo representa apenas o primeiro aspecto. Não é uma questão de qual aspecto é «primordial”; a questão é qual ponto de vista sobre o batismo engloba tudo o que o batismo significa.
(b) Quando Green afirma que nossa salvação não depende de nossa fé mas da obra de Deus, a expressão “depende de” é passível de várias interpretações. Se «depende de” significa “em que confiamos”, naturalmente ambas as posições concordariam que confia­mos na obra de Cristo e não em nossa fé. Se “depende de” significa que não faz diferença para a nossa salvação se cremos ou não, nenhuma das posições concordaria: O próprio Green diz na frase anterior que o batismo em nada nos beneficia se não nos arrepen­dermos e crermos, Portanto, se o batismo de alguma forma representa a aplicação da re­denção à vida do cristão, então não é suficiente praticar uma forma de batismo que somente retrate a morte e a ressurreição de Cristo; devemos retratar também nossa resposta em fé e a posterior aplicação de redenção para conosco. Em contraste com isso, do ponto de vista de Green, há um perigo real de retratar uma posição (da qual Green discordaria) de que é possível ter salvação de Deus independente de crer.
(5) Finalmente, os que defendem o batismo de convertidos com freqüência expressam preocupação diante das conseqüências práticas do pedobatismo. Eles argumentam que a prática do pedobatismo na igreja de hoje muitas vezes leva pessoas batizadas na infância a presumir que foram regeneradas, e assim não sentem a urgência da necessidade que têm de virem a ter fé pessoal em Cristo. Em alguns anos, essa tendência provavelmente resultará em número crescente de membros não convertidos na “comunidade da aliança”, os quais não são verdadeiramente membros da igreja de Cristo. Naturalmente, isso não fará de uma igreja pedobatista uma falsa igreja, mas a tornará uma igreja menos pura, que com freqüência estará enfrentando tendências doutrinárias liberais ou outros sinais de incredulidade trazidos para a igreja pelos membros não regenerados.


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