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quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

LIDERANÇA 14 - LÍDERES QUALIFICADOS

LÍDERES QUALIFICADOS

PRESBITEROS E DIÁCONOS

(Parte I)

Nossa Igreja (IPB) possui não sua administração três tipos de oficiais: Pastores, Presbíteros e Diáconos.


Presbíteros

Estaremos inicialmente estudando sobre o cargo ou oficio do "presbítero". Veremos o que diz nossa constituição e o que diz a Bíblia a respeito do presbítero. Estaremos fazendo tais estudos pela razão de em breve termos eleições para presbíteros.
A palavra presbítero vem do grego "presbíteros", que quer dizer "ancião". O costume de escolher homens mais experimentados para ajudar na liderança do povo de Deus remonta à época em que Moisés nomeou "setenta anciãos" para ajuda-lo na condução do povo de Israel, no deserto (Nm 11:15-17). Posteriormente, no Judaísmo, cada Sinagoga veio a ter os seus "anciãos". Eles presidiam a congregação, repreendiam e disciplinavam quando necessários, conciliavam os inimigos, exerciam a supervisão material e espiritual.
"Presbíteros" e "bispos" ocorrem paralelamente no Novo Testamento e referem-se àqueles líderes espirituais de cujo ministério e conduta depende o bem estar da igreja. A palavra "bispos" vem do grego "episcopos" e significa "supervisor" ou "superintendente" (1 Tm 3:1-2).
Devemos compreender que a Bíblia trata o presbítero como alguém que recebia alguma espécie de função autorizada de pastor (1 Pe 5:1-2). Contudo ela tem um termo próprio para pastores, no hebraico "ro`eh" e no grego "poimen". No caso de 1 Pe 5:1-4, fica evidente que o termo "presbítero" ou "ancião" se refere a posição oficial que a pessoa ocupava na igreja, e não a idade, como é o caso no v. 5.
Quem pode ser presbítero em nossa Igreja? Segundo nossa Constituição para alguém exercer esse cargo eletivo na igreja é indispensável o prazo de um ano, ser maior de 18 anos e civilmente capaz (CI - Art. 13 § 1 e 2).
Nossa Constituição faz distinção entre Pastor e Presbítero? Sim. Para começar ela trata o Pastor pelo titulo "Ministro". Veja os títulos que a Constituição dá ao pastor: Bispo, Pastor, Ministro, Presbítero ou Ancião, Anjo da Igreja, Embaixador, Evangelista, Pregador, Doutor e Despenseiro dos Ministérios de Deus, tais títulos indicam funções diversas e não graus diferentes de dignidade no oficio. Estes títulos se encontram na Constituição Art. 30 – parágrafo único. Tais títulos não são dados aos presbíteros, mostrando assim que a Constituição difere um do outro. Um pastor é presbítero, mas um presbítero não é um pastor ou ministro. Diz o Art. 32 que o cargo e exercício do Ministro são os primeiros na Igreja. Veja o que diz o Art. 31 da Constituição – São funções privativas do Ministro:
1)      Administrar os sacramentos;
2)      Invocar a bênção apostólica sobre o povo;
3)      Celebrar o casamento religioso, com efeito, civil;
4)      Orientar e supervisionar a liturgia na igreja de que é pastor.
É exclusividade do pastor orientar e supervisionar a liturgia na igreja, não cabe ao presbítero se envolver na liturgia do culto. O que é liturgia? É todo complexo ritual que ocorre durante o culto. Tudo o que acontece no culto, a seqüência do culto, as musicas que podem, ou não serem cantadas, cabe ao pastor determinar. Bem! Não vamos nos deter no ministério do pastor, pois nosso objetivo aqui é compreender melhor o que é ser um presbítero.
Qual é a função dos presbíteros? Basicamente a função dos presbíteros é pastorear o rebanho de Deus, conforme nos ensina o apóstolo Pedro (1 Pe 5:1-4). Dentro dos princípios de nossa Igreja o presbítero deve ajudar o pastor a pastorear, mas nunca deve pensar em tomar o lugar do pastor ou se achar igual ao pastor. Bom nós já dissemos no boletim anterior da diferença entre o pastor e o presbítero, por isso não vamos nos prender a isso.
Paulo escreveu a Timóteo: “Se alguém aspira ao episcopado, excelente obra almeja”(1 Tm 3:1). Que obra excelente é esta?

a)                           Pastorear o rebanho com o pastor, que também é presbítero (At 20:17-18; 1 Pe 5:1-3).
b)                          Ensinar a Palavra (1 Tm 3:2; 5:17).
c)                           Refutar os que contradizem a Verdade (Tt 1:9, 11).
d)                          Governar, presidir, liderar (1 Tm 3:4-5; 5:17).
e)                           Orar com e pelos doentes (Tg 5:14).

