EU ME AMO!
A Bíblia nos
apresenta como vencedores e diversos versículos afirmam esta verdade. Por
exemplo:
·
Mas, em todas estas coisas somos mais que vencedores, por meio daquele que
nos amou. (Romanos 8:37)
·
Mas
graças a Deus, que sempre
nos conduz vitoriosamente em Cristo e por nosso intermédio exala em todo
lugar a fragrância do seu conhecimento; (2 Coríntios 2:14)
·
Mas
graças a Deus, que nos dá
a vitória por meio de nosso Senhor Jesus Cristo. (1 Coríntios 15:57)
Alguns pregadores não
compreendendo estes versos no contexto de toda Bíblia tem criado uma teologia
triunfalista levando muitos a pensarem que ao servirem a Jesus Cristo e tomando
posse de Suas palavras terão uma vida só de vitórias e de isenções do mal
presente neste mundo. De alguma forma viverão protegidos numa bolha espiritual.
Entretanto veremos que isso não é verdade. Mas não podemos negar que somos mais
que vencedores. Sobre o que vencemos?
1 – Três Forças Operam
Contra o Ser Humano
A Bíblia em todo seu
conteúdo apresenta três forças que operam contra o ser humano.
Quais são estas três forças?
·
Carne (uma força que opera em nosso homem
interior) -
Quem é dominado pela carne
não pode agradar a Deus. (Romanos 8:8)
Pois a carne deseja o que é
contrário ao Espírito; e o Espírito, o que é contrário à carne. Eles estão em conflito
um com o outro, de modo que vocês não fazem o que desejam. (Gálatas 5:17)
·
Mundo (sistema de poder
que governa o mundo atual, dita a cultura e orienta os valores a serem seguidos
pela sociedade) - Sabemos que somos de Deus e que o mundo todo está sob o poder
do Maligno. (1 João
5:19)
Não se amoldem ao padrão
deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam
capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. (Romanos 12:2)
·
Diabo (um ser
espiritual e inimigo de nossas almas) - Sejam sóbrios e vigiem. O diabo, o inimigo de
vocês, anda ao redor como leão, rugindo e procurando a quem possa devorar. (1 Pedro 5:8)
Portanto, submetam-se a
Deus. Resistam ao diabo, e ele fugirá de vocês. (Tiago 4:7)
Exemplos
da ação destas forças:
1) Coca-cola ou água; 2) Passo no sinal
vermelho ou não?
1.1 – A Vitória de Cristo Sobre as Três Forças
A vitória de Cristo,
na cruz, sobre estas três forças é afirmada nas Escrituras Sagradas conforme
podemos ver:
·
Jesus venceu a carne – pois não temos um sumo sacerdote que não
possa compadecer-se das nossas fraquezas, mas sim alguém que, como nós, passou
por todo tipo de tentação, porém, sem pecado. (Hebreus
4:15)
·
Jesus venceu o mundo – Eu lhes disse essas coisas para que em mim
vocês tenham paz. Neste mundo vocês terão aflições; contudo, tenham ânimo! Eu
venci o mundo. (João 16:33)
·
Jesus venceu o Diabo – Portanto, visto que os filhos são pessoas
de carne e sangue, ele (Jesus) também participou dessa condição humana, para
que, por sua morte, derrotasse aquele que tem o poder da morte,
isto é, o diabo. (Hebreus
2:14)
2 – O Paradoxo da
Nossa Vitória
(Paradoxo – uma
aparente falta de nexo ou lógica).
A Bíblia não só afirma a vitória de Cristo, como diz que
a vitória de Cristo nos tornou vencedores sobre estas forças também.
·
Nossa
vitória sobre a carne – Os que pertencem a Cristo Jesus crucificaram a carne, com
as suas paixões e os seus desejos. (Gálatas 5:24)
·
Nossa vitória sobre o
mundo
– O que é nascido de Deus
vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé. (1
João 5:4)
·
Nossa vitória sobre o
diabo – Resistam-lhe, permanecendo firmes na fé, sabendo
que os irmãos que vocês têm em todo o mundo estão passando pelos mesmos
sofrimentos.
