ALÉM DE MIM MESMO: A ORAÇÃO DO DISCÍPULO
8ª Parte: Não nos deixes cair em tentação, mas
livra-nos do mal - MT 6.13
9Vocês, orem assim: ‘Pai nosso, que
estás nos céus! Santificado seja o teu nome. 10Venha o teu Reino; seja feita a
tua vontade, assim na terra como no céu. 11Dá-nos hoje o nosso pão de cada dia.
12Perdoa as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores. 13E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal,
porque teu é o Reino, o poder e a glória para sempre. Amém
(Mateus 6.9-13).
Introdução:
Hoje
vamos tratar da última petição da “oração do discípulo”. Jesus nos ensina a
orar “não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal”. Esta petição
apresenta para nós alguns ensinamentos importantes.
Contudo gostaria
de primeiro tratar de um problema surgido devido à diversidade de versões
bíblicas em nossos dias.
1 – Problema de versões
“E não nos deixes cair em tentação; ...”.
(Almeida Revista e Atualizada e NVI)
“E não nos induzas à tentação, ...”.
(Almeida Revista e Corrigida)
Na
versão atualizada e NVI, temos a ideia de que pedimos a Deus para nos proteger
da tentação, nos livrar dela ao sermos confrontados por ela. Na versão
corrigida, aparentemente pedimos para Deus não nos levar a tentação. Qual dos
dois sentidos é o correto?
Sempre
que nos deparamos com dúvidas surgidas por causa das diferentes traduções de
textos bíblicos, devemos sempre recorrermos aos textos no seu idioma original -
no caso do Novo Testamento, o grego.
A
palavra grega usada nessa passagem é a palavra eisenegkhs (eisenenkes) que tem sua origem na
palavra εισφερω (eisphero) que foi traduzida na versão Almeida por “deixes
cair” e na Corrigida por “induza”, a sua tradução literal significa levar para dentro,
introduzir. Dessa forma a tradução seria: “e não nos introduza a tentação,...”.
Então
o que Jesus está nos ensinando é que devemos orar para que o Pai não nos
conduza a situações de tentações, que ele não nos coloque em situação que
possamos ser tentados, em fim, estamos pedindo para não sermos tentados.
Podemos
dizer que estamos pedindo a Deus que não faça conosco o que fez com Jesus,
conforme podemos ler em Mateus 4.1 – A seguir foi Jesus levado pelo Espírito ao
deserto, para ser tentado pelo diabo.
Quem levou Jesus ao deserto? O próprio Espírito Santo! E para que Ele
levou? Para Jesus ser tentado pelo diabo. Uma coisa é levar, conduzir até o
lugar da tentação, a outra é ser o tentador. Deus não tenta ninguém (Tg 1.13), mas pode nos levar até o
lugar da tentação para sermos provados.
2 – Definição de tentação
É
tudo aquilo que desperta nossos desejos e vontades nos atraindo a violarmos a
lei de Deus (Tg 1.14). A tentação em si não é pecado, mas ela pode ser um
processo, ou seja, antes do concreto tem o abstrato, com isto quero dizer que
enquanto não damos vida aos intentos do coração não teremos incorrido em
erros.
Tentação
não é simplesmente uma fraqueza da carne, mais sim, a junção de dois fatores, a
inclinação da minha carne com a oportunidade de concretizar os intentos do meu
coração. A grosso modo seria “juntar a fome com a vontade de comer”.
Possivelmente este seja o maior conflito na vida do cristão, a inclinação para
o pecado junto à oportunidade para efetivar os intentos do coração.
Precisamos
reconhecer que não temos como evitar a tentação, por isso Martinho Lutero
disse: “Você não pode impedir que os passarinhos voem por cima da sua cabeça, mas pode evitar que façam
ninhos sobre ela”.
Não
podemos evitar a tentação, pois nossa carne nos impele a praticarmos o mal, a
sermos levados por nossas paixões. Por isso precisamos orar ao Pai para que Ele
não nos leve a circunstâncias que sejamos tentados.
3 – Livra-nos do mal
No contexto
desta oração, livra-nos do mal, é uma petição para que sejamos libertos do
maligno e de toda sua ação com o fim de nos afastar dos princípios de Deus.
Todos os dias o
mal está a nossa porta. Precisamos cuidar para não abrirmos uma brecha e darmos
a ele a oportunidade de colocar o pé na porta impedindo-nos de fechá-la
novamente.