A constituição da Igreja Presbiteriana do Brasil diz o seguinte sobre as funções dos presbíteros: “... corrigir ou admoestar os faltosos; auxiliar o pastor no trabalho da visitas; instruir os neófitos (novos convertidos); consolar os aflitos; cuidar da infância e da juventude; orar com os crentes e por eles; informar o pastor dos casos de doenças e aflições; distribuir os elementos da Santa Ceia; tomar parte na ordenação de ministros e oficiais; representar o Conselho no Presbitério, este no Sínodo e no Supremo Concílio” (CI-IPB, Art. 51).
O pastorado não deve ser realizado por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer. Isso significa que a pessoa que pretende candidatar-se ao presbiterato não deve faze-lo por constrangimento, para agradar a outras pessoas ou como uma rendição à vontade de terceiros. Pelo contrário, tanto a candidatura quanto o exercício do oficio devem ser feitos espontaneamente, com alegria e voluntariedade, não como quem carrega um fardo, mas como quem trabalha com todo prazer e satisfação, tendo o único objetivo de glorificar ao Senhor com as primícias de sua dedicação.
Da mesma forma o presbítero não deve exercer seu ofício movido por sórdida ganância. É inegável o fato de que os líderes exercem considerável influência sobre os demais membros da igreja, mas o presbítero, de acordo com o ensino da Palavra de Deus, não deve exercer seu oficio tendo em vista os benefícios pessoais que essa influência porventura possa trazer. O presbítero não é escolhido vocacionado e capacitado por Deus e apontado pela igreja para dar vazão aos seus sonhos de grandeza e autoridade. Pelo contrário, seu ofício consiste em servir, assim como o próprio Senhor Jesus não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida por amor de muitos (Mc 10:45). Se por um lado o ofício do presbítero não pode ser exercido por ganância, por outro lado ele deve ser exercido por boa vontade, ou seja, com zelo, dedicação, energia, vigor e entusiasmo pelo trabalho e pela causa de Cristo.
Pedro diz ainda que os presbíteros não devem pastorear o rebanho de Deus como dominadores dos que lhes foram confiados. Os presbíteros não foram chamados por Deus para ser chefões do aprisco ou executivos do Reino. Pelo contrário, eles foram chamados para ser o exemplo do rebanho. Isso quer dizer que ele vai ensinar e incentivar a igreja a trabalhar através de seu próprio trabalho; vai ensinar a igreja a amar através do seu próprio amor; vai ensinar a igreja a andar nos caminhos da justiça através de sua própria vida de devoção e piedade.
A Constituição da IPB, no artigo 51, coloca na prática esses preceitos ensinados pelo apóstolo Pedro. Nesse artigo nós vemos que os presbíteros devem empenhar-se em corrigir as faltas dos crentes amorosamente através de admoestações particulares. Os presbíteros só terão autoridade para corrigir, uma vez que vivam o que foi falado acima, isto é, que sejam exemplos, se vai ensinar a igreja a amar que ame primeiro, quer ensinar a igreja a respeitar que respeite primeiro. E estes NÃO devem confundir questões culturais, como vestes e outros com verdades absolutas de Deus.  Tais correções devem sempre ser feitas com a intenção única de edificar o faltoso, e só em casos extremos levar essas faltas ao conhecimento do Conselho. Devem também visitar o rebanho, instruir os novos convertidos, consolar os aflitos, cuidar da infância e da juventude, orar com os crentes e por eles, informar o pastor dos casos de doenças e aflições, distribuir os elementos da Santa Ceia, ensinando o rebanho, através deste sacramento, o amor e a Graça de Jesus.
Pastoreando o rebanho de Deus dessa forma os presbíteros estarão imitando o ministério do Supremo Pastor, que é Cristo, e certamente receberão uma recompensa muito mais valiosa do que o status, autoridade, fama, reconhecimento da igreja e benefícios pessoais: a imarcescível coroa da glória.


(Parte II)

Diáconos

A Palavra de Deus nos mostra que a diaconia (serviço a mesa) surgia devido o crescimento da Igreja (At 6:1-5). Neste mesmo texto encontramos a lista contendo os primeiros diáconos da Igreja. Com relação aos diáconos apenas descreverei o que nossa Constituição (CI) diz a respeito deste ofício.
Seção 1, Art. 13, § 2 , Cap. III, Manual Presbiteriano – Para alguém exercer cargo eletivo na igreja é indispensável o decurso de seis meses após a sua recepção; para o diaconato, o prazo é de um ano, salvo casos excepcionais, a juízo do Conselho, quando se tratar de oficiais vindos de outra Igreja Presbiteriana.
Seção 1, Art. 25, § 2 , Cap. IV, Manual Presbiteriano – Para oficio de Diácono serão eleitos homens maiores de 18 anos e civilmente capazes.
Art. 26 – Os Diáconos são oficiais da igreja a que pertencem.
Art. 28 – A admissão a qualquer oficio depende:
a) da vocação do Espírito Santo, reconhecida pela aprovação do povo de Deus;
b) da ordenação e investidura solenes, conforme a liturgia.
Art. 29 – Nenhum oficial pode exercer simultaneamente dois ofícios, nem pode ser constrangido a aceitar o cargo ou oficio contra sua vontade.
Art. 53, Seção 3, Cap. IV – O diácono é oficial eleito pela igreja e ordenado pelo Conselho, para, sob a supervisão deste, dedicar-se especialmente:
a)      à arrecadação de ofertas para fins piedosos;
b)      ao cuidado dos pobres, doentes e inválidos;
c)      à manutenção da ordem e reverência nos lugares reservados ao serviço divino;
d)     exercer a fiscalização para que haja boa ordem na Casa de Deus e suas dependências.
Art. 54 – O exercício do diaconato limitar-se-á ao período de cinco anos, que poderá ser renovado.
Art. 55 – O diácono deve ser assíduos e pontuais no cumprimento de seus deveres, irrepreensíveis na moral, sãos na fé, prudentes no agir, discretos no falar e exemplos de santidade na vida.
Art. 56 – As funções de diácono cessam quando:
a)      terminar o mandato, não sendo reeleito;
b)      mudar-se para lugar que o impossibilite de exercer o cargo;
c)      for deposto;
d)     ausentar-se sem justos motivo, durante seis meses, das reuniões da Junta diaconal;
e)      for exonerado administrativamente ou a pedido, ouvida a Igreja.
Art. 57 – Aos Diáconos que tenham servido satisfatoriamente a uma igreja por mais de 25 anos, poderá esta, pelo voto da Assembléia, oferecer o título de Diácono Emérito sem prejuízo do exercício do seu cargo, se para ele for reeleito.
Art. 58 – A Junta Diaconal dirigir-se-à por um regimento aprovado pelo Conselho.

(Parte III)

As qualificações necessárias
Cerca de vinte qualificações que os presbíteros e os diáconos precisam ter. São elas: Irrepreensível; Esposo de uma só mulher; Bom chefe de família; Hospitaleiro; Temperante; Sóbrio; Modesto; Não dado ao vinho; Não violento; Cordato; Inimigo de contendas; Não avarento; Apto para ensinar; Não seja neófito; Tenha bom testemunho dos de fora; Piedoso.
Vamos estudar cada uma destas virtudes. Nosso propósito é duplo: (a) preparar-nos para uma eleição de presbíteros e diáconos; (b) desenvolver estas virtudes em nossas próprias vidas, uma vez que, na Palavra de Deus, elas não se restringem aos “oficiais” da igreja. Naturalmente, nenhum de nós possui todas estas virtudes, no grau recomendado. Mas o importante é estarmos conscientes de sua necessidade e crescendo na prática das mesmas.

