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quinta-feira, 8 de março de 2018

REFLEXÃO 382 - A PERSUASÃO E O EVANGELHO

A persuasão e o evangelho

Na ocasião quando o apóstolo Paulo apresentou o evangelho de Cristo ao Rei Herodes Agripa II, a memorável resposta de Agripa foi: “Por pouco me persuades a me fazer cristão” (Atos 26:28). É difícil saber com certeza se o rei era sincero ao fazer esta declaração. Ele pode ter sido sarcástico.
 Em ambos os casos, sua observação sobre quase ser persuadido a se tornar um cristão sugere algumas linhas de pensamento interessantes.
Para começar, ser um cristão exige tornar-se conscientemente um deles. Ninguém jamais, inconscientemente (ou mesmo subconscientemente) sofreu a transformação envolvida em se tornar um cristão, de tal modo que ele acordasse um dia para a percepção de que tinha evoluído, por bem ou por mal, num discípulo de Cristo. Ao contrário, toda pessoa que jamais se tornou um cristão decidiu ser tal coisa; ele fez algumas coisas definidas que são exigidas. O evangelho é uma mensagem que precisa ser obedecida (Atos 6:7; 2 Tessalonicenses 1:8; Hebreus 5:9; 1 Pedro 4:17, etc).

Em alguns círculos tem-se a impressão de que se pensa que se tornar um cristão é, principalmente, se não totalmente, uma experiência emocional. A verdade é, contudo, que se tornar um cristão resulta de uma conversão do intelecto e da vontade, tão bem como das emoções. Para a mudança da posição de não ser cristão para a posição de ser um deles, precisa-se aprender verdades particulares e exercitar sua vocação para responder a essas verdades de modos que são especificados no próprio evangelho (Marcos 16:16; Atos 3:19; Romanos 10:9-10). Ninguém jamais se tornou cristão sem um ato de vontade.
Persuasão” é o movimento da vontade por razões irresistíveis dadas. E desde que se tornar um cristão envolve um ato de vontade, não pode haver real conversão a Cristo sem esta coisa chamada “persuasão”. A uma pessoa devem ser dadas razões suficientes para fazer as coisas que têm que ser feitas, ou então ela não fará o que deve para obedecer ao evangelho. Evidentemente, Agripa supunha que Paulo tinha dado razões “quase” suficientes para mover sua vontade a obedecer a Cristo. Aqueles que também escolheram tornar-se cristãos diriam que Agripa subestimou o peso das razões que lhe foram dadas. De qualquer modo, parece que Agripa entendeu, até certo ponto, que se tornar um cristão exige ser persuadido a agir nessa direção.
As Escrituras enfatizam consistentemente que tanto crença no evangelho como obediência a ele brotam da evidência que o evangelho é verdadeiro. João disse, “Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome” (João 20:31). E Paulo escreveu que para ser salvo é necessário chegar ao “pleno conhecimento da verdade” (1 Timóteo 2:4; veja 2 Timóteo 2:25). Não se obedece ao evangelho a menos que se tenha sido persuadido que ele é verdadeiro e persuadido a agir na base de sua crença. Convicções sobre o evangelho e a conduta que se origina destas convicções são sempre resultado de persuasão (Romanos 10:14-17).
É admirável, quando se pensa nisso, que Deus tenha escolhido depender de persuasão, em vez de correção, para trazer homens e mulheres de volta a si. Ele se revela a nós através do meio da linguagem, palavras que podem ser entendidas e trabalhadas (Efésios 3:3-4). E Paulo falou com gratidão pela vontade de alguns de serem mudados pelo evangelho: “Outra razão ainda temos nós para, incessantemente, dar graças a Deus: é que, tendo vós recebido a palavra que de nós ouvistes, que é de Deus, acolhestes não como palavra de homens, e sim, como, em verdade é, a palavra de Deus, a qual, com efeito, está operando eficazmente em vós, os que credes” (1 Tessalonicenses 2:13).
Os apóstolos de Cristo não eram apenas comunicadores e persuasores; eles eram comunicadores com a autoridade das palavras pelas quais Deus busca persuadir a humanidade. Paulo escreveu: “Ora, tudo provém de Deus que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação” (2 Coríntios 5:18-19).
Através das palavras dos apóstolos, então, o propósito de Deus é persuadir-nos a aceitar a reconciliação com ele, através de Jesus Cristo. Falando de si mesmo e dos seus companheiros apóstolos, Paulo disse: “De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus” (2 Coríntios 5:20). Deus nos dá razões para escolher aceitar reconciliação no evangelho de seu filho. Mas tome boa nota: o céu será povoado pelos inteiramente, e não pelos quase persuadidos!

por Gary Henry



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