APOSTILA DE ECLESIOLOGIA
TEOLOGIA SISTEMÁTICA
Pr. Cornélio Póvoa de Oliveira
DATA
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AULA Nº
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ECLESIOLOGIA
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Conhecendo os Alunos
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1 – O CONCEITO DE IGREJA BÍBLICO
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1.1 – Considerações Negativas
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1.2 – Significado e Usos da Palavra Igreja
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2 – A IGREJA
LOCAL
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2.1 – As Ordenanças da Igreja: O Batismo e a Ceia do
Senhor
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2.2 – Formas de Governo da Igreja
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2.3 – Sua Organização
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3 – A IGREJA
UNIVERSAL
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3.1 – A Realidade de Sua Existência
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3.2 – Suas Representações
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3.3 – A Unidade da Igreja
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OBJETIVO
Apresentar a origem, a fundamentação bíblica e histórica
da Igreja e a sua dimensão salvífica, histórica e escatológica.
Apontar a
igreja como sinal do Reino de Deus no mundo e destacar a Igreja no seu aspecto
existencial e estrutural como organismo, corpo vivo de Cristo.
BIBLIOGRAFIAS:
BERKOFF, Louis. Teologia Sistemática, Campinas: Luz para
o Caminho.
COFFANI, Edson Rogério.
Apostila de Eclesiologia. Escola Teológica Batista Auriflamense.
GRUDEM, Wayne. Teologia
Sistemática. São Paulo: Edições Vida Nova, 1999.
HARBIN, Christopher. Apostila de Eclesiologia. Seminário
Teológico Batista do Rio Grande do Sul.
BÍBLIA ANOTADA. Versão Almeida, Revista e Atualizada. São
Paulo: Editora Mundo Cristão, 1991.
INTRODUÇÃO
Eclesiologia
é a disciplina que estuda a doutrina da Igreja.
“A igreja é um aspecto da doutrina cristã sobre o qual praticamente
todos, crentes e descrentes, têm uma opinião. Em parte, é porque, sendo uma
instituição da sociedade, a igreja pode ser observada e estudada pelos métodos
da ciência social. Isso, porém, nos apresenta um dilema. Podemos ser tentados a
definir a igreja pelo que é empiricamente. Tal abordagem, no entanto, poderia
confundir o real com o ideal e, assim, por mais interessante que seja, deve ser
evitada.
Outra maneira de analisar e definir a igreja é usar os mesmos meios
usados nas outras partes da teologia sistemática, ou seja, estudando o material
bíblico. O significado do termo igreja destaca-se melhor quando estudado no
contexto grego e vetereotestamentário. No grego clássico, a palavra grega usada
no Novo Testamento para designar a igreja (ekklésia) referia-se simplesmente a uma
assembleia dos cidadãos de uma localidade. O equivalente mais próximo do Antigo
Testamento (qáhál) não é tanto uma especificação dos membros de uma assembleia,
mas uma designação do ato de se reunirem.
No Novo Testamento, a palavra igreja tem dois sentidos. Por um lado,
denota todos os crentes em Cristo em todas as épocas e lugares. Esse sentido
universal é encontrado em Mateus 16:18, em que Jesus promete que construirá sua
igreja, e na figura do corpo de Cristo, desenvolvida por Paulo (ver Ef 1:22-23,
Ef 4:4, Ef 5:23). Com maior frequência, porém, “igreja” refere-se a um grupo de
crentes em dada localidade geográfica. Esse é o sentido claro em textos como 1Corintios 1:2 e 1Tessalonicenses
1:1” (Profº Edson Rogério Coffani -
Escola Teológica Batista Auriflamense).
OBJETIVO
Apresentar a origem, a fundamentação bíblica e histórica
da Igreja e a sua dimensão salvífica, histórica e escatológica.
Apontar a
igreja como sinal do Reino de Deus no mundo e destacar a Igreja no seu aspecto
existencial e estrutural como organismo, corpo vivo de Cristo.
1 – O CONCEITO DE IGREJA NA VISÃO BÍBLICA
Iniciaremos
nosso estudo a partir do conceito básico do significado de Igreja.
Definição: A Igreja é a comunidade de
todos os verdadeiros crentes de todos os tempos.
1.1 –
Considerações negativas
·
A Igreja
não é judaísmo continuado e ampliado – Embora haja uma continuidade entre
os remidos de todas as eras. A Igreja está fundamentada numa nova aliança. Ela
parte do judaísmo, mas rompe com o judaísmo por meio de Cristo, que cumpre
todas as exigências do judaísmo.
A convocação do povo no
Sinai foi estabelecida em termos condicionais.
Era apenas necessário que o povo se multiplicasse e fosse utilizado como bênção
a todas as nações, condição esta que se cumpriu em Jesus.
Grande parte da expectativa judaica referente ao Messias girava em torno
de um reino político e geográfico. Jesus, no entanto, declarava claramente que
o reino dele não era político. Ele pregava o reinar de Deus no interior do ser
humano, enfatizando que o jugo romano sobre Israel do seu dia não era tema de
interesse. Jesus não tinha interesse político, nem em sentido pessoal de
reinar, nem em libertar Israel da opressão romana. Por outro lado, ensinou em
vários contextos sobre a necessidade do povo ser fiel e servir a Deus de forma
comprometida. O reinar de Deus por sua mensagem era algo interior, não uma
questão nacional, institucional ou de outra forma externa ao indivíduo. Sua
pregação era com respeito ao compromisso interior com Deus. Todos aqueles que creram no período antes de Cristo, na promessa de Deus
também fazem parte da Igreja. No culto judaico tinha uma adoração centralizadora. Somente se adorava de
verdade em Israel, mais especificamente em Jerusalém (Templo), dependiam de
sacerdotes para oferecer seus sacrifícios e ofertas de adoração. Os estrangeiros
tinham que se submeter às leis judaicas, se tornando “judeu” através da
circuncisão.
O cristianismo oferece uma religião descentralizadora. Pode-se adorar de qualquer lugar, não precisa de sacerdotes, nem de templos, não se oferece mais sacrifícios e nenhuma raça tem domínio sobre outra.
Reflexão: As igrejas de hoje estão libertando os santos para adorarem livremente ou os estão aprisionando novamente? Por que a igreja cristã acumulou tantos fardos em torno de coisas como o prédio, o domingo, o culto e o clérigo?
O cristianismo oferece uma religião descentralizadora. Pode-se adorar de qualquer lugar, não precisa de sacerdotes, nem de templos, não se oferece mais sacrifícios e nenhuma raça tem domínio sobre outra.
Reflexão: As igrejas de hoje estão libertando os santos para adorarem livremente ou os estão aprisionando novamente? Por que a igreja cristã acumulou tantos fardos em torno de coisas como o prédio, o domingo, o culto e o clérigo?
·
A Igreja não é o reino de Deus – O reino
é o domínio de Deus sobre a Terra e sobre todo Universo. A Igreja é parte do
Reino. A igreja
autêntica existe como a concretização do reinar de Deus e não pode existir
desvinculada deste reino. É na vida da igreja, o
povo de Deus, que o reinar de Cristo tem forma e exercício.
·
A Igreja não é uma instituição religiosa - Na Bíblia, a igreja não
é uma instituição religiosa, mas um organismo vivo que se vai transformando em termos
organizacionais. De certa forma a igreja é, conforme implicação de Romanos 9.25
e 1 Pedro 2.9-10, o povo de Deus em desenvolvimento. Logo, ao tratar da igreja,
é necessário tratar de dois aspectos da mesma: o organismo e a estrutura
organizacional que se vem desenvolvendo
naturalmente. Esta é necessária, mesmo que não deva ser vista como o aspecto principal.
1.2 –
Significado e Usos da Palavra Igreja
·
Ekklesia
(literalmente do grego) “assembleia” ou “grupo chamado” – O texto bíblico no
português usa o termo igreja, mas as conotações originais do termo muitas vezes
estão perdidas na tradução. O conceito básico do termo igreja surge do hebraico qahal ou kahal, derivada de uma raiz qal (ou kal) significa
“chamar”, e também do grego ekklesia
é de uma assembléia, tratados por muitos no sentido de “comunidade”.
Geralmente se pensa em termos de haver uma convocação de caráter político,
sendo uma reunião do povo para decidir ou ouvir decisões de importância geral
para o mesmo.
Não existe
no Antigo Testamento o que propriamente se chamaria de igreja, já que o
conceito é do povo como um todo pertencendo a YHWH como nação. Nesse
contexto, emprega-se o termo hebraico ‘edhah, que designa o povo de
Deus, seja reunido ou não. Na época do exílio, o termo qahal vem a ser
empregado com esse mesmo uso também, mas nunca como uma instituição.
Synagoge é a versão usual, quase universal no Velho Testamento, de ‘edhah
na Septuaginta, e é também a versão usual de qahal no Pentateuco. Nos
últimos livros da Bíblia [Velho Testamento], porém qahal é geralmente
traduzida por ekklesia.
O Novo Testamento também
tem duas palavras, derivadas da Septuaginta, quais sejam, ekklesia, de ek
e kaleo, “chamar”, “chamar para fora”, “convocar”, e synagoge, de
syn e ago, significando “reunir-se” ou “reunir”. Synagoge no Novo Testamento é empregada exclusivamente para denotar, quer as reuniões religiosas dos
judeus, quer os edifícios em que eles se reuniam para o culto público, Mt 4.23;
At 13.43; Ap 2.9; 3.9.
No caso do Novo
Testamento, quando se trata da igreja em sentido universal ou mesmo local o
termo usado é normalmente algo como “santos” ou “eleitos”, em lugar de “igreja”
(ekklesía), aproveitando também expressões como “noiva” ou “povo de
Deus” especialmente ao tratar da igreja em sentido universal. Portanto, é
necessário ter cuidado ao procurar sistematizar ensino bíblico a partir de um
estudo do emprego do termo bíblico “igreja”, já que o conceito igreja é
comumente tratado com outros vocábulos e o uso que se faz do termo igreja nem
sempre é o que se espera a partir do português.
o
Pode ser
usada para se referir - A vários contextos e com vários sentidos no
português. O termo igreja pode vir a designar uma congregação local, uma denominação,
uma causa, a igreja de caráter universal ou “invisível” ou até um prédio onde se
reúne um grupo de adoradores. Em cada contexto deve-se assegurar qual o uso que
se faz do termo. Usaremos aqui como definição prática de igreja, “um
agrupamento de crentes que vivenciam um relacionamento de dependência (fé) em
Jesus Cristo, unindo-se para cumprirem a missão entregue por Deus”.
§ À
assembleia do povo de Israel (At 7.38).
§ A
uma assembleia dos cidadãos de uma cidade (At 19.32,39, 41).
§ Ao
corpo de Cristo (Cl 1.18).
§ A
uma igreja ou assembleia local (1 Co 1.2).
2
– A
IGREJA LOCAL
Uma Igreja local é um grupo de cristãos professos em Jesus Cristo, batizados em nome de Jesus e organizados com o propósito de fazer a vontade de Deus.
