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quinta-feira, 29 de setembro de 2016

REFLEXÃO 310 - A MARCHA DA IGREJA DE CRISTO

             CENTRO APOLOGÉTICO CRISTÃO DE PESQUISAS - CACP  
 A Marcha da Igreja de Cristo

Irrompe a luz na Galiléia "O povo que estava em trevas viu grande luz..."
(Mt 4.16)
Ele se chamava Yeoshua. Seu pai, Yussef, era  carpinteiro. O nome de sua mãe era Miriam. Logo na infância, fora morar em Nazaré, cidade isolada nas montanhas da Galiléia, próxima da movimentada estrada que ligava Mesopotâmia ao Egito. Ali ele viveu e cresceu. Um judeu entre os judeus. Aparentemente, um homem entre os outros homens. Em Roma, reinava Tibério, na Galiléia, Herodes. Com seus dentes de ferro, Roma continuava conquistando terras sem imaginar que ali estava uma força muito superior à sua, uma força que conquistaria muito mais vidas do que as sete colinas jamais sonharam. Um poder contra o qual o Império Romano empenharia toda a sua força para destruir, para depois cair vencido de joelhos.

 Ali estava um homem que, de forma estranha e espantosa, colocaria seu nome acima de todo e qualquer nome. Um homem que se apoderaria das vidas, corações e mentes, assim como Roma se apoderava de corpos. Um homem que era muito mais do que um homem. Alguém de quem sempre falaram as profecias e os profetas - Jesus de Nazaré, o Messias.
Ele chegou. Talvez não como muitos esperavam. Mas chegou. E cada situação de sua vida era o cumprimento das milenares palavras dos profetas. Multidões o seguiam porque experimentavam o poder de seus atos e a verdade de suas palavras. Foram apenas três anos e meio, preenchidos com curas, libertações e ensinos de sabedoria. No final, foi tratado como um criminoso, levado a julgamento e, como o mais hediondo dos homens, colocado na cruz.
Sua morte, no entanto, não seria o fim. Antes, o início de uma nova era. Ele ressuscitou e dois mil anos de História são uma prova extremamente sólida de que veio ao mundo não por coincidência ou acaso. Ao contrário. Veio ao mundo para, conforme suas próprias palavras, “cumprir o que estava escrito”.
Agora, os homens passariam a contar os tempos assim: antes e depois dele. Tornou-se o marco divisor da História e também das almas e da humanidade. Sua vida, suas palavras e seus feitos não puderam, de forma nenhuma, ser ignorados. A História encontrou seu centro, sua razão, seu núcleo, encontrou um eixo sobre o qual girar. Seu nome é Jesus.
A semente da palavra
“E ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém, como em Samaria, e até os confins da terra” (At 1.8).
O pequeno grupo de Jerusalém, a princípio amarrado ao exclusivismo judaico, vai pouco a pouco se desprendendo de suas raízes étnicas. Com Paulo, a mensagem do evangelho ganha projeção mundial, não apenas geograficamente pelo seu trabalho missionário, mas também culturalmente, pela sua exposição da mensagem cristã dentro dos conceitos gregos. Seu vigoroso pensamento, formado por elementos tanto

judeus quanto não-judeus, possibilitou ao Espírito Santo fazer de suas cartas uma boa nova para toda a humanidade. “... a palavra da verdade do evangelho, que já chegou até vós, como também está em todo o mundo e já vai frutificando...” (Cl 1.5,6).
Próximo ao ano 90 d.C. morria João, o último dos doze apóstolos. Mas o alicerce estava lançado. Roma, o mundo e a História jamais seriam os mesmos. A pequena semente de mostarda começava a brotar e a crescer para dar alívio e cura a um mundo mergulhado na idolatria, na violência, no homossexualismo, no infanticídio, na vazia especulação filosófica, no ocultismo. “Enquanto o grande corpo (do Império Romano) foi invadido pela violência aberta, ou solapado pela lenta decadência, uma religião humilde e pura gentilmente insinuou-se para dentro da mente dos homens, cresceu em silêncio e obscuridade, recebeu novo vigor da oposição e, finalmente, erigiu a triunfante bandeira da cruz sobre as ruínas do Capitólio”.






