A Função do
Espírito Santo na Interpretação Bíblica
Este ensaio
baseia-se numa palestra que apresentei recentemente num encontro da Evangelical
Theological Society, nos Estados Unidos.(1) Quando pediram-me para apresentar
uma palestra numa reunião como aquela, parti do pressuposto de que os
organizadores do evento estavam esperando por algo, se não sensacionalista,
pelo menos provocante e, de preferência, chocante. Foi assim que apresentei um
trabalho cuja tese principal era esta: nossa situação espiritual não tem
qualquer influência sobre a precisão de nossa exegese bíblica.(2)
O que me motivou a propor essa idéia, que para alguns certamente soará
estranha, foi um artigo recente do meu ex-colega, Bruce K. Waltke, que defende
uma tese diametralmente oposta.(3) Waltke começa afirmando que o Espírito Santo
exerce um papel essencial não apenas na revelação da verdade, mas também em sua
interpretação,(4) e mais especificamente na "correta exegese da Escritura
Sagrada."(5) Segundo Waltke, há uma tendência entre educadores teológicos
de separar exegese de espiritualidade. Apesar de subscreverem a doutrina da
iluminação do Espírito Santo, a maioria dos intérpretes ortodoxos "ignora
essa doutrina na prática."(6) Ele sugere que o Iluminismo ("com sua
ênfase na razão humana desassistida") e o realismo escocês (que separou o
conhecimento da fé) podem ser responsáveis "pelo declínio do papel do
Espírito Santo na exegese."(7)
Waltke também faz algumas objeções contra a distinção popular segundo a qual
"a exegese científica pode determinar o sentido do texto, mas apenas o
Espírito de Deus pode internalizá-lo nos corações." Segundo ele, esse
conceito "obviamente tem alguma validade," mas "realmente
distorce o método exegético e seus objetivos."(8) Argumentando que
"qualquer assunto deve gerar seu método apropriado de estudo,"(9)
Waltke formula cinco critérios para "uma exegese confiável":
(1) "objetiva abrir
o exegeta para um encontro com Deus";
(2) "gera empatia
com o autor humano das Escrituras";
(3) "ama a
verdade";
(4) é sensível para com
"a natureza depravada do leitor" e
(5) reconhece que, à
vista da soberania de Deus, o exegeta deve ter "qualificações espirituais
apropriadas."
Eu suponho que nenhum cristão sério faria objeção a esses princípios.(10)
Afinal, é improvável que os cristãos discordem a respeito do objetivo explícito
das Escrituras. É indiscutível que a Bíblia nos foi dada "não para
tornar-nos eruditos, mas santos."(11) A educação teológica condena-se a si
própria na medida em que obscurece esse alvo, ao invés de promovê-lo. Em outras
palavras, se a verdadeira tese de Waltke é que a espiritualidade deve estar
totalmente integrada na educação teológica porque o nosso ideal deve ser
"a transformação de nossas vidas espirituais através do Espírito
Santo,"(12) eu o aplaudo entusiasticamente e apóio totalmente o seu
esforço.
O problema, entretanto, é que algumas partes do artigo de Waltke parecem estar
debatendo uma tese diferente. Como já mencionei, ele começa com uma referência
à "correta exegese da Escritura Sagrada"(13) e não à transformação
espiritual. Mais adiante no artigo, em conexão com o segundo princípio que
enuncia, Waltke recorre a duas experiências pessoais como meio de ilustrar
"a necessidade de uma disposição [espiritual] correta" se quisermos
entender a Bíblia.(14) A primeira ilustração tem a ver com um antigo professor
seu, que lhe ensinou "mais acerca de textos antigos que qualquer outro
professor," mas que apareceu com uma grosseira interpretação literal de
Gênesis 3.15, a saber, que esse versículo refere-se à "eterna antipatia
entre cobras e a humanidade, e nada mais."(15) A sua segunda ilustração é
o trabalho de Harold Bloom, The Book of J, caracterizado por interpretações que
"procedem da imaginação de Bloom e não do texto bíblico." Waltke
afirma: "Os maiores erros textuais e filológicos em exegese empalidecem em
importância comparados aos disparates de Bloom, devido à sua falta de empatia
com o autor inspirado."(16) Waltke se pergunta como tais interpretações
são possíveis. Sua resposta clara - no contexto do artigo como um todo - é que
elas resultam de uma falta de espiritualidade adequada.
