A HISTÓRIA DO NOVO TESTAMENTO I
- Da criação
do mundo ao nascimento de Jesus -
A história do Novo
Testamento começou muito tempo antes do nascimento de Jesus. Em realidade, só
podemos entender bem muitos dos incidentes narrados no NT quando conhecemos
esta longa história. Ela começa com a criação do mundo – incluindo Adão e Eva.
Havendo eles pecado e desobedecido à ordem de Deus, deteriorou-se o meio
ambiente perfeito em que foram criados. E assim tem início a história da
redenção humana, operada por Deus - que
culminou na vida, morte e ressurreição de Jesus.
A história continua com Deus
chamando a Abraão por volta do ano 2000 aC . Deus chamou Abraão para deixar o lar,
dirigir-se a uma nova terra, e tornar-se o pai de “uma grande nação” (Gn
12.2-3) – Israel.
Num período de
tempo relativamente curto, os descendentes de
Abraão acharam-se no Egito. Logo o número desses descendentes tornou-se
uma ameaça a faraó – o governante do Egito -
e ele ordenou que fossem escravizados.
Foi nessa época que
Moisés recebeu o chamado para tirar Israel da escravidão do Egito e conduzi-lo
à terra Prometida de Canaã. Em seguida ao êxodo do Egito (cerca de 1450 aC ) Israel recebeu a
Lei – as leis e as instituições sociais que a nova nação devia observar,
incluindo os Dez mandamentos. Recusando-se os temerosos israelitas a entrar na
Terra Prometida conforme Deus ordenara, o Senhor os condenou a peregrinar no
deserto, ao sul de Canaã, por mais de 40 anos.
Josué, sucessor de Moisés, foi quem introduziu Israel na Terra Prometida. Esta
conquista se fez com violência (o livro de Josué conta a história). Após a morte de Josué, “ ...cada uma fazia
o que achava mais reto” (Jz 21.25), e foi necessário que Deus suscitasse
juízes. Eles chamaram o povo ao arrependimento e derrotaram os opressores de
Israel (o livro de Juízes narra a história).
Saul
foi o primeiro rei de Israel. Davi, seu sucessor, escolheu Jerusalém como
capital, fazendo-a ao mesmo tempo o centro político e espiritual da nação.
Salomão o sucedeu; este consolidou o reino recebido de seu pai e construiu o
grande templo de Jerusalém. Conhecido por sua sabedoria, foi também um
dirigente insensato; seu amor ao luxo, às mulheres bonitas e às alianças
políticas, tiveram efeito desastroso pra a nação.
Após a morte de Salomão seguiu-se uma guerra
civil sangrenta, e a nação dividiu-se em Israel ao norte e Judá ao Sul. Elas
caíram na idolatria e no pecado, e Deus suscitou profetas – homens que
declaravam a vontade do Senhor ao seu povo – para chamá-los ao arrependimento.
Ambas as nações ignoraram as advertências dos profetas, e finalmente os
inimigos destruíram ambas (Israel foi destruída pela Assíria em 723 aC e Judá pela Babilônia
em 586 aC .
Os seus dirigentes foram tomados cativos e enviados ao exílio).
Mais
tarde, muitos descendentes dos exilados regressaram à Palestina. Um grupo
retornou em 538 aC
e reconstruiu o templo; outro voltou em 444 aC e reconstruiu os muros de Jerusalém sob
a liderança de Esdras e Neemias. Israel
voltou à velha prática do pecado e da indiferença; e com o término do Período
do Antigo Testamento, ouvimos a voz do profeta Malaquias condenando os caminhos
pecaminosos do povo.
O livro de Daniel deu uma visão prévia desses anos. Através dos olhos da
profecia Daniel esboçou os principais acontecimentos políticos dessa época.
Daniel viveu durante a ascensão da Babilônia como potência mundial. Ele viu o
reino desaparecer e ser substituído pelo governo medo-persa. Em sua visão
profética Daniel viu, portanto, a ascensão de outras grandes forças que
dominariam o período intermediário dos Testamentos: Alexandre, os Ptolomeus do
Egito, os Selêucidas da Síria, os Macabeus e os Romanos.