(1 Pedro 5:9)
(1 Pedro 5:9)
Entretanto, embora sejamos mais que vencedores, não
vivemos como vencedores. Este é o paradoxo! Muitas vezes somos vencidos. O
pecado continua muitas vezes nos levando a derrotas avassaladoras, o mundo
continua nos aprisionando em sua rede e Satanás ainda nos induz com suas
mentiras prazerosas, inflando nossa carne e nos levando dessa forma a errarmos
o alvo de nossa existência.
Por que ainda
fraquejamos? Por que ainda pecamos se somos mais que vencedores? Porque vivemos o que
a teologia chama de “já” e “ainda não”, isto é, vivemos a vitória já
conquistada por Cristo na cruz, mas ao mesmo tempo vivemos na esperança da
manifestação plena do Reino de Deus que “ainda não” se concretizou. Embora
libertos do pecado e de suas consequências pela obra de Cristo na cruz, ainda
estamos presos a este corpo corruptível. A obra da redenção está consumada, mas
aguardamos a nossa ressurreição. Enquanto aguardamos vivemos limitados e
aprisionados num corpo dominado pelo poder do pecado. O que gera em nós uma
intensa luta interior.
3 – Compreendendo a
Luta Interior
Freud explica essa luta interior
que ocorre em nós através de sua Teoria da Personalidade.
Vou usar a teoria de Freud por duas razões: 1) Para mostrar as pessoas
que possuem preconceitos com relação à Bíblia que ela é um livro atual e
confiável, e, que nenhuma verdade conhecida sobre o homem está fora da Bíblia;
2) Para mostrar que Deus se revela através das mais diversas formas. Deus não
fala somente através de homens santos, Deus não age somente através de Sua
Igreja, pois Seu Reino se estende além dela.
Id, Ego e
Superego são conceitos criados por Freud para explicar o funcionamento
da mente humana, considerando aspectos conscientes e inconscientes. Seriam três
“partes” da mente que, integradas e atuando em conjunto, determinam e coordenam
o comportamento humano.
O Id é regido pelo “princípio do
prazer”. Profundamente ligado ao desejo, está relacionado à ação de
impulsos é considerado inato. Está
localizado na zona inconsciente da mente, sem conhecer a “realidade”
consciente e ética, agindo portanto apenas a partir de estímulos instintivos, o
que lhe atribui a característica de amoral.
O superego é o componente inibidor da mente, atuando de forma contrária ao id. Considerado
hipermoral, segue o
“princípio do dever” e faz o julgamento das intenções do sujeito sempre
agindo de acordo com heranças culturais relacionadas a valores e regras de
conduta. O superego é, então, componente moral e social da personalidade.
O ego é a parte consciente da mente,
sendo responsável por funções como percepção, memória, sentimentos e pensamentos. É regido pelo “princípio da
realidade”, sendo o principal influente na interação entre sujeito e
ambiente externo. É um componente moral, que leva em consideração as normas
éticas existentes e atua
como mediador entre id e superego.
Segundo Freud o “ego” deve fazer o equilíbrio entre o id e
o superego, fazendo que o ser humano possa viver harmoniosamente.
Contudo se vivo
desconectado de Deus, meu “ego” é incapaz de ver claramente, de julgar corretamente,
de amar corretamente, porque o pecado distorceu o que “sou”. Fui feito a imagem
e semelhança de Deus, mas agora sou uma imagem distorcida de Deus.
Vou unir a Teoria da Personalidade de Freud a revelação
bíblica das forças que atuam sobre nós seres humanos, e perceberemos que elas
são muito semelhantes, não igual.
Se eu sou um homem
desconectado de Deus:
1.
Ou sou dominado pelo
Id –
vivo dominado pela carne, pelo prazer – portanto escravo de meus desejos;
2.
Ou sou dominado pelo
superego
– sou possuidor de uma cosmovisão humana da vida, construída por homens com uma
cosmovisão distante da cosmovisão de Deus – portanto prisioneiro do mundo. Sou
alguém cheio de culpa, inferioridade, rejeição ou cheio de orgulho;
3.
