A Bíblia e suas origens
Quais foram os
caminhos que as Escrituras que temos por Sagradas percorreram até chegarem às
nossas mãos? Quais foram os meios e formas utilizadas por Deus para transmitir,
preservar e guardar as Escrituras? É uma história emocionante e rica em
detalhes, cujo fim nós conhecemos: vem abençoando, salvando, curando,
transformando milhões de vidas pelos séculos a fio! Conheçamos um pouco desta
fascinante história!
A inspiração da escritura se encontra em primeiro lugar nos manuscritos
originais
A
Bíblia declara acerca de si mesma que é a revelação especial de Deus; temos portanto
de reconhecer que reivindica ser o verdadeiro tipo de fonte de onde se deriva
um conhecimento de verdade religiosa digno de confiança. Chega às nossas mãos
com a asserção que as palavras vêm do próprio Deus: "Assim diz o
Senhor". Se Deus existe, e se se preocupa pela nossa salvação, esta é a
única maneira (fora de uma revelação divina direta a cada indivíduo de cada
geração sucessiva) que poderia, de maneira certeira, transmitir esse
conhecimento para nós. Tem de ser através de algum registro escrito, exatamente
aquilo que a Bíblia é, segundo seu próprio testemunho2. A inspiração que
defendemos é das palavras originais, hebraicas, e gregas, escritas pelos
profetas e apóstolos.
1) - Não há dúvida que há algumas outras escrituras religiosas que
fazem a mesma reivindicação acerca de si mesmas, tais como o Corão e o Livro de
Mórmon. Deve-se reconhecer, porém, que estes documentos não possuem as
credenciais que autenticam a Bíblia como registro verdadeiro da revelação
divina. Mais notadamente falta-lhes a validez que se comprova pela profecia
anterior a seu subsequente cumprimento, e pela presença em todas as suas partes
do Redentor humano e divino. O Livro do Mórmon é enfraquecido pelas muitas
inconsistências e inexatidões; o Corão, que alegadamente foi ditado por um
arquétipo coeterno com Alá, exibe não somente os mais estranháveis erros
históricos, mas também pontos de vista mutáveis dum autor humano (Maomé), à luz
dos acontecimentos do seu dia. Não há comparação entre a Bíblia e estes livros
quando se trata da grandeza e da clareza dos pensamentos que transmite, e do
poder que exibe ao penetrar na alma humana com consequências que transformam
vidas.
2) - O que se pode dizer acerca da tradição oral? Não há a possibilidade de a
verdade infalível de Deus ter sido transmitida de boca em boca durante
sucessivas gerações? Sim, pode ter acontecido assim, e não há dúvida que
algumas porções da Bíblia foram conservadas assim até chegar à sua forma
autoritativa e final, por escrito. Mas a tradição oral é necessariamente
instável de natureza e sujeita a alterações por causa do fator subjetivo: a
memória incerta do guardião daquela tradição. O legado de fé foi transmitido
oralmente durante milênios desde Adão até Moisés, na sua maior parte, mas a
forma final escrita, lavrada por Moisés, deve ter sido especialmente
supervisionada pelo Espírito Santo, para assegurar a sua divina veracidade. As
próprias Escrituras dão considerável ênfase ao seu estado escrito, e raramente
imputam divina veracidade a mera tradição oral. Embora seja verdade que as
palavras pronunciadas por Moisés, os profetas, Jesus e os apóstolos fossem
divinamente autorizadas desde o momento de terem sido pronunciadas, não havia
outra maneira de conservá-las com exatidão a não ser pela escrituração (i.é.,
registrando-as por escrito sob a orientação do Espírito Santo).
3) - "Desde o começo, embora creiamos que na Galiléia e entre os seus
íntimos nosso Senhor falava em aramaico, e embora saibamos que algumas de suas
últimas palavras na cruz foram pronunciadas naquela língua, no seu ensino
público, suas discussões com os fariseus e sua fala com Pôncio Pilatos, foram
realizadas principalmente em grego".
Deve-se notar que há dois processos:
I -Transmissão das Escrituras
II -Tradução das Escrituras
I - A Transmissão
Podemos ver a providência de Deus na Transmissão do Texto. O
fato é que as Escrituras que possuímos não são manuscritos originais, até são
cópias das cópias, e muitas vezes estes documentos que possuímos diferem
entre si. Será que podemos confiar no texto? Podemos confiar na inerrância
dum texto que até tem corrupções? Se Deus tomou o cuidado de garantir a
inerrância do texto original, porque permitiu que sofresse corrupção? Vamos
ver a evidência, duma maneira bem resumida, rapidamente. Os manuscritos mais
antigos que existem de trechos longos do Velho Testamento, datam de 850
depois de Cristo. Existem porém partes menores bem mais antigas como o Papiro
Nash do segundo século da era cristã.
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Porém,
em 1947, a maior descoberta foram os manuscritos do Mar Morto, quando uma cópia
completa de Isaías, fragmentos de Genesis, Levítico, Deuteronômio e Juízes
foram encontrados. Estes manuscritos datam do século 1° ou 2° no máximo. Temos
evidência indireta que vem da versão grega do Velho Testamento, a Septuaginta,
que vem do 3° século AC, e o Pentateuco Samaritano, do 4° século,
possivelmente. Há diferenças entre este texto e o texto hebraico, mas, são de
pouca importância. Existe uma versão chamada a Hexapla de Origínes que
consistia de seis colunas paralelas, das quais a primeira dava o texto hebraico
e a segunda a sua transliteração para caracteres gregos. A versão siríaca era
usada pela Igreja na Síria, e desde o século nono de nossa era vem sendo
conhecida como Pesita (em siríaco, pshittâ) ou tradução "simples".
Além disso, existem os Targuns, e outras fontes, que não mencionamos.
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Temos os Códices - O Vaticano (325-350) tem a maior parte do
Novo Testamento, além do Velho Testamento.
O Códice Sinaítico (375-400) que tem o Novo Testamento completo, mas falta partes do Velho Testamento. O Códice Alexandrino (450 DC) que só tem o Novo Testamento. As Versões Latinas - A mais antiga é a Versão do Latim, Antigo de Utala, (cerca de 200 DC), que era a tradução da Septuaginta. A Vulgata de Jerônimo (390-405 DC)‚ uma tradução primeiramente da Septuaginta e finalmente do hebraico. Existem também outras versões como a Siríaca do século 2° ou 3°. |
A Cóptica do 2° século, Etióptica do século 4° e a Armênia do 5°
século DC.
