A Crise das Dúvidas
"E João, ouvindo no cárcere falar dos
feitos de Cristo, enviou dois dos seus discípulos a dizer-lhe: És tu aquele que
havia de vir, ou havemos de esperar outro? E Jesus, respondendo, disse-lhes:
Ide e anunciai a João as coisas que ouvis e vedes: Os cegos vêem, e os coxos
andam; os leprosos são limpos, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados,
e aos pobres é anunciado o evangelho." (Mateus 11.2-5).
João Batista foi o maior dentre os nascidos
de mulher. Quem fez essa declaração foi o próprio Jesus. Contudo, o grande João
duvidou de Cristo. Isso aconteceu quando ele estava preso, aguardando sua
execução. Imagine-se no lugar de João Batista. Ele havia anunciado publicamente
que Jesus era o Salvador. Agora, estava preso, condenado à morte, e Jesus não
tomou nenhuma providência para libertá-lo. Daí surgiu a dúvida. Será que esse
Jesus é mesmo o Messias prometido? Por quê então ele não me tira desta prisão?
Quando estamos passando por problemas graves
e não somos atendidos pelo Senhor, muitas vezes começamos a duvidar da sua
palavra ou do seu amor para conosco. De acordo com o nosso pequeno
entendimento, achamos que Deus deveria agir em nosso favor desta ou daquela
maneira. Porém, ele tem os seus propósitos e, na maioria dos situações, nem
chegamos a conhecê-los ou entendê-los.
Talvez você esteja questionando como Gideão:
"Se o Senhor é conosco, por quê tudo isso nos sobreveio?" (Juízes
6.13). Se o Senhor me ama, por quê ele não me deu isso ou aquilo? Se o Senhor
está comigo, por quê ele não me livrou desse ou daquele problema? Algumas
perguntas nunca terão respostas. Observe que Jesus não respondeu à pergunta de
João Batista, assim como o Anjo do Senhor não respondeu à pergunta de Gideão.
O recado que Jesus mandou para João era que
muitos milagres estavam acontecendo. Jesus não libertou João, mas estava
curando enfermos, ressuscitando mortos e anunciando o evangelho. Saiba o
seguinte: o propósito de Deus está sendo executado. Isso é o que
importa. Que seja feita a vontade dele e não a nossa. Ele é o Senhor. Nós somos
apenas servos. Deus tem um plano soberano e esse plano está em plena execução.
Ele não está a serviço dos nossos interesses individuais, embora possa fazer
todas as coisas.
Podemos clamar para que o Senhor nos livre e
nos dê o que precisamos. Entretanto, devemos continuar a servi-lo ainda que ele
não nos livre. (Daniel 3.17-18). Se ele não nos atender em alguma situação, é
porque tem um propósito nisso. Já pensou se Deus atendesse todas as nossas
orações? Não seríamos mais tentados. Não seríamos mais provados. Não teríamos
nenhum tipo de problema na vida. Aliás, não precisaríamos nem ir para o céu,
porque aqui já seria um lugar celestial, com direito a coral de anjos e tudo
mais. Por outro lado, não teríamos o crescimento espiritual nem a maturidade
que as tribulações produzem.
As dúvidas surgem quando nossas expectativas
em relação ao cristianismo não se concretizam. Porém, muitas vezes essas
expectativas estão erradas. É o caso de quem espera que o evangelho venha lhes
trazer muito dinheiro, muita prosperidade material e a satisfação de todos os
seus desejos pessoais. O propósito do evangelho é a salvação das almas. Se Deus
nos dá mais alguma coisa, é "brinde".
Chegará o dia quando nossos problemas
terminarão. Por enquanto, convém lembrar o que Jesus disse: "No mundo
tereis aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o mundo." Sabemos, porém,
que muitas vezes o Senhor nos atende, nos livra e nos proporciona momentos de
refrigério para as nossas almas.
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