A importância do cuidado pastoral para a realização da tarefa
missionária
Valdir
Xavier de França Com o advento da nova onda em missões a partir do chamado
terceiro mundo, uma questão tem que ser levantada e devemos tentar respondê-la
de acordo. Como podemos equilibrar a realidade do sacrifício e sofrimento em
missões com a necessidade de realização pessoal e crescimento na vida
missionária?
Historicamente, dentro das missões protestantes, o ideal do sacrifício e
sofrimento sempre foram tidos em alta consideração e para que o indivíduo
sobrevivesse era necessário ter apenas uma fé firme em Deus. Depender de si
mesmo era a marca de um missionário - temperado somente pela dependência de
Deus através da oração.
Biblicamente, em sua perspectiva Paulina, encontramos a essência dessa idéia
que tem permeado a história de missões. Em Filipenses 4:6-7;11-13;19 Paulo fala
que sua força vinha da confiança em Deus para suprir-lhe todas as coisas. Mas,
mesmo assim, não é segredo para ninguém que ele teve muitas necessidades e que
freqüentemente estava desanimado. Em 2 Corinthios 1:8 ele fala sobre estar
debaixo de grande pressão ao ponto de desesperar da própria vida. No capítulo
11, quando descreve os perigos e abusos físico pelos quais passava diz no verso
28: "Além das coisas exteriores, há o que diariamente pesa sobre mim, o
cuidado de todas as igrejas." O que podemos concluir é que ele
freqüentemente estava estressado, porém a solução que ele oferece não é
descanso ou ajuda profissional qualificada e sim confiar em Deus e oração. (Cf.
2Cor.1:9-11).
Creio que as palavras de Paulo são muito oportunas e nos ajudam bastante a
refletir sobre a importância do cuidado pastoral para a realização da tarefa
missionária. É claro que a dependência pessoal de Deus e a oração coletiva dos
irmãos são sem sombra de dúvida essenciais para que o missionário fique firme
em seu ministério.
O problema aqui é que essa perspectiva que tem dominado a atitude de missões no
passado e ainda hoje, não contradiz o uso de profissionais da área de saúde
mental e pastoral, mas que ao mesmo tempo também não encoraja o uso dos mesmos.
O atual esforço missionário de alcançar os povos não alcançados, requer
obreiros fortes que estejam prontos a trabalhar em conjunto, fazer sacrifícios,
se tornar vulneráveis e servir ao Senhor de todo o coração no meio de situações
desafiadoras e estressantes. Mas que também requer um esforço com a mesma
intensidade e compromisso de apoio, nutrir e pastorear aqueles que estão
envolvidos nessa missão.
Porque é importante para a realização da tarefa missionária o cuidado pastoral,
hoje? Primeiramente porque pessoas de todos os tipos são chamadas por Deus.
Alguns vêm de famílias desestruturadas, outros com pouca instrução acadêmica,
com problemas dos mais diferentes tipos e que precisam de ajuda afim de que
possam enfrentar as dificuldades no campo. Esse processo começa ainda quando da
seleção e treinamento desses candidatos. Testes psicológicos que devem ser
aplicados por profissionais competentes e qualificados; Seminários sobre
choque-cultural; Orientação quanto a reentrada e suas implicações tanto para a
organização missionária quanto para o indivíduo; Aconselhamento matrimonial no
campo e etc.
Em segundo lugar porque missionários para serem efetivos, precisam ser ouvidos por
alguém neutro afim de contar-lhes suas lutas e frustrações sem medo de serem
contados nas estatísticas organizacionais como rebeldes, inaptos para o
trabalho ou coisa parecida. Seus dons e ministérios precisam ser usados
corretamente. Muitos terminam o trabalho numa organização missionária ou nem
chegam a terminar, sentido-se amargurados porque foram simplesmente usados pelo
sistema. Muitas vezes esse sistema está viciado e é muito mais fácil dizer que
certo missionário desistiu por não ter cumprido com suas obrigações do que
admitir a incapacidade de suprir os indivíduos e suas necessidades.
Em terceiro lugar porque ajuda a prevenir problemas, oferece apoio e desenvolve
pessoalmente missionários em sua carreira, além de restaurar aqueles que se
tornaram incapacitados. Se desejamos manter uma força missionária mundial
efetiva, precisaremos de maneira prática refletir sobre isso urgentemente
dentro da comunidade missionária, em nosso país.
É difícil imaginar uma organização missionária que não esteja envolvida
ativamente no bem estar mental e emocional de seus missionários. Como
testemunho, até mesmo para aqueles que estão olhando de fora, temos que exercer
o cuidado sobre o rebanho que Deus nos concedeu, os missionários. Pois como
podemos ser fiéis ao Senhor da Seara e pedir-lhe as nações por herança, quando
não cuidamos daqueles poucos que nos foram confiados.
BIBLIOGRAFIA
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Editor
Prado, Oswaldo: O Envio de Missionários a partir da América Latina: Uma
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Taylor, Editor
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