Fizemos um estudo bem resumido, e escolhemos apenas algumas fontes para revelar
o fato que a nossa herança é riquíssima; e não estamos confiando em apenas um
ou dois manuscritos, mas em muitos documentos, que reunidos e comparados não
revelam nada que exigiria a modificação da doutrina cristã. No caso de Novo
Testamento, há na atualidade, cerca de 4.000 manuscritos gregos que contém o Novo
Testamento no todo ou em parte. Quando comparamos a situação do Novo
Testamento, com a matéria de evidências manuscritas para outras obras de
antigüidade, vemos quão rico é o Novo Testamento. Das Guerras Gaulezas de
César, escrito entre 58 a 50 AC, existem vários manuscritos, mas apenas nove ou
dez são valiosos, e o mais antigo data de 900 anos após o guerreiro. Dos 142
livros da História Romana de Lívio (59 AC a 17 DC), sobrevivem apenas 35, estes
nos são conhecidos a base de não mais de vinte manuscritos de algum valor, e
apenas um fragmento que vem do século 4°. Dos 14 livros da História de Tácito
(cerca de 100 AD), apenas quatro e meio sobrevivem, dos 16 livros dos seus
Anais, restam 10 completos e 2 fragmentos. O texto destas porções remanescentes
das duas grandes obras históricas, dependem inteiramente de dois manuscritos,
um do século 9° e outro do século 11°. Vamos ver o veredicto pronunciado por
Sir Frederic Kenyon estudioso cuja autoridade para emitir juízos quanto a
manuscritos antigos, não havia superior: "O intervalo então entre as datas
da composição original, é a mais antiga evidência existente, se tornarão tão
reduzido, de sorte a ser praticamente desprezível, e o derradeiro fundamento
para qualquer dúvida de que nos hajam as Escrituras chegado às mãos
substancialmente como foram escritas, agora não mais persiste. Tanto a
autenticidade quanto a integridade geral dos livros do Novo Testamento se podem
considerar como firmados de modo absoluto e final" - The Bible and
Archeology. II - Tradução
Temos o problema da transferência de pensamento duma linguagem original para
uma secundária. O problema é a verificação, será que o pensamento original foi
transferido com exatidão? Podemos dizer que tantas são as precauções tomadas,
que a tradução fiel da Bíblia em qualquer língua pode ser considerada como a
Palavra de Deus. É lógico que quando se faz a tradução de qualquer palavra em
qualquer idioma, perde-se a "força" original do termo na língua mãe.
Isso ocorre também porque existem expressões que chamamos de "expressões
idiomáticas" que caracterizam épocas e tempos contendo um significado
próprio por causa de seu contexto. Por isso é tão importante conhecermos os
termos (ou expressões) idiomáticas e seus significados originais para podermos,
através deles compreender o contexto daquilo que é dito.
A FORMAÇÃO DO CÂNON DO VELHO TESTAMENTO
Quais são os livros que pertencem ao Cânon do Velho Testamento? Por que só os
39? A Igreja Católica Romana, desde o Concílio de Trento, (1546), tem recebido
outros livros como canônicos. Estes são 14 apócrifos, que vem do adjetivo grego
"apokriphos" (ocultos). Estes livros são: 1° e 2° Esdras, Tobias,
Judite, Adições a Ester, Oração de Manassés, Epístola de Jeremias, Livro de
Baruque, Eclesiástico, Sabedoria de Salomão, 1° e 2° Macabeus, Adições a
Daniel, que inclui a Oração de Azarias, o Cântico dos Três Hebreus e Bel e o
Dragão. Vamos examinar o conteúdo e origem destes livros duma maneira bem
resumida, depois verificar porque não foram aceitos pela Igreja.
O CONTEÚDO DOS APÓCRIFOS
Os Apócrifos: É esta a denominação que comumente se dá aos 14
livros contidos em algumas Bíblias, entre os dois Testamentos. Originaram-se
do terceiro ao primeiro século AC. a maioria dos quais de autor incerto, e
foram adicionados a Septuaginta, tradução grega do Velho Testamento, feita
naquele período. Não foram escritos no hebraico do Velho Testamento. Foram
produzidos depois de haver cessado as profecias, oráculos e a revelação
direta do Velho Testamento, Josefo rejeitou-os totalmente.
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Nunca foram reconhecidos pelos judeus como parte das Escrituras
hebraicas.
Nunca foram citadas por Jesus, nem por ninguém mais no Novo Testamento. Não
foram reconhecidos pela Igreja Primitiva como de autoridade canônica, nem de
inspiração divina. Quando se traduziu a Bíblia para o latim, no segundo século
A.D. seu Velho Testamento foi traduzido, não o Velho Testamento hebraico, mas
da versão grega da Septuaginta do Velho Testamento. Da Septuaginta esses livros
apócrifos foram levados para a tradução latina; e daí para a Vulgata, que veio
a ser a versão comumente usada na Europa Ocidental até o tempo da Reforma. Os
protestantes baseando seu movimento na autoridade divina da Palavra de Deus,
rejeitaram logo esses livros apócrifos como não fazendo parte dessa Palavra,
assim como a Igreja Primitiva e os hebreus antigos fizeram. A Igreja romana,
entretanto, no Concílio de Trento em 1546 A.D. realizado para deter o movimento
protestante, declarou canônicos tais livros, que ainda figuram na versão de
Matos Soares, etc... (Bíblia Católica Romana).
O VALOR DOS APÓCRIFOS
Não podemos dizer que esses livros não tem nenhum valor, pois não seria
verdade. Tem valor, mas não como as Escrituras. São livros de grande
antigüidade e valor real. Do mesmo modo que os manuscritos do Mar Morto, são
monumentos a atividade literária dos judeus, estes também são. Em parte,
preenchem a lacuna histórica entre Malaquias e Mateus, e ilustram a situação
religiosa do povo de Deus naquela época.