1 – Líderes irrepreensíveis
Presbíteros e diáconos e os crentes de modo geral devem ser irrepreensíveis (1 Tm 3:2; Tt 1:6, 7). Paulo coloca esta virtude em primeiro lugar porque ela é a principal e engloba todas as outras.
O significado do termo – Irrepreensível é “o que não merece censura; que não pode ser repreendido” (Dicionário KLS). Esta qualidade relacionada por Paulo não constitui uma novidade no pensamento do Novo Testamento. Quando a igreja enfrentou o seu primeiro problema de organização em Jerusalém, os apóstolos recomendaram que sete “homens de boa reputação” fossem escolhidos para ajudar a resolver o problema da distribuição dos alimentos (At 6:3). A idéia é a mesma. Um homem irrepreensível é um homem de boa reputação, de comportamento exemplar.
Quando Paulo chegou a Listra em sua segunda viagem missionária, ele ouviu falar de Timóteo. “Dele davam bom testemunho os irmãos em Listra e Icônio” (At 16:2). Em outras palavras, Timóteo tinha uma “boa reputação”, era “irrepreensível” em todo o seu procedimento. Observe três coisas:
A)                         As pessoas falavam sobre Timóteo. Uma boa reputação gera comentários antecedentes positivos.
B)                         Mais de uma pessoa estava falando bem de Timóteo. Este é um bom teste para saber se uma pessoa tem ou não uma boa reputação. Todos temos um ou dois amigos que nos admiram, mas o que as pessoas em geral estão dizendo a nosso respeito?
C)                         Os irmãos falavam bem de Timóteo em Listra e Icônio. A reputação de Timóteo era boa em casa e longe de casa. Quando nos dois lugares há concordância de bom testemunho acerca de um homem, podemos saber com certeza que ele é irrepreensível. Paulo ficou impressionado com a reputação de Timóteo. Este era o homem (um jovem) que ele queria que “fosse em sua companhia” (At 16:3).
Leva tempo edificar uma boa reputação. Mas deveria ser o alvo de cada cristão. Deve acontecer naturalmente enquanto crescemos e amadurecemos na vida cristã.
“Desenvolvei a vossa salvação...” - Como dissemos, esta qualidade, que engloba todas as outras, não aparece somente aqui em 1 Tm 3 e Tt 1. Paulo, em Ef 1:4, ensina-nos que Deus “nos escolheu nEle (Cristo) antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante Ele”. E em Cl 1:21-22 diz que “Ele nos reconciliou... para apresentar-nos perante Ele santos, inculpáveis e irrepreensíveis” (ver também Ef 5:25b-27). Em 1 Co 1:8, lemos esta promessa: “Cristo vos confirmará até o fim, para serdes irrepreensíveis no dia de nosso Senhor Jesus Cristo”. Cristo começou uma “boa obra” em nós e há de completá-la! (Fl 1:6).
Em Fl 2:12b, 15 somos exortados a cooperar com o Salvador, não na salvação propriamente, mas no desenvolvimento das virtudes que devem caracterizar a vida dos salvos: “... desenvolvei a vossa salvação para que vos torneis irrepreensíveis... inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta...” Não há necessidade de empurrar estas virtudes para o “dia de Cristo”. Ou seja, não devemos nos acomodar e pensar que só no fim do mundo, no dia da volta de Cristo é que seremos irrepreensíveis. Pedro exorta aos que aguardam aquele dia: “empenhai-vos por ser achados por Ele... sem mácula, irrepreensíveis... E crescei na graça...” (2 Pe 3:10-18).
“Modelos do rebanho” - Vê-se, nestas passagens, que todos os filhos de Deus devem ser irrepreensíveis. Mas em 1 Tm 3:1-13 e Tt 1:5-9, aprendemos que os presbíteros e diáconos, por razão de suas posições de liderança, devem ser “modelos do rebanho”, nisto e em tudo o mais (1 Pe 5:3). O apóstolo Paulo, que também ocupava posição de liderança, pôde escrever aos tessalonicenses: “Vós e Deus sois testemunhas do modo por que piedosa, justa e irrepreensivelmente procedemos em relação a vós outros, que credes” (1 Ts 2:10; ver At 20:18; 1 Co 11:1). Este procedimento irrepreensível de Paulo e seus companheiros em Tessalônica produziu frutos maravilhosos porquanto os muitos novos convertidos naquela cidade tornaram-se “imitadores” do apóstolo e, eles próprios, “modelos para todos os crentes na Macedônia e na Acaia” (1 Ts 1:6-7). No verso seguinte Paulo lhes diz: “... de vós repercutiu a palavra do Senhor... e por toda parte se divulgou a vossa fé para com Deus...” Outra vez, a “boa reputação”!
Somos irrepreensíveis? Um pastor, discutindo esta virtude cristã com um grupo de homens, perguntou-lhes o que pensavam a respeito e que palavras usariam para descrever um homem irrepreensível. Abaixo, relacionamos as respostas daqueles homens. Pense em cada uma delas, faça um exame de consciência e escreva “sim” ou “não” nas colunas, conforme o seu caso. Você pode acrescentar outras palavras.


UM HOMEM (MULHER) IRREPREENSÍVEL É:

PELA GRAÇA DE DEUS
EU SOU
AINDA NÃO SOU, MAS PROCURAREI SER
Amável (agradável)


Cordial (sincero (a);  gentil)


Humilde


Honesto (a)


Trabalhador (a)


Perseverante


Organizado (a)


Cumpre a palavra


Admite quando erra


Possui domínio próprio (não perde a calma)


É consistente (vive a fé que professa)


Administra bem o dinheiro, o tempo, etc.


Aceita orientação






(Parte IV)

