A Igreja e o
Candomblé
O
namoro do catolicismo com o Candomblé, na Bahia, é um fato inegável. Há
períodos em que essa aproximação está maior, mais próxima de uma festa nupcial.
De quando em vez, uma ruptura, uma desenlace, um desentendimento, tudo dependendo
do grau de liberalismo do bispo local.
Tenho
as minhas dúvidas se a maioria do povo católico aceita de bom grado esse
conchavo. Seria um bom motivo para se fazer uma pesquisa de opinião, neste
Brasil tão carente de estatísticas.
A
verdade é que uma das razões de alguns ou de muitos concordarem com essa
tolerância religiosa é o desconhecimento do real significado do Candomblé.
Primeiramente, devemos saber que o Candomblé, Umbanda, Quimbanda (para ficarmos
só nestes) são práticas espíritas, e como tal condenadas por Deus.
A
autoridade suprema no Candomblé - festa religiosa de origem africana, dos
iorubas, povo africano do sudoeste da Nigéria – é o Babalorixá, pai-de-santo,
babá ou babalaô. Ele é o mestre, guia e chefe de um terreiro, encarregado de
dirigir o culto aos Orixás, Mas quem são os Orixás? Que são essas entidades a
quem os candomblecistas prestam culto e adoram? Vejamos alguns conceitos
extraídos da Enciclopédia BARSA, 1977.
a)
"A liturgia do candomblé reverencia a memória dos orixás, praticada por
aqueles que se acreditam seus descendentes, como forma de trazer seus espíritos
de volta ao convívio dos vivos pela reencarnação durante o culto. O nome orixá
se aplica às divindades trazidas ao Brasil pelos negros escravizados da África
ocidental. Entre os escravos, orixá foi traduzido por santo, em analogia com os
santos católicos, expediente destinado a proteger o culto contra a intolerância
oficial. As cerimônias de invocação aos orixás se realizam nos terreiros".
b)
"Cada orixá é reverenciado com suas cores, insígnias e comidas
características, danças e gritos de saudação. Algumas das principais entidades
dos cultos afro-brasileiros são: Ogum, irmão Obaluiê e de Oxóssi, é a divindade
dos que trabalham ou utilizam o ferro. Manifesta-se como um guerreiro que dança
com a espada. Seu dia da semana é terça-feira, e suas contas são azul-escuras.
Recebe sacrifícios de bodes e galos e gosta de inhame assado com azeite. É
sincretizado com santo Antônio, na Bahia, e com são Jorge, no Rio de Janeiro.
Seu grito de saudação é "Ogum iê!".
c)
"Oxóssi é o deus dos caçadores, muito popular na Bahia. Recebe sacrifícios
de porcos e bodes. Sua comida é axoxô (milho branco cozido com lascas de coco).
Corresponde na Bahia a são Jorge e no Rio de Janeiro a são Sebastião. Seu grito
de saudação é "Okê arô!"
d)
"Omolu, ou Obaluaiê, é a divindade das doenças contagiosas. Recebe
sacrifícios de bodes e porcos. Gosta de pipoca e aberém (massa de milho branco
assado em folhas de bananeira). Identifica-se com são Lázaro e são Roque. Sua
saudação é "Atotô!".
e)
"Oxumaré é a cobra e o arco-íris, e simboliza a riqueza e o dinamismo dos
movimentos. É sincretizado em são Bartolomeu. Recebe homenagens especiais no
dia 24 de agosto, o seu dia. Usa colares de búzios enfiados em forma de escamas
de cobra, e come guguru (mistura de feijão fradinho com milho, cebola, azeite e
camarão) e caruru sem caroços de quiabo. Recebe sacrifícios de galos. Quando
dança, leva na mão uma cobra de ferro. Sua saudação é "Aô boboi!".
f)
"Iemanjá é a divindade associada à água salgada no Brasil, mas na África
apenas ao rio Ogum (que não tem nenhuma relação com o orixá Ogum). É a mãe dos
outros orixás. Geralmente é representada sob a forma de sereia: cabeça, tronco
e busto femininos e apêndice caudal de peixe. Sincretizada com Nossa Senhora da
Conceição, das Candeias, do Carmo ou da Piedade, recebe oferendas rituais
levadas ao mar por embarcações. Seus alimentos sagrados são o pombo, a canjica,
o galo e o bode castrado, e o seu dia da semana é sabado. Dança vestida de
azul, imitando o movimento das ondas do mar. Festejada na Bahia em 2 de
fevereiro, e em 31 de dezembro, no Rio de Janeiro. Sua saudação é
"Odô-iá!".
g)
"Xangô é a divindade que domina trovões, raios e tempestades, simbolizada
por machados de pedra num alguidar de madeira. É sincretizado em são Jerônimo.
