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terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

SERMÕES 59 - SANTIDADE: DEUS É SANTO


SANTIDADE: DEUS É SANTO

1 Disse ainda o Senhor a Moisés: 2 "Diga o seguinte a toda comunidade de Israel: Sejam santos porque eu, o Senhor, o Deus de vocês, sou santo. (Levítico 19.1,2)
Hoje eu quero falar com vocês sobre santidade e duas verdades ficam evidentes no verso dois. A primeira verdade: Deus é santo. A segunda verdade: a vontade de Deus é que sejamos santos também. Essas mesmas verdades são reafirmadas no Novo Testamento.
15 Mas, assim como é santo aquele que os chamou, sejam santos vocês também em tudo o que fizerem, 16 pois está escrito: "Sejam santos, porque eu sou santo". (1 Pedro 1.15,16)
Diante dessas duas verdades precisamos responder duas perguntas: O que significa dizer que Deus é santo? O que Deus espera de nós ao nos chamar a santidade?
Hoje iremos nos deter apenas na primeira pergunta.


1 – O QUE SIGNIFICA DIZER QUE DEUS É SANTO?
A palavra hebraica para “santo”, qadash ou kadosh, deriva da raiz qad, que significa cortar ou separar. A mesma idéia é comunicada pelas palavras hagios, hosios e hieros no Novo Testamento. Destas palavras vem “santificação” e “consagração” que é a ideia de separar algo, isto é, tirar algo ou alguém do todo para o serviço de Deus. Isso era muito comum no Antigo Testamento, mas foi trazido de forma errada para o Novo Testamento. Ainda hoje pessoas consagram carros, casas, empresas, etc., acreditando que desta forma trarão a bênção de Deus ou a proteção de Deus sobre o objeto ungido ou consagrado. A bênção de Deus ou a proteção de Deus alcança aqueles que O obedecem, que vivem submissos a Sua Palavra e não pelo simples fato de terem ungido ou consagrado algo a Deus.
O propósito da consagração/santificação de objetos no Antigo Testamento era ensinar que quando uma vida fosse salva, alcançada pela graça de Deus essa vida deveria viver com o propósito único de glorificar a Deus, de promover louvor e honra ao nome de Deus.
A ideia primária da palavra “santo” tanto no hebraico como no grego é a de uma posição relacional frente ao pecado e não de uma posição moral ou ética.
Ao dizermos que Deus é santo temos duas respostas para esta pergunta. Primeiramente estamos dizendo que ele é separado do pecado e em segundo lugar estamos dizendo que Deus dedica-se a defender sua Glória. Deus nos ensinou isso através do Tabernáculo.

2 – O Tabernáculo
O tabernáculo era uma tenda retangular muito grande, feita de várias camadas de cortinas apoiadas em colunas de madeira revestidas com metais preciosos. À volta da tenda havia um pátio retangular, delimitado por mais cortinas e colunas.
O povo ficava no pátio do tabernáculo, onde os sacerdotes ofereciam os sacrifícios no altar dos holocaustos, como símbolo de arrependimento. O sangue derramado simbolizava o pagamento de seus pecados e dessa forma eram simbolicamente purificados. Ainda no pátio recebiam a bênção sacerdotal. Havia no pátio ainda uma bacia de bronze com água que ficava à entrada da tenda, para os sacerdotes se lavarem antes de entrarem no Lugar Santo (Êxodo 30:19-21).
Dentro da tenda havia um candelabro, que iluminava o local, e uma mesa, onde se colocavam 12 pães. Esse era o Lugar Santo, onde apenas os sacerdotes podiam entrar. No fundo da tenda havia uma parte separada por um grande véu (uma cortina), que era o Lugar Santíssimo (Êxodo 26:31-33). Ali ficava a Arca da Aliança, que era o grande símbolo da presença de Deus.
Do lado de fora, junto do véu, ficava o altar do incenso. Uma vez por ano, o sumo sacerdote entrava no Lugar Santíssimo para oferecer um sacrifício pelos pecados de todo o povo. Ninguém mais podia entrar nesse lugar tão sagrado.

2.1 – PRIMEIRA LIÇÃO: Deus não tem comunhão com o pecado.
Por meio do Tabernáculo Deus estava ensinando que Ele era, é e sempre será santo. Quando dizemos que Deus é santo, estamos dizendo que Ele é puro, não há em Deus mal algum. Estamos dizendo que Ele é perfeito, não há em Deus erro algum.
Por causa do pecado, ninguém podia entrar no Santo lugar, quanto mais no Santo dos Santos. Todos nós fomos separados da presença de Deus por causa do pecado.
Deus ao proibir a entrada do povo no Santo Lugar e no Santo dos Santos estava ensinando ao seu povo que Ele não se relaciona com o pecado, isto é, não se associa com o pecado.  
O Primeiro Erro: Pensar que Deus não se relaciona com pecadores.
Os judeus acabaram distorcendo a verdade que Deus não tem comunhão alguma com o pecado e passaram a ensinar que Deus não se relacionava com o pecador, como podemos ver nas atitudes dos fariseus e saduceus descritas no Novo Testamento. São duas coisas diferentes.
A partir deste conceito os judeus monopolizaram a graça de Deus e colocaram um jugo pesado demais para aqueles que desejavam servir a Deus.
Hoje também temos religiões e igrejas que se dizem detentoras da salvação e do poder de Deus. Monopolizam a graça de Deus tornando as pessoas dependentes de suas orações e de suas bênçãos. Trancaram Deus dentro de seus dogmas de forma que Deus se tornou inacessível ao povo. E se as pessoas quiserem algo de Deus precisam pagar por isso.
O fato de Deus ser santo, de não se associar com o pecado e não aceitar o pecado, não significa que Ele não possa andar no meio dos pecadores ou se relacionar com pecadores.
O próprio Jesus, o Deus encarnado se reunia constantemente com pecadores.
1 Todos os publicanos e "pecadores" estavam se reunindo para ouvi-lo. 2 Mas os fariseus e os mestres da lei o criticavam: "Este homem recebe pecadores e come com eles". (Lucas 15.1,2)
Deus sempre recebeu de braços abertos pecadores. Deus sempre está de braços abertos para aqueles que ouvem a sua voz. Deus sempre se deixa achar por aqueles que o buscam de todo coração. O amor de Cristo demonstrado para com os pecadores e seus ensinos sobre o Reino de Deus os levavam ao arrependimento provocando uma profunda transformação de vida naqueles pecadores. Foi assim com Zaqueu, com a mulher Samaritana e outros.
Se você está aqui e pensa que não merece a graça de Deus, saiba que foi por você que Ele se entregou numa cruz; se você não se considera digno de falar com Deus, saiba que Ele deseja te ouvir. O véu foi rasgado para que você possa entrar na presença de Deus. Nada mais te impede de falar com Deus.

