SANTIDADE: DEUS É SANTO
1 Disse ainda o Senhor a Moisés: 2 "Diga o seguinte a toda comunidade de
Israel: Sejam santos porque
eu, o Senhor, o Deus de vocês, sou santo. (Levítico 19.1,2)
Hoje eu quero
falar com vocês sobre santidade e duas verdades ficam evidentes no verso dois. A
primeira verdade: Deus é santo. A segunda verdade: a vontade de Deus é que sejamos
santos também. Essas mesmas verdades são reafirmadas no Novo Testamento.
15 Mas, assim como é santo aquele que os chamou, sejam santos vocês
também em tudo o que fizerem, 16 pois está escrito: "Sejam santos, porque eu sou
santo". (1 Pedro 1.15,16)
Diante dessas duas
verdades precisamos responder duas perguntas: O que significa dizer que Deus é
santo? O que Deus espera de nós ao nos chamar a santidade?
Hoje iremos
nos deter apenas na primeira pergunta.
1 – O QUE SIGNIFICA DIZER QUE DEUS É SANTO?
A palavra hebraica para “santo”, qadash ou kadosh, deriva da raiz qad, que significa cortar ou separar.
A mesma idéia é comunicada pelas palavras hagios, hosios e hieros no Novo Testamento. Destas palavras vem “santificação”
e “consagração” que é a ideia de separar algo, isto é, tirar algo ou alguém do
todo para o serviço de Deus. Isso era muito comum no Antigo Testamento, mas foi
trazido de forma errada para o Novo Testamento. Ainda hoje pessoas consagram
carros, casas, empresas, etc., acreditando que desta forma trarão a bênção de
Deus ou a proteção de Deus sobre o objeto ungido ou consagrado. A bênção de
Deus ou a proteção de Deus alcança aqueles que O obedecem, que vivem submissos
a Sua Palavra e não pelo simples fato de terem ungido ou consagrado algo a Deus.
O propósito da consagração/santificação de objetos no
Antigo Testamento era ensinar que quando uma vida fosse salva, alcançada pela
graça de Deus essa vida deveria viver com o propósito único de glorificar a
Deus, de promover louvor e honra ao nome de Deus.
A ideia primária da palavra “santo” tanto no hebraico
como no grego é a de uma posição relacional
frente ao pecado e não de uma posição moral ou ética.
Ao dizermos que
Deus é santo temos duas respostas para esta pergunta. Primeiramente estamos dizendo
que ele é separado
do pecado e em segundo
lugar estamos
dizendo que Deus dedica-se a defender sua Glória. Deus nos ensinou isso através
do Tabernáculo.
2 – O Tabernáculo
O tabernáculo
era uma tenda retangular
muito grande, feita de várias camadas de cortinas apoiadas em colunas de
madeira revestidas com metais preciosos. À volta da tenda havia um pátio retangular,
delimitado por mais cortinas e colunas.
O povo ficava
no pátio do tabernáculo, onde os sacerdotes ofereciam os sacrifícios no
altar dos holocaustos, como símbolo de arrependimento. O sangue derramado
simbolizava o pagamento de seus pecados e dessa forma eram simbolicamente
purificados. Ainda no pátio recebiam a bênção sacerdotal. Havia no pátio ainda
uma bacia de bronze com água que ficava à entrada da tenda, para os sacerdotes
se lavarem antes de entrarem no Lugar Santo (Êxodo 30:19-21).
Dentro da
tenda havia um candelabro, que iluminava o local, e uma mesa, onde se colocavam
12 pães. Esse era o Lugar Santo, onde apenas os sacerdotes podiam entrar. No
fundo da tenda havia uma parte separada por um grande véu (uma cortina),
que era o Lugar Santíssimo (Êxodo 26:31-33).
Ali ficava a Arca da Aliança, que era o grande símbolo da presença de Deus.
Do lado de
fora, junto do véu, ficava o altar do incenso. Uma vez por ano, o sumo
sacerdote entrava no Lugar Santíssimo para oferecer um sacrifício pelos pecados
de todo o povo. Ninguém mais podia entrar nesse lugar tão sagrado.
2.1 – PRIMEIRA LIÇÃO: Deus não tem comunhão com o pecado.
Por meio do
Tabernáculo Deus estava ensinando que Ele era, é e sempre será santo. Quando
dizemos que Deus é santo, estamos dizendo que Ele é puro, não há em Deus mal
algum. Estamos dizendo que Ele é perfeito, não há em Deus erro algum.
Por causa do
pecado, ninguém podia entrar no Santo lugar, quanto mais no Santo dos Santos. Todos
nós fomos separados da presença de Deus por causa do pecado.
Deus ao
proibir a entrada do povo no Santo Lugar e no Santo dos Santos estava ensinando
ao seu povo que Ele não se relaciona com o pecado, isto é, não se associa com o
pecado.
O Primeiro Erro: Pensar que Deus não se relaciona com pecadores.
Os judeus
acabaram distorcendo a verdade que Deus não tem comunhão alguma com o pecado e
passaram a ensinar que Deus não se relacionava com o pecador, como podemos ver
nas atitudes dos fariseus e saduceus descritas no Novo Testamento. São duas
coisas diferentes.
