QUANDO NÃO
ENXERGAMOS QUEM SOMOS...
Mt 15.1-20
Num certo dia, Jesus foi interrogado por alguns
fariseus e mestres da lei a respeito de seus discípulos. O questionamento
destes homens era com relação à higiene dos discípulos, pois os mesmos
perceberam que estes não lavavam as mãos, antes de comerem, como o costume
religioso ordenava.
Aqueles homens estavam realmente preocupados porque
os discípulos de Jesus não estavam guardando uma tradição religiosa. Veja bem a
preocupação deles era por causa da tradição religiosa e não porque estes
desobedeciam algum mandamento de Deus. Eles se tornaram adoradores dos rituais
do culto e se esqueceram do próprio Deus.
Às vezes desejamos ser tão zelosos e tão santos que
sem percebermos nos afastamos do objeto da adoração e nos tornamos adoradores
da própria adoração. Cultuamos o que fazemos para Deus, mais do que o próprio
Deus. Cultuamos nossos ritos, louvores, templos, pastores, etc., mais do que o
próprio Senhor de todas estas coisas que é Jesus Cristo. Cultuamos o que
podemos fazer em nome de Jesus, mais do que a pessoa de Jesus.
Muitos oram e jejuam intensamente para alcançarem o
poder que Jesus oferece para todo aquele que Nele crê, mas não oram e jejuam
intensamente para terem um relacionamento íntimo com Jesus. Todos desejam ser
Eliseu, o profeta da unção dobrada, dos muitos milagres; mas ninguém deseja ser
Jeremias, o profeta da intimidade com Deus.
A resposta de Jesus para os fariseus e mestres da
lei foi dada através de uma pergunta: “E por que vocês transgridem o mandamento
de Deus por causa da tradição de vocês?”
A pergunta de Jesus apontou para um problema maior
do que aqueles homens estavam vendo. Eles estavam preocupados com os discípulos,
porque estes quebravam tradições religiosas; contudo eles não obedeciam aos
mandamentos de Deus para obedecerem às tradições religiosas.
No anseio de cumprirem as tradições religiosas e os
ritos religiosos, eles acabaram desobedecendo aos mandamentos dados diretamente
por Deus. Que coisa terrível eles se distanciaram de Deus, enquanto acreditavam
estarem fazendo o que Deus desejava.
Quando não enxergamos quem somos não somos capazes
de adorar como deveríamos. Quando confio nas obras religiosas já estou me
afastando de Deus. Quando valorizo as tradições estou caminhando na contra mão
de Deus. Parece contraditório, ao menos era de se esperar que quanto mais
procurar ser santo, mais próximo de Deus eu possa me encontrar.
Essa contradição se deve ao fato de que não
entendemos o que é santidade para Deus. Santidade não é se isolar! Santidade
não é cumprir ritos e tradições religiosas! Santidade é se esvaziar de si
mesmo! Santidade é viver entre os pecadores sendo referência para os que estão
perdidos! Santidade é ser luz para os que estão em trevas!
Não posso deixa de dizer que procurar cumprir ritos
ou ter tradições religiosas não é o mal em si mesmo. Por isso que Jesus afirmou
para aqueles homens que o que contamina o homem não é o que vem de fora, mas o
que sai de sua boca.
Jesus estava dizendo que não são as coisas externas,
visíveis que nos fazem mal, que nos torna pecadores; mas as coisas que saem de
nós. O pecado é consequência da resposta do nosso homem interior as coisas
visíveis.
Os discípulos não obedeceram a uma tradição
religiosa, mas não tinham em seus corações o desejo de desagradar a Deus ou ser
rebeldes; em fim não tinham uma intenção má. Por outro lado os fariseus e
mestres da lei desobedeciam aos mandamentos de Deus para se beneficiarem do
dinheiro gerado pela quebra deste mandamento, isto é, tinham uma atitude má em
seus corações, embora cumprissem a tradição religiosa.
A condenação é determinada pela atitude e
intencionalidade do homem interior e não da manifestação exterior.
Quando não enxergamos quem somos, não somos mais
capazes de reconhecermos o que fazemos, nos tornamos cegos e guias de cegos. Quando
não enxergamos o pecador que somos, deixamos de ver os pecados que fazemos.
Então passamos a acusar porque não enxergamos nossos erros.
Que Deus nos ajude a sermos verdadeiros adoradores e
não adoradores das tradições.
Pr. Cornélio Póvoa de Oliveira
03/05/2012
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