2 – O líder e seu lar
Sob este título, vamos estudar as qualidades mencionadas por Paulo em 1 Tm 3:2, 4 e Tt 1:5-8 e que estão relacionados com o lar do pastor, do presbítero e do diácono, em especial, e dos cristãos, de modo geral.
“Esposo de uma só mulher” - A expressão não quer dizer que o líder cristão tem que ser casado. Significa, sim, que ele tem que ser puro e, se casado, deve ser absolutamente fiel à sua mulher. É preciso lembrar que esta recomendação foi feita num tempo em que a poligamia era muito comum. Muitos conversos ao cristianismo eram de procedências pagãs e praticantes da poligamia. Havia judeus que a admitiam. Em nossos dias, as leis e os códigos de moral não permitem a poligamia, mas os casos furtivos ou públicos de infidelidade conjugal e de concubinato se multiplicam. O cinema, a televisão, a literatura e os pseudoconselheiros matrimoniais têm contribuído muito para isto. E, que tragédia! Alguns crentes e mesmo líderes de igreja têm cedido às pressões e às tentações.
Veja nas passagens seguintes a seriedade com que a Bíblia trata deste assunto. Há muitas outras, mas o espaço aqui só nos permite citar estas: Pv 5:8, 15-23; Ml 2:14-16.
Alguns passos preventivos:
Evite as fantasias sexuais. Veja Fl 4:8.
Se estiver namorando ou noivando, lembre-se de que Deus preservou o sexo para o casamento. Veja 1 Ts 4:3-8. Carícias em demasia nesse período comprometem o relacionamento do casal depois, na vida conjugal (haverá desconfiança, ciúme, etc.).
Se você é casado(a), ame a sua esposa (ou o seu marido); cultive um relacionamento feliz com ela (ou com ele). A vida espiritual do casal, assim como a comunicação e o sexo são da máxima importância. Ver Cl 3:19; 1 Pe 3:7; Tt 2:4-5; 1 Co 7:2-5.
Evite expor-se deliberadamente às tentações. Cada um conhece a sua estrutura e as suas reações. Por que permitir-se conflitos e riscos desnecessários? Ver 1 Co 6:18; 2 Tm 2:22.
Fortaleça-se com o estudo regular da Bíblia, com orações constantes e participação na adoração da igreja. Sl 119:11; Mt 26:11; Hb 10:25.
“Que governe bem a sua própria casa” - Em nossos dias, mais e mais homens e mulheres estão confusos a respeito desta importante questão: o governo da casa. Há maridos tiranos, machistas, totalitários... E há aqueles que se curvam, se rendem, entregam o “governo da casa”. Cuidam do seu trabalho (às vezes nem isto) e deixam para a esposa o controle das finanças, das compras, dos horários, e a criação e a educação dos filhos, sem participar de nada. Isto é muito cômodo... e trágico. Não importando o grau de submissão de sua mulher (Ef 5:22-24) e da obediência dos filhos (Ef 6:1), o marido e pai deve assumir plenamente a sua posição de “cabeça” e governar bem a sua casa. Esse “bem” certamente envolve amor, amizade, humildade, sabedoria, firmeza, presença, conhecimento bíblico, oração. A ênfase dos textos parece estar na educação dos filhos: “governe... criando os filhos sob disciplina, com todo respeito” (1 Tm 3:4); “que tenha filhos crentes, que não são acusados de dissolução, nem são insubordinados” (Tt 1:6). A razão desta exigência, no caso dos líderes da igreja é simples: “pois se alguém não sabe governar a própria casa, como cuidará (governará) da igreja de Deus?”
“Hospitaleiro” - Se os cristãos de modo geral devem “praticar a hospitalidade” (Rm 12:13), muito mais os líderes da igreja. As portas de suas casas devem estar abertas para pregadores e evangelistas itinerantes, músicos, cantores, irmãos em Cristo e mesmo estranhos (ainda que certos cuidados sejam necessários nestes dias de tanta exploração, maldade, violência). Convidar irmãos para uma refeição, acolher um pequeno grupo de estudo bíblico e comunhão são formas de praticar a hospitalidade. Ver Lc 10:38; At 10:22-27; Rm 16:34; 1 Co 16:19.

(Parte V)

3 – Líderes bem equilibrados
Sob este título, estudaremos as virtudes relacionadas com o equilíbrio emocional e temperamental tanto dos líderes como dos demais cristãos.
“Temperante”
1 Tm 3:2. Ver também 1 Tm 3:11 e Tt 2:2. O individuo temperante tem uma perspectiva clara e profunda da vida; seus prazeres não são primariamente os dos sentidos, mas, sim, os da alma; não se dá a excessos (na alimentação, no trabalho, na doutrina), mas é moderado, equilibrado e cuidadoso. Esta virtude relaciona-se com os gostos e hábitos físicos, morais e mentais. Ver Fl 4:5.
“Sóbrio”
1 Tm 3:2; Tt 1:8. A palavra grega, que nestas passagens é traduzida por “sóbrio”, aparece em Tt 2:2, 5 e é traduzida por “sensato”. Também pode significar “prudente”. Talvez o melhor comentário sobre o que Paulo tinha em mente se encontra em Rm 12:3. O apóstolo queria instruir os cristãos a fazerem uma avaliação mais “sóbria”, “sensata” ou “prudente” de si mesmos em relação a Deus e aos outros cristãos. Ver Rm 12:4-8; 1 Co 12:14-27. Nas igrejas de Roma e de Corinto, havia crentes que tinham opinião demasiadamente elevada acerca de seus respectivos dons espirituais e posição no corpo de Cristo. Conseqüentemente, Paulo teve de escrever-lhes: “digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém, antes, pense com moderação...” (Rm 12:3). As pessoas sóbrias são necessariamente humildes. Elas têm uma opinião equilibrada a seu próprio respeito. Estão cônscias de que tudo o que têm (dons, habilidades, posses, etc.) vem de Deus. Sem ele, não são nada (Jo 15:4).
Todavia esta virtude não significa fraqueza. Ter uma perspectiva adequada do nosso lugar dentro da família de Deus e reconhecer que não somos nada sem Cristo, não significa que devemos ser tímidos, retraídos, sem auto-estima, sentindo-nos incapazes. Timóteo, ao que parece, tinha problemas neste setor, Paulo escreveu-lhe: “... te admoesto que reavives o dom de Deus, que há em ti... Porque Deus não nos tem dado espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação. Não te envergonhes, portanto...” (2 Tm 1:6-8). E “ninguém despreze a tua mocidade...” (1 Tm 4:12).
As pessoas, mesmo crentes, freqüentemente vão a dois extremos. Ou se consideram um fracasso ou têm uma opinião exagerada de si mesmas. Precisamos saber que tudo o que somos e temos provém de Deus, graciosamente. Por outro lado, devemos reconhecer e usar os recursos materiais, os talentos naturais e os dons espirituais que Deus nos tem dado e com eles fazer grandes façanhas para Deus (2 Co 3:4-6a; Fl 4:13).
“Modesto”
1 Tm 3:2. No original grego, o termo significa “bem comportado”, “respeitável”, “ordeiro” ou “bem-organizado”. Paulo está dizendo aqui que o líder da igreja deve ter uma vida bem organizada, tanto no que diz respeito à moral interior como no que se refere à conduta exterior. Pensamentos e conceitos organizados, arrumados e limpos; vestimenta, calçado, cabelo, barba, casa, jardim, mesa de trabalho, carro, tudo bem tratado e com boa aparência. Paulo usa a mesma palavra quando fala da maneira como as mulheres devem se vestir (1 Tm 2:9-10).
A forma verbal dessa palavra é ainda mais esclarecedora. Aparece em Mt 12:44 (casa varrida e ornamentada), Mt 23:29 (túmulo adornado), Mt 25:7 (lâmpadas preparadas), Lc 21:5 (templo ornado de belas pedras e de dádivas). Mas talvez o uso mais expressivo do termo seja o que Paulo lhe dá em Tt 2:9-10. Os servos devem ser obedientes, não respondões etc., “a fim de ornarem... a doutrina de Deus, nosso Salvador”. Esta ilustração, naturalmente, alarga o conceito da respeitabilidade ou modéstia. Paulo está dizendo que um homem respeitável ou modesto adorna os ensinamentos da Bíblia. A fala, a veste, o escritório, o lar, os negócios – tudo deve ser mantido em ordem, com boa aparência, a bem do testemunho e da doutrina. Nosso Deus é ordeiro!
“Não dado ao vinho”
1 Tm 3:3, 8; Tt 1:7. A posição bíblica nessa questão de beber ou não beber vinho (ou bebidas alcoólicas como cerveja, e outras mais fortes) é a de equilíbrio, de moderação e cuidado. Paulo diz: “não dado ao vinho” e “não inclinado a muito vinho”. Em 1 Tm 5:23 ele mesmo recomenda ao jovem pastor Timóteo: “Não continues a beber somente água; usa um pouco de vinho por causa do teu estômago e das tuas freqüentes enfermidades”. Naquela época, o vinho era reputado medicamente útil na ajuda à cura da várias enfermidades; e quem sofria de dificuldades de digestão poderia ser ajudado mediante o uso moderado do vinho.
Em suas epistolas, Paulo combate a posição extremada dos hereges gnósticos da época, os quais pregavam o ascetismo (práticas de abstinência com fins espirituais ou religiosos). Ver 1 Tm 4”3,4; Cl 2:16, 18. E também Jo 2:1-11; Mt 11:19.
Por outro lado, o mesmo apóstolo e outros autores sagrados condenaram veementemente o uso abusivo do vinho (suco de uva fermentado) e de bebidas fortes. Paulo escreveu aos Efésios: “Não vos embriagueis com vinho no qual há dissolução...” (Ef 5:18). E o sábio Salomão escreveu nos Provérbios: “Para quem são os ais? Para quem os pesares?... para os que se demoram em beber vinho, para os que andam buscando bebida misturada. Não olhes para o vinho quando resplandece no copo...” Em outras palavras, se o vinho lhe parece tão atraente, tentador, evita-o! Ver Pv 23:29-35.
Há um outro aspecto deste assunto que precisamos considerar. Embora Paulo não ensinasse a abstinência total por motivos ascéticos (que estimulam o orgulho espiritual), ele disse ao romanos: “...é bom não comer carne, nem beber vinho, nem fazer qualquer outra coisa com que teu irmão venha a tropeçar” (Rm 14:15-21 e 15:1-3). O amor aos irmãos é o principio mais elevado.
Assim, temos dois ensinos diretos na Palavra de Deus em relação ao vinho ou outra bebida forte:
-                            Não podemos ser adeptos da bebida e jamais devemos permitir que ela nos influencie negativamente.
-                            Haverá circunstâncias em que a melhor coisa a fazer é abster-nos totalmente do vinho (e bebidas alcoólicas) a fim de não servir de escândalo para outros.
Os líderes, mais que os seus liderados, têm o dever de praticar estes princípios.