Nada aconteceu na Palestina de muito interesse internacional no restante do
governo persa. O sumo sacerdote judeu governava o país e o ofício passou a ser
altamente cobiçado. Ocorreram diversas disputas infames pelo posto. Numa
ocasião um sumo sacerdote matou o irmão quando este buscava o posto para si. O
governador persa ficou tão estarrecido por este ato que impôs uma pesada multa
sobre a população.
b) O Período de Alexandre Magno (335-323 aC ). Ao governo persa
seguiu-se a ascensão de Alexandre ao
poder sobre um vasto império, incluindo a Palestina. Filipe da Macedônia, seu
pai, havia estendido o governo sobre toda a Grécia e se preparava para uma
grande guerra com a Pérsia, quando foi assassinado. Sucedeu-o seu filho
Alexandre então com apenas 20 anos de idade, e dentro de pouco tempo acabou com
o poder da Pérsia.
Em 335 aC Alexandre deu início a seu memorável
reinado de doze anos. Depois de consolidar o governo em sua terra natal, ele
rumou para o leste conquistando a Síria, a Palestina, o Egito e, finalmente, a
própria Pérsia. Ele buscou conquistar terras mais ao leste, porém suas tropas
se recusaram a faze-lo. Morreu na Babilônia em 323 aC . Em seus trinta e
três anos de vida ele deixou um marco indelével na história.
c) A Era dos Ptolomeus (323-204 aC ). Ninguém sucedeu a Alexandre. Finalmente,
quatro de seus generais dividiram o império. Dois deles, Ptolomeu e Seleuco I,
envolver-se-iam no governo da Palestina.
Depois de algumas lutas entre esses generais,
o Egito caiu nas mãos de Ptolomeu Sóter. A Palestina também foi acrescentada ao
seu quinhão. No início ele foi duro com os judeus. Mais tarde ele os empregou
em várias partes de seu reino, muitas vezes em altos postos.
Seu sucessor, Ptolomeu Filadelfo, foi um dos mais eminentes deles. Amável para
com os judeus, promoveu as artes e desenvolveu o império em todos os aspectos.
As Escrituras Hebraicas fora traduzidas
para o grego durante o seu reinado na cidade egípcia de Alexandria. A Septuaginta, como se
denominou essa versão, podia ser lida, em todo o império.
Com o passar do tempo, cresceram as rivalidades entre os reis do Egito (Ptolomeus) e os reis da Síria
(Selêucidas). A rivalidade atingiu o clímax nos reinados de Ptolomeu Filópater
(222-204 aC )
e de Antíoco o Grande, da Síria (223-187 aC ). Filópater venceu a Antíoco numa
batalha nas proximidades de Gaza. Em sua volta da batalha, Filópater visitou
Jerusalém e decidiu entra no Santo dos Santos no templo. Embora o sumo
sacerdote tentasse dissuadi-lo, ele fez a tentativa. Relata Josefo que ao
aproximar-se do Santo Lugar, foi tomado de tal terror que saiu do templo.
Visto que os judeus lhe faziam oposição, Filópaper retirou-lhes os privilégios, multou-os, e
começou a persegui-los. Capturando em Alexandria todos os judeus que pôde,
trancafiou-nos num hipódromo cheio de elefantes embriagados. Esperava que os
elefantes caíssem sobre os judeus, esmagando-os. Não foi o que aconteceu. Enfurecidos,
os elefantes escaparam, matando muitos dos espectadores. Filópater interpretou
isso como um sinal de Deus a favor dos judeus e parou de persegui-los. Ao
morrer, em 204 aC ,
sucedeu-o seu filho Ptolomeu Epifânio, com apenas cinco anos de idade. Antíoco
o Grande, da Síria, aproveitou a oportunidade para arrebatar do Egito o
controle da Palestina.