O sangue dos cristãos também é semente
“Lembrai-vos da palavra que  vos disse: Não é o servo maior do que o seu senhor. Se eles me perseguiram, também vos perseguirão. Se guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa” (Jo 15.20).
Não tardaria e esse grupo de pessoas entraria em conflito cada vez maior com o sistema existente. Sua vida pura, sua fé incomum e seu zelo perturbaram o paganismo. Acusações de todos os tipos eram lançadas sobre os cristãos. Quando em 68 d.C. Roma foi incendiada, provavelmente pelo próprio Imperador Nero (que para desviar a culpa de si lançou-a sobre os cristãos), iniciou-se uma onda de perseguição e morte sobre a Igreja de Roma.
“Em primeiro lugar, prenderam os que se confessavam cristãos, e depois, pelas denúncias destes, uma multidão inumerável, os quais nem todos foram convencidos de haverem tido parte no incêndio, mas de serem inimigos do gênero humano. O suplício destes miseráveis foi ainda acompanhado de insultos, porque ou eram cobertos com peles de animais ferozes para serem devorados pelos cães ou crucificados ou queimados de noite para servirem de archotes e tochas ao público. Nero ofereceu seus jardins para esse espetáculo...”.
Isso seria apenas o início de uma longa série de dez perseguições, em sua maioria promovidas pelo Estado, no intuito de apagar a chama que se acendera no Pentecoste. Domiciano, Trajano, Adriano, Antonino Pio, Marco Aurélio, Décio. Todos eles tiveram, na destruição da Igreja Cristã, parte de sua política. Os cristãos foram queimados, crucificados, decapitados, lançados às feras do Coliseu. Mas como no Egito, “quanto mais os afligiam... tanto mais se multiplicavam e se espalhavam” (Êx 1.12).
Perto do ano 200 A.D., escreveu Tertuliano, grande apologista cristão de Cartago, ao imperador: “Ainda que sejamos recentes, temos enchido todos os lugares de seu domínio, cidades, ilhas, corporações, concílios, exércitos, tribos, o senado, o Palácio, as cortes judiciais. Se os cristãos desejassem vingança, seu número seria abundante, pois eles têm seu partido, não nesta ou naquela província somente, mas em todos os cantos do mundo”. Como vemos, a oposição cerrada solidificou a Igreja.


Tropeços de Balaão
“Engordando-se Jesurum, deu coices...” (Dt 32.15)
O ano de 313 A.D. representou para a Igreja triunfo e queda. Triunfo pela cessação da perseguição. Queda porque o preço foi uma aliança com o Estado, cujas conseqüências são sentidas até hoje. O imperador Constantino, após a vitória sobre seu adversário na Batalha da Ponte Mílvio, adotou o cristianismo como religião. Segundo ele, viu antes da batalha um símbolo (chamado de lábaro) e ouviu uma voz, que dizia: “com este símbolo vencerás”. Incorporou este símbolo ao seu exército e venceu a batalha.
Inverteu-se então a política romana. O cristianismo foi pouco a pouco se aliando ao Império até tornar-se religião oficial. Constantino até hoje é considerado uma figura ambígua e a sinceridade de sua conversão é constantemente questionada. Ele interferiu muitas vezes em questões eclesiásticas e fundou a cidade de Constantinopla, onde antes era Bizâncio. Queria criar uma nova Roma. O resultado foi que, no futuro, a existência dessa cidade como outra sede do Império dividiu esse mesmo Império em dois: o do Oriente (capital Constantinopla) e o do Ocidente (capital Roma). Esta divisão influenciou um cisma futuro que gerou as Igrejas Católica Apostólica Romana e Ortodoxa Grega.
A partir de Constantino, aquela humilde religião (o cristianismo) ganhou todo o aparato ritualístico e cerimonial do paganismo. Ganhou também um grande número de adeptos que não tiveram uma experiência de conversão e levaram para dentro do cristianismo crenças e práticas pagãs, agora disfarçadas com maquilagem cristã. Esse momento histórico que, de certo modo, salvou a Igreja da aniquilação, também a lançou em um processo de paganização até hoje presente em grandes segmentos do chamado cristianismo. A Igreja que tão bem soubera resistir à perseguição sucumbira diante das glórias humanas.


Quando a luz escurece
“Se a luz que em ti há forem trevas, quão escuras serão essas trevas” (Mt 6.23).
O catolicismo medieval tornou-se um misto de superstição, ambição política, especulação vazia, imoralidade chocante e prepotência absurda. O papado, as cruzadas, as relíquias, a inquisição, a venda de indulgências e as práticas religiosas, de um modo geral, são apenas algumas referências históricas de como uma instituição divina pode se corromper a tal ponto quando deixa de ser guiada pelo padrão infalível das Sagradas Escrituras.
Com exceção de alguns grupos, como os paulicianos, os valdenses, os lolardos, os hussitas e outras manifestações menos significativas dentro desse período, a situação como um todo estava bem longe do cristianismo apostólico. As poucas luzes que escassamente brilhavam aqui e acolá eram constantemente ameaçadas e sufocadas pelo despotismo papal. Embora a Igreja verdadeira jamais deixasse de existir e cristãos sinceros houvesse em todos os séculos, uma Reforma interna era a única coisa que poderia salvar da morte a genuína fé em Cristo. Estamos nos referindo à Reforma Protestante que muitas vezes fora proposta e muitas vezes fora rejeitada.
 Mas, graças a Deus, a tocha tornaria a arder!
FONTE: Defesa da Fé
CENTRO APOLOGÉTICO CRISTÃO DE PESQUISAS

Pr. João Flávio & Presb. Paulo Cristiano

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