(Parte VI)

4 – Líderes Da Paz
Consideremos agora as virtudes que permitem que os líderes sejam instrumentos da paz e harmonia no lar, no trabalho e na igreja.
“Não Arrogante”
Tt 1:7. Arrogar é ter como próprio, atribuir-se a si. Diz-se  “arrogar-se o direito de”. O individuo arrogante é altivo, orgulhoso, pretensioso, teimoso; ele pensa que nunca erra, e jamais admite que cometeu um erro; sempre acaba fazendo o que quer. Se tiver que entregar os pontos, ele o faz resmungando. “Esta bem”- diz ele – “mas acho que esta não é a melhor maneira de resolvermos o assunto...” O homem arrogante age como um ditador no seu lar, e a tendência é ser assim no trabalho e na igreja. Ele toma as decisões e os outros quase nada podem dizer ou fazer, senão curvar-se à sua vontade (pelo menos na sua presença).
A palavra grega traduzida por arrogante em Tt 1:7 só aparece em mais um outro lugar no Novo Testamento: em 2 Pe 2:10. Aqui foi usada num contexto mais amplo, rico em significado. Trata-se de um caso extremo de arrogância. Pedro adverte o cristão contra os falsos mestres e diz como reconhece-los. Eles “seguirão as suas práticas libertinas, e... movidos por avareza, farão comércio de vós, com palavras fictícias...” (2 Pe 2:2-3). Eles “menosprezam qualquer governo”. Serão “atrevidos, arrogantes” (2 Pe 2:10). Seu coração será “exercitado na avareza”(2:14), e falarão “palavras jactanciosas de vaidade” (2 Pe 2:8). O perfil está claro. O homem arrogante é um homem ego-centralizado.

“Não irascível”
Tt 1:7. O líder cristão não pode ser irascível; não pode irritar-se ou encolerizar-se com facilidade; não pode perder as estribeiras; não pode ser “pavio curto”.
Nem toda ira é pecado. A Bíblia fala da ira de Deus (Sl 76:7; Jo 3:36). Mas esta tem o sentido de “justa indignação” (Sl 7:11) e justo juízo (Rm 2:5-10; Ef 5:6). Jesus manifestou indignação repetidas vezes durante o seu ministério terreno (Mc 3:5; Jo 2:13-17). Os cristãos, conseqüentemente, podem e devem irar-se, manifestando sua indignação e reprovação ante o pecado. De fato, há uma grande necessidade de mais ira contra o mundo de hoje. Devemos, diante do mal descarado, ficar indignados e não tolerantes, zangados e não apáticos. Deus odeia o pecado e Seu povo deve odiá-lo também. Se o mal desperta a Sura ira, também deve despertar a nossa. Ver Nm 16; 1 Sm 11:6; Sl 119.
Ao mesmo tempo, devemos lembrar-nos de que nós próprios somos pecadores, inclinados à intemperança e à vaidade. Precisamos vigiar esta nossa ira santa e cuidar para que não se transforme em ira pecaminosa. Veja Sl 4:4; Ef 4:26-27. Nesta última passagem, Paulo tem o cuidado de equilibrar sua expressão permissiva, “irai-vos”, com três negativas:
-                            “Não pequeis”. Devemos assegurar-nos de que a nossa ira esteja livre do orgulho ofendido, do despeito, da malícia, da animosidade e do espírito de vingança.
-                            “Não se ponha o sol sobre a vossa ira”. Isto quer dizer: não fiqueis acalentando a ira; não deixeis que degenere em ressentimento (ver os vv. 31-32).
-                            “Nem deis lugar ao diabo”. Porque ele sabe quão fina é a linha entre a ira santa e a ira pecaminosa, e quão difícil é para nós encontrarmos um uso responsável para a ira. O diabo gosta de ficar espreitando as pessoas zangadas, esperando poder tirar proveito da situação ao provoca-las para o ódio ou a violência, ou a um rompimento da comunhão.
“Não violento...”
1 Tm 3:3; Tt 1:7. O que Paulo condena aqui é a atitude agressiva que resulta da ira pecaminosa. Há indivíduos que parecem estar sempre com os punhos cerrados, prontos para uma briga; são iracundos, belicosos. Porque Deus se agradou da oferta de Abel e não da sua, Caim “irou-se sobremaneira” e acabou matando o irmão (Gn 4:4-8). Moisés tornou-se um homem “mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a terra” (Nm 12:3). Mas ele também teve os seus problemas com a ira que degenera em raiva e, por fim, em violência. Ver Êx 2:11-12; 32:19; Nm 20:11 com vv. 8 e 12. Tiago e João, discípulos de Jesus, intentaram pedir fogo do céu para consumir os samaritanos que não quiseram hospedá-los, a eles e a Jesus (Lc 9:54).
“... porém cordato...”
Tt 3:2; 1 Pe 2:18 e Tg 3:17. Nesta última passagem descreve-se a “sabedoria lá do alto”. Esta é “pura, pacífica, indulgente, tratável, plena de misericórdia...” Esta é a idéia. O crente cordato é diametralmente oposto ao iracundo. Ainda que jamais compromete a verdade bíblica, ele está disposto a ceder quando a questão envolvida carece de importância real, e mais ainda quando se trata dos seus próprios direitos. Isto ele faz no espírito de 1 Co 6:7: “O só existir entre vós demandas já é completa derrota para vós outros. Por que não sofreis antes a injustiça?... o dano?”



