A jornada
Vamos fazer uma viagem a uma terra bem
distante e há muito tempo.
Devido a certas exigências feitas pelo governo, você terá que viajar até uma
cidade a uns 350 Km de distância, e a pé. Enquanto coloca a bagagem no
burrinho, pensa em entrar em contato com o ombudsman para ver se ele consegue
liberá-lo dessa inconveniência. Ou possivelmente conseguir uma indenização pelo
tempo que vai ter que se ausentar do serviço. Quem sabe se o seu deputado
estadual não lhe conseguiria uma dispensa das dificuldades que irá enfrentar,
já que a sua esposa está grávida de quase 9 meses. Mas suspira resignado,
porque sabe que algo assim poderia ficar anos preso na burocracia.
Ajuda sua esposa a subir na mula contendo as lágrimas, porque sabe que o melhor
para ela no momento seria estar em casa protegida e descansando.
E se ela entrar em trabalho de parto antes de chegarem ao seu destino? Será
possível processar o governo caso aconteça algo ao bebê?— Esqueça! O sistema
legal discrimina as minorias, e jamais compensaria alguém do seu nível.
Finalmente inicia a viagem. Os dois se esforçam para ter uma atitude positiva,
apesar da imensa dificuldade que estão enfrentando. Mas depois de horas no
caminho, já não estão mais tão animados, pelo contrário, sentem-se avassalados
pela situação.
Os seus pés cheios de bolhas doem terrivelmente. Sua esposa está calada, mas
você sabe que o pó arde em seus olhos e o seu corpo sofre com os solavancos do
andar do burrinho. O calor intenso parece cauterizar até os seus pensamentos.
Que situação mais deplorável!
Finalmente avista alguns telhados, e depois mais e mais, e percebe que está
próximo do seu destino! Poderão descansar, beber água fresca, deitar numa cama
macia....
Nesse momento “cai na real”: É alta estação e todos os quartos vão estar
alugados.
Apesar da sua querida esposa estar entrando em trabalho de parto, ninguém está
disposto a lhes ceder um quarto para que ela não tenha que dar à luz na rua.
Como as pessoas podem ser tão duras e a vida tão cruel?
Espere um pouco. Será que foi assim mesmo que aconteceu? Vamos retornar ao
início da história.
Acabou de ser informado que, por determinação do governo, você e sua esposa
terão que ir a Belém se registrar para pagamento de imposto de renda.
A notícia foi um choque, mas depois da tentação inicial de xingar e resmungar,
você começa a orar, lembrando-se da passagem em Isaías que diz que o menino
Jesus nasceria em Belém. Fica então maravilhado ao perceber como Deus pode usar
qualquer coisa, até a lei instituída por um país dominador, para realizar a Sua
vontade.
Viajando com sua esposa pela estrada poeirenta, no calor, os dois agradecem a
Deus por Sua sabedoria, orando por um alívio do Sol e daquele calor
insuportável. De repente, do nada, começa a chuviscar, refrescando o ar e
baixando a poeira.
Um tempinho depois oram por água potável, porque a sua já está acabando. Surge
então uma senhora de idade que, ao notar a sua esposa grávida, lhes oferece
água e um abrigo do sol, um breve descanso em sua própria cama enquanto ela
volta ao campo para trabalhar.
Exatamente quando acha que não vai agüentar mais, lembra-se do nascimento
milagroso que está para ocorrer. Com certeza, foi um anjo celeste que lhe
explicou tudo num sonho. As palavras do anjo correm na sua mente,
assegurando-lhe que é tudo obra de Deus. Recupera então a energia e logo sente
como se estivesse flutuando, em vez de se arrastando pesadamente pela estrada.
Finalmente chega a Belém, cansado mas feliz, na certeza de que tudo está dentro
dos planos de Deus.
Vem então a prova mais dura: não há lugar na estalagem! Realmente, dá vontade
de duvidar. Deus, será que o Senhor cometeu um erro desta vez? Será que este
detalhe escapou aos Seus olhos?
Resiste à tentação de reclamar e ora, pedindo a Deus que os guie ao local
perfeito onde o Filho dEle possa nascer.
É então que ouve alguém chamando-os: “Esperem! Tenho um lugar onde podem ficar.
É muito simples, mas seguro e quentinho, e a minha esposa vai lhes dar o que
precisarem...”
Deus então supre o resto: um coral de anjos, pastores para adorar o bebê, e até
mesmo leite da vaca leiteira residente, bem como uma reluzente estrela acima do
estábulo,
não só lembrando-o que Deus existe, mas manifestando a outros a Sua existência.
Sem dúvida foi uma viagem e tanto até Belém.
E, para todos os filhos de Deus, essa viagem de amor ainda não terminou.
Sarah Chia
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