Como podemos
identificar o mal a nossa porta? O mal se manifesta de diversas formas,
inclusive com uma roupagem bonita. O mal está presente na tela da TV
caracterizado nos personagens das novelas, dos filmes hollywoodianos, nos
comerciais nos induzindo a acreditarmos que não podemos viver sem seus
produtos, nos induzindo a pensar que a felicidade está no ter e não no ser. O
mal está nas revistas das bancas estampados em lindas mulheres nuas e homens
pelados, nos livros que nos ensinam sobre esoterismo e como vencer na vida sem
Deus. O mal está na internet promovendo uma troca no modelo de nos
relacionarmos com outros, a relação deixa cada vez mais de ser pessoal para se
tornar virtual. O mal está em nosso sistema capitalista que nos induz a
criarmos filhos para se tornarem uma peça da engrenagem do sistema e não em
discípulos de Cristo.
O mal está
constantemente tentando juntar a fome com a vontade de comer. O momento da
tentação é um encontro entre o pior dos seres já criado, o diabo, e o pior de
nós. É o encontro de nossos desejos distorcidos e escravizados pela natureza
caída que recebemos de herança de Adão, com um sistema de governo dominado pelo
diabo que induz essa natureza caída a transgredir as leis de Deus. O Diabo, nos
tenta com o fim de aproveitar as disfunções e distorções, causadas pela queda,
em nosso coração e nos aprisionar nos sistemas que ele criou para governar este
mundo, conforme descreve 1 Jo 5.19.
A tentação é cruel, sedutora, ardilosa. A
tentação nos induz a colocar nossos valores e referencias em cheque, depois nos
engana apresentando para nós um novo caminho e quando percebemos nosso coração
já está dominado por seu veneno. Essa a especialidade de Satanás. Assim ele o
fez no Éden ao tentar a mulher.
A tentação é como uma isca de
pescaria. Para o peixe, ela parece ser uma comida saborosa, mas é na verdade a
morte bem vestida. Ela
é quase irresistível. Só não é porque Deus sempre dá o escape (1 Coríntios
10.13). Deus sempre prove para nós uma rota de fuga, para não cairmos em seus
braços envolvedores.
4 – Como podemos vencer e não cair?
§ Vencemos a tentação com oração
- Jesus disse que devemos orar para não cairmos em tentação (Lc 22.40).
- Ele ensinou que a oração de perdão nos libertará da tentação (Mt 6.13).
- Jesus disse que devemos orar para não cairmos em tentação (Lc 22.40).
- Ele ensinou que a oração de perdão nos libertará da tentação (Mt 6.13).
§ Vencemos a tentação pela Palavra de Deus.
– Toda vez que Jesus era tentado, Ele respondia com a Palavra (Mt 4.1-11).
– A Palavra de Deus é uma arma importantíssima para vencermos os ataques do inimigo (Ef 6.17).
– Toda vez que Jesus era tentado, Ele respondia com a Palavra (Mt 4.1-11).
– A Palavra de Deus é uma arma importantíssima para vencermos os ataques do inimigo (Ef 6.17).
§ Vencemos
a tentação ao andarmos com cristãos
comprometidos.
-
Você precisa “fugir dos desejos malignos da
juventude e seguir a justiça, o amor e a paz com aqueles que, de coração puro,
invocam o Senhor” (2 Tm 2.22).
- Lembre-se de que as más
companhias corrompem os bons costumes (1Co 15.33).
Conclusão: Desde o princípio dos tempos,
Satanás tem um alvo principal: separar os homens e as mulheres do amor e do
cuidado de Deus. Para atingir esse alvo, utiliza a tentação para seduzir as pessoas
a desobedecerem a Deus e caírem no cativeiro do pecado e da incredulidade. Foi
isso que ele fez com Eva no jardim do Éden (Gn 3.1).
Não
se esqueça: Bem-aventurado o homem que suporta, com perseverança, a provação;
porque, depois de ter sido aprovado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor
prometeu aos que o amam (Tg 1.12).
Se
o Espírito de Deus tem te levado a caminhar pelo deserto, não desanime, fique
firme, porque o próprio Deus abrirá para você uma porta de escape e te
recompensará com a coroa da vida. Tende bom ânimo!
Pr. Cornélio
Póvoa de Oliveira
22/10/2014
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