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terça-feira, 4 de outubro de 2016

REFLEXÃO 311 - A MATEMÁTICA E A FÉ


A Matemática e a Fé

Nenhum conhecimento fornece tanta certeza quando aquele produzido pela matemática. O rigor do raciocínio lógico usado para se chegar a esse conhecimento é o aval maior de sua confiabilidade. Mas isso acaso não apagaria nos grandes matemáticos qualquer resquí de fé religiosa, levando-os a crer apenas na razão e na ciência?

A matemática pura nasceu na escola pitagórica (fundada por volta do ano 520 a.C.) que era, no fundo, uma comunidade místico-religiosa. Entendiam Pitágoras e seus discípulos que o conhecimento matemático, apesar de aplicável ao mundo real, é adquirido simplesmente pela raciocínio, daí que se trata de algo ideal, eterno, e portanto derivado de Deus. A idéia pitagórica de matemática pode até nã ser totalmente certa, mas Deus estava presente.

Quando do colapso do Império Romano Ocidental provocado pelas invasões bárbaras, a Igreja Católica já estava razoavelmente organizada no Ocidente. Gradualmente foi convertendo os bárbaros e fundando escolas - de início junto a mosteiros. Foi dessa forma que a cultura clássica não se apagou totalmente na fase mais obscura da Idade Média. Embora a Igreja enfatizasse mais a salvação da alma que o crescimento material, sempre alguma matemática era necessária, ainda que fosse apenas para determinar com exatidão o dia da Páscoa. Daí porque alguns matemáticos da época pertencessem às fileiras da Igreja. Um deles, Gebert (940-1003), talvez o primeiro mestre a ensinar os numerais indo-arábicos na Europa, foi consagrado Papa a 2 de abril de 999 com o nome de Silvestre II.

Rico como poucos em progressos científicos, o século XVII assistiu a algumas manifestações sérias de irreverência para com a fé - o que era inevitável. Mas os maiores cientistas desse período, como Galileu, Kepler, Descartes, Newton e Leibniz, animados todos por profunda fé em Deus, viam na harmonia cósmica simplesmente as mãos matemáticas do Criador. Leibniz dizia que a aplicabilidade da matemática mostra a unidade entre o mundo e Deus. Galileu não foi condenado pela inquisição por não crer em Deus, mas som por propugnar pelo heliocentrismo e em sua defesa argumentava que "A Bíblia ensina como se vai para o céu, não como vai o céu".

P.S. de Laplace (1749-1827), autor do clássico Mecânica celeste , em cinco volumes, onde a teoria da gravitação de Newton é explorada exaustivamente, certa feita ouviu de Napoleão a pergunta: "Vós escrevestes um enorme livro sobre o sistema do mundo sem mencionar uma vez sequer o Criador do Universo". "Senhor - respondeu Laplace - não houve necessidade dessa hipótese". Mas Laplace, apesar de meio arrogante, tinha virtudes pessoais, entre elas a generosidade para com os principiantes. O mesmo talvez não se pudesse dizer do grande matemático A.L. Cauchy (1789-1857), apesar de sr tão carola ao ponto de tentar converter para o catolicismo todos os que o acercavam - mesmo que fosse para tratar de matemática.

O filósofo e matemática inglês B. Russel (1872-1970) era um pacifista ferrenho: por ter apoiado um movimento antimilitar às vésperas da I Guerra Mundial foi dispensado do "Trinity College", Cambridge, e foi preso. Mas continuou pacifista durante toda sua longa vida. "Quanto à religião - declarou num de seus livros - passei a não acreditar primeiro no livre-arbrítrio, depois no imortalidade da alma e, finalmente, em Deus."

Assim, provavelmente não seria exagero dizer que me matéria de fé os matemáticos e filósofos não constituem uma casta à parte, muito pelo contrário. E porque haveria de ser diferente?

AUTOR DESCONHECIDO
(não me responsabilizo pela posição e/ou leitura teológica do autor)


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