Infelizmente, há duas peças importantes de contra-evidência. Uma delas Waltke
prontamente reconhece, a saber, o excelente trabalho exegético de eruditos
científicos que não se submetem necessariamente à autoridade das Escrituras e
ao senhorio de Cristo. Ele diz: "O método científico de exegese à parte da
formação espiritual do intérprete parece funcionar. Aqueles de nós que assistem
à conferência anual da Sociedade de Literatura Bíblica muitas vezes encontram
melhor exegese nos trabalhos eruditos lá apresentados do que no púlpito aos
domingos pela manhã."(17) Em outra parte, ele comenta:
"Ocasionalmente, eruditos que não pretendem estar sendo guiados pelo
Espírito lêem o texto com mais perspicácia do que aqueles que reivindicam tal
direção, porque eles lêem mais diligentemente e com mais empatia."(18)
Na verdade, podemos substituir a palavra "ocasionalmente" por
"rotineiramente." Suponha-se que puséssemos juntos cinco
especialistas em literatura Paulina, que, apesar de descrentes, tivessem
julgamentos sóbrios e geralmente respeitados; suponha-se, também, que trouxéssemos
cinco cristãos piedosos, cuja sensibilidade espiritual fosse reconhecida por
todos que os conhecessem, mas que não tivessem treinamento teológico, nas
línguas originais, e em outros elementos de hermenêutica bíblica. Suponha-se,
ainda, que peçamos a todos eles para nos darem uma explicação de quinze minutos
sobre o sentido de 2 Coríntios 2.5-17. Qual grupo tem a melhor probabilidade de
oferecer "a exegese correta" daquela passagem? (Confesso que,
realmente, de outra perspectiva, os crentes do grupo poderiam ter um melhor
"entendimento" da passagem, mas vamos adiar um pouco mais esta
questão.)
Tudo isto me leva à outra peça de contra-evidência. Embora seja fácil encontrar
entre os estudiosos protestantes idéias afrontosas, que podem ser atribuídas a
pressuposições "liberais" ou ímpias, quem de nós já não ouviu
numerosas interpretações bizarras, esquisitas e até ridículas propostas por
crentes humildes, cujas vidas consagradas e de oração nos deixam
envergo-nhados?(19) Parece patente que dificilmente poderemos estabelecer uma
correspondência recíproca entre espiritualidade e "correta exegese."
De fato, se fosse suficientemente petulante, eu poderia ser capaz de provar que
há uma proporção inversa entre as duas!
Todos já passamos por esse problema. Lembro de meu constrangimento quando dava
um curso sobre Paulo no Westmont College e um aluno muito esperto comentou que,
dos dois livros principais que eu havia designado como leitura obrigatória, o
liberal era muito melhor e mais fascinante que o evangélico!
Uma solução para essa aparente dificuldade poderia ser descrita como
"minimalista." De acordo com esta solução (aceita por muitos talvez
inconscientemente), se tivermos um erudito crente tão preparado
intelectualmente quanto um liberal, a interpretação do crente será melhor que a
do descrente - e, presumivelmente, a exegese de um crente cujas qualificações
acadêmicas e treinamento intelectual sejam fortes, e que regue o seu trabalho
exegético com oração, será mais precisa que a de outro cristão cuja espiritualidade
é fraca. Assim sendo, segundo essa visão minimalista a precisão de uma
interpretação é, na verdade, afetada por qualificações intelectuais,
habilidades adquiridas e experiência exegética, mas também se admite que a
espiritualidade faz algum tipo de diferença.
