A LEI DO
ANTIGO TESTAMENTO
Êx 20.1,2 "Então, falou
Deus todas estas palavras, dizendo: Eu sou o SENHOR, teu Deus, que te tirei da
terra do Egito, da casa da servidão."
Um dos aspectos mais importantes
da experiência dos israelitas no monte Sinai foi o de receberem a lei de Deus
através do seu líder, Moisés. A Lei Mosaica (hb. torah, que significa
"ensino"), admite uma tríplice divisão: (a) a lei moral, que trata
das regras determinadas por Deus para um santo viver (20.1-17); (b) a lei
civil, que trata da vida jurídica e social de Israel como nação (21.1 23.33);
e (c) a lei cerimonial, que trata da forma e do ritual da adoração ao Senhor
por Israel, inclusive o sistema sacrificial (24.12 31.18). Note os seguintes
fatos no tocante à natureza e à função da lei no Antigo Testamento.
(1) A lei foi dada por Deus em
virtude do concerto que Ele fez com o seu povo. Ela expunha as condições do
concerto a que o povo devia obedecer por lealdade ao Senhor Deus, a quem eles
pertenciam. Os israelitas aceitaram formalmente essas obrigações do concerto
(24.1-8; ver o estudo O CONCERTO DE DEUS COM OS ISRAELITAS ).
(2) A obediência de Israel à
lei devia fundamentar-se na misericórdia redentora de Deus e na sua libertação
do povo (19.4).
(3) A lei revelava a vontade de
Deus quanto a conduta do seu povo (19.4-6; 20.1-17; 21.124.8) e prescrevia os
sacrifícios de sangue para a expiação pelos seus pecados (Lv 1.5; 16.33). A lei
não foi dada como um meio de salvação para os perdidos. Ela foi destinada aos
que já tinham um relacionamento de salvação com Deus (20.2). Antes, pela lei
Deus ensinou ao seu povo como andar em retidão diante dEle como seu Redentor, e
igualmente diante do seu próximo. Os israelitas deviam obedecer à lei mediante
a graça de Deus a fim de perseverarem na fé e cultuarem também por fé, ao
Senhor (Dt 28.1,2; 30.15-20).
(4) Tanto no AT quanto no NT,
a total confiança em Deus e na sua Palavra (Gn 15.6), e o amor sincero a Ele
(Dt 6.5), formaram o fundamento para a guarda dos seus mandamentos. Israel
fracassou exatamente nesse ponto, pois constantemente aquele povo não fazia da
fé em Deus, do amor para com Ele de todo o coração e do propósito de andar nos
seus caminhos, o motivo de cumprirem a sua lei. Paulo declara que Israel não
alcançou a justiça que a lei previa, porque "não foi pela fé" que a
buscavam (Rm 9.32).
(5) A lei ressaltava a verdade
eterna que a obediência a Deus, partindo de um coração cheio de amor (ver Gn
2.9 nota; Dt 6.5 nota) levaria a uma vida feliz e rica de bênçãos da parte do
Senhor (cf. Gn 2.16 nota; Dt 4.1,40; 5.33; 8.1; Sl 119.45; Rm 8.13; 1Jo 1.7).
(6) A lei expressava a
natureza e o carácter de Deus, i.e., seu amor, bondade, justiça e repúdio ao
mal. Os fiéis israelitas deviam guardar a lei moral de Deus, pois foram criados
à sua imagem (Lv 19.2).
(7) A salvação no AT jamais
teve por base a perfeição mediante a guarda de todos os mandamentos. Inerente
no relacionamento entre Deus e Israel, estava o sistema de sacríficios,
mediante os quais, o transgressor da lei obtinha o perdão, quando buscava a
misericórdia de Deus, com sinceridade, arrependimento e fé, conforme a provisão
divina expiatória mediante o sangue.
(8) A lei e o concerto do AT
não eram perfeitos, nem permanentes. A lei funcionava como um tutor temporário
para o povo de Deus até que Cristo viesse (Gl 3.22-26). O antigo concerto agora
foi substituído pelo novo concerto, no qual Deus revelou plenamente o seu plano
de salvação mediante Jesus Cristo (Rm 3.24-26; ver Gl 3.19, nota com matéria
adicional sobre a natureza e função da lei no AT).
(9) A lei foi dada por Deus e acrescentada à
promessa "por causa das transgressões" (Gl 3.19); i.e., tinha o
propósito de:
(a) de prescrever a conduta de Israel;
(b) definir o que era pecado;
(c) revelar aos israelitas a sua tendência inerente de transgredir a vontade de Deus e de praticar o mal, e
(d) despertar neles o sentimento da necessidade da misericórdia, graça e redenção divinas (Rm 3.20; 5.20; 8.2).
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