PORQUE NÃO FORAM ACEITOS NO CÂNON DO VELHO TESTAMENTO?
1) - Nenhum dos livros foi encontrado dentro do cânon hebraico.
Um estudo da história do Cânon dos judeus da Palestina, revela uma ausência
completa de referências aos livros apócrifos. Josefo, diz que os profetas
escreveram desde os dias de Moisés até Artaxerxes, também diz, e verdade que
a nossa história tem sido escrita desde Artaxerxes, não foi tão estimada como
autoritativa como a anterior dos nossos pais, porque não houve uma sucessão
de profetas desde aquela época. O Talmude, fala assim: "Depois dos
últimos profetas, Ageu, Zacarias e Malaquias, o Espírito Santo deixou
Israel". Não constam no texto dos massoretas (copistas judeus da maior
fidelidade) entregar tudo o que consideravam canônico nas Escrituras do Velho
Testamento. Nem tão pouco parece ter havido "Targuns" (paráfrases
ou comentários judaicos da antigüidade) ligado a eles. Para os judeus, os
livros considerados "inspirados" são os 39 que hoje conhecemos como
Velho Testamento. Eles os possuem numa ordem diferente da nossa por causa da
forma pela qual dividem os livros.
2) - Todos estes livros foram escritos depois da época quando a profecia cessou em Israel, e não declaram ser mensagem de Deus ao homem. Fora dois deles, Eclesiástico e Baruque, os livros são anônimos, e no caso de Eclesiástico, o autor não se diz profeta, nem asseverou que escreveu sob a inspiração de Deus. O livro de Baruque que se diz ser escrito pelo secretário de Jeremias, não pode ser aceito como genuíno, pois contradiz o relato bíblico. Os livros de Macabeus não tem nenhuma pretensão para autoria profética. Mas registra detalhes sobre as guerras de independência em 165 A.C. quando os cinco irmãos macabeus lutaram contra os exércitos da Síria. I Macabeus é geralmente considerado como de maior valor histórico do que o II. |
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3) - O nível moral de muitos destes livros é bastante baixo. São cheios de
erros históricos e cronológicos, por exemplo, Baruque 1.1, diz que ele está na
Babilônia, enquanto Jeremias 43.6, diz que ele está no Egito. Baruque diz que
os utensílios do templo foram devolvidos da Babilônia, enquanto Esdras e
Neemias revelam o contrário. Baruque cita uma data errada para Beltesazar e diz
que o cativeiro era de sete gerações 6.3, o que contradiz as profecias de
Jeremias e o cumprimento de Esdras. Tobias e Judite estão cheios de erros
geográficos, cronológicos e históricos. Tobias 1.4,5 contradiz 14.11. Mentiras,
assassinatos e decepções são apoiados. Judite é um exemplo. Temos suicídios
(4.10), encantamentos, magia e salvação pelas obras (Tobias 12.9; Judite
9.10,13).
4) - Não foram incluídos no Cânon até o fim do 4° século. Como já observamos,
os livros apócrifos, não foram incluídos no cânon hebraico. Os livros apócrifos
foram incluídos na Septuaginta, a versão grega do Velho Testamento e que não é
de origem hebraica, mas de Alexandria, que é uma tradução do hebraico. Os
Códices Vaticanos, Alexandrinos e Sinaíticos, tem apócrifos entre os livros
canônicos. Porém temos de notar vários fatores aqui.
a) - Nem todos os livros apócrifos estão presentes nos Códices e não tem ordem fixa dentro dos Códices. b) - Por ser um livro de origem egípcia, pois vem de Alexandria, a Septuaginta não tinha os mesmos salvaguardas contra erros e acréscimos, pois não tinham massoretas orientando a obra com o mesmo cuidado que usaram no texto hebraico. c) - Manuscritos, naquele tempo, ficavam em rolos, não livros e são facilmente misturados, e seria fácil juntar outros que ficaram numa mesma caixa. No caso de guerras ou desastres, estes manuscritos poderiam ser colocados em jarros de barro e lacrados para serem posteriormente reutilizados. Alguns destes jarros foram achados nas cavernas de Qumran com manuscritos que nos ajudaram a comfirmar o conteúdo de nossas Bíblias atualmente, além de revelarem uma série de fatos muito interessantes sobre a vida daquela época. |
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d) - O preço de material para escrever pode influir também. Não era tão fácil
calcular o espaço necessário para fazer um livro. Que fariam se cortassem o
couro e descobrissem 30 ou 40 páginas de couro sobrando no livro? Naturalmente
encheria com conteúdo devocional. A tendência seria de misturar livros bons com
os canônicos até o ponto que os não canônicos fossem aceitos como canônicos. e)
Os livros não canônicos não foram recebidos durante os primeiros quatro (4)
séculos. Melito, o bispo de Sardis em 170 D.C., visitou a Judéia para verificar
o número certo de livros do Velho Testamento. A lista que ele fornece, inclui
os livros canônicos do Velho Testamento, menos Ester (porque não reconheceu
entre os apócrifos) e não incluiu os apócrifos. ORÍGENES, o erudito do
Egito, com uma grande biblioteca, incluiu os 39 livros do Velho Testamento, mas
em 22 e seguindo a lista ele fala: "Fora destes temos os livros dos
Macabeus". Outros pais da Igreja, como Atanásio, Gregório de Nazianzus de
Capadócia, Rufinus da Itália e Jerônimo, nos deixaram com uma lista que
concorda com o cânon hebraico.
JERÔNIMO, que fez a Vulgata, não quis incluir os livros apócrifos por
não considera-los inspirados, porém, os fez por obrigação do bispo, não por
convicção, mesmo assim só traduziu Judite e Tobias, os outros apócrifos foram
tirados diretamente dos versos latinos anteriores. Parece que a única figura da
antigüidade a favor dos apócrifos era Agostinho, e dois Concílios que ele mesmo
dominou (393 e 397). Porém, outros escritos dele (A cidade de Deus) parecem
revelar uma distinção entre os livros canônicos e os apócrifos (17.24;
18.36,38,42-45).