Recebe sacrifícios de carneiros, galos e cágados. Come amalá (quiabo com
camarão ou carne) e begiri (quiabo com azeite, camarão, inhame, sal e cebola).
A saudação que se dirige a ele é "Kawô kabiecilê!".
h)
"Iansã, uma das esposas de Xangô, é o orixá dos ventos e das tempestades.
É sincretizada com santa Bárbara. Recebe sacrifícios de cabras, dança com
mímica guerreira, e come acarajé. Sua saudação é "Epa hei!".
i)
"Oxum, também mulher de xangô, representa na Bahia a água doce. É
sincretizada com Nossa Senhora das Candeias. Come mulucu (feijão fradinho com
cebola, sal e camarão) e adum (fubá de milho com mel e aceite). Sua dança é
faceira, mas ocasionalmente também belicosa É saudada com o grito "Ora Iêiê
ô!".
j)
"Obá, a mais velha das três mulheres de Xangô, é a divindade ligada ao rio
Obá, na Nigéria. Raramente aparece no candomblé, mas quando o faz quase sempre
briga com sua rival Oxum. Come cabra e galinha d'angola".
k)
"Oxalá, ou Obatalá, é a divindade que preside a procriação. Aceita
sacrifícios de pombas, cabras e galinhas. É saudada com o grito
"Êpa-babá" e sincretizado na Bahia, com o Senhor do Bonfim".
l)
"Erê é um orixá filho de Xangô. Manifesta-se por meio de linguagem
infantil e se comporta como criança".
Como
se vê, Candomblé nada tem a ver com Cristianismo. O deus-orixá, de múltiplas
faces e nomes, não é o nosso Deus. A alegação de que Deus está em toda parte,
todos são filhos de Deus, que Deus ama a todos, e por isso devemos nos
aproximar dos cultos afro-brasileiros, é, no mínimo, ingênua. Todavia, não
acredito que o namoro do Catolicismo com o Candomblé dê em casamento. A decisão
de abraçar, acolher, acomodar o Candomblé dentro dos templos católicos seria um
tremendo desacerto.
O
Candomblé lida com demônios; a finalidade de seus rituais é agradar aos orixás
com oferendas e sacrifícios; as saudações são dirigidas aos demônios; os
cânticos expressam homenagens aos demônios; nos rituais de iniciação as
filhas-de-santo são obrigadas a beber sangue podre; a entregar seus corpos para
serem possuídos pelos demônios; a obedecer cegamente ao pai-de-santo, etc. E
mais: nas festas do Candomblé todas as filhas-de-santo recebem (incorporam,
ficam possuídas) seus respectivos espíritos-guias. Este não é o lugar apropriado
para um filho de Deus, um crente em Jesus, um cristão verdadeiro. Candomblé e
Cristianismo são irreconciliáveis.
Os
espíritas devem ser amados e evangelizados. Mas para isso não precisamos tocar
seus atabaques, comer suas iguarias contaminadas e cantar seus hinos satânicos.
Não precisamos ir aos quintos dos infernos para evangelizar a Satanás. Não
existe e nunca existirá conciliação entre as trevas e a luz: "Que
sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas?
E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Pelo que saí do meio deles,
e apartai-vos, diz o Senhor; e não toqueis nada imundo, e eu vos receberei; e
eu serei para vós Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor
Todo-poderoso" (2 Coríntios 6.14-18).
Uma
coisa é certa: a Igreja do Senhor Jesus, assim entendido o Corpo de Cristo, não
come, nunca comeu e jamais comerá das mãos dos Orixás, do Exu, do Pomba-gira,
do Preto-Velho, de Iemanjá ou de qualquer demônio. Jamais nos alegraremos com
os cânticos de louvor a Satanás; nossos templos estarão sempre fechados a
qualquer prática espírita, seja do Candomblé, da Umbanda ou Quimbanda. Mas
estaremos sempre de braços abertos para receber homens e mulheres oriundos de
qualquer seita, para lhes dizer que só em Jesus Cristo há salvação,
"porque em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum
outro nome há, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos"
(Atos 4.12).
A
Igreja se manterá distante dessas práticas satânicas. Não só distante mas
sempre pronta para combatê-las com a espada do Espírito, que é a Palavra de
Deus.
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