A Missão
Espiritual da Igreja
Quando Jesus ficou diante de Pilatos para ser julgado, ele descreveu a natureza
espiritual de seu reino: "O meu reino não é deste mundo. Se meu reino
fosse deste mundo, os meus ministros se empenhariam por mim, para que não fosse
eu entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui" (João 18:36).
Aqueles que saem do "império das trevas" são transferidos para o
"reino do Filho" (Colossenses 1:13). Jesus "é a cabeça do corpo,
da Igreja" (Colossenses 1:18), e seus súditos gozam de "toda sorte de
bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo" (Efésios 1:3).
Os soldados que vão batalhar para avançar a causa deste reino espiritual usam a
armadura e as armas espirituais (Efésios 6:10-17; 2 Coríntios 10:3-6) quando
buscam cumprir sua missão espiritual. Usando a espada do Espírito, que é a
palavra de Deus, servos de Cristo ensinam outros sobre o Senhor e sua graça
salvadora (Romanos 1:16; 2 Timóteo 2:2), "levando cativo todo pensamento à
obediência de Cristo" (2 Coríntios 10:5). Estes discípulos de Cristo
compartilham o plano eterno de Deus "para que pela igreja, a multiforme
sabedoria de Deus se torne conhecida, agora, dos principados e potestades nos
lugares celestiais, segundo o eterno propósito que estabeleceu em Cristo Jesus,
nosso Senhor" (Efésios 3:10-11).
Muitas das tendências erradas das denominações modernas poderiam ser evitadas
por um entendimento mais claro da missão espiritual da igreja. É aparente que a
igreja do primeiro século dava atenção principalmente aos assuntos espirituais.
Jesus não estabeleceu um clube social ou esportivo, e não deu aos homens o
direito de modificar ou corromper essa missão espiritual de que ele incumbiu
sua igreja. Nosso papel hoje em dia deveria ser estudar e obedecer a vontade de
Deus, fazendo tudo de acordo com a autoridade de Cristo (Colossenses 3:17).
Enquanto você continua este estudo, leia cada passagem citada com um desejo
sincero de entender e aplicar a vontade de Deus.
A
Obra Espiritual da Igreja
Cristãos trabalhando juntos: As assembléias da igreja são ocasiões para adorar
o Senhor e edificar aqueles que participam. Podemos ver claramente a natureza
espiritual das atividades das igrejas primitivas. Os santos oravam juntos (Atos
4:31; 1 Timóteo 2:1-2). Eles pregavam o evangelho (Atos 4:33). Eles se reuniam
para participar da Ceia do Senhor (Atos 20:7; 1 Coríntios 11:17-34). Os
cristãos primitivos louvavam a Deus e edificavam-se uns aos outros cantando
salmos, hinos e cânticos espirituais (Efésios 5:19; Colossenses 3:16). De
acordo com a instrução apostólica, os cristãos aproveitam as assembléias no
primeiro dia da semana para recolher dinheiro que será usado para fazer a obra
de que Deus incumbiu a igreja (1 Coríntios 16:1-2). A Bíblia mostra que cada
membro do corpo tem uma parte importante na edificação dos outros irmãos
(Efésios 4:11-16).
A Missão do Ensinamento do Evangelho: A igreja, como "coluna e baluarte da
verdade" (1 Timóteo 3:15), tem o privilégio e responsabilidade de espalhar
o evangelho de Cristo. É abundantemente claro no Novo Testamento que esta era a
alta prioridade na vida de Jesus e de seus seguidores. Se somos verdadeiramente
seus discípulos, essa será também nossa prioridade. A missão da igreja é
espiritual.
Os cristãos têm o privilégio de propagar a mensagem de salvação do evangelho.
Devemos partilhar da atitude expressada por Paulo: "Pois não me envergonho
do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que
crê" (Romanos 1:16). É por isto que os cristãos primitivos de Jerusalém
foram tão diligentes em seu trabalho (Atos 5:42).
Precisamos primeiro dar-nos ao trabalho. Nossa missão hoje é a mesma que a
missão dos tessalonicenses, que levavam diligentemente o evangelho às regiões
próximas da Macedônia e Acaia (1 Tessalonicenses 1:8). As instruções que Paulo
deu aos coríntios mostram que um propósito significativo de suas reuniões era
convencer os incrédulos e edificar os santos (1 Coríntios 14:24-26).
Cumprir esta missão também requer empenho financeiro. As igrejas de hoje podem
mandar evangelistas para pregar em outros lugares, como fez a igreja de
Antioquia (Atos 13:1-3; 14:26-28). Os evangelistas eram às vezes sustentados
pelas igrejas para que pudessem dedicar-se à obra de pregar (Filipenses 4:5-8;
1 Coríntios 9:14-15). Paulo ensinava que o mesmo tipo de apoio financeiro
poderia também ser dado aos presbíteros (1 Timóteo 5:17-18). É natural que
pessoas que se dedicam à missão de divulgar o evangelho possam sacrificar
voluntariamente seus bens materiais com este mesmo fim.