“Diversas formas da igreja existem, não porque o evangelho é relativo ou ‘aguado’ para atingir cada possível circunstância, mas porque o evangelho é relevante, respondendo às divergentes necessidades de pessoas, culturas, e sociedades.... O que é a igreja? Em síntese, é uma comunidade histórica que começa com Deus e é fundada em Cristo Jesus. É testemunha ao Seu evangelho em seu culto e fé, trabalho e memória. Através do seu testemunho em palavra e serviço ela aponta não a si mas para Cristo.... A igreja está continuamente em processo. É uma noiva sendo preparada para Cristo (2a Coríntios 11.2); é uma comunidade de peregrinos, escolhidos, mas ainda não completos, sempre seguindo em direção à promessa do reino de Deus.... Fazer a pergunta ‘O que é a igreja?’ ... é procurar ‘pela cidade que tem cimentos, cujo construtor e criador é Deus’ - Heb. 11.10 (Leonard)”.
A Bíblia não estabelece um sistema organizacional para a igreja, nem
contraria a sua elaboração. O que ela oferece é uma missão a ser cumprida.
É esta missão que deveria unir a igreja mais do que qualquer outro
elemento individual. É por tal motivo, por exemplo, que as igrejas batistas
desde sua origem começaram a se relacionar em associações e logo em convenções.
Queriam estar unidos para melhor cooperarem no desenvolvimento das tarefas que
a igreja local tinha dificuldade em cumprir sem apoio externo. É também nesse
interesse que surge a necessidade de cooperação entre denominações para
cumprirem em conjunto com certos aspectos da missão da igreja.
O ideal de união para a igreja nunca chegará a completa satisfação na
terra, em função de posições teológicas diferenciadas entre grupos componentes
da Igreja. Estas diferenças surgem de início em decorrência da incapacidade
humana de plena compreensão da Bíblia em sua íntegra e da debilidade humana em
compreender plenamente a vontade do Deus infinito, revelado em Cristo Jesus.
2.1 – As Ordenanças da Igreja: O Batismo e a
Ceia do Senhor
O Cristianismo no Novo
Testamento não é uma religião ritualística; a essência do Cristianismo é o
contato direto do homem com Deus por meio do Espírito. Portanto, não há
uma ordem de adoração dogmática e inflexível, antes permitindo à igreja,
em todos os tempos e países, a liberdade de adotar o método que lhe seja
mais adequado, para a expressão de sua vida. Não obstante, há
duas cerimônias que são essenciais, por serem divinamente ordenadas,
a saber, o batismo nas águas e a Ceia do Senhor.
O batismo nas águas é
o rito do ingresso na igreja cristã, e simboliza o começo da vida
espiritual. A Ceia do Senhor é o rito de comunhão e significa a
continuação da vida espiritual.
O primeiro sugere a fé em Cristo; o segundo sugere a comunhão
com Cristo. O primeiro é administrado somente uma vez, porque
pode haver apenas um começo da vida espiritual; o segundo
é administrado freqüentemente, ensinando que a vida espiritual deve
ser alimentada.
As ordenanças são ritos exteriores prescritos por Cristo com o propósito de ser observados por sua igreja. Para alguns são mais do que ritos exteriores, são sacramentos.
A palavra sacramento acrescenta a ideia da comunicação direta da graça ao que participa do rito, isto é, o rito transmite alguma graça ao que o recebe.
As ordenanças são ritos exteriores prescritos por Cristo com o propósito de ser observados por sua igreja. Para alguns são mais do que ritos exteriores, são sacramentos.
A palavra sacramento acrescenta a ideia da comunicação direta da graça ao que participa do rito, isto é, o rito transmite alguma graça ao que o recebe.
·
O Batismo - Vamos iniciar este tópico falando sobre o batismo.
Virtualmente todas as igrejas cristãs praticam o rito do batismo. Em grande parte,
elas o fazem porque Jesus, em sua comissão final, ordenou aos apóstolos e à
igreja: “Ide [...] fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do
Pai e do Filho, e do Espirito Santo” (Mt 28:19).
o
O significado – Existe uma concordância quase universal de que o batismo relaciona-se
de alguma forma com o inicio da vida cristã; é a iniciação da pessoa tanto na
igreja universal, invisível, como na igreja local, visível.
O batismo significa a identificação ou associação com uma
mensagem, neste caso a mensagem do novo nascimento. O batismo sugere as seguintes idéias:
§
1) Salvação. O batismo nas águas é um rito, representando os fundamentos do Evangelho. A
descida do convertido às águas retrata a morte de Cristo efetuada;
a submersão do convertido fala da morte ratificada, ou seja, o
seu sepultamento; o levantamento do converso significa a
conquista sobre a morte, isto é a ressurreição de Cristo.
§
2) União com Cristo. O fato de que esses atos são efetuados com o próprio
convertido demonstra que ele se identificou espiritualmente com Cristo.
A imersão proclama a seguinte mensagem: “Cristo morreu pelo
pecado para que este homem morresse para o pecado.” O levantamento
do convertido expressa a seguinte mensagem: “Cristo ressuscitou
dentre os mortos a fim de que este homem pudesse viver uma nova
vida de justiça.” União na morte e ressurreição.
§
3) Regeneração. A experiência do novo
nascimento tem sido descrita como uma, “lavagem” (literalmente
“banho”, Tito 3:5), porque por meio dela, os pecados e as contaminações
da vida de outrora foram lavados. Assim como o lavar com água limpa
o corpo, assim também Deus, em união com a morte de Cristo e
pelo Espírito Santo, purifica a alma. O batismo nas águas simboliza essa purificação.
“Levanta-te, e lava os teus pecados (isto é, como sinal do que já se
efetuou)” (Atos 22:16).
§
4) Testemunho. “Porque todos quantos fostes batizados em Cristo já vos
revestistes de Cristo” (Gál. 3:27). O batismo nas águas significa que
o convertido, pela fé, “vestiu-se” do caráter de Cristo de modo que os
homens podem ver a Cristo nele, como se vê o uniforme no soldado. Pelo
rito de batismo, o convertido, figurativamente falando, publicamente veste
o uniforme do reino de Cristo.
O batismo é, portanto, uma proclamação poderosa da
verdade do que Cristo fez; é uma “palavra em forma de agua”, testificando da
participação do crente na morte e ressurreição de Cristo. É mais um símbolo que
um mero sinal, pois é um quadro vivo da verdade que transmite.
o A fórmula - “Batizando-os em nome do Pai, e do Filho e do
Espírito Santo” (Mat. 28:19). Como vamos reconciliar isso com o mandamento
de Pedro: “…cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo”? (Atos
2:38). Estas últimas palavras não representam uma fórmula batismal, porém
uma simples declaração afirmando que recebiam batismo as pessoas que
reconheciam Jesus como Senhor e Cristo. Por exemplo, o “Didaquê”, um
documento cristão escrito cerca do ano 100 A.D., fala do batismo
cristão celebrado em nome do Senhor Jesus, mas o mesmo documento,
quando descreve o rito detalhadamente, usa a fórmula trinitária.
Quando Paulo fala que Israel foi batizado no Mar Vermelho “em Moisés”, ele
não se refere a uma fórmula que se pronunciasse na ocasião;
ele simplesmente quer dizer que, por causa da passagem milagrosa através
do Mar Vermelho, os israelitas aceitaram Moisés como seu guia e mestre
como enviado do céu. Da mesma maneira, ser batizado em nome de Jesus
significa encomendar-se inteira e eternamente a ele como Salvador enviado
do céu, e a aceitação de sua direção impõe a aceitação da fórmula dada por
Jesus no capítulo 28 de Mateus. A tradução literal de Atos 2:38 é: “seja
batizado sobre o nome de Jesus Cristo”. Isso significa, segundo o
dicionário de Thayer, que os judeus haviam de “repousar sua esperança
e confiança em sua autoridade messiânica”. Note-se que fórmula trinitária
é descrita duma experiência. Aqueles que são batizados em nome do triúno
Deus, por esse meio estão testificando que foram submergidos em comunhão
espiritual com a Trindade. Desse modo pode-se dizer acerca deles: “A graça
do Senhor Jesus Cristo e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo seja
com vós todos” (2 Cor. 13:13).
o A eficácia – O batismo é um meio de regeneração, sendo
essencial para a salvação? O batismo nas águas, em
si não tem poder para salvar; as pessoas são batizadas, não para serem
salvas, mas porque já são salvas. Portanto, não podemos dizer que o rito
seja absolutamente essencial para a salvação. Mas podemos insistir
em que seja essencial para a integral obediência a Cristo.
Muitos dizem que o texto de Marcos 16:16 parece sustentar a posição de que
o batismo salva ou é essencial para a salvação. Sob observação mais minuciosa, porém, a
capacidade de persuasão desse conceito torna-se menor. Em Marcos 16:16 lemos:-
“Quem crer e for batizado será salvo”; note, porém, que a segunda parte do
versículo não faz nenhuma menção ao batismo: “quem, porém, não crer será
condenado”. É simplesmente a falta de fé, não de batismo, que se correlaciona
com a condenação.
O batismo é em si um
ato de fé e compromisso. Embora a fé seja possível sem o batismo (pois a
salvação não depende do batismo), o batismo é o desdobramento natural e a
complementação da fé.
o Tipos de Batismo:
§ Imersão
– O batizando é mergulhado na água.
§ Aspersão
– A água é aspergida sobre o batizando.
§ Efusão
– A água é derramada sobre a cabeça do batizando.
§ Pedobatismo
– Batismo infantil.
·
A Ceia do Senhor - Enquanto que batismo é
o rito de iniciação, a ceia do Senhor é o rito continuo da igreja visível, ela
pode ser definida, em caráter preliminar, como um rito que Cristo mesmo
estabeleceu para que a igreja a praticasse em comemoração e memória à sua
morte.
o A ordem - “Porque eu recebi do Senhor
o que também vos entreguei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou
o pão, e, tendo dado graças, o partiu e disse: Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim.
Por semelhante modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: Este cálice é a nova aliança no meu sangue; fazei isto, todas
as vezes que o beberdes, em memória de mim” (1 Co 11.23-26).
o O significado – Um
memorial. “Fazei isto em memória de mim”.
Cada vez que um grupo de
cristãos se congrega para celebrar a Ceia do Senhor, estão relembrando,
dum modo especial, a morte expiatória de Cristo que os libertou dos
pecados.
Por que recordar a sua morte
mais do que outro evento de sua vida? Porque a sua morte foi o evento
culminante de seu ministério e porque somos salvos, não meramente por sua
vida e seus ensinos, embora sejam divinos, mas por seu sacrifício expiatório.
Além disso,
simboliza nossa dependência do Senhor e nossa ligação vital com ele, também
fortalece a unidade dos crentes dentro da igreja, e aponta para Sua segunda
vinda.
o Ensino – A Ceia do
Senhor é uma lição objetiva que expõe os dois fundamentos do Evangelho:
§ 1) A encarnação.
