A DICOTOMIA ENTRE O FORMADO E O LEIGO NA E.B.D.
Infelizmente, a dicotomia entre
formados em teologia e os leigos, tem sido um destaque em nossas igrejas.
Muitos irmãos profundos conhecedores da Palavra de Deus estão sendo
discriminados por não terem cursado uma Faculdade Teológica. Sabemos também que
há uma longa distância a ser percorrida, até que possamos superar totalmente
este desvio histórico que tem feito distinção entre um e outro.
Na igreja do primeiro século, não
existia o clericalismo que tem embasado a imagem da igreja serva, cujos
parâmetros Jesus ensinou aos seus discípulos, durante o seu ministério terreno.
Jesus foi e é o maior exemplo de liderança espiritual pelo qual devemos pautar
a vida de nossas igrejas e que jamais poderemos perder de vista. Viver a vida
de Jesus e viver o seu ministério discipular em todos os momentos de nossa vida
deve ser o nosso objetivo – “Até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao
conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito, à medida da estatura completa de
Cristo (Ef. 4:13). Deste modo ele chamou os seus discípulos ensinando-lhes tudo
que era necessário para que eles se tornassem discípulos autênticos. Os
discípulos deveriam dar continuidade ao ministério do Evangelho de Jesus, que
foi enviado para cumprir o propósito de Deus, consumando o seu plano de
salvação para todo aquele que nele cresse. Assim, Jesus não somente os ensinou,
como também os equipou e os comissionou. “...É-me dado todo o poder no céu e na
terra, portanto ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, do
Filho e do Espírito Santo; Ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos
tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos
séculos. Amém. (Mat. 28:18). Este texto nos mostra que Jesus confiava
plenamente nos seus discípulos, demonstrando a convicção de que eles seriam
capazes de dar prosseguimento à sua obra. Isto é, os discípulos tinham
completado o ciclo de aprendizagem e prática sob a qual aprenderam com o seu
Mestre. Agora, não seria mais necessário a permanência terrena de Jesus entre
eles. Era preciso que Jesus concluísse todo o plano de Deus e voltasse para
assentar-se a destra de Seu Pai, mas não deixaria os discípulos órfãos, porque
“...tudo quanto pedirdes em meu eu o farei, para que o Pai seja glorificado no
Filho. Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei. Se me amardes,
guardareis os meus mandamentos. E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro
Consolador, para que fique convosco para sempre; O Espírito de verdade, que o
mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece; mas vós o conheceis,
porque habita convosco, e estará em vós. Não vos deixarei órfãos; voltarei para
vós (João 14:13-18).
Os mesmos ensinos e práticas a que
Jesus submeteu os seus discípulos, poderão ser também praticados em nossos
dias, à luz do que está revelado no Novo Testamento, não somente nos
evangelhos, mas nas epístolas de Paulo, ricas em ensinos e exemplos de
discipulado a que o apóstolo submetia os seus discípulos, dos quais muitos se
tornaram líderes e pastores de diversas igrejas neotestamentárias.
A igreja de Cristo está investida do
poder que Jesus outorgou “Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta
pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra
ela (Mat. 16:18)”.
O mesmo Espírito Santo que desceu no
dia de Pentecostes (Atos 2:1-12), é o mesmo Espírito que habita em nós segundo
as próprias palavras de Jesus, (João 14:17), descritas no parágrafo anterior.
Jesus também não nos deixará órfãos, o
que implica que ele virá nos buscar para estar para sempre com ele. “Pai,
aqueles que me deste quero que, onde eu estiver, também eles estejam comigo,
para que vejam a minha gloria que me deste; porque tu me hás amado antes da
fundação do mundo (João 17:24)”. Jesus
virá outra vez “...virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde
eu estiver estejais vós também (João 14:3)”.
Sob a minha cosmovisão teológica, o
conhecimento da Palavra de Deus é o único meio de superar a dicotomia que ainda
existe em nossas igrejas fazendo separação entre professores preparados em
Faculdades Teológicas e os professores que são leigos. Uma vez o leigo tenha
conhecimento pleno da Palavra de Deus nada deverá impedí-lo de estar à frente
de uma classe de Escola Bíblica Dominical. Portanto, a igreja não deverá
preocupar-se, porque terá convicção de que aquele que está à frente está
habilitado no manejo da Palavra para o ensino.
Não existe discipulado em nossa igreja
nos termos que são propostos, à luz do Evangelho de Jesus; à luz do discipulado
do apóstolo Paulo que não se cansava de pedir a seus discípulos que zelassem
pela sã doutrina, chegando a afirmar ao escrever aos Gálatas “Meus filhinhos,
por quem de novo sinto as dores de parto, até que Cristo seja formado em vós (Gál.
4:19);
A minha sugestão é que cada igreja
restaure o autêntico discipulado que Jesus nos legou nas páginas do Novo
Testamento, dando-nos o maior exemplo de líder-servo pelo amor.
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