“... inimigos de contendas”
Esta expressão é ainda mais abrangente que a anterior, pois uma pessoa pode não estar inclinada a “sair no braço” e, todavia, gostar das contendas de palavras. Veja 1 Co 1:11-12; 3:3; 1 Tm 1:3-7; Tt 3:9 e especialmente 2 Tm 2:23-25.

(Parte VII)

5 – O Líder e o Dinheiro
As expressões que vamos estudar neste bloco referem-se ao dinheiro e aos bens materiais. Paulo diz que o bispo (presbítero) não pode ser “avarento” (v.3) e que os diáconos não podem ser “cobiçosos de sórdida ganância” (v.8). Em Tt 1:7 torna a dizer: “o bispo... não seja... cobiço de torpe ganância”. Devemos considerar também 1 Pe 5:2. Em muitas outras passagens, a Bíblia adverte os crentes contra a avareza, a cobiça ou a ganância. Alguns líderes, ministrando aos demais, são especialmente tentados nesta área. Mas eles devem ser “modelos do rebanho” nesta questão também.
O dinheiro não é mau
Inicialmente, é preciso esclarecer que o dinheiro em si mesmo não é mau. Leia 1 Tm 6:9-10 e observe que a Bíblia não proíbe a posse de riquezas, mas a ambição pela riqueza a qual expõe os homens a “tentação e citada”, as “concupiscências insensatas e perniciosas”. E acrescenta: “o amor ao dinheiro é raiz de todos os males”. Não é o dinheiro que é mau, mas o “amor ao dinheiro”, a ambição desmedida, a cobiça. Note que o apóstolo está falando de “homens cuja mente é pervertida... supondo que a piedade é fonte de lucro” (vs. 3-5). O cifrão domina suas mentes e é a sua motivação.
A Bíblia conta a história de grandes homens de Deus que foram muito ricos. Deus mesmo os enriqueceu não somente porque queria ser glorificado neles, mas também porque os amava. Além disso, aprendemos na Bíblia que quando Deus enriquece a alguns. Ele o faz não apenas para o seu “aprazimento”, mas também e especialmente para “que pratiquem o bem sejam ricos de boas obras, generosos em dar e prontos a repartir...” (1 Tm 6:17-18; ver At 2:44-45; 2 Co 8:14-15).
Uma questão de prioridade.
Falando das necessidades, materiais, Jesus disse: “...vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas; buscai, pois, em primeiro lugar, o Seu reino e a Sua justiça, e todas estas cousas vos serão acrescentadas” (Mt 6:32-33). Jesus ensinou também que não devemos ajuntar tesouros na terra, mas no céu, e acrescentou: “Porque onde está o teu tesouro, aí estará o teu coração” (Mt 6:19:21). Ver também Cl 3:1-2.
Trata-se de um “estilo de vida”, determinado por aquilo que é mais importante e duradouro. O dinheiro e os bens são importantes e necessários, mas são meios, não o fim ou propósitos de nossas vidas. Tornamo-nos materialistas, egoístas, avarentos e gananciosos quando amamos o dinheiro e os bens, e fazemos deles o alvo de nossas vidas.
A tendência humana.
A tendência humana é esquecer-se de Deus quando as riquezas prosperam. Os filhos de Israel enfrentaram esta tentação quando entraram na Terra Prometida. E Moisés os advertira de antemão, dizendo: “Havendo-te, pois o Senhor teu Deus introduzido na terra que... prometeu... te daria, grandes e boas cidades..., casas cheias de tudo o que é bom, casa que não encheste... guarda-te, para que não esqueças o Senhor...” (Dt 6:10-12). E outra vez: “Guarda-te, não te esqueças do Senhor teu Deus, não cumprindo os Seus mandamentos... Não digas no teu coração: A minha força e o poder do meu braço me adquiriram estas riquezas” (Dt 8:11-17). Aprendamos esta lição de Israel. As bênçãos materiais que Deus nos concede podem vir a se transformar em uma maldição. Podemos nos esquecer dAquele que no-las concedeu. É a tendência humana. Podemos ficar tão envolvidos com as coisas materiais da vida que perdemos a perspectiva espiritual. O dinheiro pode se transformar num fim em si mesmo e não num meio para alcançar os propósitos divinos.
A tentação do líder espiritual.
A Bíblia faz-nos saber que os líderes espirituais enfrentarão tentações particulares em relação ao dinheiro. Eis por que Paulo, ao especificar as qualificações dos presbíteros e dos diáconos, inclui isto: “não sejam... avarentos”, “cobiçosos de torpe ganância” (1 Tm 3:3; Tt 1:7). Pedro também recomendou aos presbíteros: “Pastoreai o rebanho de Deus... não por sórdida ganância, mas de boa vontade” (1 Pe 5:2). Entre os cristãos verdadeiros e espirituais do primeiro século havia homens com falsas motivações “...enganadores... ensinando o que não devem, por torpe ganância” (Tt 1:10-11).
Entretanto, é preciso esclarecer que é a vontade de Deus que os líderes espirituais que se dedicam integralmente ao ministério sejam sustentados financeiramente pelas igrejas. Paulo escreveu aos corintios: “Se vos semeamos as coisas espirituais, será muito recolhermos de vós bens materiais?... Não sabeis vós que os que prestam serviços sagrados, do próprio templo se alimentam? E quem serve ao altar, do altar tira o seu sustento? Assim ordenou o Senhor aos que pregam o evangelho, que vivam do evangelho...” (1 Co 9:6-14). E a Timóteo, o mesmo apóstolo escreveu: “Devem ser considerados merecedores de dobrada honra (o sentido literal e dobrado honorários) os presbíteros que presidem bem, com especialidade os que se afadigam na Palavra e no ensino” (1 Tm 5:17).
Houve ocasiões em que o apóstolo Paulo não recebeu dinheiro das igrejas e, além de pregar o evangelho, trabalhou fabricando tendas a fim de sustentar-se (At 20:34; 1 Co 18:3-4). Todavia, ele dizia ter o direito de não trabalhar (noutra profissão, visando sustento) e receber da igreja (1 Co 9:6,7,12). Noutras ocasiões ele aceitou de bom grado as ofertas que lhe foram enviadas (ver Fl 4:15,18). Naquelas ocasiões, ele quis evitar que os pagãos interpretassem mal suas motivações, não queria ser associado com os falsos mestres cuja motivação era o dinheiro; algumas vezes, ele quis sustentar-se através de um trabalho braçal a fim de prover um bom exemplo para indivíduos que não gostavam de trabalhar (2 Ts 3:7-11).
A lição como um todo está muito clara. Os líderes espirituais devem ser cautelosos. Infelizmente o mundo do século vinte também está cheio de aproveitadores religiosos. Mesmo entre os crentes evangélicos existem líderes que se aproveitam das igrejas financeiramente. E isto é uma tragédia! O reverso também acontece, e é igualmente trágico. Paulo escreveu aos filipenses: “... no inicio do evangelho, quando parti da Macedônia, nenhuma igreja se associou comigo, no tocante a dar e receber senão unicamente vós outros...” (Fl 5:15). Dar as cousas espirituais e receber os bens materiais; dar os bens materiais e receber as cousas espirituais. Ver outra vez 1 Co 9:11 e Rm 15:26-27.