Essa forma de abordar o problema reflete um esquema dualístico do tipo
natureza-graça e trivializa a obra do Espírito. Sugere que a nossa razão, os
nossos dons naturais, e as nossas habilidades humanamente desenvolvidas
levam-nos até um ponto, e daí em diante o Espírito nos dá um pequeno empurrão
adicional. Bem, confesso que sou vantiliano demais para ficar satisfeito com
esse enfoque.(20)
Uma solução alternativa
para o problema - talvez a perspectiva mais comum entre os
professores de teologia - é reconhecer que o estado espiritual do intérprete
não é um indicador preciso de pureza exegética e, ao invés disso, focalizar na
área da aplicação. De acordo com essa visão, a exegese como tal pode ser feita
por qualquer um: o que distingue o crente de um descrente, o cristão maduro do
imaturo, é a apropriação da verdade que foi interpretada. Há um elemento de
verdade nessa posição, e meu próprio ponto de vista pode estar relacionado com
ela, como iremos ver. Entretanto, da forma como geralmente é exposta, esta
posição é enganosa por diversos motivos.
Em primeiro lugar, ela faz uma dicotomia muito radical entre exegese e
aplicação. Embora possamos preservar algumas diferenças importantes entre esses
dois aspectos, os estudos mais recentes têm deixado claro que o envolvimento
pessoal do intérprete está inseparavelmente ligado à exegese em todos os
níveis. Em segundo lugar, esse enfoque termina por separar a mente do coração -
exatamente o que os seus proponentes querem evitar. O fato é que a Bíblia realmente
refere-se à "mente" e ao "entendimento" quando fala da
nossa dependência de Deus. Indubitavelmente, estes e outros termos têm uma
referência mais ampla do que o estritamente intelectual - e este é exatamente o
ponto. O coração é a mente, e a mente é o coração. É inconcebível, talvez mesmo
blasfemo, sugerir - mesmo por implicação - que o Espírito Santo não está
envolvido no processo interpretativo.
Eu gostaria de propor que a verdadeira chave do nosso problema é outra
distinção, mais fundamental: não a dicotomia exegese/aplicação, mas o
reconhecimento de que a Bíblia é tanto um livro divino como humano. A freqüente
observação de que a Bíblia deveria ser lida como qualquer outro livro é
normalmente entendida num sentido negativo, como se refletisse o ponto de vista
dos pensadores iluministas, que achavam que era inadequado interpretar a Bíblia
levando em consideração a sua singularidade. Curiosamente, até mesmo um
evangélico conservador como R. C. Sproul reconhece que a primeira regra de
interpretação é: "A Bíblia deve ser lida como qualquer outro
livro."(21)
Obviamente, é um falso dilema dizer que a Bíblia deve ser lida ou como qualquer
outro livro ou como um livro especial. De fato, cometeremos um erro fatal, a
menos que leiamos a Bíblia tanto como qualquer outro livro quanto como um livro
totalmente singular. Na medida em que a Bíblia foi escrita em uma língua humana
como o grego, é preciso aplicar as regras relevantes ao estudo do grego. E
todos nós reconhecemos que não é necessário ser um cristão para ser um perito
nesse assunto. Outra vez, como a Bíblia reflete eventos históricos, deve-se
fazer uso dos dados arqueológicos, e não-cristãos com treinamento nessa área
são muito mais confiáveis em identificar camadas arqueológicas do que cristãos
que, embora totalmente piedosos, nunca estiveram envolvidos numa escavação. E
assim por diante.
