A igreja do segundo século
Um dos principais
motivos em distribuir esta revista e outras publicações é para incentivar
pessoas honestas a seguir o padrão do Novo Testamento como a revelação completa
e suficiente de Deus. A base desse propósito é sólida e bíblica, mesmo se
lutamos às vezes para cumprir a grande responsabilidade que Deus tem nos dado.
É impressionante que as afirmações mais fortes no Novo Testamento sobre a
importância e suficiência das Escrituras vêm dos apóstolos que melhor conheciam
a glória e autoridade de Cristo. Em duas ocasiões, Jesus deixou a luz de sua
glória brilhar de uma maneira especialmente visível. A primeira vez, Pedro,
João e Tiago testemunharam a transfiguração (Mateus 17:1-8). Na outra ocasião,
Saulo de Tarso (depois conhecido como o apóstolo Paulo) viu a luz e ouviu a voz
de Jesus (Atos 9:1-7). Tiago foi o primeiro dos apóstolos a morrer (Atos
12:1-2), mas os outros três (Pedro, João e Paulo) continuaram durante alguns anos.
Escreveram entre eles, pelo menos, 20 dos 27 livros do Novo Testamento. Os
msmos estão entre os principais personagens no livro de Atos. Esses homens
foram absolutamente convencidos da grandeza de Jesus e da autoridade de sua
palavra. Nos livros deles, não há sombra de dúvida sobre a suficiência da
palavra revelada no primeiro século. Leia cuidadosamente as seguintes
passagens: João 12:47-50; Atos 4:12; 17:30-31; 1 Coríntios 4:6; 11:1; Gálatas
1:6-10; 1 Tessalonicenses 2:13; 2 Timóteo 3:16-17; 2 Pedro 1:3; 2 João 9-11;
Apocalipse 3:3. Um estudo desses trechos mostra que as Escrituras, como já
reveladas no primeiro século, servem de padrão completo e suficiente para o
nosso serviço a Deus hoje. Devemos obedecer os mandamentos e respeitar os
exemplos encontrados no Novo Testamento, porque é somente assim que saberemos a
vontade de Deus para hoje. O alvo de cada cristão verdadeiro é seguir as
instruções que Jesus deixou para os primeiros seguidores. Cada igreja dedicada
ao Senhor vai, necessariamente, se preocupar em fazer tudos que ele pede no
Novo Testamento, e mais nada.
Enquanto o nosso apelo é simples e bíblico, ninguém deve pensar que é sempre
fácil. Como Jesus e seus discípulos enfrentaram diversas
"autoridades" que defendiam suas instituições e as religiões
estabelecidas por homens, ainda há muitos que querem defender as tradições
humanas, e que sentem um desejo maior de manter suas posições entre homens do
que fazer a vontade de Deus.
Algumas dessas pessoas lutam com a contradição entre sua suposta lealdade a
Cristo e as doutrinas e práticas humanas que defendem. Muitas vezes, acabam se
justificando desta maneira: "Eu sei que tal coisa não se encontra no Novo
Testamento, mas a história mostra que as igrejas do segundo ou terceiro século
a praticaram; então, estamos seguindo o exemplo daqueles cristãos." Pense
nos perigos desta abordagem às questões espirituais.
Apostasia não demora. A Bíblia está cheia de exemplos de povos que desviaram da
verdade em pouco tempo. Considere alguns: os israelitas começaram murmurar na
primeira semana depois do êxodo, e caíram na idolatria menos de três meses
depois; quase todos eles morreram no deserto por causa de desobediência a Deus;
diversas gerações abandonaram o Senhor na época dos juízes; muitos dos
seguidores de Jesus desviaram enquanto ele ainda estava na terra; Paulo
predisse apostasia entre os presbíteros da igreja de Éfeso; alguns dos cristãos
gálatas já estavam abandonando o evangelho quando Paulo lhes escreveu sua
carta; Tiago falou na sua carta sobre irmãos desviados; Pedro falou de pessoas
que voltaram ao pecado como cachorros lambendo o vômito; João disse que já
houve vários anticristos; etc.
Depois do primeiro século, quem pode confiar no segundo? Até o fim do primeiro
século, já houve uma tendência forte de alguns irmãos se desviarem da verdade.
Deus claramente viu congregações diferentes -- algumas fortes e outras fracas e
mortas -- e já estava prestes a castigar algumas e vomitar outras (examine as
cartas às igrejas da Ásia em Apocalipse 2 e 3). Se tudo isso já estava
acontecendo no primeiro século, quem teria coragem de confiar nos exemplos de
igrejas do segundo século? Nós temos que voltar às ordens dadas no Novo
Testamento, considerando os exemplos aprovados pelo Senhor. Mas não temos
nenhum direito de defender alguma doutrina ou prática porque já existia no
segundo século.