GREGÓRIO, O GRANDE, papa em 600 D.C., citando I Macabeus falou que não
era um livro canônico, e o cardeal Ximenis no seu poligloto afirma que os
livros apócrifos dentro de seu livro, não faziam parte do cânon. Os livros
apócrifos não foram aceitos como canônicos até 1546 quando o concílio de Trento
decretou: "Este Sínodo recebe e venera todos os livros do Velho e Novo
Testamentos, desde que Deus ‚ o autor dos dois, também as tradições e aquilo
que pertence a fé e morais, como sendo ditados pela boca de Cristo, ou pelo
Espírito Santo". A lista dos livros que segue inclui os apócrifos e
conclui dizendo: "Se alguém não receber como Sagradas e canônicos estes
livros em todas as partes, como foram lidos na Igreja Católica, e como estão na
Vulgata Latina, e que conscientemente e propositadamente contrariar as
tradições já mencionadas, que ele seja anátema". Para nós o fator decisivo
é que Cristo e seus discípulos não os reconheceram como canônicos, pois não
foram citados por Cristo nem os outros escritores do Novo Testamento!
O CÂNON DO NOVO TESTAMENTO
Pelo Cânon do Novo Testamento queremos falar a coleção de 27 livros do Novo
Testamento considerados como a norma ou regra de fé para a Igreja de Cristo.
Surgem logo perguntas a respeito do cânon do Novo Testamento. Como e quando
chegaram a ser reconhecidos como livros inspirados? Qual a base para a seleção destes
livros e por que rejeitaram outra literatura da igreja daquele tempo? Vamos
tentar responder estas perguntas, incluindo: Quando foram escritos estes
livros?
O CONTEÚDO DO CÂNON NEO-TESTAMENTÁRIO
Como já notamos, o cânon do Novo Testamento tem 27 livros escritos em grego. Os
primeiros cinco são de caráter histórico, sendo quatro os Evangelhos que contém
ditos e feitos de Jesus Cristo, e um é o livro de Atos, escrito por Lucas, o
autor do terceiro Evangelho. Temos 21 cartas escritas por Paulo, Pedro, Tiago,
Judas e possivelmente mais um autor, se Hebreus não é paulino, é o livro de
Apocalipse, escrito por João, o mesmo autor de um dos Evangelhos e três cartas.
AS DATAS DESTES LIVROS
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Segundo a informação dada em Lucas 3.1, o ministério de João
Batista que precedeu o início do ministério de Jesus Cristo data do 15° ano
de Tibério César. Tibério tornou-se imperador em agosto de 14 A.D., assim o
15° ano começaria em outubro, 27 D.C. Temos três páscoas mencionadas no
evangelho de João, se sendo que a terceira foi a Páscoa de 30 D.C., esta
sendo a data mais provável da morte de Cristo na cruz. O Novo Testamento,
como é conhecido hoje, estava completo por volta do ano 1000 D.C. e a grande
parte dos livros já existindo há mais de 40 anos. Pode-se dizer que quase
todos os livros foram escritos antes de 70 D.C.
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COMO FOI FORMADO?
Evidência Interna: Isto é do próprio Novo Testamento. O fato é que a Igreja
primitiva recebeu dos judeus a idéia de uma regra de fé e conduta escrita. Esta
idéia foi confirmada pelo Senhor Jesus Cristo, e os escritores do Novo
Testamento, que sempre se referiam ao Velho Testamento como sendo a palavra de
Deus escrita. Sabemos que desde o princípio, a Igreja cristã tem aceitado as
palavras de Cristo com a mesma autoridade com que aceitaram as palavras do
Velho Testamento, e aceitaram não apenas isto, mas declararam os apóstolos que
o seu próprio ensino, oral e escrito possuía autoridade semelhante a do Velho
Testamento. Tal era a autoridade de seus escritos, que mandaram que fosse lido
publicamente nas Igrejas (I Ts 5.27; Cl 4.16; II Pe 3.1,2). Era portanto
natural que a literatura do Novo Testamento se acrescentasse ao Velho
Testamento. No próprio Novo Testamento, pode ser que vejamos o início deste
processo (I Tm 5.18; II Pe 3.1,2 e 15,16). Além da evidência interna, temos a
evidência histórica da formação do Cânon do Novo Testamento.
O CRITÉRIO CANÔNICO
O critério que a Igreja aplicou como teste de autenticidade era ditado pelas
necessidades de fazer face à controvérsia com hereges e descrentes. Como
veremos a seguir, na seleção do mateiral que iria compor os primeiros escritos,
as necessidades missionárias, ao lado das apologéticas, são o critério para a
seleção de testimonia, ditos, milagres e parábolas de Jesus que, nos primórdios
na nova época, iriam formá-los. Eis alguns critérios deseleção: A
apostolicidade A obra em consideração pela Igreja deveria ter sido escrita por
um dos doze ou possuir o que se chamaria hoje de imprimatur apostólico. O
escrito deveria proceder da pena de um apóstolo ou de alguém que estivera em
contato chegado com apóstolo e, quando possível, produzido a seu pedido ou
haver sido especialmente comissionado para fazê-lo. Como consequência este
documento deveria pertencer a um período bem remoto. Quanto aos Evangelhos,
estes deveriam manter o padrão apostólico de doutrinas particularmente com
referência à encarnação e ser na realidade um evangelho e não porções de
evangelhos, como tantos que circulavam naquele tempo. A circulação e uso do
livro É provável que certos livros houvessem sido aceitos e circulado como
autoridade antes mesmo que qualquer relação com apóstolo, quer direta, quer
indireta, fosse determinada. É deste modo que o escrito recebia o imprimatur da
própria comunidade cristã universal que o usava. Ortodoxia Este era importante
ítem na escala de padrões de aferimento. Percebe-se nos próprios escritos do
Novo Testamento, que depois formaram seu cânon, o repúdio à falsa doutrina e a
luta pela preservação da ortodoxia, que em Rm 6.17 chama de "padrão de
doutrina", ou o que II Tm 1.13 denomina "padrão das sãs
palavras", ou ainda o "depísito de I Tm 6.20. Autoridade
diferenciadora Bem cedo, antes mesmo que os Evangelhos fossem mencionados
juntos, já os cristãos distinguiam livros que eram citados e lidos como tendo
autoridade divina e outros que continuavam fora do Novo Testamento. A leitura
em público Nenhum livro seria admitido para a leitura pública na Igreja se não possuísse
características próprias. Muitos outros livros circulavam quando Mateus começou
a ser usado pelos cristãos. Poderiam ser bons e de leitura agradável, mas só
serviam para a aleitura em particular. Havia alguns, e entre eles os Evangelhos
de modo restrito e Mateus de modo singular, que se prestavam à leitura e ao
comentário perante as congregações cristãs, como a Lei e os Profetas nas
Sinagogas. É o que I Tm 4.13 quer dizer quando Timóteo é exortado a aplicar-se
à leitura, isto é, à "leitura pública das Escrituras" como sabiamente
indica um rodapé da última revisão de Almeida.