d) O Período Sírio (204-166 aC ) Os egípcios enviaram uma embaixada a Roma
pedindo-lhe ajuda contra Antíoco. Acedendo ao pedido, Roma mandou um exército,
que a principio não obteve êxito. Finalmente, porém, eles obrigaram Antíoco a
evacuar toda a região ao ocidente e ao norte das montanhas do Taurus. Numa
incursão ao oriente para financiar a guerra, Antíoco foi morto pelos habitantes
da província de Elimais enquanto saqueava um templo de Júpiter. O reinado de seu sucessor Seleuco Filópater
não apresentou nenhum fato de relevo. Mas com
a ascensão de Antíoco Epifânio (“a manifestação de Deus”), teve início
uma das mais sombrias épocas da história judaica.
Onias, exercia o sacerdócio em Jerusalém quando Epifânio começou a reinar.
Visto que os gregos desejavam helenizar os judeus, Epifânio vendeu o cargo de
sumo sacerdote ao irmão de Onias, por trezentos e sessenta talentos. Onias
fugiu da cidade. O usurpador mudou de nome; de Jesus passou a chamar-se Jasão,
colaborando dessa maneira com Antíoco em seu esforço de impor a cultura e
religião grega aos judeus. Os velhos costumes hebreus e suas práticas
religiosas foram desestimulados; judeus foram enviados a Tiro a fim de tomar
parte nos jogos em homenagem ao deus pagão Hércules, e em seu altar eram
oferecidos sacrifícios. Finalmente, Menelau, outro irmão, fez oferta maior que
a de Jasão pelo sacerdócio e intensificou o ataque ao judaísmo.
Com a ida de Antíoco Epifânio ao Egito para
sufocar o levante, correu o boato de que ele fora morto e os judeus começaram a
celebrar o fato com grande alegria. Sabedor disso, ele voltou a Jerusalém,
sitiou e tomou a cidade, e massacrou quarenta mil judeus. Para mostrar seu desprezo
pela religião judaica, entrou no Santo dos Santos, sacrificou uma porca sobre o
altar, e espargiu o sangue sobre o edifício. Por sua ordem o templo passou a
ser templo do Zeus Olímpio; proibiram-se
culto e os sacrifícios judaicos que foram substituídos pelos ritos
pagãos. Proibiu-se a circuncisão, e a mera posse de uma cópia da Lei se tornou
ofensa punível com a morte.
Os judeus resistiram. Um homem chamado Eleazar, idoso escriba de elevada
posição, foi morto porque se recusou a comer carne de porco. Um após outro, a
mãe e seus sete filhos tiveram a língua cortada, os dedos das mãos e dos pés
amputados, e lançados num tacho fervente. Um grupo de resistentes, em número
aproximado de mil pessoas, foi atacado
no sábado. Recusando-se a quebrar as proibições sabáticas, foram mortos
sem luta. Uma família de classe sacerdotal, chamada asmoneus, resistiu
vigorosamente aos éditos. Quando os emissários da Síria tentaram fazer cumprir
os decretos de Epifânio, Matatias, pai da família chamada macabeus, recusou-se
a adorar os deuses pagãos. Havendo-se apresentado outro cidadão para oferecer
sacrifício no altar aos deuses pagãos. Matatias matou-o então ele conduziu um
bando à região desértica onde Davi havia, por tantos anos, eludido a Saul.
Aos poucos cresceu o número dos que se puseram ao lado dos macabeus. Os Sírios
laçaram três campanhas contra esses fiéis judeus, uma pelo próprio Antíoco
Epifânio; mas nenhuma teve êxito. Algum tempo depois morreu Epifânio e irrompeu
a guerra civil. Judas Macabeu, que sucedera a seu pai Matatias, estendeu seu
controle sobre grande parte da palestina, incluindo partes de Jerusalém. Três
anos após o dia de sua profanação, o templo foi purificado e os sírios
estabeleceram a paz com os judeus.
e) A Era
Macabéia (166-37 aC )
Judas Macabeu não gozou de paz por muito tempo, e sem mais delongas apelou para
os romanos, pedindo assistência contra a Síria. Judas morreu em combate
antes de chegar ajuda, seu irmão Jônatas tomou-lhe o lugar. Por causa da
fraqueza da Síria, Jônatas tornou-se o comandante da Judéia. Ao morrer foi
sucedido por outro irmão, Simão, que também apelou para Roma em busca de
socorro. Os romanos fizeram Simão governador da Judéia, e seu trono passou a
ser hereditário.
