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quinta-feira, 4 de maio de 2017

SERMÕES 3 - EU ME AMO

EU ME AMO!

A Bíblia nos apresenta como vencedores e diversos versículos afirmam esta verdade. Por exemplo:
·     Mas, em todas estas coisas somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. (Romanos 8:37)
·     Mas graças a Deus, que sempre nos conduz vitoriosamente em Cristo e por nosso intermédio exala em todo lugar a fragrância do seu conhecimento; (2 Coríntios 2:14)
·     Mas graças a Deus, que nos dá a vitória por meio de nosso Senhor Jesus Cristo. (1 Coríntios 15:57)
Alguns pregadores não compreendendo estes versos no contexto de toda Bíblia tem criado uma teologia triunfalista levando muitos a pensarem que ao servirem a Jesus Cristo e tomando posse de Suas palavras terão uma vida só de vitórias e de isenções do mal presente neste mundo. De alguma forma viverão protegidos numa bolha espiritual. Entretanto veremos que isso não é verdade. Mas não podemos negar que somos mais que vencedores. Sobre o que vencemos?


1 – Três Forças Operam Contra o Ser Humano
A Bíblia em todo seu conteúdo apresenta três forças que operam contra o ser humano.
Quais são estas três forças?
·        Carne (uma força que opera em nosso homem interior) -
Quem é dominado pela carne não pode agradar a Deus. (Romanos 8:8)
Pois a carne deseja o que é contrário ao Espírito; e o Espírito, o que é contrário à carne. Eles estão em conflito um com o outro, de modo que vocês não fazem o que desejam. (Gálatas 5:17)
·        Mundo (sistema de poder que governa o mundo atual, dita a cultura e orienta os valores a serem seguidos pela sociedade) - Sabemos que somos de Deus e que o mundo todo está sob o poder do Maligno. (1 João 5:19)
Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. (Romanos 12:2)
·        Diabo (um ser espiritual e inimigo de nossas almas) - Sejam sóbrios e vigiem. O diabo, o inimigo de vocês, anda ao redor como leão, rugindo e procurando a quem possa devorar. (1 Pedro 5:8)
Portanto, submetam-se a Deus. Resistam ao diabo, e ele fugirá de vocês. (Tiago 4:7)

Exemplos da ação destas forças:
1) Coca-cola ou água; 2) Passo no sinal vermelho ou não?

1.1 – A Vitória de Cristo Sobre as Três Forças
A vitória de Cristo, na cruz, sobre estas três forças é afirmada nas Escrituras Sagradas conforme podemos ver:
·        Jesus venceu a carnepois não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, mas sim alguém que, como nós, passou por todo tipo de tentação, porém, sem pecado. (Hebreus 4:15)
·        Jesus venceu o mundoEu lhes disse essas coisas para que em mim vocês tenham paz. Neste mundo vocês terão aflições; contudo, tenham ânimo! Eu venci o mundo. (João 16:33)
·        Jesus venceu o DiaboPortanto, visto que os filhos são pessoas de carne e sangue, ele (Jesus) também participou dessa condição humana, para que, por sua morte, derrotasse aquele que tem o poder da morte, isto é, o diabo. (Hebreus 2:14)

