A loucura da Pregação
I Cor 1:21-24 e 2:4
21 Visto como na sabedoria de Deus o mundo pela sua
sabedoria não conheceu a Deus, aprouve a Deus salvar pela loucura da
pregação os que crêem.
22 Pois, enquanto os judeus pedem sinal, e os gregos
buscam sabedoria,
23 nós pregamos a Cristo crucificado, que é
escândalo para os judeus, e loucura para os gregos,
24 mas para os que são chamados, tanto judeus como
gregos, Cristo, poder de Deus, e sabedoria de Deus.
2:4 A minha linguagem e a minha pregação não consistiram
em palavras persuasivas de sabedoria, mas em demonstração do Espírito de poder;
I.C.T.:
O apóstolo Paulo contrasta a sabedoria dos homens com a de Deus e, neste
contexto, apresenta características da gloriosa tarefa de pregar o Evangelho.
O.G.: Devocional
O.E.: Esclarecer os estudantes de
homilética acerca dos princípios que fazem da pregação a tarefa principal de um
pastor.
TESE: Há pregação quando um servo de
Deus, movido pelo Seu Espírito, anuncia a Cristo como Senhor e único Redentor,
levando os ouvintes a tomarem uma de duas possíveis decisões: crer ou
escandalizar-se.
F.S.: Expositiva
TEMA: A LOUCURA DA PREGAÇÃO
Introdução:
Recentemente
li um artigo sobre o Ministério da Pregação onde o autor, Paulo R. B. Anglaba,
professor de Grego e Hermenêutica, sugere algumas razões para o declínio da
pregação nos dias atuais. Uma delas, que penso ser a principal, é a própria
concepção moderda de pregação.
Hoje a
pregação é, muitas vezes, encarada como atividade meramente humana e pouco
relevante, cuja eficácia depende fundamentalmente das habilidades naturais ou
capacidade do pregador.
No texto
bíblico lido encontramos características que bem distinguem a verdadeira
pregação bíblica. Aproveitando as próprias palavras do apóstolo, intitulo este
sermão "A Loucura da Pregação". Espero com esta reflexão que os
alunos de Homilética se convençam de que pregar é a principal tarefa para a
qual um pastor é chamado e se consagem a dedicar o melhor de seus esforços em
cumprir bem esta gloriosa incumbência.
Há
verdadeira pregação bíblica quando:
1º) O PREGADOR SE CONSTITUI NUM ARAUTO DE DEUS (v. 21)
Aprouve a
Deus salvar o homem pela loucura da pregação. A palavra "pregação"
usada pelo apóstolo neste texto deriva do termo grego keryx,
"arauto". A pregação é o exercício do trabalho do arauto do Rei do
Universo!
Em que
consiste o trabalho de um arauto? Consiste em tornar conhecida a vontade do seu
Senhor, em anunciar Suas Palavras, em proclamar em voz alta Suas Sentenças.
Em 2:4 o
apóstolo Paulo testifica que sua proclamação não se constituía de
"palavras persuasivas de sabedoria" e nem em "sabedoria de
homens". A verdadeira pregação é nada mais do que a proclamação da vontade
de Deus aos homens. Assim, o pregador é alguém sempre preocupado em saber o que
Deus quer fazê-lo transmitir.
ilustração: Sei de um grande
pregador cujo primeiro passo antes de preparar seus sermões é se dirigir ao
local onde costuma orar, munido da Bíblia e de um bloco de notas. Ali ele
presta culto ao Senhor, ora e ouve o Senhor. Ele testifica que muitas vezes
inicia sem nenhuma idéia do que irá pregar, mas que sai já consciente do que o
Senhor quer falar ao Seu povo.
aplicação: Se Deus o chamou
para desempenhar o ministério da pregação, então entenda que seu trabalho nada
mais é do que ser arauto de Deus. Tenha sempre ouvidos para ouvir os recados do
Senhor e a boca sempre pronta a proferir Sua Palavra.
transição: Esta é a primeira
característica da verdadeira pregação: proferida por um arauto. Mas o texto
bíblico ainda nos ajuda a entender uma segunda verdade.
2º) O PREGADOR É CAPACITADO PELO ESPÍRITO DE DEUS (2:4)
Neste texto
o apóstolo Paulo resume sua pregação em "demonstração do Espírito e de
poder". Isto nos obriga a reconhecer que a eficiência neste ministério só
é possível com a capacitação do próprio Espírito Santo. Foi por isso que Jesus
recomendou que seus discípulos não saíssem de Jerusalém até que do alto fossem
revestidos do poder do Espírito (Lucas 24:49 ficai na cidade, até que do
alto sejais revestidos de poder).
ilustração: Charles Spurgeon
foi um dos maiores pregadores de todos os tempos. Ainda hoje somos inspirados
por seus sermões e livros. Ele ensinava que a busca do auxílio do Espírito
Santo é fundamental à pregação eficiente pelas seguintes razões: é o Espírito
quem nos dá sabedoria, que é a arte de usarmos acertadamente o que conhecemos;
o Espírito é a "brasa viva tirada do altar" que toca os nossos
lábios; é o Espírito o óleo que unge; é o Espírito que faz a pregação
traspassar os corações dos homens; é o Espírito que nos leva à oração; é o
Espírito que nos leva à santidade; é o Espírito que nos dá discernimento.
aplicação: Como ministro da
"loucura da pregação" você precisa deixar-se sempre encher pelo
Espírito (cf. Efésios 5:18). Entenda que um pregador que confie tão somente
em suas habilidades para exercer seu ministério está fadado ao fracasso.
