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quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

REFLEXÃO 285 - A JORNADA

A jornada

Vamos fazer uma viagem a uma terra bem distante e há muito tempo.
Devido a certas exigências feitas pelo governo, você terá que viajar até uma cidade a uns 350 Km de distância, e a pé. Enquanto coloca a bagagem no burrinho, pensa em entrar em contato com o ombudsman para ver se ele consegue liberá-lo dessa inconveniência. Ou possivelmente conseguir uma indenização pelo tempo que vai ter que se ausentar do serviço. Quem sabe se o seu deputado estadual não lhe conseguiria uma dispensa das dificuldades que irá enfrentar, já que a sua esposa está grávida de quase 9 meses. Mas suspira resignado, porque sabe que algo assim poderia ficar anos preso na burocracia. 

Ajuda sua esposa a subir na mula contendo as lágrimas, porque sabe que o melhor para ela no momento seria estar em casa protegida e descansando. 
E se ela entrar em trabalho de parto antes de chegarem ao seu destino? Será possível processar o governo caso aconteça algo ao bebê?— Esqueça! O sistema legal discrimina as minorias, e jamais compensaria alguém do seu nível.

Finalmente inicia a viagem. Os dois se esforçam para ter uma atitude positiva, apesar da imensa dificuldade que estão enfrentando. Mas depois de horas no caminho, já não estão mais tão animados, pelo contrário, sentem-se avassalados pela situação.

Os seus pés cheios de bolhas doem terrivelmente. Sua esposa está calada, mas você sabe que o pó arde em seus olhos e o seu corpo sofre com os solavancos do andar do burrinho. O calor intenso parece cauterizar até os seus pensamentos. Que situação mais deplorável!

Finalmente avista alguns telhados, e depois mais e mais, e percebe que está próximo do seu destino! Poderão descansar, beber água fresca, deitar numa cama macia....
Nesse momento “cai na real”: É alta estação e todos os quartos vão estar alugados. 

Apesar da sua querida esposa estar entrando em trabalho de parto, ninguém está disposto a lhes ceder um quarto para que ela não tenha que dar à luz na rua. 
Como as pessoas podem ser tão duras e a vida tão cruel?

Espere um pouco. Será que foi assim mesmo que aconteceu? Vamos retornar ao início da história.
Acabou de ser informado que, por determinação do governo, você e sua esposa terão que ir a Belém se registrar para pagamento de imposto de renda.
A notícia foi um choque, mas depois da tentação inicial de xingar e resmungar, você começa a orar, lembrando-se da passagem em Isaías que diz que o menino Jesus nasceria em Belém. Fica então maravilhado ao perceber como Deus pode usar qualquer coisa, até a lei instituída por um país dominador, para realizar a Sua vontade.

Viajando com sua esposa pela estrada poeirenta, no calor, os dois agradecem a Deus por Sua sabedoria, orando por um alívio do Sol e daquele calor insuportável. De repente, do nada, começa a chuviscar, refrescando o ar e baixando a poeira.
Um tempinho depois oram por água potável, porque a sua já está acabando. Surge então uma senhora de idade que, ao notar a sua esposa grávida, lhes oferece água e um abrigo do sol, um breve descanso em sua própria cama enquanto ela volta ao campo para trabalhar.

Exatamente quando acha que não vai agüentar mais, lembra-se do nascimento milagroso que está para ocorrer. Com certeza, foi um anjo celeste que lhe explicou tudo num sonho. As palavras do anjo correm na sua mente, assegurando-lhe que é tudo obra de Deus. Recupera então a energia e logo sente como se estivesse flutuando, em vez de se arrastando pesadamente pela estrada. 

Finalmente chega a Belém, cansado mas feliz, na certeza de que tudo está dentro dos planos de Deus.
Vem então a prova mais dura: não há lugar na estalagem! Realmente, dá vontade de duvidar. Deus, será que o Senhor cometeu um erro desta vez? Será que este detalhe escapou aos Seus olhos?

Resiste à tentação de reclamar e ora, pedindo a Deus que os guie ao local perfeito onde o Filho dEle possa nascer.
É então que ouve alguém chamando-os: “Esperem! Tenho um lugar onde podem ficar. É muito simples, mas seguro e quentinho, e a minha esposa vai lhes dar o que precisarem...”

Deus então supre o resto: um coral de anjos, pastores para adorar o bebê, e até mesmo leite da vaca leiteira residente, bem como uma reluzente estrela acima do estábulo, 
não só lembrando-o que Deus existe, mas manifestando a outros a Sua existência. 
Sem dúvida foi uma viagem e tanto até Belém.
E, para todos os filhos de Deus, essa viagem de amor ainda não terminou.



Sarah Chia


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