O PRIMEIRO SÉCULO D.C.
Não se sabe quando as palavras do Senhor (At 20.35 e I Co 7.10)
foram registradas por escrito pela primeira vez. Porém, em mais ou menos 58
D.C., quando Lucas escreveu seu Evangelho, muitos já haviam empreendido esta
tarefa (Lc. 1.1). Pode ser que a Epístola de Paulo aos Gálatas fosse escrita
tão cedo como em 49 D.C. É claro que a Epistola foi escrita antes de sua
morte em 62 D.C. e as outras Epístolas de Paulo e Pedro, antes da morte
deles, na época de 68 D.C. A maior parte do Novo Testamento já estava escrita
antes da queda de Jerusalém em 70 D.C. O Evangelho e as Epístolas de João, e
o Apocalipse, certamente foram completadas antes do fim do primeiro século.
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O CÂNON DO NOVO TESTAMENTO E OS PAIS DA
IGREJA
Escritores "evangélicos" no fim deste mesmo século mostram que
conheciam os evangelhos e epístolas. A atitude dos cristãos em face das normas
da doutrina cristã que encontramos no fim da época apostólica (isto é, mais ou
menos em fins do século I d.C.) podem ser encontradas no princípio da era
pós-apostólica, principalmente na fase mais antiga dos pais apostólicos.
CLEMENTE, Bispo de Roma - Cerca de 95, escreveu uma carta a Igreja de Corinto,
e nesta carta menciona, I Coríntios, Efésios, I Timóteo, Tito, Tiago, o
evangelho de João e Hebreus.
INÁCIO, Bispo de Antioquia - Antes de 117, deixou sete cartas e nelas menciona
passagens dos evangelhos, especialmente Mateus e João e as cartas paulinas,
colocando os escritos do Novo Testamento num plano de autoridade superior aos
do Velho Testamento, em virtude da clareza de seu testemunho.
POLICARPO, que conhecia João pessoalmente, escreveu uma carta em cerca de
105-108, que menciona cartas de Paulo como autoritativas, principalmente
Filipenses, mas revela conhecimento de Mateus, Atos, Romanos, I e II Coríntios,
Gálatas, Efésios, I e II Tessalonicenses, I e II Timóteo, I e II Pedro e I
João. Estes escritores distinguiram claramente entre seus próprios escritos e
os escritos dos apóstolos, atribuindo a estes últimos, inspiração e autoridade.
Demonstram estes escritores que, mesmo nesta data primitiva, os evangelhos e as
epístolas do Novo Testamento, já se achavam em circulação e eram honrados tanto
nas igrejas do ocidente como do oriente. 100-150 D.C. - As Escrituras do Novo
Testamento lidas nas Igrejas
PAPIAS - Cerca de 140 D.C. testifica que "a voz viva dos presbíteros ia
sendo substituída pela autoridade da palavra escrita". Nos escritores
deste período há referências claras a todos os livros do Novo Testamento, com
exceção a 6 ou 7 das epístolas mais curtas; ele atesta a existência de Mateus e
Marcos e o caráter apostólico destas obras.
JUSTINO, o Mártir (148 D.C.) - fala das recordações dos apóstolos e os que
seguiam como sendo lidas nas igrejas. Tanto hereges, como cristãos ortodoxos,
testemunham a sua autoridade, muitas vezes citando o Novo Testamento e
acrescentando "como está escrito". 150-200 D.C. - Traduções e
comentários do Novo Testamento Neste período a Igreja de Cristo se expandiu e
desenvolveu-se. Com a inclusão de homens de novas raças e grande capacidade, os
eruditos fizeram traduções das Escrituras em outras línguas. Remontam a este
tempo a velha versão latina para o povo da África do Norte e a versão Siríaca
para o povo do Oriente Médio. Começaram a aparecer comentários. Houve por
exemplo, o Comentário sobre os oráculos do Senhor, da autoria de Papias (140).
Um comentário sobre o Apocalipse, da autoria de Melito (165). Pouco depois,
Tatião escreveu o DIATESSERON, ou Harmonia dos quatro evangelhos, que se
reconheciam como possuidores de autoridade única. Ao fim do século, Clemente de
Alexandria escreveu seus Esboços, que é um comentário em 7 volumes sobre os
livros do Novo Testamento, que incluía todos os livros do Novo Testamento, mais
a epístola de Barnabé e o Apocalipse de Pedro (que foram excluídos do cânon).
200 - 300 - Colecionam-se e separam-se os livros do Novo Testamento
ORÍGENES, é
um erudito da época, era tão trabalhador que se diz que empregou 7 estenógrafos
que revezavam no trabalho de registro do que ditava, além de 7 copistas e
outros que ajudavam na parte de secretaria. Redigiu ele do texto do Novo
Testamento, defendeu sua inspiração, escreveu comentários ou discursos sobre a
maioria dos livros.
TERTULIANO (cerca de 200) foi o primeiro a chamar a coleção que temos de
"Novo Testamento", assim colocando-a ao mesmo nível de inspiração
como os livros do Velho Testamento.
BIBLIOTECAS se formaram em Alexandria,
Jerusalém, Cesaréia, Antioquia, Roma e ainda outras cidades, das quais a parte
mais importante consistia em manuscritos e comentários das Escrituras. 300 - 400
- O cânon bem estabelecido Vários fatores contribuíram para tornar importante a
distinção entre livros canônicos e outros livros não canônicos. Alguns dos
fatores eram:
a) - A coleção num só livro dos livros inspirados.
b) - Serem reconhecidos estes livros com a autoridade da fé cristã.
c) - O aumento das heresias e falsa doutrina.