Ou sou dominado pelo
“ego”
- que é incapaz de ver claramente, de julgar corretamente, de amar
corretamente, porque o pecado distorceu o que realmente “sou”, o ser que fui
criado. Meu espírito separado de Deus é inoperante, está morto conforme
descreve a Bíblia.
O problema da apresentação de Freud é que ele confia no
“ego”, na capacidade racional do ser humano para vencer o mal que domina o ser
humano. Entretanto o ser humano já nasce dominado pelo mal, o “ego” é incapaz
de encontrar o caminho da verdade. De forma que a teoria de Freud é incapaz de
transformar o mundo, porque não consegue libertar o homem do poder da carne,
nem do mundo e nem do diabo, conforme a Bíblia nos apresenta.
4 – O Grande Problema:
Sou Eu
Vimos que Cristo
venceu a carne, o mundo e o diabo; e nos fez vencedor com Ele. Entretanto descobrimos que o
grande problema entre o “já”(o realizado na cruz) e o “ainda não” (o que se
concretizará na ressurreição) sou eu. O grande problema que nos impede de vivermos triunfantes,
não é o diabo, não é o mundo, somos nós mesmos, sou “EU”. O problema está no meu
interior e não no exterior. O mal que me causa dano não é o que vem de fora,
mas o que é gerado em mim mesmo.
21Pois do interior do coração
dos homens vêm os maus pensamentos, as imoralidades sexuais, os roubos, os
homicídios, os adultérios, 22as cobiças, as maldades, o engano, a
devassidão, a inveja, a calúnia, a arrogância e a insensatez.
Quando meu “ego” na linguagem freudiana, ou meu espírito
na linguagem Bíblica, se encontra desconectado de Deus, o meu ser não consegue
amar outro ser, além de mim mesmo. Eu diria que isso é esperado, e até normal,
afinal sem Jesus no controle somos arrastados pelos desejos de nossa carne.
Mas essa não é só uma
realidade daqueles que não conhecem a Jesus, é também a minha realidade que já me
conectei com Jesus, mas por ainda estar preso a um corpo sujeito ao pecado,
continuo não conseguindo amar outro ser além de mim mesmo, e isso já não pode
ser considerado normal.
Vocês já ouviram a música do grupo Ultraje a Rigor, “Eu Me
Amo”? Essa música fala deste problema que temos – refrão da música “eu me amo,
não posso mais viver sem mim”.
Acredito que esse é o
grande problema de toda humanidade, possuímos um ego doente, e este possuí um
poder avassalador sobre nós, de forma, que somos todos egoístas, possuímos um amor
próprio excessivo, nos amamos demais. Somos uma geração narcisista, apaixonada
por nossa imagem. O Facebook é a prova de nosso amor por nós mesmos, de nosso
desejo de sermos vistos pelos outros, de sermos admirados.
Jesus disse “ame o seu próximo como a si mesmo” (Mateus 22:39). O interessante neste
verso é que devemos amar o próximo “como” amamos a nós mesmos. A medida do amor
que devo dar ao outro é a mesma que dou a mim.
Eu amo os outros, eu
amo vocês, mas reconheço que eu me amo mais do que amo vocês. Isto faz com que
meu amor seja defeituoso. Amamos o outro por interesse, amamos para sermos
supridos fisicamente e emocionalmente. Amamos porque desejamos ser amados. Esse
é um amor defeituoso, é um amor voltado para mim. Eu amo você porque desejo que
você me realize, me complete, me ame. Na verdade Eu amo a mim mesmo através de
você. Esse não é um amor que
se doa, mas que espera receber.
De forma que nos tornamos infelizes, prisioneiros de nós
mesmos. A prova é que quando o outro me fere, eu já não o quero mais na minha
vida. Quando o outro me traí, eu quero me separar dele, porque o meu amor é
voltado para mim. Eu não posso sofrer.
O mundo está como
está porque cada um de nós amamos mais a nós mesmos do que o outro. Nós abrimos
mão do outro, mas não de nós mesmos, por isso casamentos se acabam, filhos são
abandonados, porque aquele que ama mais a si mesmo não está disposto a gastar
energia com o outro, a gastar tempo com o outro, a sofrer por causa do outro.