Talvez possamos entender melhor este assunto se pensarmos em exemplos de outras
circunstâncias da vida. Certos indivíduos são naturalmente mais capazes que
outros quando dirigem um carro. Imaginemos, por exemplo, Pedro, um não-cristão,
um motorista nato cujas habilidades são totalmente confiáveis. E imaginemos
João, um crente consagrado, mas que é um inepto total ao volante. Eu não creio
que qualquer um de nós iria pensar que a confissão cristã de João devesse ter
um notável efeito na sua habilidade ao volante, comparada à de Pedro. Isto não
significa sugerir que Deus não está interessado na maneira como João dirige, ou
que João não deve fazer desse assunto um motivo de oração, ou que o Espírito,
em sua soberania, não protegerá de alguma forma o dirigir incompetente. Em
outras palavras, a última coisa que queremos é separar a identidade cristã de
João de qualquer outro aspecto de sua vida, incluindo a sua maneira de dirigir.
Mas ainda assim é verdade que nós nunca associamos a habilidade para dirigir
como tal (nem os seus resultados!) com o nível de espiritualidade de um
indivíduo.
Vamos usar outro exemplo, o de J. Gresham Machen, que escreveu a clássica
gramática grega New Testament Greek for Beginners ("Novo Testamento Grego
para Iniciantes"). Machen foi um erudito competente e profundamente firme
em sua fé reformada. Mas, suponhamos que, nos seus tempos de estudante, quando
estudava teologia sob a orientação do liberal Herrmann, a direção de sua fé
tivesse tomado um rumo errado. Suponhamos que ele tivesse se tornado um
liberal. Ele teria escrito uma gramática pior? Talvez possamos argumentar de
modo contrário: que ele pudesse ter se envolvido mais profundamente com questões
de filologia e assim tivesse produzido uma gramática ainda melhor! Cabe ainda
perguntar se temos alguma certeza de que, durante a produção dessa gramática,
ele estava vivendo em uma estreita comunhão com o Senhor, em lugar de estar
experimentando algum tipo de esfriamento? Claro, ele deve ter estado em íntima
comunhão com Deus, deve ter buscado a bênção divina, deve ter feito o seu
trabalho dentro do contexto de uma espiritualidade vigorosa. E podemos estar
certos de que o Espírito teria honrado tudo isto. Mas será que podemos inferir
que a exatidão do seu trabalho dependia da sua condição espiritual?
Precisamos reconhecer que muito - na verdade, a maior parte - do que se inclui
sob o título de exegese, tem a ver com os aspectos humanos da Bíblia, como, por
exemplo, decifrar variantes decorrentes da transmissão textual feita por
escribas humanos, identificar formas verbais de uma linguagem humana,
classificar os relacionamentos lógicos do discurso humano, reconstruir eventos
da história humana, avaliar o significado de uma cultura humana. Mesmo sob a
categoria de discussão teológica, muita coisa tem a ver com aspectos humanos.
Walter Kaiser conta-nos a história de um professor renomado que ilustra bem
este ponto. Certa feita, numa aula, esse professor foi levado a
discutir a sua compreensão do sentido de Romanos 1-5. Com uma eloqüência
incomum e excelente exegese, ele percorreu esses capítulos com uma habilidade
precisa, afirmando que todos na classe haviam pecado e portanto estavam
destituídos da glória de Deus. Mas aqueles que cressem no sacrifício do Filho
de Deus por seus pecados não seriam apenas justificados; não, eles seriam
declarados justos por um Deus que justificava pecadores, assim como faria um
juiz ao suspender um processo que tivesse deixado de provar a culpa do réu.
Raramente [diz Kaiser] eu ouvi um tratamento tão ousado e justo desse texto de
Paulo.(22)
Então, um estudante judeu perguntou um tanto constrangido se ele realmente
acreditava em tudo aquilo, ao que o professor respondeu: "Quem disse
alguma coisa sobre acreditar?" É evidente que a maioria dos cristãos,
inclusive muitos que são genuinamente espirituais, não seriam capazes de
apresentar uma explicação teológica de Romanos 1-5 como esse erudito descrente
fez. E a razão, novamente, é que a argumentação daqueles capítulos está repleta
de elementos humanos, para cuja apreciação requer-se treinamento e habilidades
especiais.