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Antes do fim do quarto século, todas as
Igrejas tinham reconhecido o cânon do Novo Testamento, como o temos hoje.
Eusébio, conta até que ponto o assunto do Cânon chegara a seu tempo (316
d.C.).
1) - Aceitos universalmente - Os 4 evangelhos, Atos, Epístolas de Paulo (incluindo Hebreus), I Pedro, I João e Apocalipse. 2) - Disputado por alguns - Embora admitidos pela maioria e pelo próprio Eusébio, Tiago, II Pedro, II e III João, Hebreus e Judas. 3) - Não genuínos - Atos de Paulo, Didache (ensinos dos Apóstolos), o Evangelho dos egípcios, o Evangelho de Tomé, o Evangelho das basilidas, o Evangelho de Matias e o Pastor de Hermes. |
No ano de 367, Atanásio pela primeira vez apresentou um cânone do
Velho e Novo Testamentos firmemente circunscritos, dentro do qual eram
definidas as classes individuais dos textos e de sua seqüência. Ele designou
vinte e sete livros como sendo os únicos realmente canônicos do nosso Novo
Testamento; ninguém pode acrescentar mais nada a este número, bem como ninguém
pode retirar coisa alguma. O 3° Concílio de Cartago (397) mandou que:
"além das Escrituras canônicas, nada se lesse na igreja sob o título de
"Escrituras divinas". A discussão a respeito do cânon nos séculos
subseqüentes se acalmou, porém, muitos eruditos tem se perguntado a si mesmos
porque haveriam eles de concordar com a resolução já feita. Agostinho disse que
concordou por causa da natureza dos próprios livros e pela unidade praticamente
completa entre os cristãos neste assunto. Calvino baseava a sua crença na
autoridade desses livros no testemunho do Espírito Santo. Nós aceitamos por
todas essas razões, mas principalmente porque já provamos em nossas vidas a
veracidade de tudo aquilo que está escrito. Quando vivemos pelas Escrituras,
descobrimos que elas são suficientes para todas as nossas necessidades,
completas em si mesmas. A única regra de fé e prática.
OS MANUSCRITOS DO NOVO TESTAMENTO
Os manuscritos do Novo Testamento podem ser classificados segundo a matéria que
os compõem, ou segundo os caracteres da escrita. Esta classificação ajuda a
data-los. Estes manuscritos são papiros ou pergaminhos.
UM PAPIRO - é constituído por tiras de medula do papiro (espécie de cânico com
caule triangular, da família das ciperáceas, da grossura de mais ou menos um
braço e de 2,5 m a 5 m de altura), cortadas em finas talas e colocadas em
camadas cruzadas, estas tiras formam folhas que são em seguida, fixadas umas
após outras e enroladas em torno de uma vara. O rolo assim formado se chama, em
grego, biblos (dai a palavra: Bíblia) e pode ter até 10 m de comprimento. Os
papiros do Novo Testamento são os mais antigos documentos de base que
possuímos: em sua maioria datam do século III (um papiro descoberto em 1935,
deve mesmo ser datado do começo do 2° século). Se bem que nos transmitam apenas
fragmentos de textos, estes documentos são testemunhas preciosas do texto,
justamente em razão da sua antigüidade. Existem atualmente em número de 76,
designados nas edições críticas por P1, P2 etc.
UM PERGAMINHO - é uma pele, ordinariamente de ovelha, cabra ou bezerro, tratada
e cortada em folhetos (a palavra "pergaminho" se originaria da cidade
de Pérgamo): estes são postos um em cima do outro para formar não um rolo, mas
um volume (em grego: teuchos) de onde vem a palavra Pentateuco para assinalar
os primeiros cinco livros do Velho Testamento). Os pergaminhos, trazendo textos
do Novo Testamento, datam somente do século IV, no máximo, mas apresentam-nos,
geralmente, textos completos do Novo Testamento. O princípio e o fim do texto
faltam às vezes, em consequência da deterioração, fácil de imaginar, dos
folhetos da capa. Todos estes documentos são escritos em grego mas em um grego
que não é mais o grego clássico. (Este grego, comumente falado em todo império,
é denominado Koinê: língua comum). Os manuscritos mais antigos do Novo
Testamento são escritos em letra maiúsculas ou "unciais". Atualmente
seu número é de 252 (excluem-se os achados de Qumran, que ainda não foram
reconstituídos totalmente, não sabendo-se assim o seu número exato). As edições
críticas os designam por letras maiúsculas. Os manuscritos em minúsculas
(conhecemos hoje 2646) datam no máximo do século IV. Entretanto não devem ser
negligenciados porque os copistas do século IX, X e XI recopiavam possivelmente
manuscritos em maiúsculas muito mais antigos, que não possuímos mais. As
edições críticas os assinalam por algarismos árabes.
Todos estes manuscritos são assaz difíceis de ler. As palavras,
as frases e os parágrafos não são separados por espaço algum, e não
encontramos nem acento nem sinal de pontuação. Seis manuscritos em maiúsculas
são muito importantes:
o Vaticanos (designados por "B" nas edições críticas), assim chamado porque é conservado na biblioteca do Vaticano. Datando do século IV, é o mais antigo de todos os manuscritos sobre pergaminho. |
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O Sinaíticus (designados por "X"), descoberto em um
convento do Sinai, no século IX, vendido em 1933, pelo governo soviético ao
British Museum em Londres, também deve datar do século IV.
O Alexandrinus (designados por "A"), trazido de Alexandria a
Inglaterra no século XVIII e igualmente conservado no British Museum, data do
século V.
O Códex Ephrem (designado por "C"), e uma "palimpsesto",
que quer dizer que o texto primitivo, um manuscrito do Novo Testamento datando
do século V, foi apagado no século XII por um copista que se serviu do
pergaminho para nele copiar tratados de Ephrem da Síria.