(Parte VIII)

6 – O Testemunho do Líder Cristão
Vamos ver o que Paulo diz sobre o testemunho dos líderes cristãos perante o mundo.
“É necessário que tenha bom testemunho dos de fora...”
1 Tm 3:7. Um industrial não evangélico observou que os “crentes” que trabalhavam na sua industria eram os seus melhores operários. Quando precisou contratar novos empregados, deu preferência aos “crentes”. Entretanto, o diretor não evangélico de um certo educandário comentou que os professores evangélicos do seu estabelecimento não eram, de modo algum, os mais zelosos no cumprimento dos seus deveres.
O que as pessoas de fora da igreja dizem dos crentes é muito importante. Se é um “bom testemunho”; Cristo é honrado, a igreja é grandemente beneficiada e a pregação do evangelho encontra uma melhor acolhida nos corações dos não salvos. Por outro lado, se os “de fora” não tem boa impressão dos crentes, será muito difícil ganhá-las para Cristo. Em 1 Tm 3:7 Paulo está falando da necessidade dos líderes cristãos terem um “bom testemunho dos de fora”, mas há inúmeras passagens na Bíblia que falam sobre a importância de todos os crentes terem uma boa reputação entre os não salvos. Considere o quadro a seguir:


TEXTOS
ÁREA DA VIDA
1 Ts 4:11-12
Trabalho, negócios
Cl 4:4
Linguagem, modo de falar
1 Co 10:31-33
Hábitos alimentares
2 Co 6:3-7
Adversidades, caráter
1 Pe 2:11-17
Moral, civismo

“...a fim de não cair no opróbrio...”
A Bíblia vê o cair no opróbio (ignomínia, reprovação, crítica) de duas perspectivas:

-                            Há o opróbio resultante do amor, da obediência e do serviço a Cristo. É um opróbio inevitável e bem-aventurado. Leia Mt 5:11 (note “por minha causa” e “mentindo”), Lc 6:22; 1 Pe 4:14.
-                            Mas há um opróbio em nada bem-aventurado. É aquele que resulta de procedimento não condizentes com a fé cristã. Veja o que Pedro diz em 1 Pe 4:15. No verso anterior ele fala do opróbio, de um sofrimento que podemos e devemos evitar. É deste que Paulo está falando em 1 Tm 3:7. O opróbio será maior se a pessoa em questão for um líder de igreja.

“...e no laço do diabo”
“Laço” é armadilha, cilada. Paulo usa a mesma palavra em 1 Tm 6:9 e 2 Tm 2:26. Como a crítica vinda dos não-cristãos pode constituir-se num “laço do diabo”?

-                            Desonra – O opróbio pode levar um homem a sentir-se terrivelmente envergonhado, humilhado, aniquilado. Leia outra vez 1 Pe 4:13-16. Note a preocupação de Pedro em confortar e alegrar aqueles que estão sofrendo “pelo nome de Cristo”. No v.16 ele diz: “se sofrer como cristão, não se envergonhe disso...” Ora, se o cristão que não tem motivos para envergonhar-se, sente-se envergonhado, então, o cristão criticado por mal procedimento tem duplo motivo para “ficar envergonhado”. A emoção descrita aqui pode levar ao desânimo, à depressão, ao desespero. Falando de um certo individuo cristão que cometera grave pecado e fora excluído da comunhão da igreja, Paulo, supondo que o faltoso já teria se arrependido, escreveu aos coríntios: “... deveis perdoar-lhes e conforta-lo, para que não seja... consumido por excessiva tristeza” (2 Co 2:7. Veja 1 Co 5:1,4-7).
-                            Temor e perda de confiança – O opróbio pode causar também temor e perda de autoconfiança. Até Paulo experimentou temor e conflito emocional quando criticado (2 Co 7:5,6).
-                            Ira e atitude de defesa – Essa é uma outra reação diante da critica. Ver Rm 12:17, 19.

Vergonha, temor, perda de confiança, ira, defesa geralmente acompanham opróbio e são “laços do diabo”. Um bom testemunho pode evitar essa derrota. Como está o seu testemunho perante o mundo?