Resumindo:
Quer gostemos de admitir ou não, a maioria de nós que ensinamos reconhece que
não há correspondência previsível entre a espiritualidade de um estudante e a
sua capacidade de entender um texto e produzir um trabalho exegético preciso. É
simplesmente isto o que eu quis dizer no início, quando estabeleci a minha tese
de que a nossa condição espiritual não tem relação com a perfeição da nossa
exegese bíblica.
Mas é claro que a Bíblia é muito mais que um livro humano. Sim, ela tem que ser
lida como qualquer outro livro, mas deve também ser lida como nenhum outro
livro. Afinal de contas, as qualidades divinas das Escrituras raramente são
sujeitas à investigação erudita. Se Deus é o autor supremo das Escrituras, se a
sua revelação pretende guiar-nos a um relacionamento com ele, e se ninguém
conhece a mente de Deus senão o seu próprio Espírito, então, claramente e sem
discussão, devemos receber o Espírito e ser sensíveis a ele - em outras
palavras, devemos ser espirituais - antes de podermos esperar entender as
Escrituras em seu sentido supremo e autêntico. E seria um desastre completo se
nós déssemos aos nossos estudantes de teologia a impressão de que, com respeito
ao propósito essencial da Bíblia, um coração submisso fosse opcional.
A verdade, entretanto, é que uma grande parte do que ocorre na educação
teológica tem a ver com a dimensão puramente humana das Escrituras. A razão
disso é muito simples, a saber, a grande distância que nos separa do mundo
bíblico - linguística, geográfica, temporal e culturalmente. Se fôssemos
estabelecer um seminário no final do primeiro século em Corinto, não
precisaríamos de cursos de grego e nem de aprender muitos aspectos exegéticos
relacionados com a língua. Em outras palavras, é o nosso próprio Sitz-im-Leben
("contexto"), e não algum problema inerente à Bíblia, que requer que
uma parcela significativa de nosso currículo seja devotada a esses elementos
humanos das Escrituras. Certamente não devemos sentir-nos culpados ou
frustrados pelo fato de que pessoas "não espirituais" saem-se muito
bem em relação a tais tarefas.
Não é preciso dizer, ainda, que não apenas os nossos trabalhos exegéticos, mas
cada aspecto da nossa existência - inclusive dirigir o nosso carro - deve estar
integrado à nossa identidade cristã, e isto significa oração, um espírito de
obediência e o compromisso de subordinar tudo ao grande objetivo de santificar
o nome de Deus. Mas isto é impossível sem o ministério do Espírito, que
testifica a verdade de que somos filhos de Deus, que renova nossas mentes para
que possamos entender as coisas de Deus, e que transforma os nossos corações
para que possamos aprender a fazer apenas o que é agradável ao Pai.
English Abstract
The thesis of the author is that our spiritual condition has no bearing
whatsoever on the accuracy of our biblical exegesis. Dr. Silva argues his
point, first, in reaction to the too common belief among evangelicals that
spirituality is the main determinative factor of a correct interpretation of
Scripture, and that the exegetical errors and blunders that we see so often are
the result of the lack of genuine devotion. Silva shows as pieces of counter-evidence
that many pious and devoted Christians are responsible for some of the most
bizarre interpretations you can find, and that some of the finest exegetical
pieces come from the pen of liberals and unbelievers. Silva rejects the view
that accurate exegesis depends on academic qualifications and spirituality
together, and the view that makes a distinction between exegesis and
application. His own solution is that the Bible is both a human and a divine
book, and that most of what we do in theological training has to do with the
human dimension of Scripture, because of the linguistic, cultural, geographical
and temporal gulf that separates us from the Bible. Still, he argues, our
exegetical work has to be done in prayer, with a spirit of obedience, as we do
in all other areas of our Christian existence.
__________________________
Notas
1 Esta palestra também foi apresentada aos alunos e professores do
Seminário Presbiteriano Rev. José Manoel da Conceição (São Paulo), em junho de
1995.