Felizmente, o texto primitivo não desapareceu totalmente e pode ainda ser lido
sob o texto medieval por olhos peritos (trabalho penoso, facilitado hoje em dia
pelos processos técnicos modernos). Este manuscrito é conservado em Paris, na
Biblioteca Nacional. Estes quatro primeiros manuscritos não diferem entre si a
não ser por "variantes" de pormenor. Dois outros manuscritos
(designados por "D") apresentam, com os quatro precedentes, grande
número de variantes e particularmente notória. Datam ambos do século VI. O
primeiro: Códex Bezae Cantabrigiensis deve seu nome ao fato de ter pertencido,
assim como aliás também o segundo, a Theodoro de Beza, amigo de Calvino, e que
em 1581, seu proprietário o ofertou a Cambrige. Escrito sobre duas colunas, a
primeira contendo texto grego, a segunda a tradução latina, oferece somente os
4 evangelhos e o livro de Atos dos Apóstolos.
Hoje em dia, após os achados do Qumran, existem vários
manuscritos que estão sendo estudados e também são apresentados ao público em
geral. Eles encontram-se em Jerusalém, no Museu do Livro. Ali percebemos o
autêntico milagre de preservação dos mesmos, pois encontram-se alguns
inteiros e outros fragmentados de tal forma que é preciso
"monta-los" como a um quebra-cabeças para descobrir-se de que
manuscrito se trata.
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|
A
ciência tem colaborado muito para desvendar este quebra-cabeças. Os manuscritos
são feitos de pele de carneiro, e cada um deles está passando por um teste de
DNA. Este teste determina que pedaços pertencem aos manuscritos mais
"completos", pois o DNA possui o código genético de cada animal em
particular. Assim torna-se impossível "juntar" pedaços diferentes!
AS VERSÕES DO NOVO TESTAMENTO
Há importantes traduções do original grego
do Novo Testamento para dez idiomas antigos, conforme descrição abaixo: Latim:
A tradição latina começou em cerca de 150 D.C. O "Latim Antigo"
(anterior à "Vulgata") conta com cerca de 1000 manuscritos. Após o
século IV, a versão latina foi padronizada na Vulgata. Há cerca de 8000
traduções latinas do tipo Vulgata, pelo que a tradição latina conta com cerca
de 10.000 manuscritos conhecidos, ou seja, mais ou menos o dobro dos
manuscritos em grego. Siríaco: Quanto ao siríaco antigo há apenas dois
manuscritos, mas revestem-se de grande importância. Datam dos séculos IV e V. A
tradição siríaca foi padronizada no Peshitto, do qual há mais de 350
manuscritos do século V em diante.
Copta: Esse é o Novo Testamento do Egito. Há duas variações desse texto,
dependendo de sua localização geográfica. O saídico veio do sul do Egito,
contando com manuscritos desde o século IV. O boárico veio do norte do Egito,
contando com um manuscrito do século IV, mas os demais são de origem bem
posterior. Nos séculos depois do século IV, os manuscritos coptas foram muito
multiplicados, pelo que há inúmeras cópias pertencentes à esta tradição. Formam
um grupo valioso, pois são de caráter "alexandrino", concordando com
os manuscritos gregos mais antigos e dignos de confiança.
Armênio: Essa tradição começou no século V. Com excessão do latim, há mais
manuscritos dessa tradição do que qualquer outra. Já foram catalogados 2000
deles. A versão armênia tem vários representantes do tipo de texto
"cesareano", mas muitos pertencem à classe bizantina.
Geórgico: Os georgianos eram um povo da Geórgia caucásia, um agreste distrito
montanhoso entre os mares Negro e Cáspio, que receberam o Evangelho durante a
primeira parte do século IV. Supomos que a tradição geórgica dos manuscritos
começou não muito depois, mas não há quaisquer manuscritos anteriores ao ano de
897. O seu tipo de texto é cesareano.
Etíope: Essa tradição conta com manuscritos datados desde o século XIII. Há
cerca de 1000 desses manuscritos, essencialmente do tipo de texto bizantino.
Gótico: Algum tempo depois dos meados do século IV, Ulfias, chamado o apóstolo
dos godos, traduziu a Bíblia do grego para o gótico, uma antiga língua
germânica. Agora há apenas fragmentos, do século V em diante. São
essencialmente do tipo de texto bizantino, com alguma mistura de formas
ocidentais. O texto bizantino, entretanto, é uma variedade anterior àquela que
finalmente veio a fazer parte do Textus Receptus.
Árabe
e Persa: Alguns poucos manuscritos tem sido preservados nesses idiomas; mas são
de pouca importância no campo da crítica textual. Quanto à versão árabe, os
problemas de estudo são complexos e continuam sem solução, pelo que é possível
que ela seja mais importante do que se tem suposto até hoje.
A LÍNGUA DO NOVO TESTAMENTO
Não
se pode reconstruir o pensamento cristão primitivo se não se der atenção ao
estudo acurado da língua grega durante o primeiro século. Os elementos
auxiliares aqui indicados visam a uma introdução.
O GREGO COINÊ
O
grego coinê existia lado a lado com a língua nativa; aquele era um mundo
bilingue (talvez trilingue). Jesus e seus discípulos dirigiam-se às multidões
em grego3, mas é certo que também utilizavam o aramaico, sua língua materna em
outras ocasiões. O coinê era a língua do povo que não teve escola e que não
possuía dotes literários. O coinê parece ter sido a linguagem da experiência
humana, própria para a boca do homem e mulher comum, cuja lógica se movia em
termos, não de argumentos eruditos, mas da metáfora colorida e cujas mentes
eram ocupadas menos com o significado da vida do que com vivê-la. O coinê do
Novo Testamento não tinha as qualidades artificiais sofisticadas do reavivamento
ático, que possuía todos os tons da vida do povo em ebulição. Influências
estranhas Há no grego do Novo Testamento traços hebraicos inquestionáveis.
