DIAS DE AVIVAMENTO
E DIAS DE SOFIMENTO - 1
Recentemente estava relendo um livro[1],
do Pr. Caio Fábio Jr., o qual me chamou a atenção pelo fato de que embora já
tenha se passado 17 anos, viramos o século, mas muito do conteúdo do livro me
pareceu atual, isto é, estamos perpetuando o mesmo ciclo desde então.
Nos últimos
dias, diz Deus, derramarei do meu Espírito sobre todos os povos (At 2.17).
Saiba
disto: nos últimos dias sobrevirão tempos terríveis (2 Tm 3.1).
Estamos diante dois textos que fazem referência aos
últimos dias. Entretanto estes dois textos apresentam dois pontos de vista, bem
diferentes, a respeito dos últimos dias.
O primeiro texto é uma citação do apóstolo Pedro, da
profecia de Joel (Jl 2.28a). Pedro cita a profecia de Joel como cumprida nos
seus dias. Pedro compreende que os últimos dias começaram com o Pentecostes. Este
texto é desejável por toda igreja. Muitos oram pelo derramar do Espírito sobre
toda carne, pelo cumprimento das palavras seguintes deste texto que diz: os seus filhos e as suas filhas
profetizarão, os velhos terão sonhos, os jovens terão visões. Até sobre os
servos e servas derramarei do meu Espírito naqueles dias (Joel 2.28b-29)
É maravilhoso pensarmos nos últimos dias como um dia
de grande avivamento, onde todos os povos terão a oportunidade de
experimentarem do Espírito de Deus. O tempo, chamado de “Os últimos dias” ficou
marcado com o derramar do Espírito de Deus e continua sendo marcado por esse
derramar.
O derramar do Espírito de Deus significa que toda
carne, todo homem e mulher podem agora vivenciar uma comunhão viva e intensa
com Deus, por meio de Jesus Cristo. Este é o tempo marcado pelos sonhos de um
mundo melhor, por jovens que visionam uma sociedade justa e por empregados e
empregadas que falam em nome de Deus.
O segundo texto, foi escrito por Paulo, possui uma
perspectiva não muito desejável dos últimos dias. Paulo, o apóstolo, afirma que
serão tempos em que homens e mulheres sofrerão, por causa do aumento da maldade
do ser humano em geral.
Paulo trata os “últimos dias” como algo que estava
próximo de acontecer, mas que ainda não tinha acontecido. Devemos considerar
que Paulo está dizendo para a Igreja que serão tempos difíceis. Paulo fala de
um futuro próximo.
O que pretendo aqui chamar a atenção é que ambas as
visões ou interpretações dos últimos dias são verdadeiras. Ambas são palavras
dignas de atenção de nossa parte, pois estão mostrando duas realidades que
serão experimentadas pela Igreja e consequentemente pelo mundo nos últimos
dias.
Portanto amados, os últimos dias significa tempo de avivamento!
Dias de grande derramar do Espírito de Deus, de um grande número de pessoas
sendo alcançadas pela graça de Deus, de crescimento das igrejas, dias de
milagres; mas também dias de dor, sofrimento, perseguição, de enganos e de
crescimento dos falsos mestres.
Pedro ao afirmar que o tempo dos “últimos dias”
iniciará no Pentecostes bíblico, estava também dizendo que as demais profecias
contidas nas palavras de Joel, também se cumpriram naquele tempo. Portanto é
interessante ler a continuidade desta profecia, pois ela descreve grandes
catástrofes naturais. Pedro, portanto, entendia que estas catástrofes já
estavam acontecendo em seu tempo.
Entretanto nós que ainda vivemos nos “últimos
tempos” nos esquecemos de que avivamento e sofrimento caminham lado a lado na
história.
Não existe avivamento sem perseguição, sem derramar
de sangue, sem calunias; assim como não existe sofrimento sem que Deus esteja
derramando do Seu Espírito em algum lugar deste mundo. Deus não permitirá que
Sua Igreja seja vencida pelo exército inimigo. Sempre haverá uma voz anunciado
a mensagem do Evangelho.
