IGREJA A COMUNIDADE DE CRISTO
Todo cristão com mais de um ano na
fé sabe que a palavra “igreja” significa “assembleia” e que se refere a um
ajuntamento de pessoas que confessam sua fé em Jesus Cristo. Também é sabido
que o termo “igreja”, no grego ek-klesia, provem de dois radicais gregos que
significam “ek/ex – exterior, de fora” e “klesia/kaleo - chamados”, sendo que
igreja pode ser compreendida como um ajuntamento de pessoas que são chamadas
para fora.
A definição da palavra igreja nos
deixa claro que a mesma não se refere a um lugar físico, mas a um ajuntamento
de pessoas com uma finalidade clara, portanto, igreja é a comunidade de Cristo.
Essa comunidade só pode existir a
partir da ação do Espírito Santo na vida dos indivíduos. Ninguém pode se tornar
membro dessa comunidade através de ações humanas. Não existem planejamentos
estratégicos, por mais bem elaborados que sejam, que possam introduzir uma
pessoa na comunidade de Cristo. A obra da regeneração ou conversão é exclusiva
do Espírito de Deus.
Não busco aqui desfazer dos
planejamentos estratégicos para a vida da comunidade de Cristo, mas ressaltar
que estes planejamentos sem vida no espírito, sem dependência do Espírito nada
produzem... a não ser muitos indivíduos religiosos.
Historicamente a Comunidade de
Cristo teve seu inicio logo após a ascensão de Jesus Cristo (At 1.11), mais
exatamente no evento de Pentecostes (At 2), e terá seu encerramento na
parousia, isto é, na segunda vinda de Cristo. Este período é chamado por muitos
do período da Graça ou do Espírito Santo.
A Comunidade de Cristo é a
comunidade dos ressurretos também. A vida desta comunidade passa pela cruz e se
concretiza na ressurreição de Cristo. Na cruz ela abandona toda cumplicidade
com o pecado e tudo que ele produz.
Cada membro da comunidade de
Cristo, isto é, cada membro da igreja assume uma nova postura ética em sua vida.
Os valores que permeavam seu viver antes da cruz são abandonados. A mentira já
não é aceita, a lascívia, o adultério, o roubo, a malandragem, a sonegação, a
colinha da prova, a corrupção, a manipulação do poder para seu próprio
interesse, a ganância, em fim... tudo que o mal produz é abandonado, ou pelo
menos, se vive na busca de fazer que a cada dia estas obras da carne, segundo
Paulo, sejam mortificadas na vida dos mesmos.
A ressurreição de Cristo transporta
toda a comunidade de Cristo a uma nova dimensão de vida. Essa nova vida é a
vida do Reino de Deus e de sua justiça.
Enquanto esta comunidade esta presa
a este tempo, entre a ascensão de Cristo e sua segunda vinda, ela deve viver a
dimensão da cruz e da ressurreição. Em outras palavras, ela deve abandonar toda
maldade e maledicência, ao mesmo tempo em que deve agir pelo estabelecimento do
Reino de Deus aqui na terra. Ela deve ser modelo ético de vida, mas também uma agente
influenciadora da vida.
Desta comunidade a sociedade espera
que ela seja luz manifestando a vida, o amor, a justiça e a verdade de Cristo;
enquanto também espera que ela lute pela implantação destes valores em seu meio.
Não se pode apenas ser bom sem se
envolver pela luta do estabelecimento da bondade. Não se pode apenas não
praticar o mal, mas deixar o mal se estabelecer na sociedade.
A Comunidade de Cristo é a
comunidade que ora: “venha o Teu reino...”. É a comunidade que se compadece do
sofrimento do próximo. Que tem fome e sede de justiça. Que não se cala diante a
perpetuação do mal e instalação do caos. Que vê na dor do próximo sua dor. Que
vive a esperança da concretização do Reino de Deus aqui na terra como no céu.
Pr. Cornélio Póvoa de Oliveira
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