(Parte IX)

7 – Líder Amigo do Bem
O bem e o mal
As escrituras usam uma série de termos e expressões para definir o que é o bem e o que é o mal. Identifique-os em Ef 4:25-5:2 e em Cl 3:8-15.
Em Tt 1:8 aprendemos também que o líder cristão deve ser “amigo do bem”, isto é, uma pessoa permanentemente desejosa de fazer o bem, não o mal. As Escrituras freqüentemente contrastam o desejo ou conveniência de fazer o bem com o desejo ou propensão para fazer o mal. Leia as seguintes passagens: Sl 37:27; Pv 31:10,12; Jr 13:23; Am 5:14-15a; Rm 2:5-10; Rm 12:9; 2 Co 5:10. Vê-se, por estas e outras passagens, que todos os cristãos devem ser amigos do bem. Os líderes, porém, são “modelos do rebanho” 1 Pe 5:3.
O bem é “fruto do Espírito”
O apóstolo Paulo falou da sua luta pessoal para fazer o bem e não o mal. Chegou a dizer, externando o conflito de todos aqueles que ainda têm consciência do bem e do mal: “... o querer o bem está em mim; não, porém, o efetua-lo. Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal, que não quero, esse faço... não sou eu quem o faz, e sim, o pecado que habita em mim” (Rm 7:18-20). Que situação! Não foi sem razão que o mesmo apóstolo exclamou: “Desventurado homem que sou!” (v.24). Mas ele diz, logo em seguida: “Graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor” (v.25).
O autor da espistola aos Hebreus expressou este desejo para os seus leitores: “O Deus da paz... vos aperfeiçoe em todo o bem, para cumprirdes a Sua vontade, operando em vós o que é agradável diante dEle, por Jesus Cristo...” (Hb 13:21).
Toda a nossa propensão é para o mal, mas, quando aceitamos Jesus Cristo como nosso salvador pessoal e Senhor de nossas vidas, Seu Espírito vem habitar em nós. Se nos submetemos inteiramente à Sua direção, Ele produz em nós o Seu maravilhoso “fruto”, que é o bem (Gl 5:16-26).







Avaliação Pessoal

Avalie sua vida à luz destes textos bíblicos.

Gl 6:10; Hb 13:16
Aproveito todas as oportunidades para fazer o bem?
Rm 15:2; Ef 4:29
Será que eu edifico as pessoas ou as destruo?
2 Co 9:10-11; 1 Tm 6:17-18
Uso os recursos materiais que Deus me dá para ajudar aos necessitados?
Sl 35:12-14; Rm 12:19-21; Gl 6:9
Persisto em fazer o bem, mesmo quando me retribuem com o mal?


(Parte X)

8 – Líder Justo e Piedoso
Em Tt 1:8 lemos: “...é indispensável que o bispo seja... justo, piedoso...”
“Justo”
No original grego, a palavra é “dikaiós”, que aparece em oitenta e uma vezes nas páginas do Novo Testamento, com significados diversos. Há a justiça imputada, aquela que o crente recebe pela fé (Rm 3:21-24, 26 e 2 Co 5:21). Essa justiça tem a ver com a nossa posição diante de Deus. Mas há também a justiça prática, que tem a ver com a vida diária, com a conduta reta e íntegra. Este parece ser o sentido aqui em Tt 1:8. Ver também 1 Tm 1:9; Tt 2:11-12.
“Piedoso”
A palavra grega é “osios” e significa piedoso, agradável a Deus, livre do pecado e da maldade, santo. Essa palavra aparece lado a lado com “dikaios”, justo, em outras passagens também, e não somente aqui em Tt 1:8. Ver Lc 2:25; 1 Tm 6:11; Tt 2:12 e 2 Pe 3:11. E isto não é por mera coincidência. Essas palavras se completam. O “justo” cumpre os seus deveres para com o homem; o “piedoso”cumpre os seus deveres para com Deus. O rei Davi foi um homem muito piedoso. Os salmos que escreveu mostram o quanto ele amava ao Senhor. E ele se apercebeu do quanto o Senhor se agradava disto, porque escreveu: “O Senhor distingue para Si o piedoso; o Senhor me ouve quando eu clamo por Ele” (Sl 4:3). Uma vez ele ficou assustado com a corrupção à sua volta e com a falta de temor a Deus e clamou: “Socorro, Senhor! Porque já não há homens piedosos; desapareceram os fiéis entre os filhos dos homens” (Sl 12:1).
Aprendendo a justiça
No Velho Testamento, o povo de Israel, num tempo de crise, pretendeu a pratica da piedade sem a justiça. Mas Deus não se agradou dos seus sacrifícios e demais atos de culto. Disse-lhes: “De que me serve a mim a multidão dos vossos sacrifícios? ...Não continueis a trazer ofertas vãs... não posso suportar iniquidade associada ao ajuntamento solene... Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade de vossos atos de diante dos meus olhos: cessai de fazer o mal. Aprendei a fazer o bem; atendei a justiça...” (Is 1:11-17).
Jesus também falou da necessidade de justiça prática antes de pretender prestar culto a Deus. Ver Mt 5:23-24. Há uma “forma de piedade” sem poder, que não opera a justiça. É tão morta quanto a fé sem obras. 1 Tm 3:5; Tg 2:17. Não tem valor nenhum para Deus, e não melhora em nada a vida das pessoas.
Exercitando a piedade
Paulo escreveu a Timóteo: “Exercita-te pessoalmente na piedade...” (1 Tm 4:7). Os gregos davam muita importância ao exercício físico. Paulo, porém, afirma que “o exercício físico para pouco é proveitoso, mas a piedade para tudo é proveitosa, porque tem a promessa da vida que agora é e da que há de ser” (v.8). O exercicio físico aumenta a força física e traz alguma satisfação pessoal, especialmente quando o atleta consegue o primeiro lugar nas competições. Mas tudo isto tem pouco proveito quando comparado com os benefícios da piedade, nesta vida e na que há de ser. Foi neste sentido que Paulo escreveu a Timóteo nesta epistola: “De fato, grande fonte de lucro é a piedade” (1 Tm 6:6).
A própria comparação que Paulo faz entre o exercício da piedade e o exercício físico, no contexto dos jogos e competições gregos, dá-nos as dicas para o exercício da piedade:
a)                          O atleta alimenta-se adequadamente e se exercita o mais possível. Assim também nós devemos nos alimentar adequadamente da Palavra de Deus e gastar as energias espirituais na prática da justiça e no serviço a Cristo.
b)                         A oração, praticada regularmente, é também um excelente exercício espiritual (1 Co 9:24-27).
c)                          O atleta despe-se de tudo o que é supérfluo a fim de movimentar-se livremente. Assim também nós devemos desembaraçar-nos de tudo aquilo que possa estorvar o nosso progresso espiritual e o nosso serviço a Cristo (Hb 12:1).
d)                         O atleta, quando corre, ou lança um disco, um dardo, etc., fixa os olhos num determinado alvo. Ou, conforme o esporte, ele estabelece uma meta e esforça-se ao máximo por alcança-la. Assim também nós devemos fixar os nossos olhos em Cristo (nosso modelo e inspiração) e estabelecer nossa meta, a completa dedicação pessoal a Deus e a Cristo (Hb 12:2; 1 Co 9:26).

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