"A
Absoluta Importância do Motivo"
A prova pela qual toda conduta
será finalmente julgada é o motivo.
Como
a água não pode subir mais alto do que o nível da sua fonte, assim a qualidade moral
de um ato nunca pode ir mais alto do que o motivo que o inspira. Por esta
razão, nenhum ato procedente de um mau
motivo pode ser bom, ainda que algum bem possa parecer provir dele. Toda
ação praticada por ira ou despeito, por exemplo, ver-se-á afinal que foi
praticada pelo inimigo e contra o reino de Deus.
Infelizmente,
a natureza da atividade religiosa é tal que muita coisa dela pode ser levada a
efeito por razões não boas, como a raiva, a inveja, a ambição, a vaidade e a
avareza. Toda atividade desse jaez é essencialmente má e como tal será avaliada
no julgamento.
Nesta
questão de motivos, como em muitas outras coisas, os fariseus dão-nos claros
exemplos. Eles continuam sendo os mais tristes fracassos religiosos do mundo,
não por causa de erro doutrinário, nem porque fossem pessoas de vida
abertamente dissoluta. Todo o problema deles estava na qualidade dos seus
motivos religiosos. Oravam, mas para serem ouvidos pelos homens, e deste modo o
seu motivo arruinava as suas orações e as tornava não somente inúteis, mas
realmente más. Contribuíam generosamente para o serviço do templo, mas às vezes
o faziam para escapar do seu dever para com os seus pais, e isto era um mal, um
pecado. Eles condenavam o pecado e se levantavam contra ele quando o viam nos
outros, mas o faziam por sua justiça própria e por sua dureza de coração. Assim
era com quase tudo o que faziam. Suas atividades eram cercadas de uma aparência
de santidade, e essas mesmas atividades, se realizadas por motivos puros,
seriam boas e louváveis. Toda a fraqueza dos fariseus jazia na qualidade dos
seus motivos.
Que
isso não é uma coisa pequena infere-se do fato de que aqueles religiosos
formais e ortodoxos continuaram em sua cegueira até que finalmente crucificaram
o Senhor da glória sem um pingo de noção da gravidade do seu crime.
Atos religiosos praticados por
motivos vis são duplamente maus - maus em si mesmos e maus
porque praticados em nome de Deus. Isso é equivalente a pecar em nome dAquele
Ser que é sem pecado, a mentir em nome dAquele que não pode mentir, e a odiar
em nome dAquele cuja natureza é amor.
Os
cristãos, especialmente os muito ativos, freqüentemente devem tomar tempo para
sondar as suas almas para certificar-se dos seus motivos. Muito solo é cantado
para exibição; muito sermão é pregado para mostrar talento; muita igreja é
fundada como uma bofetada nalguma outra igreja. Mesmo a atividade missionária
pode tornar-se competitiva, e a conquista de almas pode degenerar, passando a
ser uma espécie de plano de vendedor de escovas, para satisfazer a carne. Não
se esqueçam, os fariseus eram grandes missionários, e circundavam mar e terra
para fazer um converso.
Um
bom modo de evitar a armadilha da atividade religiosa vazia é comparecer ante
Deus sempre que possível com as nossa Bíblias abertas no capítulo 13 de I
Coríntios. Esta passagem, conquanto considerada como uma das mais belas da
Bíblia, é também uma das mais severas das que se acham nas Escrituras Sagradas.
O apóstolo toma o serviço religioso mais elevado e o consigna à futilidade, a menos
que seja motivado pelo amor. Sem amor, profetas, mestres, oradores, filantropos
e mártires são despedidos sem recompensas.
Para
resumir, podemos dizer simplesmente que, à vista de Deus, somos julgados, não
tanto pelo que fazemos como por nossa razões para fazê-lo. Não o que
mas por que será a pergunta importante quando nós cristãos
comparecermos no tribunal para prestarmos contas dos atos praticados enquanto
no corpo.
Nota
sobre o Autor: O Dr. A. W. Tozer era pastor de uma Igreja da Aliança Cristã Missionária
no Canadá, até o falecimento dele nos 1960's. Ele é conhecido como um dos mais
famosos pregadores deste século e como "um profeta" da nossa geração.
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