Ao participar do pão, ouvimos o apóstolo João dizer: “E o Verbo se fez
carne e habitou entre nós” (João 1:14); ouvimos o próprio Senhor declarar:
“Porque o pão de Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo” (João
6:33).
§ 2) A expiação.
Mas as bênçãos
incluídas na encarnação nos são concedidas mediante a morte de Cristo. O
simbolismo do pão partido é que Cristo (o pão da vida) é morto e sua vida é distribuída
entre os espiritualmente famintos; o vinho derramado nos diz que o sangue de
Cristo, o qual é sua vida, deve ser derramado na morte a fim de que seu poder
purificador e vivificante possa ser outorgado às almas necessitadas.
§
3) Segurança – Um terceiro aspecto do ensino diz respeito a segurança
de nossa salvação.
Este cálice é o Novo Testamento
no meu sangue”! (1 Cor. 11:25). Nos tempos antigos a forma mais solene de
aliança era o pacto de sangue, que era selado ou firmado com
sangue sacrificial. A aliança feita com Israel no Monto Sinai foi um
pacto de sangue. Depois que Deus expôs as suas condições e o povo as aceitou,
Moisés tomou uma bacia cheia de sangue sacrificial e aspergiu a metade
sobre o altar do sacrifício, significando esse ato que Deus se havia
comprometido a cumprir a sua parte do convênio; em seguida, ele aspergiu o
resto do sangue sobre o povo, comprometendo-o, desse modo, a guardar também a
sua parte do contrato (Êxo. 24:3-8).
A nova aliança firmada por Jesus
é um pacto de sangue. Deus aceitou o sangue de Cristo (Heb); portanto,
comprometeu-se, por causa de Cristo, a perdoar e salvar a todos os que
vierem a ele. O sangue de Cristo é a divina garantia. A nossa parte nesse
contrato é crer na morte expiatória de Cristo. (Rom. 3:25,26.)
o
Responsabilidade – Quanto a questão da responsabilidade analisaremos dois
aspectos importantes:
§ Quem deve ser admitido ou excluído da Mesa do
Senhor?
Sendo um
relacionamento espiritual entre o crente como individuo e o Senhor, aqueles que
querem ser participantes devem crer genuinamente em Cristo, embora não se possa
fazer nenhuma restrição, o comungante deve ser maduro o suficiente para ser
capaz de discernir o corpo (1Co 11:29).
Paulo trata da questão dos que
são dignos do memorial em 1 Cor 11:20-34. “Portanto, qualquer que comer
este pão, ou beber este cálice do Senhor indignamente, será culpado (uma ofensa
ou pecado contra) do corpo e do sangue do Senhor.”
Quer isso dizer que somente
aqueles que são dignos podem chegar-se à Mesa do Senhor? Então, todos nós
estamos excluídos! Pois quem dentre os filhos dos homens é digno da mínima das
misericórdias de Deus? Não, o apóstolo não está falando acerca
da indignidade das pessoas, mas da indignidade das ações.
Sendo assim, por estranho
que pareça, é possível a uma pessoa indigna participar dignamente. E em
certo sentido, somente aqueles que sinceramente sentem a sua indignidade
estão aptos para se aproximar da Mesa; os que se justificam a si mesmos
nunca serão dignos. Outros sim, nota-se que as pessoas mais profundamente
espirituais são as que mais sentem a sua indignidade.
Como pode alguém participar
indignamente? Praticando alguma coisa que nos impeça de
claramente apreciar o significado dos elementos, e de nos aproximarmos
em atitude solene, meditativa e reverente. No caso dos coríntios
o impedimento era sério, a saber, a embriaguez e a divisão entre eles
demonstrada pela falta de amor.
§
Quem deve ministrar a Ceia do Senhor?
As
Escrituras fornecem bem pouca orientação sobre a questão de quem deve ministrar
a ceia do Senhor, o que aparece nos relatos dos evangelhos e nos relatos de Paulo
que a ceia do Senhor foi confiada à igreja, e pelo que se presume, deve ser ministrada
por ela, entendendo que seja justo que as pessoas escolhidas e empossadas pela
igreja para supervisionar e dirigir seus cultos de louvor também supervisionem
a ceia do Senhor.
o
Elementos da Ceia – Os elementos são pão e suco de uva (vinho).
As
considerações quanto aos elementos dependem das preocupações dos participantes.
Por exemplo: se a preocupação principal deles for a preservação do simbolismo
pode-se usar pão levedado e suco de uva.
Se a preocupação
for ressaltar a unidade do corpo, pode-se usar pão inteiro simbolizando a unidade
da igreja; o partir do pão simbolizaria o corpo de Cristo sendo rasgado.
O suco de uva seria
suficiente para representar o sangue de Cristo. Não se aconselha o vinho devido
a fraqueza de alguns irmãos pelo álcool.
o Frequência – Ao que parece, no caso da
Igreja primitiva, a ceia era realizada semanalmente (At 20.7). “Todas as vezes”
que se reuniam.
O importante é prevenir
intervalos longos entre os períodos de reflexão sobre as verdades transmitidas
por ela, mas não com tanta frequência que a torne tão trivial ou comum que nos
submetamos ao processo sem de fato pensar no seu significado.
o Tipos de entendimentos sobre a Ceia:
§ Transubstanciação
(ponto de vista católico) – Os elementos transformam-se no corpo e sangue de
Cristo.
§ Consubstanciação (ponto de vista luterano) – O corpo e o
sangue de Cristo estão presentes, misturados aos elementos.
§ Presença
Espiritual (ponto de vista calvinista) – Cristo se faz presente.
§ Ordenança - (ponto de vista batista) – Apenas um
memorial não possui nenhum poder místico, nem atribui graça alguma.
A ceia do Senhor, ministrada de modo adequado, é um canal para inspirar
a fé e o amor do crente, à medida que ele volta a refletir sobre a maravilha da
morte do Senhor e sobre o fato
de que os que creem nele terão vida eterna.
2.2 – Formas de Governo da Igreja
Iremos agora discutir o tipo de estruturas organizacionais usadas pelas
diversas igrejas existentes. Na realidade, os defensores das varias formas do
governo da igreja concordam que Deus é (ou possui) a autoridade final. Os
pontos em que diferem estão em suas concepções de como ou por meio de quem ele
expressa ou exerce essa autoridade.
É evidente que o propósito do Senhor era que houvesse
uma sociedade de seus seguidores que comunicasse seu Evangelho aos homens
e o representasse no mundo. Mas Ele não moldou nenhuma organização ou
plano de governo; não estabeleceu nenhuma regra detalhada de fé e
prática.
Assim como o corpo vivo se adapta ao
meio ambiente, semelhantemente, ao corpo vivo de Cristo foi
dada liberdade para escolher suas próprias formas de
organização, segundo suas necessidades e circunstâncias. Naturalmente,
a igreja não era livre para seguir nenhuma manifestação contrária aos
ensinos de Cristo ou à doutrina apostólica. Qualquer manifestação
contrária aos princípios das Escrituras é corrupção.
Durante os dias que se seguiram ao Pentecoste, os
crentes praticamente não tinham nenhuma organização, e por algum tempo faziam
os cultos em suas casas e observavam as horas de oração no templo. (Atos 2:46.)
Isso foi completado pelo ensino e comunhão apostólicos. Ao crescer
numericamente a igreja, a organização originou-se das seguintes causas:
·
Primeira, oficiais da igreja foram
escolhidos para resolver as emergências que surgiam, como, por exemplo, em
Atos 6:1-5;
·
Segunda, a possessão de
dons espirituais separava certos indivíduos para a obra do ministério.
As primeiras igrejas eram democráticas em seu
governo, circunstância natural em uma comunidade onde o dom do
Espírito Santo estava disponível a todos, e onde toda e qualquer
pessoa podia ser dotada de dons para um ministério especial. É verdade
que os apóstolos e anciãos presidiam às reuniões de negócios e à seleção
dos oficiais; mas tudo se fez em cooperação com a igreja, não existia uma
hierarquia estabelecida. Alguns textos que confirmam essa verdade são Atos
6:3-6; 15:22; 1Cor. 16:3; 2Cor. 8:19; Fil. 2:25. Pelo que se lê em Atos 14:23 e
Tito 1:5, poderá entender-se que Paulo e Barnabé nomearam anciãos sem
consultar a igreja; mas historiadores eclesiásticos de responsabilidade
afirmam que eles os ”nomearam” da maneira usual, pelo voto dos membros da
igreja. Vemos claramente que no Novo Testamento não há apoio para uma
fusão das igrejas em uma “máquina eclesiástica” governada por
uma hierarquia. Nos dias primitivos não havia nenhum governo
centralizado abrangendo toda a igreja. Cada igreja local era autônoma
e administrava seus próprios negócios com liberdade. Naturalmente
os ”Doze Apóstolos” eram muito respeitados por causa de suas relações com
Cristo, e exerciam certa autoridade (Vide Atos 15.).
Paulo exercia certa supervisão sobre as igrejas gentílicas;
entretanto, essa autoridade era puramente espiritual, e não uma autoridade
oficial tal como se outorga numa organização. Embora que cada igreja fosse
independente da outra, quanto à jurisdição, as igrejas do Novo Testamento
mantinham relações cooperativas umas com as outras. (Rom. 15:26, 27; 2Cor.
8:19; Gál. 2:10; Rom. 15:1; 3João 8.) Nos séculos primitivos as igrejas locais,
embora nunca lhes faltasse o sentimento de pertencerem a um só corpo, eram
comunidades independentes e com governo próprio, que mantinham relações umas
com as outras, não por uma organização política que as reunisse todas elas, mas
por uma comunhão fraternal mediante visitas de delegados, intercâmbio
de cartas, e alguma assistência recíproca indefinida na escolha e consagração
de pastores.
Vários tipos de governo foram estabelecidos ao longo da história
eclesiástica. Nosso estudo começara com o mais estruturado – o episcopal –
prosseguindo rumo ao menos estruturado.
Governo Episcopal - Na forma episcopal de governo da igreja, a autoridade reside no bispo.
Há vários
graus de episcopado, ou seja, há variações quanto ao número de níveis de
bispos.
o A forma mais simples de
governo episcopal é encontrada na Igreja Metodista, que só possui um nível de bispos.
o Um pouco mais
desenvolvida é a estrutura governamental da Igreja Anglicana ou Episcopal.
o A Igreja Católica
Romana possui o sistema mais completo de hierarquia, com a autoridade investida
especialmente no sumo pontífice, o bispo de Roma, o papa.
Inerente à estrutura episcopal é a ideia de
diferentes níveis de ministério ou diferentes graus de ordenação. O primeiro
nível é o ministro ou do sacerdote comum. Em algumas igrejas, há passos ou
divisões dentro desse primeiro nível, por exemplo, diácono e presbítero.
