A Integração
do Novo Convertido
Há alguns
anos experimentava uma sensação de frustração muito grande: sendo professor de
Evangelismo no Seminário Teológico Batista de Niterói, ensinando a respeito de
integração de novos convertidos e crendo, sinceramente, na real necessidade de
se trabalhar efetivamente com esta finalidade, desenvolvendo todas as técnicas
que aprendi no seminário em livros e em congressos de evangelismo, sentia uma
dificuldade imensa, neste sentido, junto à igreja que pastoreava. Parecia que
fazíamos tudo com critério, mas dificilmente conseguíamos integrar novos
convertidos à igreja. Havia pessoas se convertendo, mas os frutos sempre
ficavam, na maior parte, para outras igrejas. Restava-nos o consolo de vermos o
reino de Deus crescendo e de vermos que os frutos eram verdadeiros na sua
maioria. Pelo menos a mensagem de evangelização era autêntica e permitia que
Deus atuasse nos corações.
Mas ficava
sempre aquela sensação de que faltava alguma coisa. Chegava mesmo a confessar
essa frustração aos alunos dos Seminários em que lecionava. Um dia, lendo a
Bíblia durante a preparação de um sermão, percebi uma coisa que mudou toda a
situação e a vida da igreja: quem acrescenta à igreja os que hão de se salvar é
o próprio Senhor Jesus Cristo. Até aí, tudo bem. Mas o que faz com que
acrescente?
O texto que
lia era claro (Atos 2: 42-47) em mostrar que a igreja de Jerusalém assumia um
conjunto de atitudes naturais àquele que se faz discípulo de Cristo, que
permitiam que o Senhor atuasse entre eles através do seu Espírito. Era uma
igreja que tinha:
a)
Perseverança na doutrina dos apóstolos;
b)Temor;
c)
Desprendimento total do que era material em prol da vida futura, espiritual;
d) Adoração;
e) Alegria.
Percebi, em um relance, que todos os métodos são inúteis se a igreja não tiver
características que permitam o Senhor Jesus agir.
Comecei a
trabalhar incessantemente para mostrar aos irmãos a necessidade de
desenvolverem sentimentos e atitudes semelhantes aos crentes de Jerusalém. A
igreja foi progredindo nesta direção e fomos deixando as
"quinquilharias" pessoais pecaminosas e as organizacionais que nos
impediam de nos dedicarmos a uma vida cristão semelhante à daqueles irmãos.
Por fim fomos
conseguindo. A igreja foi se tornando leve, alegre, sem necessidade de
programações espetaculares para produzir alegria ou euforia, porque a alegria
estava nos corações. A fraternidade foi aumentando, as barreiras pessoais
caindo e a dedicação ao estudo da Bíblia e à oração se tornou um referencial na
igreja. A igreja foi aumentando gradativamente e já começávamos a ver os
resultados. Mas ainda havia algo entravando.
Em outra
ocasião, preparando estudos para a EBD a respeito do Espírito Santo, li a
respeito da conversão do centurião Cornélio e uma pequena frase me chamou a
atenção: "Então, lhe pediram que permanecesse com eles por alguns
dias." (Atos 10.48b). Percebi em um relance que aquelas pessoas da casa do
centurião já estavam integradas à igreja de Cristo; já faziam parte do seu
corpo. Já haviam crido em Jesus Cristo (tanto que receberam o Espírito Santo),
já haviam sido batizadas e o que faltava? Absolutamente nada. Agora, integradas
ao corpo, precisavam apenas crescer. Percebi que há uma diferença entre
integração e crescimento e que nós, influenciados por um catecumenato que tem
origem no catolicismo, estávamos querendo fazer as pessoas crescerem primeiro
para depois se integrarem. Impossível de acontecer.
Fiquei a
pensar: Mas o que faz com que invertamos os papéis? E a resposta estava ali,
ainda, naquela pequena frase. Os papéis têm sido invertidos porque queremos que
as pessoas se integrem a nós, aos nossos costumes e regras que fomos
assimilando ao longo de uma vida cristã influenciada por idéias e ideais
humanos. Quando, na realidade, nós é quem temos de nos integrarmos ao novo
convertido, aceitando-o em nosso meio como está, vindo de onde vier, porque é
uma nova criatura em Jesus Cristo.
Nos
esforçamos juntos e rompemos as barreiras, assim como Pedro venceu as suas.
Aquele convite dos gentios na casa de Cornélio, para que os novos irmãos
ficassem com eles, fez eco em nossos corações e passamos a fazer companhia aos
novos crentes, a andar com eles, a dar-lhes atenção, a nos sentirmos como seus
irmãos em Cristo.
Hoje, para
honra e glória do nosso Deus, para alegria da igreja, batizamos quase todos os
que se convertem através do nosso trabalho. E quando não ficam em nossa igreja,
sentimo-nos alegres, felizes, porque foram integrados ao corpo de Cristo
através de uma igreja que aprendeu a ficar com os novos convertidos.
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