Fundamental para você, arauto de Deus, é a dependência do Seu Espírito.
transição: Já vimos que a
verdadeira pregação requer que o pregador se constitua num "arauto de
Deus", um porta-voz da Sua Palavra. Também, que este arauto seja conduzido
e capacitado, pelo Espírito Santo. Há ainda um terceiro fator a reconhecer na
verdadeira pregação:
3º) A PREGAÇÃO SEMPRE SERÁ CRISTOCÊNTRICA (v. 23)
Os judeus
querem sinais. Os gregos buscam sabedoria. Nós, porém, pregamos a Cristo
crucificado! Essencialmente à pregação é o anúncio da crucificação de Cristo:
sua causa e suas consequências. É com esta missão que o Senhor nos fez
pregadores: anunciar a vitória de Jesus sobre a morte, o cumprimento de um
plano traçado desde antes da criação, que resultou no estabelecimento da
Igreja, e é o único meio para o homem ter sua alma salva da perdição.
Cristo, sua
pessoa e sua obra, é o centro. Nunca o pregador. Todo louvor, toda glória, toda
honra, a Cristo. É isto que o apóstolo Paulo faz em seu ministério. Por mais
louco que isto possa parecer, toda a razão da existência humana passa pela cruz
de Cristo.
A verdadeira
pregação será sempre pronunciada por um "embaixador de Cristo" que,
dirigido pelo Espírito de Cristo, conclamará seus ouvintes a servirem a Cristo.
ilustração: Sobre o que Pedro
pregou no dia de Pentecostes? Sobre a morte e ressurreição de Cristo! (Atos
2:23 e 24). E no templo? Em Atos 3:15, Pedro prega: "matastes o Autor da
vida...". E diante do Sinédrio, em Atos 4? Pedro testemunhou do Nazareno,
a quem os judeus crucificaram (4:10). E assim por diante, percebemos que todos
os sermões proferidos pelos pregadores do NT são centrados na morte e
ressurreição de Cristo.
aplicação: Como aspirante ao
ministério da pregação, tenha em mente que seu trabalho será o de servir a
Cristo. Ele é a razão de tudo. Ainda que judeus queiram sinais e gregos,
sabedoria, nossa Missão é anunciar Cristo: Sua Pessoa e Sua Obra. Tenha em mira
ser o arauto da vitória, do poder e da glória de Cristo.
transição: Desta forma, já
vimos que a "loucura da pregação" constitui-se no trabalho de um
arauto, capacitado pelo Espírito Santo e cujo objetivo central é anunciar a
Cristo. Vejamos agora um último aspecto, justamente o resultado desta pregação.
4º) A PREGAÇÃO SEMPRE PROVOCA UMA RESPOSTA DO OUVINTE (vs. 23 e 24)
Duas reações
devem ser esperadas quando se prega a Cristo crucificado: incredulidade por
parte daqueles que se escandalizam (escândalo para os judeus, e loucura para
os gregos) e fé (para os que são chamados). A verdadeira pregação
não permite indiferença. Para os incrédulos, a mensagem da Cruz é loucura. Para
os crédulos, "o poder de Deus e sabedoria de Deus" (v. 24).
Foi isto que
o idoso Simeão profetizou, conforme Lucas 2:15, ao dizer a Maria: "Eis que
este é posto para queda e para levantamento de muitos em Israel, e para ser
alvo de contradição".
ilustração: Em
Atos 17 temos o resumo feito por Lucas do sermão que o apóstolo pregou no
Areópago, em Atenas, na Grécia. Paulo se deparou com uma assistência curiosa,
porém inóspita. No v. 18, lemos: "ora, alguns filósofos epirireus e
estóicos, disputavam com ele. Uns diziam: que quer dizer este paroleiro? E
outros: Parece ser pregador de deuses estranhos; pois anunciava a boa nova
de Jesus e a ressurreição." O assunto, ressurreição de Cristo e a
ressurreição de todo que nEle crê provocou escárnios em muitos dos ouvintes (v.
32). Entretanto, houve quem cresse: "Todavia, alguns homens aderiram a
ele, e creram, entre os quais Dionísio, o areopagita, e uma mulher por nome
Dâmaris, e com eles outros" (v. 34).
aplicação: É este o resultado
que você deverá esperar da pregação dirigida pelo Espírito e centrada na Pessoa
de Cristo. Muitos se escandalizarão. Porém, graças a Deus, outros crerão e
neles se manifestará o poder regenerador de Deus. E eis aí o privilégio do
pregador, ser instrumento de Deus para que através da "loucura da
pregação" vidas sejam beneficiadas pelo Seu poder.
CONCLUSÃO:
Se Deus
o chamou a ser um pregador, sinta-se honrado, privilegiado. Mas dê à pregação
seu devido valor. Consagre-se a ser um verdadeiro arauto de Deus. Entenda que a
pregação eficiente só é possível se inspirada pelo Espírito Santo de Deus -
recorra à Ele constantemente. Cristo precisa ser o centro da sua vida e, por
conseguinte, da sua pregação. Entenda que é para isto que Deus o chamou, para
anunciar a Pessoa e a Obra de Cristo. Fazendo assim, espere pelos resultados.
Perceberá que a "loucura da pregação" continua sendo o poder de Deus
para salvar os que crêem.
APELO:
Agora eu
quero convidar a vir até a frente todos os alunos que sentem o chamado para o
ministério da pregação. Quero orar por vocês, por suas vidas e pelo trabalho
que desenvolverão. Se você deseja ser tão somente um arauto, capacitado pelo
Espírito, tendo Cristo como a razão da sua vida e pregação, venha aqui à frente
e irei orar por sua vida.
AUTOR DESCONHECIDO
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