Diante desta visão gostaria de destacar alguns
fatos:
1 – Todos os
grandes avivamentos pós-pentecostes possuíam a marca da perseguição
Gostaria de reafirmar que estamos vivendo o período
chamado na Bíblia dos “últimos dias”. Este período se iniciou com a
ressurreição de Jesus Cristo e foi confirmado com o derramar do Espírito Santo
sobre toda carne.
Neste período estamos vivendo um constante movimento
de avivamento. Durante todos estes anos, cada vez que uma vida se rendeu a
Jesus Cristo como Seu único Senhor e Salvador, a manifestação do avivamento se
fez presente.
Ainda hoje, quando alguém compreende que não pode
pagar o preço de seus pecados, mas que só lhe resta entregar sua vida a Jesus
para que seja aceito por Deus; a vida venceu a morte, o avivamento aconteceu!
Mas durante este período, desde pentecostes, tivemos
na história da igreja momentos em que estes avivamentos aconteceram de maneira
extraordinária, onde milhares de pessoas se converteram num mesmo período; e
quando isto aconteceu a Igreja de Jesus Cristo sofreu grandes perseguições.
Atos (8.1) descreve a grande perseguição contra a
igreja em Jerusalém.
A história da Reforma também foi um momento de
grande avivamento, onde a fé foi redescoberta, muitas pessoas começaram a se
converter ao Evangelho de Jesus Cristo, e novamente se irrompeu uma grande
perseguição aos cristãos agora chamados protestantes.
Hoje, estamos vivendo um período na história da
Igreja Brasileira de um grande número de pessoas se convertendo ao Evangelho.
Na década de 90 houve um grande “boom” das igrejas brasileiras. Muitos
movimentos como Comunidades surgiram neste período trazendo uma reestruturação
na vida da igreja. Ainda hoje colhemos frutos deste grande “boom”.
Mas não me recordo de uma perseguição na igreja
brasileira. Na verdade não tivemos e não estamos tendo uma perseguição até o
momento. Em parte devido a nossa cultura cristã e do outro lado devido ao
silencio de nossas igrejas.
Como tem se posicionado a Igreja Brasileira
Histórica e Protestante, a Pentecostal e a Néo-pentecostal diante uma sociedade
que se corrompe a cada dia mais?
Alguma destas igrejas tem sido perseguida? Não!
Quando ouvimos algo sobre perseguição está baseado
no que tem sido feito de errado e não no que defendemos dos valores do Reino de
Deus.
Reflexão: Baseando-nos nas experiências dos grandes
avivamentos podemos e devemos nos perguntar: Estamos vivendo um avivamento
genuíno? Pode o mundo ao nosso redor piorar e a igreja não ser notada pelo
mundo? Pode a luz não incomodar a escuridão? Qual evangelho temos pregado que
não impacta o mundo?
Você tem sido perseguido por causa de sua fé? Já
experimentou a zombaria dos amigos? Já foi excluído de alguma festa porque é
cristão?
2 - Todos
os grandes avivamentos pós-pentecostes possuíam a marca da valorização da
Palavra de Deus acima de tudo
Quando lemos as histórias dos grandes avivamentos
notamos uma grande preocupação por parte da igreja e de sua liderança com a
Palavra de Deus.
Na Igreja Primitiva essa preocupação é evidente na
própria preocupação dos apóstolos em nomear diáconos para igreja, conforme
podemos ler em Atos (6.1-4).
A Igreja estava num processo de grande avivamento e
este avivamento trouxe para a Igreja um grande número de pessoas convertidas ao
Evangelho. O crescimento da Igreja gerou um problema que só pode ser corrigido
com uma reforma organizacional da igreja. Esta reforma se fez necessária porque
os discípulos de Jesus entenderam que era necessário que eles se dedicassem à
oração e ao ministério da Palavra.
Atender as pessoas era importante, socorrer as
viúvas em suas necessidades era importante, mas nada poderia ser colocado acima
da pregação da Palavra de Deus, pois as demais coisas no ministério dependiam
do resultado desta pregação, as almas dependiam para salvação da pregação do
Evangelho.
Somente a mensagem do Evangelho poderia salvar o
pobre pecador.