Resultam da influência do Velho Testamento hebraico e da Septuaginta. Muito da
terminologia do Novo Testamento, em seus característicos semânticos, só pode
ser explicado pelo Velho Testamento. A palavra nomos, no grego clássico
significava "estatuto" ou "regra fixa". Se olharmos para a
Septuaginta, em que se traduz o hebraico torah, veremos que o judeu helenizado
considerava a palavra traduzida para o grego não como um princípio abstrato,
mas como a vontade graciosa de um Deus pessoal a seu povo. O verbo metanoew,
significava para o grego a mudança de mente ou opinião, mas usado pelos
profetas hebreus, por João Batista e Jesus, queria dizer completa mudança de
caráter e disposição, abandono completo da atitude negativa para com Deus e
consigo próprio e tomada de outra posição diferente, positiva. Esta mudança de
significado é alcançada pelo conceito de pecado dos judeus, diferentes dos
gregos em tudo. Algumas palavras são resultados de simples transliteração,
como: allheluia, amen, golgoqa, satan, libanos, manna, sabaton,
etc... Existe ainda a presença de outros elementos estrangeiros, como egípcios
(Biblos,
sinapi): macedônios (parembolh); persas (gaza, sandalion),
fenícios (arrabwn),
etc... A influência cristã na semântica das palavras e na sintaxe do Novo
Testamento é notável. Alguns desses novos significados tem um caráter técnico
ou ritual: adelfos, para
irmãos da mesma fé; apostolos, no sentido oficial de aggelos; glossa como
"dom de línguas"; iereis como apelativo dos cristãos; porfeteuw, como
uma função cristã, e outros termos como ekklesia, diakonos, episkopos,
etc., que passaram a ter novos significados. Os autores do Novo Testamento
deram, em geral, um novo tom a seus vocábulos. Elevaram, espiritualizaram e transfiguraram
palavras então correntes, colocando velhos termos em nova roupagem,
acrescentando mais brilho à concepções já luminosas. Palavras como agaph, eirhnh, zwe, pistis, swteria, caris, suneidhsis
transformaram-se em instrumentos de grande poder a elevar a língua do Novo
Testamento a pedestal de glória que só com o novo movimento poderia alcançar.
Isso nos mostra a diversidade de formas que o Eterno se utilizou para compor o
Livro Sagrado, pois foi através de aproximadamente 40 homens, em épocas diferentes,
utilizando-se de duas línguas muito ricas em sua terminologia. Assim o Eterno
Deus dá vazão à revelação de Sua Pessoa e de Seus propósitos para que a
humanidade possa então conhecê-lo definitivamente como Ele realmente é! Hoje
temos à nossa disposição todo o conjunto de Escritos Inspirados, o qual
chamamos de "Bíblia", com um ingrediente que é fundamental para nós:
tudo reunido e traduzido em nossa própria língua! Aqueles que desejam conhecer
à Deus podem fazê-lo adquirindo em qualquer livraria uma Bíblia. Esta conduzirá
o homem de volta até seu Criador e Senhor! Só podemos concluir dizendo: esta é
realmente a Palavra de Deus!
AS "ADIÇÕES" FEITAS À BÍBLIA
A
Escritura que possuímos hoje é um pouco diferente daquela que foi produzida na
antigüidade pelos profetas no Velho Testamento e depois pelos apóstolos judeus
no Novo Testamento. Todas as citações abaixo não constam do texto original!
Vejamos alguns exemplos de adições:
1)
- As palavras em itálico: elas não constam no original e servem para complementar
o sentido do texto. Seu objetivo é enfatizar e firmar algo que está sendo dito.
2)
- Palavras entre parêntesis: enquanto as palavras adicionais aparecem em
itálico em algumas versões, em outras isso ocorre através do uso de parêntesis.
3)
- Palavras na margem ou no rodapé: determinados trechos ou palavras encontrados
ma margem ou no rodapé de nossas Bíblias são a tradução ou explicação de um
texto ou palavra duvidosa.
4)
- Divisão em capítulos e versículos: Isso também não existe nos originais. Em
alguns casos este tipo de divisão prejudica, pois "quebra" o texto e
tira o sentido completo do mesmo, prejudicando assim a sua interpretação. 5) -
Divisão do texto em parágrafos: não existe no texto original, embora esta
divisão seja muito útil para a compreensão da Escritura. 6) - Referências de
rodapé: em praticamente todas as Bíblias hoje encontramos notas de rodapé que
correspondem à pequenos números que são inseridos no texto bíblico. Estes
números trazem aquilo que chamamos de "referências cruzadas", ou
seja, outras ocorrências daquelas palavras ou expressões, o que torna mais
fácil encontrarmos determinadas palavras na Bíblia. 7) - Versões bíblicas: na
atualidade temos uma série muito grande de versões dos textos originais. Isso
indica que houveram traduções variadas, algumas vezes adaptando-se a linguagem
mais popular, para facilitar o entendimento daqueles que lêem. O texto original
é único, sem variações e uniforme!
|
Todos estes fatores nos mostram, mais uma vez, o quanto evoluiu
o processo de aprimoramento da Bíblia como um livro especial para a
humanidade! Isso não significa que não devamos confiar na Bíblia, mas sim que
precisamos cada vez mais nos aprofundarmos no conhecimento (e relacionamento)
com Deus e com sua Palavra, pois ela é a única fonte de informação escrita
que temos a respeito dele! Por isso, a Bíblia foi e ainda é o livro mais
lido, conhecido e vendido do mundo. |
Sua
evolução foi tão fantástica quanto a evolução humana: dos primeiros escritos em
pedras e papiros, passando pelas peles de animais, pergaminhos e papel, até
finalmente chegar aos nossos dias e ser agora difundida através dos bytes da
tecnologia! O avanço da tecnologia tem permitido que através dos bytes da
informática a Palavra de Deus tenha trânsito livre através de milhões de
computadores, levando pessoas a se renderem aos pés do Senhor Jesus através do
avanço tecnológico! Deus está se utilizando disso para semear sua Palavra nos
quatro cantos da terra! Este será também um dos motivos pelos quais a
humanidade não poderá dizer: "eu não te conhecia Senhor!" Hoje
através da Internet temos acesso à muitas coisas ruins, mas também temos acesso
à Palavra do Deus Eterno que caminha pela rede mundial trazendo salvação, cura,
conhecimento, revelação e mostrando ao mundo que Jesus ainda é o Senhor! É por
isso que lemos na Palavra do Senhor: "Porque a palavra de Deus é viva e
eficaz, e mais penetrante do que ESPADA alguma de dois gumes, e penetra até à
divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir
os pensamentos e intenções do coração" (Hb 4:12). A palavra de Deus é a
única que não passará!
Que assim seja e cumpra-se!
Baruch Há Shem!
Bendito seja o Nome!
AUTOR DESCONHECIDO
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