2 Num certo sentido, quero insistir que a nossa condição espiritual tem tudo a
ver com a precisão de nossa exegese bíblica. Mas, esse reconhecimento, sobre o
qual devo falar mais adiante, ameaça domesticar o meu ponto principal. Assim
sendo, vamos ignorar por enquanto esta consideração.
3 Bruce Waltke, "Exegesis and Spiritual Life: Theology as Spiritual
Formation," Crux 30/3 (setembro 1994) 28-35.
4 Curiosamente, Waltke diferencia o papel do Espírito na interpretação do seu
papel de "confirmar a verdade" (que ele coloca ao lado da revelação e
inspiração como sendo uma parte da história da redenção). Não está claro se ele
usa essa frase como equivalente à doutrina do "testemunho interno do
Espírito," que refere-se mais à aplicação ("subjetiva") da redenção
do que aos eventos ("objetivos") da obra da redenção.
5 Ibid., 28.
6 Ibid.
7 Ibid., 29.
8 Ibid.
9 Ibid., 30.
10 Realmente, algumas das formulações de Waltke são discutíveis. Por exemplo,
eu hesito em falar de textos bíblicos como tendo uma natureza impessoal, em
contraste com o caráter pessoal tanto dos autores das Escrituras como do
intérprete (pp. 30, 33). Quando alguém fala comigo, é apropriado distinguir as
suas palavras da sua pessoa? Não é a minha pessoa revelada exatamente no que
digo?
11 Essas palavras, ditas numa devocional por E.J. Young quando eu era aluno do
Westminster Theological Seminary, estão profundamente marcadas em minha
memória. Como meu professor de hebraico, ele me fascinava pela sua erudição, e
eu sempre me perguntava como esse professor erudito relacionava sua cultura à
sua santificação.
12 Waltke, "Exegesis," 35.
13 Ibid., 28.
14 Ibid., 32.
15 Ibid.
16 Ibid.
17 Ibid.,29 (ênfase minha). Waltke acrescenta: "Entretanto, eu nunca ouvi
uma oração feita naquela sociedade erudita." O ponto de Waltke com este
comentário parece contradizer a sua tese de que a espiritualidade é essencial
para a "correta exegese." A falta de oração nas reuniões da Society
of Biblical Literature parece confirmar o argumento de que a falta de
espiritualidade muitas vezes é acompanhada de uma melhor exegese do que aquelas
que costumamos ouvir nos cultos das nossas igrejas.
18 Waltke, "Exegesis," 32.
19 E, falando apenas por mim mesmo, não posso estabelecer uma conexão entre
"meus altos e baixos espirituais" e os resultados do meu trabalho
exegético.
20 Cornelius Van Til foi professor de Apologética no Westminster Theological
Seminary, e a sua apologética pressuposicionalista tem influenciado muitos
estudiosos reformados. Ver o artigo de Ricardo Q. Gouvêa, "Calvinistas
Também Pensam: Uma Introdução à Filosofia Reformada," Fides Reformata 1/1
(1996) 48-59 [Nota do Editor].
21 R.C. Sproul, Knowing Scripture (Downers Grove, IL: InterVarsity, 1978).
Embora a Bíblia esteja numa categoria singular por causa da inspiração,
"em questões de interpretação, a Bíblia não assume qualquer tipo especial
de mágica que muda os padrões literários básicos de interpretação" (p.
63). "Para iluminar o significado espiritual de um texto o Espírito Santo
é muito importante. Mas para discernir a diferença entre narrativa histórica e
metáfora, a oração não é uma grande ajuda, a menos que envolva fervorosas
súplicas a Deus para dar-nos mentes claras e corações puros para vencermos os
nossos preconceitos" (p. 64).
22 Walter C. Kaiser, Jr., e Moisés Silva, An Introduction to Biblical
Hermeneutics: The Search for Meaning (Grand Rapids: Zondervan, 1994), 167. O
argumento de Kaiser é que sem a obra do Espírito as pessoas não podem receber
verdades espirituais. O meu argumento é um pouco diferente.
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