Até mesmo o poder, que muitos buscam hoje para curar
os enfermos, expelir os demônios, eram colocados abaixo da pregação do
Evangelho. Em Atos (4.30-31) os discípulos de Jesus oraram para que Deus os
capacitasse com coragem para pregar o Evangelho e que operasse milagres em nome
de Jesus. Contudo a ênfase do texto está no capacitar para pregar, por isso o
verso 31 diz que “anunciavam o evangelho corajosamente”.
A pregação da mensagem criava oportunidade para que
a fé fosse estimulada e os milagres acontecessem. A pregação precede os sinais.
Durante a Reforma um dos pilares deste movimento era
à volta a Palavra de Deus como única regra de fé e prática. A este movimento
chamou-se Solas Escrituras.
A ênfase nas Escrituras proporcionou a salvação de milhares
de pessoas que estavam reféns das tradições criadas por homens gananciosos pelo
poder e pelas riquezas.
A igreja estava mergulhada em uma espiritualidade
rasa e mística ao mesmo tempo. Acreditavam que poderiam comprar a salvação com
moedas. Os cristãos sofriam com medo da perdição, pois a igreja não lhes
apresentava o evangelho da graça, mas das indulgências.
Em todos estes grandes avivamentos a Palavra de Deus
conduziu vidas a transformações radicais de caráter, de valores, do “ser”. Mais
do que apenas informar ela formou vidas, a partir do novo nascimento.
Somente Cristo pode transformar homens e mulheres em
novas criaturas. Somente Jesus pode dar a humanidade um novo coração e
transformar o ser humano na sua essência. Essa transformação é causada pela
Palavra de Deus. O Espírito Santo usa a Palavra para nos “transformar pela
renovação da nossa mente”.
Entretanto hoje se busca mais poder de Deus do que
conhecimento de Deus por meio da Palavra. O poder pode curar o exterior, mas
não transforma o interior. O poder pode te levar a conquistar o mundo usando-o
de maneira errada, mas não pode te introduzir no Reino dos Céus. Basta nos
lembrarmos das palavras de Jesus:
Nem todo
aquele que me diz: “Senhor, Senhor” entrará no Reino dos céus, mas apenas
aquele que faz a vontade do meu Pai que está nos céus. Muitos me dirão naquele
dia: “Senhor, Senhor não profetizamos em teu nome? Em teu nome não expulsamos
demônios e não realizamos muitos milagres? Então eu lhes direi claramente:
Nunca os conheci. Afastem-se de mim vocês, que praticam o mal” (Mt 7.21-23).
Aparentemente estes homens praticavam coisas boas,
desejáveis por todos, entretanto suas intenções não correspondiam com a verdade
de Deus. Buscaram poder e riquezas e usaram o nome de Deus para alcançarem seus
intentos.
Reflexão: O que estamos valorizando mais hoje em nossas
igrejas? Poder ou a Palavra de Deus? Tradição ou a Palavra de Deus? Homens ou a
Palavra de Deus? Desejamos realmente conhecer a Deus ou desejamos saciar nossos
desejos em Deus?
Conclusão: Termino esta reflexão afirmando que não temos hoje
perseguição contra a Igreja Brasileira, nem temos por parte da Igreja
Brasileira uma valorização da Palavra de Deus. Tal conclusão me faz afirmar que
não temos um grande avivamento genuíno; mas pela graça de Deus nos encontramos
nos “últimos dias” tempo este onde o avivamento se faz presente todos os dias,
assim como as catástrofes e as maldades dos homens.
A proliferação de muitas igrejas, baseados na figura
de líderes carismáticos, sem conhecimento da Palavra de Deus, tem feito
proliferar muitas bobagens no meio eclesiástico.
Somente um retorno a Palavra de Deus poderá levar a
Igreja Brasileira a um estilo de vida comprometido com a verdade, justiça e
desapegado dos valores do mundo, levando-a influenciar a sociedade
contemporânea e por sua vez a ser hostilizada por aqueles que não temem a Deus.
Pr. Cornélio Póvoa de Oliveira
22/05/2012
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