2 – O Paradoxo da Nossa Vitória
(Paradoxo – uma aparente falta de nexo ou lógica).
A Bíblia não só afirma a vitória de Cristo, como diz que a vitória de Cristo nos tornou vencedores sobre estas forças também.
·     Nossa vitória sobre a carne Os que pertencem a Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e os seus desejos. (Gálatas 5:24)
·     Nossa vitória sobre o mundo O que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé. (1 João 5:4)
·     Nossa vitória sobre o diabo Resistam-lhe, permanecendo firmes na fé, sabendo que os irmãos que vocês têm em todo o mundo estão passando pelos mesmos sofrimentos.
(1 Pedro 5:9)
Entretanto, embora sejamos mais que vencedores, não vivemos como vencedores. Este é o paradoxo! Muitas vezes somos vencidos. O pecado continua muitas vezes nos levando a derrotas avassaladoras, o mundo continua nos aprisionando em sua rede e Satanás ainda nos induz com suas mentiras prazerosas, inflando nossa carne e nos levando dessa forma a errarmos o alvo de nossa existência.
Por que ainda fraquejamos? Por que ainda pecamos se somos mais que vencedores? Porque vivemos o que a teologia chama de “já” e “ainda não”, isto é, vivemos a vitória já conquistada por Cristo na cruz, mas ao mesmo tempo vivemos na esperança da manifestação plena do Reino de Deus que “ainda não” se concretizou. Embora libertos do pecado e de suas consequências pela obra de Cristo na cruz, ainda estamos presos a este corpo corruptível. A obra da redenção está consumada, mas aguardamos a nossa ressurreição. Enquanto aguardamos vivemos limitados e aprisionados num corpo dominado pelo poder do pecado. O que gera em nós uma intensa luta interior.

3 – Compreendendo a Luta Interior
Freud explica essa luta interior que ocorre em nós através de sua Teoria da Personalidade.
Vou usar a teoria de Freud por duas razões: 1) Para mostrar as pessoas que possuem preconceitos com relação à Bíblia que ela é um livro atual e confiável, e, que nenhuma verdade conhecida sobre o homem está fora da Bíblia; 2) Para mostrar que Deus se revela através das mais diversas formas. Deus não fala somente através de homens santos, Deus não age somente através de Sua Igreja, pois Seu Reino se estende além dela.
Id, Ego e Superego são conceitos criados por Freud para explicar o funcionamento da mente humana, considerando aspectos conscientes e inconscientes. Seriam três “partes” da mente que, integradas e atuando em conjunto, determinam e coordenam o comportamento humano.
O Id é regido pelo “princípio do prazer”. Profundamente ligado ao desejo, está relacionado à ação de impulsos é considerado inato.  Está localizado na zona inconsciente da mente, sem conhecer a “realidade” consciente e ética, agindo portanto apenas a partir de estímulos instintivos, o que lhe atribui a característica de amoral.
O superego é o componente inibidor da mente, atuando de forma contrária ao id. Considerado hipermoral, segue o “princípio do dever” e faz o julgamento das intenções do sujeito sempre agindo de acordo com heranças culturais relacionadas a valores e regras de conduta. O superego é, então, componente moral e social da personalidade.
O ego é a parte consciente da mente, sendo responsável por funções como percepção, memória, sentimentos e pensamentos. É regido pelo “princípio da realidade”, sendo o principal influente na interação entre sujeito e ambiente externo. É um componente moral, que leva em consideração as normas éticas existentes e atua como mediador entre id e superego.
Segundo Freud o “ego” deve fazer o equilíbrio entre o id e o superego, fazendo que o ser humano possa viver harmoniosamente.
Contudo se vivo desconectado de Deus, meu “ego” é incapaz de ver claramente, de julgar corretamente, de amar corretamente, porque o pecado distorceu o que “sou”. Fui feito a imagem e semelhança de Deus, mas agora sou uma imagem distorcida de Deus.
Vou unir a Teoria da Personalidade de Freud a revelação bíblica das forças que atuam sobre nós seres humanos, e perceberemos que elas são muito semelhantes, não igual.
Se eu sou um homem desconectado de Deus:
1.   Ou sou dominado pelo Id – vivo dominado pela carne, pelo prazer – portanto escravo de meus desejos;
2.   Ou sou dominado pelo superego – sou possuidor de uma cosmovisão humana da vida, construída por homens com uma cosmovisão distante da cosmovisão de Deus – portanto prisioneiro do mundo. Sou alguém cheio de culpa, inferioridade, rejeição ou cheio de orgulho;
3.   Ou sou dominado pelo “ego” - que é incapaz de ver claramente, de julgar corretamente, de amar corretamente, porque o pecado distorceu o que realmente “sou”, o ser que fui criado. Meu espírito separado de Deus é inoperante, está morto conforme descreve a Bíblia.
O problema da apresentação de Freud é que ele confia no “ego”, na capacidade racional do ser humano para vencer o mal que domina o ser humano. Entretanto o ser humano já nasce dominado pelo mal, o “ego” é incapaz de encontrar o caminho da verdade. De forma que a teoria de Freud é incapaz de transformar o mundo, porque não consegue libertar o homem do poder da carne, nem do mundo e nem do diabo, conforme a Bíblia nos apresenta.

