À Noite em
Jerusalém
Como
aquela viagem para Jerusalém deve ter sido agonizante para
Jesus! O único homem capaz de
realmente entender o completo
significado do amor e da misericórdia de Deus visita o centro
espiritual
de Israel e é esbofeteado com a superficialidade e o
desdém em
relação a tudo o que se relacionava com Deus.
Em vez de
adoradores
agradecidos comemorando a libertação da Páscoa, ele
encontra
mercadores abusando da casa de Deus. E
agora, quando o
Cordeiro
de Deus se apresenta aos que deviam estar ansiosos para
abraçar o
Messias, eles mostram pouco mais do que um interesse
passageiro. "Veio para o que
era seu, e os seus não o receberam"
(João
1:11).
Podemos
imaginar os pensamentos e as orações de Jesus a respeito de
sua tarefa
de reconciliar o homem com Deus ao deparar com a dura
realidade
da indiferença humana para com o Criador.
Certamente um
acontecimento assim passou pela sua mente, quando mais tarde
comentou
sobre Jerusalém: "Quantas vezes
quis eu reunir os teus
filhos,
como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das asas, e
vós não o
quisestes!" (Mateus 23:37). Como
era seu hábito procurar
o melhor
em cada homem, talvez Jesus ainda esperasse uma mudança de
postura
por parte dos líderes religiosos.
No meio de
tanta tristeza, Jesus foi cumprimentado à noite por
Nicodemos. Fariseu e membro do
Sinédrio, ali estava um homem de
religião e
de influência! Da perspectiva humana,
pareceria que o
sua
presença com o Filho de Deus ajudasse na luta por levar o homem
de volta a
Deus. Nicodemos pode ter imaginado que
estava oferecendo
um grande
serviço para até mesmo considerar a possibilidade de se
juntar a
esse profeta. Na verdade, após nos
depararmos com uma
"possibilidade" dessa hoje, a nossa mente não se encheria de
pensamentos sobre todas as grandes coisas que esse homem poderia
fazer? Por causa de sua
"bondade" moral e religiosa, pouca mudança
seria
necessária. Seu status na sociedade e
entre o povo religioso
faria dele
um patrimônio imediato na obra do Senhor.
Será que
estaríamos
dispostos a rapidamente esclarecer alguns mal-entendidos
(batismo,
música vocal, ceia do Senhor etc.), para que essa pessoa
pudesse
fácil e rapidamente fazer uma transição para um lugar de
proeminência na igreja? Talvez
devemos lembrar da resposta que o
Mestre deu
a Nicodemos.
"Em
verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo,
não pode
ver o reino de Deus" (João 3:3). A imagem impressionante do
renascimento é apresentada, não a um degenerado desprezado, mas a um
dos
cidadãos mais respeitáveis de Israel.
Seria possível que as
nossas
fortes defesas a favor das águas batismais nessa passagem têm
feito com
que subestimemos a radical mudança representada nas
palavras
do Salvador? Apresentaram-se sólidos
argumentos para
mostrar
que o batismo é essencial para o renascimento, mas devemos
ter o
cuidado de não passar por cima das exigências do Espírito
acerca da verdadeira purificação (veja 1
Pedro 1:22-25). Essas
mudanças
arrasadoras devem ocorrer em todo aquele que veria o reino
de Deus S
quer considerado pelos homens como o justo, quer visto
como o
mais vil dos pecadores. Assim como o
arrependimento sem o
batismo
não pode salvar, o batismo sem o arrependimento não basta
para
entrarmos no reino de Deus.
Diferentemente do povo de Jerusalém, que talvez estimasse muito
Nicodemos,
Jesus "sabia o que era a natureza humana" (João 2:25) e
sabia
também da natureza do reino para o qual convidava os homens.
Qualificado como ninguém para comentar sobre as condições de
ingresso no reino, Jesus reconhecia a
necessidade de atingir o
coração. Ele nunca tentou
tranqüilizar as consciências dos
descompromissados com falsas esperanças de salvação fácil. O
simples
fato é que ninguém pode se unir a Deus sem se submeter à
mais
radical das mudanças.
Assim como
Nicodemos estranhou o conceito do renascimento físico,
incontáveis outros têm lutado com as suas exigências espirituais. A
entrada no
domínio do Rei celeste exige um recomeço do coração para
fora (veja
2 Coríntios 5:17). Satanás apela a nossa
compaixão
quando nos
tenta a amenizar as demandas do Salvador.
Podemos
procurar o
jeito fácil dos homens a serem salvos colocando todo o
nosso
destaque nas recompensas e nos simples aspectos externos,
evitando
assim os apelos fortes e exigentes que penetram no fundo do
coração. Pode ser então que os
homens encontrem a grande recepção
que
Nicodemos esperava, mas as igrejas estarão repletas de pessoas
sem
compromisso, as quais nem consideraram nem pagaram o preço de
serem
discípulos. Devemos evitar a armadilha
de procurar aqueles
que estão
dispostos a fazerem "um favor para Deus" e oferecer com
mais
esforço a todos o poder de ser transformados em novas
criaturas. Ao contrário da
Marinha, que buscam "poucos homens, mas
bons", devemos oferecer àqueles
cujas vidas estão massacradas pelo
pecado o
poder de Deus para a vida eterna.
AUTOR DESCONHECIDO
(Não nos responsabilizamos pelo conteúdo teológico deste material)
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