A ilusão
do conhecimento
No seu
livro, Os Descobridores, Daniel Boorstin escreveu: “O maior obstáculo em
descobrir a forma da terra, os continentes e o oceano não era a ignorância, mas
a ilusão do conhecimento”. Muitas das grandes descobertas a respeito do mundo em que
vivemos teriam chegado mais cedo, se não fossem tão relutantes em olhar
novamente a situação aqueles que tinham as teorias errôneas. E nas nossas vidas
também, o crescimento do conhecimento é atrapalhado pela “ilusão do conhecimento”,
a convicção que sabemos algo quando, de fato, o que sabemos está incorreto. Will
Rogers parece ter compreendido
isso quando disse, “Não estou preocupado com o que as pessoas não sabem – o
problema é que estão erradas sobre muitas das coisas que 'sabem'!”
Não há nada
que mais certamente bloqueará o novo conhecimento do que a cabeça-fechada de um
homem que acha que já tem todas as informações necessárias. É difícil dar novos fatos
a uma pessoa se ela está imutavelmente satisfeita de que o seu conhecimento atual é
suficiente. Já que as pessoas “oniscientes” são maus alunos, a atitude de “eu sei tudo”
fará com que a pessoa nunca
saiba muito a respeito de nada. Em relação a assuntos espirituais, Paulo
escreveu, “Se
alguém julga saber alguma coisa, com efeito, não aprendeu ainda como convém
saber” (1
Coríntios 8:2). E ele descreveu alguns desta maneira: “Inculcando-se por
sábios, tornaram-se loucos!” (Romanos 1:22). Quanto mais sábios
nos achamos, mais tolos somos de verdade, e a nossa tolice provavelmente é aparente
a todos menos a nós mesmos!
Na
literatura de sabedoria no Velho Testamento, uma das grandes diferenças entre a sabedoria e a
tolice é que pode-se ensinar a pessoa sábia, e não o tolo. Não importa o quanto
ele pense que saiba, o indivíduo sábio tem a humildade de ser corrigido, de
aprender e de melhorar a exatidão de sua compreensão. O tolo, por outro lado,
nunca vai além das limitações do seu pensamento atual porque ele pensa que
já está certo sobre tudo: “O caminho do insensato aos seus próprios olhos
parece reto, mas o sábio dá ouvidos aos conselhos” (Provérbios 12:15). “O
insensato não tem prazer no entendimento, senão em externar o seu
interior” (Provérbios
18:2).
Estas
verdades no Velho Testamento são consistentes com aquilo que é ensinado no Novo Testamento a
respeito da necessidade de estarmos mais preparados a ouvir do que a falar: “Sabeis
estas coisas, meus amados irmãos. Todo homem, pois, seja
pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar" (Tiago 1:19).
Aprendemos muito menos do que poderíamos porque as nossas bocas estão em
movimento quando os nossos ouvidos deveriam estar funcionando. Em um
período de tempo muito grande, o nosso aparelho de comunicação está
transmitindo quando deveria estar recebendo.
O que é
necessária geralmente na vida, e principalmente em assuntos espirituais,
é a humildade
de reconhecer quanto nós fazemos pouco. Nós precisamos guardar contra a
“ilusão” do conhecimento – a impressão falsa de que sabemos muito quando na
verdade sabemos pouco. Precisamos suspeitar de qualquer das nossas idéias, pois
pode estar errada. Se não agirmos assim, jamais corrigiremos aquelas que estão.
Há, sem
dúvida, um problema do lado contrário. Se a nossa noção de ter cabeça aberta nos fizer
colocar um ponto de interrogação em cima de tudo que sabemos, então simplesmente
trocaremos um tipo de tolice por outro. Infelizmente, os pensadores na nossa
época parecem fazer exatamente isso. Nos dias em que filósofos
respeitáveis podem dizer que eles não têm certeza nem da sua própria existência, o pior
pecado que a pessoa pode cometer a respeito de qualquer assunto é ser
“dogmática” sobre isso. As palavras “verdade” e “conhecimento” têm adquirido pequenas
aspas condescendentes, e nos dizem que podemos acreditar em qualquer coisa que
quisermos enquanto não temos certeza de nada.
Certamente,
seria perigoso ceder a esta especulação sobre o conhecimento no geral. Mas seria
igualmente perigoso se jamais reavaliasse qualquer noção só por tê-la aceitada como
verdade. Há horas para reconsiderar honestamente aquilo que nós temos acreditado
e há horas para nos mantermos firmes naquilo que é certamente verdade. O
senso comum geralmente pode diferenciar entre eles.
Paulo
escreveu: “Ninguém se engane a si mesmo: se alguém dentre vós
se tem
por sábio neste século, faça-se estulto para se tornar sábio” (1 Coríntios 3:18). O
verdadeiro conhecimento e sabedoria sempre são acompanhados por humildade. É a pessoa
que está disposta a aprender que aprenderá. Admitir que alguém seja
desinformado a respeito de muitas coisas é um passo doloroso que destrói orgulho, porém
é um que deve ser tomado a praticamente cada esquina na estrada para o verdadeiro
conhecimento.
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