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quarta-feira, 4 de julho de 2012

REFLEXÃO 51 - ADVERTÊNCIAS (1)


ADVERTÊNCIAS! - 1
Mt 23.13-36

O texto de nossa reflexão é caracterizado ou marcado pela expressão “Ai de vocês”. Essa expressão aparece oito vezes neste texto dando inicio a algumas advertências de Jesus. O interessante é que essas advertências são sempre dirigidas aos mestres da lei e fariseus.

Os mestres da lei e fariseus eram os homens responsáveis pela religião judaica. Contudo suas atribuições não alcançavam somente a dimensão religiosa, elas interferiam também na vida política de Israel. Entendo dessa forma que essas advertências são dirigidas hoje aos homens responsáveis pelo governo (políticos) e religião (sacerdotes de modo geral) de nosso país. Entretanto elas não deixam de ser dirigidas a mim e a você que temos uma responsabilidade diante de Deus e do conhecimento que temos de Sua Palavra; afinal somos todos sacerdotes do Reino de Deus.
Os mestres da lei e fariseus, embora Israel estivesse sob o domínio do Império Romano, eram os responsáveis pelo cuidado da Lei de Deus. Na cultura israelita a Lei de Deus também servia para as decisões trabalhista, familiares e política. As Lei de Deus abrangiam todas as dimensões da vida social de Israel, por isso estou dizendo que essas advertências seriam dirigidas àqueles que receberam o poder para legislar e fazer leis, assim também como aos religiosos que deveriam aproximar o homem e Deus.
O primeiro “ai” (v.13) é uma condenação a religião que fecha a porta do Reino dos Céus aos homens. Essa é uma condenação voltada para nós cristãos (direcionada principalmente aos que exercem o ministério) que tornamos o acesso a Igreja de Cristo cheio de obstáculo, isto é, que exigimos dos homens o que Deus não exige. Jesus disse “vinde a mim o que estais cansados e sobrecarregados que eu vos aliviarei”. Entretanto em nossa religiosidade colocamos sobre o cansado mais peso.
Criamos uma igreja institucionalizada que caminha muitas vezes paralela a Igreja de Cristo e não como parte e expressão da Igreja de Cristo. Assim como um poder do trafico caminha paralelo ao poder legislativo de nosso país. Essa igreja institucionalizada cria normas, leis e cultura que muitas vezes mais afasta o povo de Jesus Cristo, do que os aproxima. O legalismo transforma o Evangelho libertador de Cristo em obrigações pesadas para se cumprir.
Não sou contra a igreja instituição, apenas desejo ressaltar que essa igreja não pode se tornar maior que a Igreja de Cristo. A igreja precisa se organizar para melhor servir, entretanto, ela não deve criar leis como expressões normativas de uma verdadeira espiritualidade.
O segundo “ai” (v.14) é uma condenação aos religiosos que não respeitam as dificuldades vividas por algumas pessoas. São capazes de lhe exigirem até mesmo o pouco que elas possuem usando de uma falsa espiritualidade. Homens que se fazem de bom, mas possuem apenas um interesse: saciar seus próprios interesses.
As viúvas representam a classe social desamparada, sem recursos para trabalhar e se autossustentarem.
A necessidade humana precede as regulamentações religiosas e os interesses eclesiásticos. Essa afirmação é sustentada por Jesus em seu ensino aos fariseus descrito no Evangelho de Mateus 12.1-8, onde narra o fato de Davi e seus homens terem se alimentado dos pães separados exclusivamente para os sacerdotes, segundo a Lei de Moisés.
O terceiro “ai” (v.15) condena aqueles que buscam converter vidas a Deus na base da religiosidade. Dizem que viver para Deus é guardar isto ou aquilo, fazer isto ou aquilo. Por trás deste “é guardar” ou “fazer” vem uma série de leis e exigências para que Deus os aceite como Seus filhos. Ensinam o povo a confiar nos seus méritos, nos seus esforços para serem amados por Deus. Na verdade, estes religiosos, estão enviando estas pessoas ao inferno, pois não existe salvação no esforço humano. Não existe nada que possamos fazer para merecermos o amor e o perdão de Deus. A única coisa que podemos fazer é crer. Cristo já fez tudo por nós. Todo aquele que crer Nele será salvo.
Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo, por meio de quem obtivemos acesso pela fé a esta graça (Rm 5.1).
Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie (Ef 2.8-9).
O quarto “ai” (v.16) é uma condenação àqueles que amam mais o ouro (dinheiro) do que o próprio Deus. Pessoas que não respeitam a Casa de Deus, mas a usam para um enriquecimento ilícito. Fazem de Deus e da fé um meio para engordarem suas contas bancárias.
Em nossos dias temos visto muitos líderes valorizando mais a oferta do que o altar (adoração). Não é o valor que nos fazem gigantes na fé, mas é como expressamos nossa adoração. É como entregamos nossas ofertas que faz a diferença.
Uma verdadeira oferta de adoração não se coloca no altar na esperança de receber um beneficio através dela. Uma verdadeira oferta de adoração é uma rendição e entrega plena de nossas vidas e de tudo que temos ao Senhor, imbuídos do sentimento de servo e nada mais.

Em nossa próxima reflexão veremos os outros quatro “ais” mencionados por Jesus.
Neste momento acredito que o importante é fazermos uma reflexão de como temos servido a Deus e de como temos pregado Seu Evangelho.

Pr. Cornélio Póvoa de Oliveira
02/07/2012
                                              

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