Os clérigos nesse nível são autorizados a
desempenhar todas as tarefas básicas associadas ao ministério, ou seja, pregam
e ministram os sacramentos. Além desse nível, porém, há um segundo nível de
ordenação que constitui uma pessoa bispo. O papel dos bispos é exercer o poder
de Deus de que foram investidos. Em particular, como representantes de Deus e pastores,
governam um grupo de igrejas e cuidam dele, em vez de simplesmente cuidar de uma
congregação local. Entre seus poderes está a de ordenar ministros ou
sacerdotes.
·
Governo
Nacional – Este sistema, também
denominado sistema colegial (que superou o sistema territorial), foi
desenvolvido na Alemanha, principalmente por C. M. Pfaff (1686-1780), e mais
tarde foi introduzido na Holanda. Ele parte do pressuposto de que a igreja é uma
associação voluntária, igual ao estado. As igrejas ou congregações separadas
são meras subdivisões da igreja nacional única. O poder original reside numa
organização nacional, e esta organização tem jurisdição sobre as igrejas
locais. Este sistema é justamente o inverso do sistema presbiteriano, segundo o
qual o poder original tem sua sede no conselho ou consistório. O sistema
territorial reconhecia o direito inerente ao estado de reformar o culto
público, resolver contendas sobre doutrina e conduta, e convocar sínodos, ao
passo que o sistema colegial atribui ao estado unicamente o direito de
supervisão como direito inerente, e considera todos os outros direitos,
que o estado poderia exercer em questões da igreja, como direitos que a igreja,
por um entendimento tácito ou por um pacto formal, conferiria ao estado. Este
sistema desconsidera completamente a autonomia das igrejas locais, ignora os
princípios de governo e de direta responsabilidade para com Cristo, gera
formalismo e confina uma igreja professadamente espiritual dentro dos limites e
geográficos. Um sistema como este, semelhante que é ao sistema erastiano,
naturalmente se adapta melhor à idéia atual do estado totalitário.
·
Governo Presbiteriano (Governo Federal) - O sistema
presbiteriano de governo da igreja também coloca a autoridade em determinado
oficio.
Neste
sistema o ofício individual e o detentor do ofício destacam-se menos que os
grupos representativos que exercem tal autoridade.
O oficial
principal na estrutura presbiteriana é o presbítero, posição que remonta à
sinagoga judaica. Os presbíteros também são encontrados na igreja do Novo
Testamento. Em Atos 11:30 lemos sobre a presença dos presbíteros na congregação
de Jerusalém, enviando suas ofertas aos presbíteros pelas mãos de Barnabé e
Saulo”. As epístolas pastorais também mencionam os presbíteros.
Parece que
na época do Novo Testamento as pessoas escolhiam seus presbíteros, indivíduos a
quem consideram particularmente qualificados para dirigir a igreja. Ao
selecionar presbíteros para dirigir a igreja, as pessoas tinham consciência de
que se conformavam, pelo ato externo, com a escolha que o Senhor já fizera. No
sistema presbiteriano, entende-se que a autoridade de Cristo é dispensada a
indivíduos crentes, que a delegam aos presbíteros por eles escolhidos e aos que
passam a representa-los dali em diante. Uma vez eleitos ou designados, os presbíteros
atuam em favor ou no lugar dos indivíduos crentes. É, portanto, através dos presbíteros
que a autoridade divina de fato atua dentro da igreja.
Essa
autoridade é exercida numa serie de concílios.
o
No âmbito da igreja local, o conselho (presbiteriana) ou o consistório
(reformada) é o grupo responsável pelas decisões.
o
Todas as igrejas de uma área são governadas pelo presbitério
(presbiteriana) ou classe (reformada).
o
O grupo seguinte é o sínodo, formado por igual número de presbíteros
leigos e clérigos escolhidos pelos presbitérios ou classes.
o
No nível mais alto, a Igreja Presbiteriana também possui uma assembleia
geral, chamada Supremo Concílio, composta mais uma vez de representantes leigos
e clérigos dentre os presbíteros.
As prerrogativas de cada um desses concílios são
descritas na constituição da denominação.
O sistema presbiteriano difere do episcopal no
fato de existir só um nível de clero. Só existe o presbítero docente (o pastor)
ou o presbítero regente. Não existem níveis mais altos, como o de bispo. É
claro que certas pessoas são eleitas para cargos administrativos dentro dos concílios.
Elas são selecionadas (de baixo) para presidir ou supervisionar, executando
funções especificas. Não são bispos, não havendo ordenações especiais para tais
funções. Não existe autoridade especial inerente ao oficio. Outra medida de
nivelamento no sistema presbiteriano é uma coordenação deliberada entre
clérigos e leigos. Ambos os grupos são incluídos em todos os concílios. Ninguém
possui poderes ou direitos especiais que o outro não possua.
·
Congregacional - A terceira forma de governo da igreja destaca o
papel do cristão como indivíduo e tem a igreja local como centro de autoridade.
Dois
conceitos são básicos ao sistema congregacional: autonomia e democracia.
o Por autonomia
entendemos que a congregação é independente e governa a si mesma. Não há
poderes externos que possam ditar diretrizes para a igreja local.
o Por democracia
entendemos que cada membro da congregação local tem voz em seus assuntos. São
os indivíduos da congregação que possuem e exercem a autoridade. A autoridade
não é prerrogativa de um único individuo ou de um grupo seleto.
Entre as
principais denominações que praticam a forma de governo congregacional estão os
grupos batistas, congregacionais e boa parte dos grupos luteranos.
Seguindo um
principio de autonomia, cada igreja local chama seu próprio pastor e determina
seu próprio orçamento. Ela adquire e gere propriedades independentemente de quaisquer
autoridades externas.
O princípio
da democracia baseia-se no sacerdócio de todos os crentes que, segundo
entendem, ficaria prejudicado, caso bispos ou presbíteros recebessem a prerrogativa
de tomar as decisões. A obra de Cristo torna tais dirigentes desnecessários,
pois agora cada crente tem acesso ao Santo dos Santos e pode ter acesso direto
a Deus. Além disso, como Paulo nos relembra, cada membro ou parte do corpo pode
fazer uma contribuição valiosa para o bem–estar do todo.
Há decerto, alguns
elementos de democracia representativa dentro da forma congregacional de
governo da igreja. Certas pessoas são eleitas por livre escolha dos membros do
corpo para servir de maneiras especiais. Todas as decisões mais importantes,
porém, tais como a contratação de um pastor e a compra ou venda de
propriedades, são tomadas pela igreja como um todo.
2.3 – Sua Organização (Hb 13.7, 17)
Os Oficiais da Igreja - Podemos distinguir
diferentes classes de oficiais na Igreja. Uma distinção muito geral é de
oficiais ordinários e extraordinários
·
Oficiais Extra-ordinários - O ministério geral e profético
o
Apóstolos – Estritamente falando, este nome só é aplicável
aos doze escolhidos por Jesus e a Paulo; mas também se aplica a certos homens
apostólicos que assessoram a Paulo em seu trabalho e que foram dotados de dons
graças apostólicas, At 14:4 e 14, 1 Co 9:5-6, 2 Co 8:23.
Os apóstolos tinham a incumbência especial de
lançar os alicerces da Igreja de todos os séculos. Somente por meio da sua
palavra é que os crentes de todas as eras subsequentes têm comunhão com Jesus
Cristo, assim sendo, eles são os apóstolos da Igreja dos dias atuais, como
também o foram da Igreja Primitiva, eles tinham certas qualificações especiais
como:
§ Foram comissionados
diretamente por Deus ou por Jesus Cristo (Mc 3:14, Lc 6:13, Gl 1:1).
§ Eram testemunhas da
vida de Cristo principalmente, de Sua ressurreição (Jo 15:27, At 1:21-22, 1Co
9:1).
§ Estavam cônscios de
serem inspirados pelo Espirito de Deus em todo o seu ensino, oral e escrito (At
15:28, 1Co 2:13).
§ cujo trabalho principal era estabelecer igrejas em
campos novos. (2Cor. 10:16.) Eram administradores da igreja e
organizadores missionários, chamados por Cristo e cheios do Espírito.
A
palavra “apóstolo” significa simplesmente “enviado” ou “missionário”. (Atos
14:14; Rom. 16:7.) Tem havido apóstolos desde então? A relação dos doze para
com Cristo foi uma relação única que ninguém desde então pôde ocupar. Sem
dúvida, a obra de homens tais como João Wesley, com toda razão, pode
ser considerada como apostólica e muitos outros tem realizado esta obra,
entretanto não possuem a mesma autoridade que os primeiros apóstolos.
o
Profetas – O Novo Testamento também fala sobre os profetas
(At 11:28, At 13:1-2, At 15:32). Evidentemente o dom de falar para a edificação
da Igreja era altamente desenvolvido nestes profetas, e ocasionalmente eles
serviam de instrumentos para a revelação de mistérios e para a predição de
eventos futuros.
Eram
os dotados do dom de expressão inspirada. Desde os primeiros dias até ao fim do
século constantemente apareceram, nas igrejas cristãs profetas e profetisas.
Enquanto o apóstolo e o evangelista levavam sua mensagem aos incrédulos, o
ministério do profeta, era particularmente entre os cristãos. Os profetas
viajavam de igreja em igreja, tanto como os evangelistas o fazem na
atualidade; não obstante, cada igreja tinha profetas que eram membros
ativos dela. Entretanto suas palavras deviam ser provadas pelas escrituras.
o
Evangelistas – Em acréscimo a apóstolos e profetas, são
mencionados evangelistas na Bíblia (At 21:8, Ef 4:1, 2Tm 4:5). Filipe, Marcos,
Timóteo e Tito pertenciam a esta classe.
Pouco se sabe destes evangelistas, eles
acompanhavam e assistiam os apóstolos, e às vezes eram enviados por estes em
missões especiais, seu trabalho era pregar e batizar, mas incluía também a
ordenação de presbíteros (Tt 1:5, 1 Tm 5:22), o exercício da disciplina (Tt
3:10).
·
Oficiais Ordinários - O ministério local e prático
o
Pastor –
O líder da igreja. Qualificações (1 Tm
3.1-6; Tt 1.7-9).
Este termo não aparece
diretamente no Novo Testamento. Mas o titulo é aplicado a Jesus Cristo, pois
Ele é o Bom Pastor (Jo 10:11-14), grande Pastor (Hb 13:20), Pastor e Bispo (1Pd
2:25), já no Antigo Testamento os lideres do povo eram chamados pastores (Jr
3:15, Jr 23:4, Ez 34:23), entre os evangélicos, tem havido uma predileção pelo
titulo pastor para o líder espiritual da igreja. Por que a preferencia desse
nome?
Alguns fatores podem ser
apontados para explicar a preferência do nome pastor:
§ O fato de a igreja ser
chamada de rebanho.
§ A função de apascentar
dos pastores, presbíteros e bispos.
§ Cristo se apresenta
como Pastor.