Ensinar toda a verdade: A igreja precisa aceitar sua responsabilidade de
ensinar a verdade da palavra de Deus em todas as circunstâncias. Todos os
seguidores fiéis de Jesus precisam da mesma convicção que Paulo encorajou em
Timóteo, quando escreveu: "Prega a palavra, insta, quer seja oportuno,
quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina"
(2 Timóteo 4:2). A igreja que evita alguns aspectos da palavra de Deus porque
poderiam ser impopulares ou difíceis das pessoas aceitarem não está cumprindo
sua missão.
Corrigir os que erram: A responsabilidade de corrigir e repreender mostra que
pregar o evangelho envolve a correção daqueles que estão no erro. O positivismo
"Eu estou bem, você está bem" não tem lugar na pregação de Cristo.
Quando uma pessoa está em pecado, ninguém tem o direito de dizer "Você
está bem assim como está." A mensagem do evangelho é diferente: os
pecadores não estão bem, mas podem ser transformados pelo amor e a graça de
Deus para se tornarem íntegros novamente.
Esta necessidade de corrigir os pecadores inclui a responsabilidade de corrigir
os irmãos que recaem no pecado (Gálatas 6:1; Tiago 5:19-20). Uma igreja que
verdadeiramente entende sua missão espiritual corrigirá os irmãos em erro para
tentar salvar suas almas e manter a pureza do corpo (Mateus 18:15-17; 1
Coríntios 5:1-13). Ler estes textos mostra que às vezes é desagradável obedecer
a Cristo. Uma igreja que segue Jesus removerá os pecadores impenitentes do seu
meio. Podemos não gostar da linguagem forte que Paulo usa em 1 Coríntios 5:13,
mas precisamos lembrar que era o próprio Deus que dava estas instruções para
"expulsar" da congregação aqueles que retornavam a uma vida de
pecado. Se vamos pregar a verdade, precisamos pregar toda a verdade!
A
Obra Material da Igreja
Enquanto a importância da obra da igreja é claramente espiritual, há também um
aspecto material. Em Atos 4:32-37, os discípulos contribuíram para aliviar as
necessidades dos santos. A igreja de Jerusalém ajudou as viúvas pobres de seu
meio (Atos 6:1-2). Quando as necessidades dos santos excederam a capacidade da
igreja local, outras congregações enviaram dinheiro para ajudá-los (Atos
11:29-30; Romanos 15:25-26; 1 Coríntios 16:1; 2 Coríntios 8:4; 9:1-2; etc.)
Deste modo, as igrejas mais ricas ajudavam as mais pobres, demonstrando a
verdadeira fraternidade do amor que deverá caracterizar as igrejas de Cristo.
Melhoramentos Humanos?
Os complicados sistemas de obras sociais em muitas igrejas modernas não se
parecem nem um pouco com a simplicidade do plano do Novo Testamento. Em vez de
terem fé para converter o mundo a Cristo, muitas igrejas estão atarefadas
convertendo a igreja para se ajustar às expectativas do mundo. Algumas usam
apelos a desejos carnais para atrair pessoas ou adquirir fundos. Em nome da
religião, algumas usam bandas de "rock" ou outros programas musicais
especiais. Outras oferecem festas completas com bebidas alcoólicas e danças.
Muitas outras prometem bênçãos materiais e boa saúde para aqueles que se
juntarem a suas igrejas. O interesse neste mundo tornou-se tão forte que
algumas igrejas parecem mais como organizações sociais do que corpos
espirituais. Precisamos não perder nossa concentração no céu, pensando que
podemos corrigir todos os males sociais de um mundo dominado pelo pecado.
Muitas igrejas se enredaram nos negócios da sociedade moderna, procurando
colocar seus membros em lugares de poder político ou investindo os fundos da
igreja em negócios. Se elas buscam comprar e operar enormes corporações ou
operar pequenas empresas tais como bazares de igreja e balcões de
cachorro-quente, estas igrejas estão mostrando claro desrespeito pelo plano que
Deus deu. Precisamos ter fé suficiente para estarmos contentes para que a
igreja receba dinheiro da maneira que Deus autorizou (contribuições voluntárias 1
Coríntios 16:1-2) e o use somente nos modos aprovados por Deus.
Contentes
em Fazer o Que Deus Ordenou
Quando seguimos o modelo fornecido pelo Novo Testamento, a igreja será
suficiente para fazer a obra e terá fartura de obra para fazer. Não temos
necessidade nem permissão para envolver a igreja em outros projetos,
organizações e obras inventados pelos homens. Assim como Deus rejeitou o fogo
oferecido por Nadabe e Abiú (Levítico 10:1-7), ele rejeitará obras estranhas
que os homens introduzem nas igrejas. Tão certo como o Senhor desagradou-se
quando Uzá estendeu uma mão de ajuda para fazer o que lhe parecia direito (2
Samuel 6:1-11), ele não quer nossa "ajuda" para encontrar um modo
mais eficaz de fazer sua obra. Em ambos casos de pecados fatais, o problema
fundamental foi uma falta em seguir exatamente o que Deus tinha instruído. Se
desconsideramos suas instruções, não podemos esperar melhor sorte. "Há caminho
que ao homem parece direito, mas ao cabo dá em caminhos de morte"
(Provérbios 14:12).
por Dennis Allan
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