2.2 – SEGUNDA LIÇÃO: Deus dedica-se a defender Sua Glória.
7 todo o que é chamado pelo meu nome, a quem criei para a minha glória, a quem formei e fiz. (Isaías 43.7)
Deus nos criou para Sua glória. Fomos criados, nas palavras de John Piper para magnificar, revelar e exibir a grandeza de Deus. Quando nos desviamos deste propósito no Éden, a glória de Deus foi ferida, e podemos dizer que foi roubada, pois passamos a viver em busca de nossa própria glória.
Cristo veio para nos colocar de volta no plano original, de nos conduzir a uma vida voltada para a glória do Pai, conforme podemos ler em 1 Pedro 2.9. Por esse objetivo morreu numa cruz.
9 Vocês, porém, são geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus, para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz. (1 Pedro 2.9)
O véu representava a separação entre Deus e os homens – a separação do santo e do pecado. Ninguém podia entrar na presença de Deus, exceto o sumo sacerdote e uma única vez no ano. Mas Jesus, nosso sumo sacerdote, entrou na presença de Deus e ofereceu, na cruz, a si mesmo como sacrifício perfeito e definitivo.
A aceitação desse sacrifício por parte do Pai foi confirmada com o rasgar do véu e agora todo pecador arrependido, que reconhece o sacrifício de Cristo e o aceita como Senhor de sua vida pode entrar na presença de Deus, através deste único caminho: Cristo Jesus.
Este novo caminho pôs fim a separação entre o sagrado e o profano, pois tudo se tornou para nós sagrado e deve ser vivido nessa dimensão, pois Cristo restabeleceu o propósito de nossa existência, glorificar a Deus. Portanto devemos viver como disse o apóstolo Paulo:
31 Assim, quer vocês comam, bebam ou façam qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus. (1 Coríntios 10.31)
Segundo erro: Pensar que Jesus veio para nossa glória.
Os judeus passaram a acreditar que Deus enviaria o Messias (Jesus) para glorificá-los, isto é, para torná-los grandes sobre os demais povos. Os judeus foram aos poucos criando uma expectativa de que o Messias viria para fazê-los reinar sobre todos os povos.
Deus havia chamado Israel para a santidade a fim de que eles fossem um reino de sacerdotes, um povo exclusivo para Deus com o fim de abençoarem as demais nações. Eles seriam engradencidos para fazer com que a glória de Deus fosse engrandecida de tal forma que ela se espalhasse sobre todos os povos. Eles seriam abençoados para compartilharem a bênção, entretanto eles queriam que o Messias os exaltassem para que eles exercecem domínio sobre os demais povos. Eles buscavam glória para si mesmos. Eles desejavam subjulgar seus semelhantes.
Hoje vemos essa mesma perspectiva sendo pregada nas diversas igrejas. Pessoas querem glória para si mesmas. Acreditam que Deus enviou seu Filho na cruz para que elas possam se tornarem bem-sucedidas nesta vida. Buscam Jesus para que ele possa lhes servir com conquistas de bens materiais (casas, carros, etc.) ou com promoções profissionais. Oram pelos seus próprios interesses, sonham com aquilo que seus olhos podem ver, choram pelo desejo de serem reconhecidas pela sociedade e se esforçam para construirem seus próprios castelos.
Jesus te ama e se preocupa com você. Pode confiar Nele. Descansa sua alma em Jesus. Deixa ele conduzir sua vida. Ele te dará tudo o que precisa. Ele te conduzirá por caminhos que promovam a glória do Pai, pois foi para isso que você foi criado.  Ele morreu na cruz não para que você receba glória, mas para que o Pai tenha a glória Dele restaurada em você.

Reflexão:
1.      Assim como Deus veio tabernacular/habitar com os homens e andou com os pecadores, sem contudo se associar ao pecado, com o fim de transformá-los em seu povo. Você tem se relacionado com pessoas “pecadoras” com o fim de transformá-las em povo de Deus?
2.      Aprendemos que Jesus veio para restaurar a glória do Pai em nós. Você tem vivido de forma que a grandeza da glória de Deus se espalhe através de você ou você tem vivido na busca de sua própria glória?

Pr. Cornélio Póvoa de Oliveira
03/02/2019

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