§ A ideia de pastores do
povo de Deus no Antigo Testamento.
§
E o mais importante é o chamado para a obra e missão de homens e hoje
até mulheres de exercerem este ministério que é tão importante,
pois é a maneira de Deus agir e ouvir o seu povo através de seus
pastores.
Alguns nomes que designam o pastor bíblico.
§ Pastor (poimen – poimen) - A palavra pastor é usada para designar àquele que
é responsável pela igreja institucional e espiritual. Este termo por si só já
designa diversos deveres baseado na figura do pastor como: cuidar, proteger,
conhecer, alimentar, guiar e sacrificar-se pelo rebanho.
§ Bispos (επίσκοπος – episkopos) - Atos 20.17, 28; Tito
1.7; Filemon 1.1
A palavra bispo no
grego significa “supervisores”, na bíblia também são chamados de presbíteros. O
título bispo era um termo secular dado aos homens responsáveis pela administração
ou supervisão de uma cidade. Os presbíteros em Atos 20.28 recebem a orientação
de Paulo para supervisionarem a igreja, isto é, pastorearem a igreja.
§
Presbíteros (πρεσβυτερος – presbyteros) – At 20.17; I Tm 5.17-18; 1 Pe 5.1-4
O termo presbítero significa “ancião”. Nas
sinagogas era comum que o “ancião” fosse o supervisor da sinagoga. Normalmente
por este possuir maior experiência e conhecimento adquirido com o passar dos
anos. Os presbíteros são designados nos textos acima a supervisionarem a igreja
e a pastorear o rebanho de Deus.
Podemos afirmar que na
visão bíblica presbítero = bispo = pastor.
o Mestres – É evidente que, originalmente, os presbíteros
não eram mestres, ai vem a declaração de Paulo em Ef 4:11, de que o Cristo
elevado ao céu também dera à Igreja “pastores e mestres”, mencionados como uma
única classe, mostra claramente que estes dois não constituem duas diferentes
classes oficiais. Nisso com o transcorrer do tempo, duas circunstancias levaram
a uma distinção entre os presbíteros ou superintendentes encarregados somente
do governo da Igreja, e os que também eram chamados para ensinar.
Quando os apóstolos faleceram e as heresias
surgiam e aumentavam, a tarefa dos que eram chamados para ensinar tornou-se
mais exigente, requerendo preparação especial (2Tm 2:2, Tt 1:9).
Em vista do fato de que o trabalhador é digno do
seu salário, os que estão engajados no ministério da Palavra, tarefa amplamente
abrangente que requer todo o seu tempo, foram liberados doutros trabalhos para
poderem devotar-se mais exclusivamente ao trabalho de ensinar.
o Diáconos – Significa:
servo, criado, assistente, auxiliar.
Qualificações (1 Tm 3.8-10,12,13).
Os diáconos eram auxiliares dos presbíteros (At 6.1-6) e um grupo oficialmente
reconhecido na igreja (Fp 1.1).
Segundo a opinião
predominante, At 6:1-6 contém o registro da instituição do diaconato. O nome
diakonai que, antes do evento narrado em Atos 6, era sempre empregado nos
sentido geral de servo ou servidor, subsequentemente começou a ser empregado
como designativo daqueles que se dedicavam às obras de misericórdia e caridade,
e, com o tempo, veio a ser usado exclusivamente neste sentido.
2.4 – Seu Propósito
·
A Missão - Se o reinar de Deus é importante para o estudo
da eclesiologia, a “missão” é essencial para a aplicação do reino. O reinar de
Deus implica em deixar que Deus cumpra a Sua missão entre aqueles que pertencem
ao reino. É a aceitação das responsabilidades da missão que introduzem o
indivíduo ao reinar de Deus. Existe um duplo enfoque da missão em seu
relacionamento com o reinar de Deus: a missão tem aspecto interior—a aplicação
pessoal do ensino e da vida do reinar de Deus; e o seu aspecto exterior—o levar
a mensagem do reinar de Deus aos demais.
O aspecto interior da missão da igreja visa a
preparar os integrantes para a sua missão externa. Esta preparação é ativa,
como se pode ver no modelo de Jesus, enviando os seus discípulos em mais de uma
instância para cumprir com exigências da missão exterior. Vale lembrar que os
discípulos eram indivíduos menos do que qualificados, especialmente ao ver que,
mesmo depois da crucificação de Jesus, relutavam em aceitar que era necessário
que Jesus morresse. Em pleno processo de discipulado, porém, mesmo com todas as
suas falhas, Jesus os enviou mais de uma vez para levar adiante a sua mensagem
do reinar de Deus. Mesmo o gadareno endemonhinhado é enviado para pregar em
toda a região de Decápolis (uma região de dez cidades) sem capacitação
especial27.
Olhando para o lado exterior da missão da igreja,
Moody coloca que a missão pode ser resumida em três aspectos especiais: “como martyria
(testemunho), diakonia (serviço) e koinonia (comunhão)”28.
São estas as tarefas que servem de base para compreender e cumprir a
missão da igreja. Deve-se lembrar de
fazer distinção entre os termos “missão” e “missões”. Por “missão”, trata-se da raison d’etre da igreja, seu propósito
no mundo. Missão é um termo de importância suprema para a eclesiologia.
Como fora observado, “não é a igreja que tem uma missão, mas é o inverso: a
missão de Cristo criou a igreja. Não é a missão da igreja que se deve entender,
mas o inverso”29. Mais do que deixar uma igreja, Jesus deixou uma tarefa a ser
cumprida por seus discípulos. Esta missão gera estruturas para que ela possa
ser levada adiante. Sem missão, a igreja não existe.
A missão é o propósito de efetivar o
reinar de Deus dentro dos parâmetros da história. Mesmo que o conceito
de “missões” esteja ligado intimamente à missão da igreja, o conceito é
distinto. Missões tem a ver com os meios
usados para levar adiante a missão externa da igreja entre todos os povos.
A missão da igreja inclui também aspectos do amadurecimento e discipulado do
individuo e da igreja local como um corpo. Mesmo que a tarefa missionária seja
de “discipular as nações”, o conceito
“missões” reflete sempre a questão do envio de obreiros. A missão da
igreja, por outro lado, é mais global já que inclui a obra missionária como um
aspecto do propósito eclesiástico. A missão não requer por si a questão do
envio, mas do cumprir com o propósito de discipular.
Voltando à colocação de Moody dos três aspectos da
missão, a questão do testemunho rege o enfoque central da aplicação. “O
testemunho é a missão central da igreja em todas as situações”30. Este
testemunho inclui o testemunho referente à pessoa e obra de Cristo, como também
os demais aspectos da aplicação da mensagem de Cristo no âmbito completo do Seu
ministério. Este testemunho é logo aplicado em parte através do serviço cristão
como também no contexto da comunhão cristã. O enfoque triplo da missão é
unificado em torno do primeiro aspecto de oferecer testemunho a Cristo,
incluindo nesta definição todo o processo de discipular o ouvinte.
A missão da igreja deve ser estudada a sério, pois
é o direcionador para cada aspecto da vida eclesiástica. As palavras de Jesus
registradas em Mateus 28 e Atos 1 requerem que a igreja cumpra com a tarefa de
discipular. Esta é a missão: ser testemunha de Cristo, discipulando todas as
nações.
O papel de testemunha no contexto de Atos 1.8 tem a mesma força do
conceito de fazer discípulos em Mateus 28. De fato, são dois relatos das mesmas
palavras de Jesus, numa mesma ocasião. O testemunho e discipulado especificados
abrangem todo o ensino de Jesus em toda expansão étnica e geográfica. A missão
da igreja deve reger todo o esforço, direcionando toda a atividade e estrutura
para que ajude a cumprir com o propósito da igreja.
O propósito maior da Igreja é Glorificar
a Deus. De
maneira prática glorificamos a Deus quando o obedecemos e honramos Seu nome. A
igreja O glorifica quando:
o
Evangeliza (Prega a salvação) - O tópico que se relata
nos dois relatos sobre as ultimas palavras de Jesus aos discípulos é a
evangelização. Em Mateus 28:19 ele o instrui: “Ide, portanto, fazei discípulos
de todas as nações”. Em Atos 1:8 ele diz: “Mas recebereis poder, ao descer
sobre vós o Espirito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como
em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra”. Esse foi o último
assunto que Jesus tratou com seus discípulos. Parece que ele via a
evangelização como a própria razão da existência deles.
O chamado
para evangelização é uma ordem. Tendo aceitado Jesus como Senhor, os discípulos
haviam se colocado sob seu governo e estavam obrigados a fazer tudo o que ele
lhes pedisse, pois ele disse: “Se me amais, guardareis os meus mandamentos” (Jo
14:15). Se os discípulos realmente amassem o Senhor, cumpririam esse chamado
para a evangelização. Não se tratava de uma questão opcional para eles.
Mas os
discípulos não foram enviados simplesmente em seu próprio poder. Jesus
prefaciou sua comissão com a afirmação: “Toda a autoridade me foi dada no céu e
na terra”(Mt 28:18). Tendo toda a autoridade, ele comissionou os discípulos
como seus agentes. Assim, eles tinham o direito de ir e evangelizar todas as
nações. Além disso, Jesus prometeu aos discípulos que o Espirito Santo viria
sobre eles e também a capacitação para a tarefa a ser exercida.
Portanto
para a Igreja ser fiel ao seu Senhor e lhe alegrar o coração, deve se esforçar
para levar o evangelho a todas as pessoas. Isso implica ir a pessoas de quem
gostamos e a pessoas de quem, por natureza, talvez tenhamos a tendência de não
gostar. Isso se estende a pessoas que são diferentes de nós. E vai além de
nosso circulo imediato de contato e influencia. Num sentido mais definido
evangelização local, expansão ou fundação de igrejas e missões mundiais são a
mesma coisa.
o Produz
cristãos maduros e santos (ensino, comunhão, etc.) - Uma das ordens de Jesus
na Grande Comissão foi de ensinar os convertidos a “guardar todas as coisas que
vos tenho ordenado” (Mt 28:20). Com esse intuito, um dos dons para as igrejas é
“pastores e mestres” (Ef 4:11) visando preparar e equipar o povo de Deus para o
serviço. A educação pode assumir varias formas e ocorrer em muitos níveis. É dever da igreja utilizar todos os meios e tecnologias
legitimas hoje disponíveis. A pregação é um
meio de instrução que vem sendo usado pela igreja cristã desde o princípio.
o
Cuida das necessidades de seus membros em
primeiro lugar (1 Tm 5) e pratica o bem aos de fora (Mt 5.16) - Atravessando as varias
funções da igreja até aqui examinadas, existe a responsabilidade de praticar
atos de amor e compaixão cristã tanto para crentes como para descrentes. É
claro que Jesus se importava com os problemas dos necessitados e dos sofredores.