4 – O Grande Problema: Sou Eu
Vimos que Cristo venceu a carne, o mundo e o diabo; e nos fez vencedor com Ele. Entretanto descobrimos que o grande problema entre o “já”(o realizado na cruz) e o “ainda não” (o que se concretizará na ressurreição) sou eu. O grande problema que nos impede de vivermos triunfantes, não é o diabo, não é o mundo, somos nós mesmos, sou “EU”. O problema está no meu interior e não no exterior. O mal que me causa dano não é o que vem de fora, mas o que é gerado em mim mesmo.
21Pois do interior do coração dos homens vêm os maus pensamentos, as imoralidades sexuais, os roubos, os homicídios, os adultérios, 22as cobiças, as maldades, o engano, a devassidão, a inveja, a calúnia, a arrogância e a insensatez.
23Todos esses males vêm de dentro e tornam o homem “impuro”. (Marcos 7:21-23) 
Quando meu “ego” na linguagem freudiana, ou meu espírito na linguagem Bíblica, se encontra desconectado de Deus, o meu ser não consegue amar outro ser, além de mim mesmo. Eu diria que isso é esperado, e até normal, afinal sem Jesus no controle somos arrastados pelos desejos de nossa carne.
Mas essa não é só uma realidade daqueles que não conhecem a Jesus, é também a minha realidade que já me conectei com Jesus, mas por ainda estar preso a um corpo sujeito ao pecado, continuo não conseguindo amar outro ser além de mim mesmo, e isso já não pode ser considerado normal.
Vocês já ouviram a música do grupo Ultraje a Rigor, “Eu Me Amo”? Essa música fala deste problema que temos – refrão da música “eu me amo, não posso mais viver sem mim”.
Acredito que esse é o grande problema de toda humanidade, possuímos um ego doente, e este possuí um poder avassalador sobre nós, de forma, que somos todos egoístas, possuímos um amor próprio excessivo, nos amamos demais. Somos uma geração narcisista, apaixonada por nossa imagem. O Facebook é a prova de nosso amor por nós mesmos, de nosso desejo de sermos vistos pelos outros, de sermos admirados.
Jesus disse “ame o seu próximo como a si mesmo” (Mateus 22:39). O interessante neste verso é que devemos amar o próximo “como” amamos a nós mesmos. A medida do amor que devo dar ao outro é a mesma que dou a mim.
Eu amo os outros, eu amo vocês, mas reconheço que eu me amo mais do que amo vocês. Isto faz com que meu amor seja defeituoso. Amamos o outro por interesse, amamos para sermos supridos fisicamente e emocionalmente. Amamos porque desejamos ser amados. Esse é um amor defeituoso, é um amor voltado para mim. Eu amo você porque desejo que você me realize, me complete, me ame. Na verdade Eu amo a mim mesmo através de você. Esse não é um amor que se doa, mas que espera receber.
De forma que nos tornamos infelizes, prisioneiros de nós mesmos. A prova é que quando o outro me fere, eu já não o quero mais na minha vida. Quando o outro me traí, eu quero me separar dele, porque o meu amor é voltado para mim. Eu não posso sofrer.
O mundo está como está porque cada um de nós amamos mais a nós mesmos do que o outro. Nós abrimos mão do outro, mas não de nós mesmos, por isso casamentos se acabam, filhos são abandonados, porque aquele que ama mais a si mesmo não está disposto a gastar energia com o outro, a gastar tempo com o outro, a sofrer por causa do outro.