"Mas eles dizem: Não andaremos." O apelo que Deus faz hoje é o
mesmo que fez através de Jeremias: "Assim, diz o SENHOR: Ponde-vos à
margem no caminho e vede, perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom
caminho; andai por ele e achareis descanso para a vossa alma; mas eles dizem:
Não andaremos" (Jeremias 6:16). Quando Jeremias pregou tais
palavras, ele foi fortemente criticado. Qualquer pessoa hoje que fala contra as
mudanças que os homens estão introduzindo nas igrejas vai ser criticada. As
congregações que decidem manter sua independência no serviço de Deus, não se
alinhando com nenhum tipo de denominação ou associação de igrejas, crescerão na
fé, mas serão atacadas pelos fariseus e escribas da nossa época, que querem
defender partidos políticos e tradições humanas para manter seu poder e
influência.
Este comentário do historiador John L. Mosheim, sobre as mudanças do segundo
século, descreve bem as tendências de muitos hoje que querem melhorar o plano
de Deus:
"Durante grande parte deste século todas as igrejas continuavam a ser,
como a princípio, independentes umas das outras, nem eram ligadas por nenhum
consórcio ou confederação ... Mas, com o passar do tempo, tornou-se costume
para todas as igrejas cristãs dentro da mesma província unirem-se e formarem
uma espécie de sociedade ou comunidade mais ampla; e, à maneira das repúblicas
confederadas, manterem suas convenções em tempos determinados, e ali
deliberarem pela vantagem comum de toda a confederação.... Estes concílios --
dos quais não aparece nenhum vestígio antes da metade deste século -- mudaram
quase toda a forma da Igreja." (História Eclesiástica, Vol. I,
pág. 116).
Durante os últimos seis anos de trabalho no Brasil, eu tenho observado a
sinceridade de muitas pessoas corajosas que têm enfrentado pastores,
presbíteros, convenções, etc. na defesa do evangelho puro. Algumas dessas
pessoas estavam em sistemas denominacionais, mas perceberam pelo estudo da
palavra de Deus que foi necessário sair do meio daqueles erros para estar em
comunhão com Deus (2 Coríntios 6:14 - 7:1). Eu dou graças a Deus pelo exemplo e
a fé de tais pessoas, e oro que Deus continue abençoando os vários grupos
independentes que estão seguindo a palavra dele em várias partes do país, e em
outros países.
Mas, ao mesmo tempo, alguns outros que começaram bem estão abandonando o padrão
do Novo Testamento para organizar denominações humanas. Ao invés de buscar a
Deus, "segundo nos fora ordenado" (1 Crônicas 15:13), essas pessoas
defendem vários erros em nome das "nossas igrejas" ou de "nossos
missionários". E, como os profetas de antigüidade foram criticados e
rejeitados, as pessoas que ensinam contra esses desvios serão criticadas e rejeitadas
hoje. Mas, vamos lembrar que é melhor estar sozinhos com Deus do que no meio da
multidão que rejeita a palavra dele.
Para entender bem o perigo de abandonar o Senhor e seguir as idéias humanas,
considere alguns exemplos atuais de coisas que estão acontecendo no Brasil
entre pessoas que alegam seguir somente a Bíblia. Procure na sua Bíblia para
ver se essas idéias refletem as praticas das igrejas aprovadas por Deus no
primeiro século, ou das que desviaram dele no segundo século ou depois.
·
Um
presbítero afirmou para mim que a igreja hoje precisa seguir o Novo Testamento,
mas defendeu os direitos de um homem sem filhos crentes ser o único pastor de
uma congregação. (Estude Atos 20:17; Filipenses 1:1; 1 Timóteo 3:1-7; Tito
1:5-9).
·
Um
jornalzinho evangélico criticou as nossas publicações porque não defendemos
nenhuma placa de igreja. (Leia Marcos 9:38-41; 1 Coríntios 1:10-13).
·
Um
evangelista atacou uma congregação que ele nem conhece por não praticar um
determinado ato de louvor da maneira que ele ensina. Ele mesmo admite que tal
prática não se encontra na Bíblia. A defesa dele: algumas igrejas do segundo
século a praticaram! (Lembre-se de Gálatas 1:6-10).
·
Em
diversos lugares, pessoas que dizem ser fiéis a Cristo estão organizando
conferências e convenções regionais e nacionais, sociedades missionárias e
encontros de pastores. Aos poucos, tais reuniões estão tomando mais e mais
liberdade em fazer decisões que envolvem várias congregações, criando
organizações denominacionais. De vez em quando, recebemos convites para participar
de encontros deste tipo, mas os convites ainda não vieram acompanhados por
explicações bíblicas do porquê de tais reuniões e convenções. (Leia Atos 20:28;
1 Pedro 5:1-3).
·
Na
mania de criar ou manter uma imagem de serem igrejas importantes e de influência
no mundo, algumas congregações não suportam a sã doutrina, mas convidam
políticos ou pregadores não cristãos, que nem ensinam a verdade sobre a
salvação, para ensinar e participar de seu louvor. (Pense em 1 Timóteo 5:20-22;
2 João 9-11).
Caro leitor, examine bem o
que você mesmo faz e apoia. As denominações continuarão defendendo suas
tradições, e homens descontentes com a simplicidade do padrão bíblico criarão
novas denominações. Mas você pode fazer como Jesus, e servir a Deus livre das
doutrinas e tradições erradas dos homens. Que Deus te abençoe na sua procura da
verdade.
- por Dennis Allan
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