Ele curou os doentes e por vezes até ressuscitou mortos. Se a igreja for dar
continuidade ao ministério dele, estará engajada em alguma forma de ministério
aos necessitados e sofredores. Que Jesus esperava isso dos crentes evidencia-se
na parábola do bom samaritano (Lc 10:25-37). Jesus contou essa parábola para o
interprete da lei que, compreendendo que a pessoa pode herdar a vida eterna
amando a Deus de todo o coração e ao próximo como a si mesmo, perguntou quem
era o próximo. Ao responder a pergunta, Jesus também explicou o que significa
amar o próximo como a si mesmo. Na mesma linha, Jesus insinua em Mateus
25:31-46 que o sinal pelo qual os verdadeiros crentes podem ser distinguidos
dos que fazem confissões vazias são os atos de amor feitos em nome de Jesus,
seguindo seu exemplo.
A ênfase na
preocupação social transporta-se também para as epístolas. Tiago é
especialmente vigoroso ao salientar o cristianismo pratico. Considere por
exemplo, sua definição de religião: “A religião pura e sem mácula, para com o
nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e
a si mesmo guardar-se incontaminado do mundo” (Tg 1:27). Ele denuncia o
incentivo verbal desacompanhado de ação: “Se um irmão ou irmã estiver
necessitado de roupas e do alimento de cada dia e um de vocês lhe disser: ‘Vá
em paz, aqueça-se e alimente-se até ficar satisfeito’, sem porém lhe dar nada,
deque adianta isso? Assim também a fé, por si só, se não for acompanhada de
obras, está morta” (Tg 2:15-17).
Igreja deve mostrar
interesse e atuar sempre que vê necessidades, sofrimentos ou erros, obviamente
que as igrejas tem muito o que fazer para melhorarem os seus desempenhos nessa
aréa.
Reflexão: A igreja local
deve também refletir a perspectiva descentralizadora do Evangelho de Cristo. Isso
implica evangelização e missões. O Corpo de Cristo é a entidade espiritual que opera
no mundo.
A igreja local
não tem como missão criar programas diversos para que os cristãos não tenham tempo
para pecar ou pensar em outras coisas. A igreja não tem como meta centralizar o
Evangelho dentro das quatro paredes e algumas poucas pessoas.
Descentralizar
implica que devemos incentivar os membros para que tenham um bom tempo com suas
esposas, filhos, pais e parentes. Devemos ajudar o cristão a pensar sobre como ele
pode alcançar seus conhecidos com o evangelho, ou abrir suas casas para outros,
dando um testemunho cristão. A visão descentralizadora quer dizer que a igreja local
se esforça para equipar os santos para que eles sejam sal e luz nos seus lugares.
Entende-se que a igreja é uma comunidade para apoiar, não uma fortaleza para retirar
o cristão do mundo. Ela existe como meio para aperfeiçoar o cristão e não como um
fim em si mesmo.
3 – A IGREJA UNIVERSAL
Há uma certa tensão a ser mantida aqui entre a igreja em sentido local
e universal, pois a igreja local é a expressão corpórea da igreja única em uma
localidade específica. É a expressão da igreja única onde quer que ela seja
encontrada. A igreja local é expressão do todo — a igreja universal — e ao
mesmo tempo uma expressão parcial.
A igreja é um organismo vivo, a acoplação (ajuntamento) dos santos, o
povo de Deus na face da terra. Nem todo membro da igreja local faz parte, e nem
todo aquele que não faz parte de uma igreja local visível está fora da igreja.
A igreja universal também é composta de todos cristãos de todos os
tempos, isto é, de todos aqueles que professaram sua fé no Messias Jesus, o
Cristo.
3.1 – A Realidade de Sua Existência (Mt 16.18; Cl 1.18; Ef 3.10)
·
Sua
Fundação
o
Consideração
profética – Israel é descrito como uma
igreja no sentido de ser uma nação chamada dentre as outras nações a ser um
povo de servos de Deus. (Atos 7:38.) Quando o Antigo Testamento foi traduzido
para o grego, a palavra “congregação” (de Israel) foi traduzida “ekklesia” ou
“igreja”. Israel, pois, era a congregação ou a igreja de Jeová. Depois de
a igreja judaica o ter rejeitado, Cristo predisse a fundação duma nova
congregação ou igreja, uma instituição divina que continuaria sua obra no
terra (Mat. 16:18). Essa é a igreja de Cristo, que veio a ter existência no dia
de Pentecoste.
o
Consideração
Histórica – A igreja de Cristo veio a
existir, como igreja, no dia de Pentecoste, quando foi derramado o Espírito
Santo sobre os fiéis. Assim como o Tabernáculo foi construído e depois
consagrado pela descida da glória divina (Êxo. 40:34), assim os primeiros
membros da igreja foram congregados no cenáculo e consagrados como igreja pela
descida do Espírito Santo. É muito provável que os cristãos primitivos
vissem nesse evento o retorno da “Shekinah” (a glória manifesta no Tabernáculo
e no templo) que, havia muito, partira do templo, e cuja ausência era
lamentada por alguns dos rabinos. Davi juntou os materiais para a construção do
templo, mas a construção foi feita por seu sucessor, Salomão. Da
mesma maneira, Jesus, durante seu ministério terreno, havia juntado
os materiais da sua igreja, por assim dizer, mas o edifício
foi erigido por seu sucessor, o Espírito Santo. Realmente, essa obra foi
feita pelo Espírito, operando mediante os apóstolos que lançaram os fundamentos
e edificaram a igreja por sua pregação, ensino e organização. Portanto, a
igreja é descrita como sendo ”edificados sobre o fundamento dos
apóstolos…” (Efés. 2:20).
o Cristo – Foi seu fundador no sentido de
ter sido seu mestre, construtor e aquele que enviou o Espírito, o qual deu
forma real ao corpo de Cristo.
·
Seu
Fundamento
o Cristo – (Mt 16.18; 1 Pe 2.4-8). Ele é
a Pedra angular e todo cristão é uma
pedra sobre a grande pedra angular.
o
Os membros da
Igreja – O Novo Testamento
estabelece as seguintes condições para os membros da igreja:
§
Fé implícita no
Evangelho, confiança sincera e de coração em Cristo como o único e divino
Salvador (Atos 16:31).
Apenas esperavam que tivessem sido regenerados pelo Espírito
Santo.
No princípio, praticamente todos
os membros da igreja eram verdadeiramente regenerados. “E todos os dias
acrescentava o Senhor à igreja aqueles que iam sendo salvos” (Atos 2:47).
Entrar na igreja não era uma
questão de unir-se a uma organização, mas de tornar-se membro de Cristo, assim
como o ramo é enxertado na árvore.
As marcas visíveis de uma pessoa regenerada
eram:
§
Submeter-se ao
batismo nas águas como testemunho simbólico da fé em Cristo.
§
Confessar verbalmente
essa fé. (Rom.10:9,10).
No transcurso do tempo, entretanto, conforme
a igreja aumentou em número e em popularidade, o batismo nas águas e
a catequese tomaram o lugar da conversão. O resultado foi um influxo
na igreja de grande número de pessoas que não eram cristãs de coração. E
desde então, essa tem sido mais ou menos a condição da cristandade. Assim como
nos tempos do Antigo Testamento havia um Israel dentro de Israel,
israelitas de verdade, bem como israelitas nominais, assim também no
transcurso da história da igreja vemos uma igreja, dentro da igreja,
cristãos verdadeiros no meio de cristãos apenas de nome. Portanto, devemos
distinguir entre a igreja invisível, composta dos verdadeiros cristãos de todas
as denominações, e a igreja visível, constituída de todos os que professam ser
cristãos — a primeira, composta daqueles cujos nomes estão escritos no céu;
a segunda, compreendendo aqueles cujos nomes estão registrados no rol
de membros das igrejas.
3.4 – Suas Representações
Algo da natureza da igreja é espelhado nas seguintes figuras: povo de
Deus, corpo de Cristo, noiva de Cristo, esposa de Deus, templo do Espírito do
Santo, santos, povo eleito, filhos de Deus, ramos da videira, galhos da oliva,
lavoura, horta, edifício, sacerdócio, nação santa, luzeiro, coluna e baluarte
da verdade, lavradores da vinha, integrantes do reino de Deus e amigos de
Jesus. Estas descrições e metáforas são usadas de formas diferentes, espelhando
certos aspectos da natureza, do ideal, ou da dura realidade no quotidiano da
igreja.
Estudaremos algumas dessas figuras.
o Povo
de Deus – Uma das
primeiras descrições ou metáforas aplicadas à igreja é a de povo de Deus. Com o
uso desta frase, a perspectiva é de
focalizar no relacionamento de dependência de Deus dentro dos limites da
aliança estabelecida. Êxodo 19 assenta os elementos essenciais desta aliança e
da designação de ser povo peculiar a YHWH. Nestes mesmos termos
encerra-se também as figuras de sacerdócio real, nação santa, povo adquirido,
povo eleito e em parte referências à participação no reino de Deus.
No Antigo Testamento, o
conceito de igreja é traçado em termos da nação como um todo ou de um
remanescente, porém há modificações de tal idéia no Novo Testamento, partindo
do desenvolvimento das referências a um remanescente fiel. É na base do
conceito de Israel como o povo de Deus que o Novo Testamento desenvolve o seu
ensino do povo de Deus em Cristo.
o
O templo
do Espirito Santo – É o Espírito que fez surgir a igreja. Essa obra
impressionante do Espirito ocorreu no Pentecostes, em que ele batizou os
discípulos e converteu três mil, fazendo nascer a igreja. E o Espírito continua
trazendo pessoas para a igreja: “Pois, em um só Espírito, todos nós fomos
batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E
a todos nós foi dado beber de um só Espírito” (1Co 12:13).
A igreja é agora
habitada pelo Espirito, tanto no aspecto individual como no coletivo. Paulo
escreve aos coríntios: “Não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito
de Deus habita em vós? Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o
destruirá; porque o santuário de Deus, que sois vós, é sagrado” (1Co 3:16-17).
Em outra passagem ele descreve os crentes como “santuário dedicado ao Senhor [...]
para habitação de Deus no Espirito” (Ef 2:21-22).
Habitando na igreja, o
Espírito Santo partilha com ela sua vida. Aquelas qualidades próprias de sua
natureza e referidas como “fruto do Espírito”, serão encontradas na igreja:
amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão,
domínio próprio (Gl 5:22-23). A presença de tais qualidades são indicações da
atividade do Espirito Santo e, portanto, em certo sentido da genuinidade da
Igreja.