5 – Jesus nos ensina a vivermos o amor
1 João 3:16 – Nisto conhecemos o que é o amor: Jesus Cristo deu a sua vida por nós, e devemos dar a nossa vida por nossos irmãos.
Jesus nos chama para um amor voltado para o outro. Jesus é o maior exemplo deste amor. A Bíblia diz que ele amou até o fim. Jesus amou o soldado que pregava suas mãos enquanto ele batia o martelo. Jesus amou Judas, mesmo quando o beijou para entrega-lo a morte. Jesus amou seus discípulos, mesmo quando estes não puderam permanecer com ele em oração, no momento mais agonizante de sua vida. Jesus amou até o fim, por isso disse “Pai perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem”.
Esse é o amor sadio, verdadeiro, que não é voltado para si mesmo, esse é o amor que permanece mesmo quando traído, que não espera receber nada, que não ama baseado em troca, em méritos, ama por amar. Eu amo você mesmo que me rejeite. Esse é o amor não para mim, mas que sai de mim para o outro.
Somos chamados a dar nossas vidas por nossos irmãos, cônjuges, filhos, patrões, empregados, líderes, liderados, etc. Dar a vida implica em abrir mão de minha vida pelo outro, abrir mão do meu tempo pelo outro, abrir mão de minhas vontades pelo outro, de meu descanso pelo outro, etc. Contudo esbarramos em nosso “ego doentio”, em nosso amor próprio.

6 – A Solução Para Vencer a Mim Mesmo
Mateus 16:24 - Então Jesus disse aos seus discípulos: "Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. 
O caminho de Jesus é a cruz. Renuncie a si mesmo. Pare de viver para si mesmo, pare de orar para si mesmo, pare de pensar só em si mesmo e você conhecerá a vida abundante.
Não cante mais “eu me amo. Não posso mais viver sem mim”, mas viva a vida para Cristo por amor a Ele e não por você.
Cristo amava o seu próximo como amava a si mesmo. Ele foi capaz de amar o próximo como a si mesmo, porque sabia quem era e sempre soube quem era. Jesus não se preocupou com sua imagem, não viveu em busca de ser amado, nem do reconhecimento dos homens, não buscou glória para si mesmo,
Negar a si mesmo e seguir a Cristo é o único caminho para você viver a sua verdadeira identidade em Deus e se torne verdadeiramente a imagem e semelhança de Deus. Somente assim você será o ser humano que Deus criou no Éden.

Conclusão
Cristo venceu a carne, o mundo e o diabo. Cristo nos fez Nele mais que vencedores. Seu Reino já está presente entre nós, mas seu governo ainda não é total em nós, porque nós não nos submetemos totalmente a Ele porque nos amamos demais, para abrirmos mão de nós mesmos.
Se você deseja viver triunfante, viver conforme a cruz, você precisa responder a duas perguntas:
1 – Você reconhece que se ama demais e que vive para se fazer feliz? O mundo está como está porque você vive para si mesmo. Você precisa reconhecer essa verdade. Você nunca fez caixa dois, mentiu para vender seu carro ou para esconder algo que fez de errado, traiu ninguém, colou na escola, parou na vaga de idoso, teve raiva de um palmeirense? Quando você fez isso não foi para que VOCÊ se desse bem? Não foi para defender sua imagem?
Se você nunca fez nada disso, mas também não fez o bem que devia fazer, sua omissão contribuiu para o mundo ser o que é. Responda a você mesmo: Sua omissão não foi com o fim de se proteger? De ser amado e não rejeitado? No fim o amor por você mesmo prejudica a você mesmo.
2 – Você está disposto a negar a si mesmo e seguir a Jesus? Está disposto a tomar a sua cruz hoje?
Ao abrir mão de você mesmo, perceberá que a felicidade se tornará uma realidade, pois sua alegria não está baseada no que você sente, mas no que você é em Cristo. Ao se descobrir como filho de Deus; você descobrirá que é amado por Deus.
Se você esta disposto ore a Deus entregando sua vida ao comando Dele.

Pr. Cornélio Póvoa de Oliveira
02/05/2017




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