5 – Jesus nos ensina a
vivermos o amor
1 João 3:16 – Nisto conhecemos o que é o amor: Jesus Cristo deu
a sua vida por nós, e devemos dar a nossa vida por nossos irmãos.
Jesus nos chama para
um amor voltado para o outro. Jesus é o maior exemplo deste amor. A Bíblia diz
que ele amou até o fim. Jesus amou o soldado que pregava suas mãos enquanto ele
batia o martelo. Jesus amou Judas, mesmo quando o beijou para entrega-lo a
morte. Jesus amou seus discípulos, mesmo quando estes não puderam permanecer
com ele em oração, no momento mais agonizante de sua vida. Jesus amou até o
fim, por isso disse “Pai perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem”.
Esse é o amor sadio, verdadeiro, que não é voltado para
si mesmo, esse é o amor que permanece mesmo quando traído, que não espera
receber nada, que não ama baseado em troca, em méritos, ama por amar. Eu amo
você mesmo que me rejeite. Esse é o amor não para mim, mas que sai de mim para
o outro.
Somos chamados a dar
nossas vidas por nossos irmãos, cônjuges, filhos, patrões, empregados, líderes,
liderados, etc. Dar a vida implica em abrir mão de minha vida pelo outro, abrir
mão do meu tempo pelo outro, abrir mão de minhas vontades pelo outro, de meu
descanso pelo outro, etc. Contudo esbarramos em nosso “ego doentio”, em nosso
amor próprio.
6 – A Solução Para
Vencer a Mim Mesmo
Mateus 16:24 - Então Jesus disse
aos seus discípulos: "Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo,
tome a sua cruz e siga-me.
O caminho de Jesus é
a cruz. Renuncie a si mesmo. Pare de viver para si mesmo, pare de orar para si
mesmo, pare de pensar só em si mesmo e você conhecerá a vida abundante.
Não cante mais “eu me
amo. Não posso mais viver sem mim”, mas viva a vida para Cristo por amor a Ele
e não por você.
Cristo amava o seu
próximo como amava a si mesmo. Ele foi capaz de amar o próximo como a si mesmo,
porque sabia quem era e sempre soube quem era. Jesus não se preocupou com sua
imagem, não viveu em busca de ser amado, nem do reconhecimento dos homens, não
buscou glória para si mesmo,
Negar a si mesmo e
seguir a Cristo é o único caminho para você viver a sua verdadeira identidade
em Deus e se torne verdadeiramente a imagem e semelhança de Deus. Somente assim
você será o ser humano que Deus criou no Éden.
Conclusão
Cristo venceu a
carne, o mundo e o diabo. Cristo nos fez Nele mais que vencedores. Seu Reino já
está presente entre nós, mas seu governo ainda não é total em nós, porque nós
não nos submetemos totalmente a Ele porque nos amamos demais, para abrirmos mão
de nós mesmos.
Se você deseja viver
triunfante, viver conforme a cruz, você precisa responder a duas perguntas:
1 – Você reconhece que se ama demais e que vive para se
fazer feliz?
O mundo está como está porque você vive para si mesmo. Você precisa reconhecer
essa verdade. Você nunca fez caixa dois, mentiu para vender seu carro ou para
esconder algo que fez de errado, traiu ninguém, colou na escola, parou na vaga
de idoso, teve raiva de um palmeirense? Quando você fez isso não foi para que
VOCÊ se desse bem? Não foi para defender sua imagem?
Se você nunca fez
nada disso, mas também não fez o bem que devia fazer, sua omissão contribuiu
para o mundo ser o que é. Responda a você mesmo: Sua omissão não foi com o fim
de se proteger? De ser amado e não rejeitado? No fim o amor por você mesmo
prejudica a você mesmo.
2 – Você está disposto a negar a si mesmo e seguir a
Jesus? Está disposto a tomar a sua cruz hoje?
Ao abrir mão de você
mesmo, perceberá que a felicidade se tornará uma realidade, pois sua alegria
não está baseada no que você sente, mas no que você é em Cristo. Ao se
descobrir como filho de Deus; você descobrirá que é amado por Deus.
Se você esta disposto
ore a Deus entregando sua vida ao comando Dele.
Pr. Cornélio Póvoa de
Oliveira
02/05/2017
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