É o Espírito Santo que
transmite o poder para a igreja, como Jesus indicou em Atos 1:8. Por causa da
vinda iminente do Espirito com poder, Jesus pôde dar aos discípulos a promessa
incrível de que fariam obras maiores que as dele (Jo 14:12), sendo o Espírito o
realizador do que é necessário para convencer o mundo do pecado, da justiça e
do juízo (Jo 16:7).
o
O cabeça
e o corpo (1 Co 12) - Estas designações como corpo e membros de Cristo, refletem a igreja como a presença visível e
ativa de Deus na terra, reflete a missão a ser desempenhada pela igreja. A
missão de estender o ministério de Cristo espelha-se nos termos como ramos da
parreira, galhos da oliva, lavradores da vinha, coluna e baluarte da verdade,
luzeiro e sacerdócio real. Há também expressões parecidas sacadas da
agricultura como lavoura, vinha e horta, mas estes termos refletem mais a obra de Cristo nos integrantes da
igreja, em conjunto com termos no sentido de edifício, construção e seu vínculo
com colocações da obra de Cristo na igreja. Este agrupação de termos reflete a
natureza da igreja pelo seu aspecto do processo de desenvolvimento, chegando a
cumprir com o propósito de Deus.
A figura do corpo de Cristo também salienta a
ligação da igreja, como um grupo de crentes, com Cristo. A salvação, em toda
sua complexidade, é em grande parte uma consequência da união com Cristo. A
imagem é usada tanto para a igreja universal (Ef 1:22-23) como para
congregações locais (1Co 12:27).
Observamos no capitulo 33 algumas referencias ao
fato de o crente estar “em Cristo”. Aqui encontramos uma ênfase no reverso
desse fato. Cristo no crente é a base da fé e da esperança. Paulo escreve: “Aos
quais [se refere aos santos] Deus quis dar a conhecer qual seja a riqueza da
gloria deste ministério entre os gentios, isto é, Cristo em vós, a esperança da
glória” (Cl 1:27, Gl 2:20).
Em fim podemos dizer que a figura da igreja como
corpo de Cristo comporta vários aspectos:
§ Cristo é a cabeça desse
corpo (Cl 1:18) do qual os crentes, como indivíduos são membros ou partes, os
crentes unidos a ele, estão sendo alimentados por meio dele, a cabeça a que
estão ligados (Cl 2:19).
§ A figura do corpo de
Cristo também fala da ligação mutua entre todas as pessoas que compõem a
igreja. Não existe algo como uma vida cristã isolada solitária. Em 1Co 12, Paulo
desenvolve o conceito da interligação do corpo, especialmente com respeito aos
dons do Espirito, aqui ele salienta a dependência de cada crente em relação a
todos os outros.
§ O corpo deve ser
caracterizado pela comunhão genuína. Isso não significa meras relações sociais,
mas um sentimento de intimidade e uma compreensão mútua. Deve haver empatia e
encorajamento (edificação). O que é experimentado por um é experimentado por
todos. Assim, Paulo escreve: “De maneira que, se um membro sofre, todos sofrem
com ele; e, se um deles é honrado, com eles todos se regozijam” (1Co 12:26), um
exemplo é a igreja de Atos que dividiu os seus bens.
§ O corpo deve ser unido,
os membros da igreja de Corinto estavam divididos quanto aos lideres religiosos
a que deviam seguir (1Co 1:10-17; 1Co 3:1-9). Haviam formado divisões ou
facções que se evidenciavam demais nas reuniões da igreja(1Co 11:17-19).
§ O corpo de Cristo é
também universal. É para todos os que chegarão a ele. Já não há requisitos
especiais como nacionalidade. Todas as barreiras deste tipo foram removidas,
como indica Paulo: “no qual não pode haver grego nem judeu, circuncisão nem
incircuncisão, bárbaro, cita, escravo, livre; porém Cristo é tudo em todo” (Cl
3:11).
§ Sendo o corpo de
Cristo, a igreja é a expansão de seu ministério, Jesus deixou uma ordenança
para a grande comissão de Cristo (Mt 28:18), assim Jesus enviou os seus
discípulos para evangelizar, batizar e ensinar, prometendo-lhes que sempre estaria
com eles, até o final dos tempos (vs. 19-20). Cristo lhes disse que deveriam prosseguir com seu trabalho e que o fariam em grau assombroso
(Jo14:12), assim sendo, a obra de Cristo
sendo feita pela Igreja.
o O
noivo e a noiva (Ef 5) - O Antigo Testamento utiliza muito a imagem da esposa, muitas vezes
encerrado nos termos de prostituição. Vez por outra, a mensagem referida tem
sentido duplo, já que o culto aos deuses dos povos ao redor de Israel era comumente
associado a orgias e à utilização de prostituição nos próprios templos e
altares pagãos. Quando o texto fala de prostituir-se com outros deuses, trata
diretamente de questões de prostituição e lascívia sexual, mas o enfoque
principal é a infidelidade de Israel a YHWH, sob a figura da relação
matrimonial sendo violada pela esposa. O ideal da natureza da igreja é, no
entanto, referido aqui no sentido de pureza relacional e fidelidade perante
Deus. É este aspecto da natureza da igreja
que normalmente vem sendo apontado na utilização dos termos esposa, noiva e também Templo.
3.5 – A Unidade da Igreja
3.5 – A Unidade da Igreja
De ajuda na
compreensão da natureza da igreja é uma doutrina claramente ensinada no Novo Testamento, a unidade da igreja. O
ideal da unidade é salientado na oração sacerdotal de Jesus (Jo 17:20-23), bem
como em Efésios 4:1-16, na dissertação de Paulo sobre a igreja. Isso também se
reflete numa referência à igreja local de Jerusalém (At 4:32) e num apelo para
que os crentes tenham um coração em mente (Fp 2:2).
Paradoxalmente, porém, a igreja, conforme
existe hoje no mundo, não parece estar unificada. Vemos incontáveis
denominações, às vezes bem semelhantes quanto ao ensino, competindo umas com as
outras. E os relacionamentos entre os membros da Igreja local são às vezes
caracterizados por indiferença e até hostilidade aberta. Mas sabemos que, como
crentes, devíamos estar perseguindo a unidade, pois essa é a vontade declarada
de Cristo para a igreja. Devemos perguntar, portanto, o que ele tinha em vista.
Nos últimos anos, tem surgido várias concepções acerca das implicações da
unidade:
·
Alguns cristãos entendem a unidade da igreja
como algo essencialmente espiritual quanto à natureza. Encontram a unidade no
fato de todos os crentes servirem e amarem ao mesmo Senhor. Embora não estejam
organicamente ligados a outros grupos de crentes e talvez não atuem juntos em
nenhum projeto externo, amam-se uns aos outros, mesmo às pessoas com quem não
tem nenhum contato. Um dia, quando a noiva de Cristo, a igreja, for reunida,
haverá verdadeira unidade. A unidade, em outras palavras, aplica-se à igreja
universal ou invisível, mais do que à igreja visível.
·
A segunda concepção centra-se no reconhecimento
e na comunhão mútua. Essa abordagem dá ênfase ao fato de que, embora as congregações
e denominações sejam separadas umas das outras, possuem basicamente a mesma fé
e, portanto, devem lutar para dar expressão observável a essa unidade, usando
todos os meios possíveis. Assim, deve haver comunhão entre diferentes grupos,
transferências imediatas de filiação e intercâmbios de púlpito. Sempre que
possível, as congregações e denominações devem trabalhar juntas em seu serviço
ao Senhor.
·
Uma terceira concepção promove a unidade
conciliar. Embora mantenham a identidade individual, as denominações se juntam
numa associação ou num conselho formal. Elas confessam suas próprias tradições
e convicções, mas também procuram juntar as forças na ação.
·
Finalmente, há a concepção de que a unidade da
igreja significa unidade orgânica. Aqui, as congregações se unem numa grande
denominação, juntando suas tradições. A igreja Unida do Canadá, que juntou
metodistas, presbiterianos e congregacionais em uma só comunidade, é um exemplo
de tal movimento. O alvo supremo é a união de todas as denominações em um grupo.
Em geral, o movimento rumo à unidade conciliar e
orgânica, especialmente esta
última, vem
declinado consideravelmente em anos recentes. Com certeza, os crentes devem
desejar e buscar a concretização de uma unidade espiritual e, na medida do
possível, o reconhecimento e a comunhão mútua. Cada pessoa e congregação terá
de determinar até que ponto o envolvimento maior e a atividade cooperativa são
coerentes com a preservação de suas convicções bíblicas e com o cumprimento da
tarefa dada pelo Senhor.
·
O Caráter Multiforme da Igreja
o
1. A da Igreja Militante e a Igreja Triunfante – Na presente dispensação, a igreja é militante, isto
é, convocada para uma guerra santa, e de fato nela está emprenhada. Isto,
naturalmente, não significa que ela deve gastar suas forças em lutas sangrentas
de autodestruição, mas, sim, que tem o dever de levar avante uma incessante
guerra contra o mundo hostil em todas as formas em que este se revele, seja na
igreja ou fora dela, e contra todos os poderes espirituais das trevas. A igreja
não pode passar o tempo todo em oração e meditação, embora estas práticas sejam
tão necessárias e importantes, nem tampouco deve parar de agir, no pacífico
gozo da sua herança espiritual. Ela tem que estar engajada com todas as suas
forças nas pelejas do seu Senhor, combatendo numa guerra que é tanto ofensiva
como defensiva. Se a igreja na terra é a igreja militante, no céu é a igreja
triunfante. Lá a espada é permutada pelos louros da vitória, os brados de
guerra se transformam em cânticos triunfais, e a cruz é substituída pela coroa.
A luta é finda, a batalha está ganha, e os santos reinam com Cristo para todo o
sempre. Nestes dois estágios da sua existência, a igreja reflete a humilhação e
a exaltação do seu celestial Senhor. Os católicos romanos falam, não somente de
uma igreja militante e triunfante, mas também de uma igreja padecente.
Esta igreja, de acordo com eles, inclui todos os crentes que já não estão na
terra, mas que ainda não penetraram nos gozos do céu, e agora estão sendo
purificados dos seus restantes pecados no purgatório.
o
2. Distinção entre Igreja Visível e Invisível – Quer dizer que, de um lado, a igreja de Deus é
visível, e de outro, é invisível. Dizem que Lutero foi o primeiro a fazer esta
distinção, mas os outros Reformadores a reconheceram e também a aplicaram à
igreja. Nem sempre se entendeu bem esta distinção. Os oponentes dos
Reformadores freqüentemente os acusavam de ensinarem que existem duas igrejas
separadas. Lutero talvez tenha dado ocasião a esta acusação, por falar de uma ecclesiola
invisível dentro da ecclesia visível. Mas tanto ele como Calvino
acentuam o fato de que, quando falam de uma igreja visível e invisível, não se
referem a duas igrejas, mas a dois aspectos da única igreja de Jesus Cristo.