Por esse tempo os partidos dos fariseus e dos saduceus eram rivais. Simão teve
como sucessor seu filho João Hircano, que primeiro se filiou a uma e depois a
outra das seitas oponentes. Não demorou o estouro da guerra civil quando seus
dois netos, Hircano e Aristóbulo, lutavam pelo trono vago por sua morte. Os
romanos preferiram Hircano, e Pompeu, general romano, tomou Jerusalém de
Aristóbulo.
Os cercos, as batalhas, os homicídios e os massacres que se seguiram marcam um
período de turbulência na história judaica. Embora presenteados com a
oportunidade de restaurar Israel e uma posição de grande poder e
influência, desperdiçaram-na com lutas entre famílias.
f) A Dominação Romana (37 aC até o período do NT) Pompeu, Crasso e
Júlio César reinaram sobre Roma como o primeiro triunvirato, mas Júlio César
logo se tornou o governador único. Ele recolocou Hircano no trono em Jerusalém
e nomeou a Antípatro, cidadão da Iduméia, como proucurador sob as ordens de
Hircano. Os dois filhos de Antípatro, Faselo e Herodes tornaram-se
governadores da Judéia e da Galiléia. No ano seguinte Antípatro foi envenenado;
três anos mais tarde Júlio César foi assassinado em Roma.
Um novo triunvirato - Otávio (sobrinho de César), Marco Antonio e Lépido -
passou a governar Roma. Antonio governava a Síria e o Oriente. Favoreceu a
Herodes, e esta amizade levou essa família edomita à ascensão ao poder. Herodes
casou-se com Mariana, neta de Hircano, e tornou-se parte da família macabéia.
Mais ou menos por esse tempo surgiu um novo distúrbio no país. Antígono, filho
de Aristóbulo, conquistou sucesso passageiro ao cortar as orelhas de
Hircano, o sumo sacerdote, impossibilitando-o de exercer o ofício. Na luta
seguinte Herodes foi pressionado por Antígono, e teve de fugir para a fortaleza
chamada Masada em busca de segurança. Depois ele foi a Roma, descreveu aos
romanos a desordem dominante, e foi nomeado rei. Antígono foi morto, e isso
acabou para sempre com o governo dos macabeus ou asmoneus.
Pouco tempo depois do suicídio de Antonio no Egito, Herodes estendeu seu
poder na Judéia. Vivia sob o pavor de que um descendente dos macabeus subisse
em poder para tomar-lhe o trono. Tendo Aristóbulo, irmão de Mariana, sido
nomeado sumo sacerdote, sua popularidade fez com que Herodes mandasse afogá-lo.
Mariana ficou enfurecida, e Herodes mandou executá-la. Nos anos seguintes ele
tornou-se cada vez mais vingativo, e seus atos sangrentos provocaram a ira dos
judeus.
Para acalmar a hostilidade dos Judeus, ele deu início a um programa de obras
públicas. Seu principal empreendimento foi a reconstrução do templo.
Mas com isso não terminaram os problemas de Herodes, nem os da nação. Ele
estava cercado por um grupo de homens que exploravam sua paranóia. Seus dois
filhos, à semelhança de sua mãe Mariana, vítima da ira paterna, forma
estrangulados. Em certa ocasião um grande número de fariseus tiveram o mesmo
destino. Outros atos igualmente sangrentos continuaram durante o seu reinado.
Perto do fim da vida, esse governante dominado pelo medo ordenou o massacre dos
infantes em Belém quando nasceu Jesus, o rival Rei dos judeus.
AUTOR DESCONHECIDO
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