Tem-se interpretado variadamente o termo “invisível” como aplicável (a) à
igreja triunfante; (b) à igreja ideal e completa, como será no fim dos séculos;
(c) à igreja de todas as terras e de todos os lugares, que o homem não tem
nenhuma possibilidade de ver; e (d) à igreja como ela vive nos dias de
perseguição, oculta e privada da Palavra e dos sacramentos. Agora, é
indubitavelmente certo que a igreja triunfante é invisível para os que se acham
na terra, e que Calvino, em suas Institutas, também concebe como incluída na
igreja invisível, mas, sem dúvida, a distinção foi feita principalmente com a
intenção de aplicar-se à igreja militante. Em geral, é feita essa aplicação na
teologia reformada (calvinista). Ela ressalta o fato de que a igreja, como
existe na terra, é visível e invisível. Esta igreja é dita invisível porque é
essencialmente espiritual e, em sua essência espiritual, não a pode discernir o
olho humano; e porque é impossível determinar infalivelmente quem não lhe
pertence. A união dos crentes com Cristo é uma união mística; o Espírito que o
une constitui um laço invisível; e as bênçãos da salvação, tais como a
regeneração, a conversão genuína, a fé verdadeira e a comunhão espiritual com
Cristo, são todas invisíveis aos olhos naturais; – e, todavia, estas coisas
constituem a forma real (o caráter ideal) da igreja. Que o termo
“invisível” deve ser entendido neste sentido, vê-se pela origem histórica da
distinção entre a igreja visível e a invisível na época da Reforma. A Bíblia
atribui certos atributos gloriosos à igreja e a apresenta como um meio de
salvação e de bênçãos eternais. Roma aplicava isto à igreja como instituição
externa, mais particularmente à ecclesia representativa ou à
hierarquia como distribuidora das bênçãos da salvação e, assim, ignorava e
virtualmente negava a comunhão imediata e direta de Deus com os Seus filhos,
colocando entre eles um sacerdócio mediatário humano. Este é o erro que os
Reformadores procuraram erradicar salientando o fato de que a igreja da qual a
Bíblia diz coisas tão gloriosas não é a igreja considerada como instituição
externa, mas a igreja como corpo espiritual de Jesus Cristo, que é
essencialmente invisível no presente, embora tendo uma encarnação relativa e
imperfeita na igreja visível e esteja destinada a ter uma perfeita encarnação
visível no fim dos séculos.
Naturalmente , a igreja invisível assume
uma forma visível. Justamente como a alma humana se adapta a um corpo e se
expressa por meio do corpo, assim a igreja invisível, que consiste, não de
almas, mas de seres humanas que têm alma e corpo, assume necessariamente forma
visível numa organização externa, por meio da qual se expressa. A igreja é
visível na profissão de fé e conduta cristã, no ministério da Palavra e dos
sacramentos, e na organização externa e seu governo. Ao fazer esta distinção,
diz McPherson: “O protestantismo procurou encontrar o ponto médio adequado
entre o externalismo mágico e sobrenatural da idéia romanista e a extravagante
depreciação de todos os ritos externos característica do espiritualismo
fanático e sectário”.[1]
É muito importante ter em mente que, embora tanto a igreja invisível como a
visível possam ser consideradas universais, as duas não são comensuráveis em
todos os aspectos. É possível que alguns pertencem à igreja invisível nunca se
tornem membros da organização visível, como as pessoas alcançadas pela ação
missionária e convertidas em seus leitos de morte, e que outros sejam
temporariamente excluídos dela, como crentes errantes por algum tempo afastados
da comunhão da igreja visível. Por outro lado, pode haver crianças e adultos
não regenerados que, apesar de professarem a Cristo, não têm a verdadeira fé
nele, se achem na igreja como instituição externa; e estes, enquanto estiverem
nestas condições, não pertencerão à igreja invisível. Pode-se achar boas definições
da igreja invisível na Confissão de Westminster.
o 3. A
Distinção Entre a Igreja Como Organismo e a Igreja Como Instituição – Não se deve identificar esta distinção com a
imediatamente anterior, como às vezes se faz. É uma distinção que se aplica à
igreja visível e dirige a atenção a dois aspectos diferentes da igreja
considerada como corpo visível.[2]
É um erro pensar que a igreja só se torna visível nos ofícios, na administração
da Palavra e dos Sacramentos e numa certa forma de governo eclesiástico. Mesmo
que todas estas coisa estivessem ausentes, a igreja continuaria sendo visível
na vida comunitária e no testemunho público dos crentes, e em sua unida
oposição ao mundo. Mas, embora salientando o fato de que a distinção em foco é
feita dentro da igreja visível, não devemos esquecer que tanto a igreja como
organismo como a igreja como instituição (também chamadas apparitio e institutio
– função e instituição) têm seu pano de fundo na igreja invisível. Contudo,
apesar de ser verdade que estes são dois aspectos diferentes da igreja visível,
representam diferenças importantes. A igreja como organismo é o coetus
fidelium, a união ou comunhão dos fiéis, unidos pelo vínculo do Espírito,
enquanto que a igreja como instituição é a mater fidelium, a mãe dos
fiéis, uma Heilsanstalt, um meio de salvação, uma agência para a
conversão dos pecadores e para o aperfeiçoamento dos santos. A igreja como
organismo tem existência carismática: nela todos os tipos de dons e talentos
tornam-se manifestos e são utilizados na obra do Senhor. A igreja como
instituição, por outro lado, existe numa forma institucional e funciona por
meio dos ofícios e meios que Deus instituiu. Num sentido, ambas são
coordenadas, e , todavia, há também certa subordinação de uma à outra. A igreja
como instituição ou organização (mater fidelium) é um meio para um fim,
e este fim se acha na igreja como organismo, a comunidade dos crentes (coetus
fidelium).
·
As Marcas da Igreja em Particular
o
A fiel pregação da Palavra. Esta é a
mais importante marca da igreja. Enquanto que esta independe dos sacramentos,
estes não são independentes dela. A fiel pregação da Palavra é o grande meio
para a manutenção da igreja e para habilita-la a ser a mãe dos fiéis. Que esta
é uma das características da igreja transparece em passagens como Jo 8.31, 32,
47; 14.23; 1 Jo 4.1-3; 2 Jo 9. Atribuir esta marca à igreja não significa que a
pregação da Palavra na igreja terá que ser perfeita para que ela possa ser
considerada co como igreja verdadeira. Tal ideal é inatingível na terra; só se
pode atribuir à igreja uma relativa pureza de doutrina. Uma igreja pode ser
relativamente impura em sua apresentação da verdade, sem deixar de ser uma
igreja verdadeira. Mas há um limite além do qual a igreja não pode ir, na
apresentação errônea da verdade ou em sua negação, sem perder o seu verdadeiro
caráter e tornar-se uma igreja falsa. É o que acontece quando artigos fundamentais
de fé são negados publicamente, e a doutrina e a vida já não estão sob o
domínio da Palavra de Deus.
o
A correta ministração dos sacramentos. Jamais se deve separar os sacramentos da Palavra,
pois eles não têm conteúdo próprio, mas extraem o seu conteúdo da Palavra de
Deus; são de fato uma pregação visível da Palavra. Nesta qualidade, eles devem
ser ministrados por legítimos ministros da Palavra, de acordo com a instituição
divina, e somente a participantes devidamente qualificados – os crentes e sua semente.
Uma negação das verdades centrais do Evangelho, naturalmente afetará a adequada
ministração dos sacramentos; e, certamente, a igreja de Roma se afasta do modo
correto quando separa da Palavra de Deus os sacramentos, atribuindo-lhes uma
espécie de eficácia mágica, e quando permite que as parteiras ministrem o
batismo, em ocasiões de necessidade. Que a reta administração dos sacramentos é
uma característica da igreja verdadeira, segue-se da sua inseparável conexão
com a pregação da Palavra e de passagens como Mt 28.19; Mc 16.15, 16; At 2.42;
1 Co 11.23-30.
o
O fiel exercício de disciplina. É deveras
essencial para a manutenção da pureza da doutrina e para salvaguardar a
santidade dos sacramentos. As igrejas que relaxarem na disciplina, descobrirão
mais cedo ou mais tarde em sua esfera de influência um eclipse da luz da
verdade e abusos nas coisas santas. Daí, a igreja que quiser permanecer fiel ao
seu ideal, na medida em que isto é possível na terra, deverá ser diligente e
conscienciosa no exercício da disciplina cristã. A Palavra de Deus insiste na
adequada disciplina a ser exercida na igreja de Cristo, Mt 18.18; 1 Co 5.1-5,
13; 14.33, 40; Ap 2.14, 15, 20.
Bibliografias:
BERKOFF, Louis. Teologia Sistemática, Campinas: Luz para
o Caminho.
CHAFER, Lewis Sperry. Teologia
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de Eclesiologia. Escola Teológica Batista Auriflamense.
ERICKSON,
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1997.
DAGG, John Leadley. Manual de Teologia, S. J. Campos: Fiel
GEORGE, Timothy.
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Forma e Essência, O Corpo .... São Paulo: Edições Vida Nova, 1994.
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de Eclesiologia. Seminário Teológico Batista do Rio Grande do Sul.
HODGE, Charles. Teologia Sistemática, São Paulo: Hagnos
HORRELL, Scott.
Ed. Ultrapassando Barreiras, volumes 1 e 2. São Paulo: Edições V. Nova
HISCOX, Edward T. Manual das Igrejas Batistas. São Paulo:
Editora Batista Regular
LANGSTON, A.B. Esboço de Teologia Sistemática, Rio:
JUERP
SOBRINHO, João Falcão. A Túnica Inconsútil. Rio: JUERP
STRONG, A.H. Teologia Sistemática, São Paulo: Hagnos
THIESSEN,
Henry C. Palestras em Teologia
Sistemática, São Paulo: Editora Batista Regular
Obrigado Jorgival.
ResponderExcluirBOM DIA CORNÉLIO, MUITO AGRADECIDO PELO ÓTIMO TRABALHO, NOS AJUDOU MUITO. DEUS TE ABENÇOE.
ResponderExcluirObrigado Vanderlei. Deus o abençoe.
ExcluirBoa tarde Pr.Cornélio!Graça e Paz! Excelente apostila, uma benção. Que Deus continue lhe abençoando.
ResponderExcluirGostaria de saber como faço pra entrar em contato com o senhor. Desde já lhe agradeço.
Oi Marcelo Antonio. Pode entrar em contato comigo pelo e-mail: cornelio@ibmemorial.org.br
ExcluirBoa noite Pastor Cornélio Póvoa.
ResponderExcluirSou Professor de Curso Teológico na igreja onde sirvo a Deus e li sua apostila de Eclesiologia. Gostaria de saber se é possível tê-la para subsidiar as minhas aulas e complementar minha ministração. Obrigado.
Sinta-se a vontade em usar este material. Deus o abençoe nas ministrações de sua aula.
ExcluirGraça e paz!
ResponderExcluirGostaria de saber se posso utilizar o seu material para nosso curso de liderança da igreja, será muito útil para nosso trabalho aqui. Obrigado. Deus o abençoe pelo excelente trabalho!
Graça e paz! Excelente trabalho!
ResponderExcluirTércio sinta-se a vontade em usar este material. Deus o abençoe nas ministrações de seu curso.
ExcluirMuito obrigado pastor, texto belíssimo e de uma didática irretocável, foi uma benção ter prendido com o senhor.
ResponderExcluir