A partir deste
conceito os judeus monopolizaram a graça de Deus e colocaram um jugo pesado
demais para aqueles que desejavam servir a Deus.
Hoje também
temos religiões e igrejas que se dizem detentoras da salvação e do poder de
Deus. Monopolizam a graça de Deus tornando as pessoas dependentes de suas
orações e de suas bênçãos. Trancaram Deus dentro de seus dogmas de forma que
Deus se tornou inacessível ao povo. E se as pessoas quiserem algo de Deus
precisam pagar por isso.
O fato de Deus
ser santo, de não se associar com o pecado e não aceitar o pecado, não
significa que Ele não possa andar no meio dos pecadores ou se relacionar com
pecadores.
O próprio Jesus, o Deus encarnado se reunia
constantemente com pecadores.
1 Todos os publicanos e "pecadores" estavam se
reunindo para ouvi-lo. 2 Mas os fariseus e os
mestres da lei o criticavam: "Este homem recebe pecadores e come com
eles". (Lucas 15.1,2)
Deus sempre recebeu de braços abertos pecadores. Deus
sempre está de braços abertos para aqueles que ouvem a sua voz. Deus sempre se
deixa achar por aqueles que o buscam de todo coração. O amor de Cristo
demonstrado para com os pecadores e seus ensinos sobre o Reino de Deus os
levavam ao arrependimento provocando uma profunda transformação de vida
naqueles pecadores. Foi assim com Zaqueu, com a mulher Samaritana e outros.
Se você está
aqui e pensa que não merece a graça de Deus, saiba que foi por você que Ele se
entregou numa cruz; se você não se considera digno de falar com Deus, saiba que
Ele deseja te ouvir. O véu foi rasgado para que você possa entrar na presença
de Deus. Nada mais te impede de falar com Deus.
2.2 – SEGUNDA LIÇÃO: Deus dedica-se a defender Sua Glória.
7 todo o que é chamado pelo meu nome, a quem criei para a minha glória, a quem
formei e fiz. (Isaías 43.7)
Deus nos criou
para Sua glória. Fomos criados, nas palavras de John Piper para magnificar,
revelar e exibir a grandeza de Deus. Quando nos desviamos deste propósito no
Éden, a glória de Deus foi ferida, e podemos dizer que foi roubada, pois passamos
a viver em busca de nossa própria glória.
Cristo veio
para nos colocar de volta no plano original, de nos conduzir a uma vida voltada
para a glória do Pai, conforme podemos ler em 1 Pedro 2.9. Por esse objetivo
morreu numa cruz.
9 Vocês, porém, são geração eleita, sacerdócio real, nação
santa, povo exclusivo de Deus, para anunciar as
grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua
maravilhosa luz. (1 Pedro 2.9)
O véu
representava a separação entre Deus e os homens – a separação do santo e do
pecado. Ninguém podia entrar na presença de Deus, exceto o sumo sacerdote e uma
única vez no ano. Mas Jesus, nosso sumo sacerdote, entrou na presença de Deus e
ofereceu, na cruz, a si mesmo como sacrifício perfeito e definitivo.
A aceitação
desse sacrifício por parte do Pai foi confirmada com o rasgar do véu e agora
todo pecador arrependido, que reconhece o sacrifício de Cristo e o aceita como
Senhor de sua vida pode entrar na presença de Deus, através deste único
caminho: Cristo Jesus.
Este novo
caminho pôs fim a separação entre o sagrado e o profano, pois tudo se tornou
para nós sagrado e deve ser vivido nessa dimensão, pois Cristo restabeleceu o
propósito de nossa existência, glorificar a Deus. Portanto devemos viver como
disse o apóstolo Paulo:
31 Assim, quer vocês comam, bebam ou façam qualquer outra coisa,
façam tudo para a glória de Deus. (1 Coríntios 10.31)
Segundo erro: Pensar que Jesus veio para nossa glória.
Os judeus passaram a acreditar que Deus enviaria o
Messias (Jesus) para glorificá-los, isto é, para torná-los grandes sobre os
demais povos. Os judeus foram aos poucos criando uma expectativa de que o Messias
viria para fazê-los reinar sobre todos os povos.
Deus havia chamado Israel para a santidade a fim de
que eles fossem um reino de sacerdotes, um povo exclusivo para Deus com o fim
de abençoarem as demais nações. Eles seriam engradencidos para fazer com que a
glória de Deus fosse engrandecida de tal forma que ela se espalhasse sobre
todos os povos. Eles seriam abençoados para compartilharem a bênção, entretanto
eles queriam que o Messias os exaltassem para que eles exercecem domínio sobre
os demais povos. Eles buscavam glória para si mesmos. Eles desejavam subjulgar
seus semelhantes.
Hoje vemos essa mesma perspectiva sendo pregada nas
diversas igrejas. Pessoas querem glória para si mesmas. Acreditam que Deus
enviou seu Filho na cruz para que elas possam se tornarem bem-sucedidas nesta
vida. Buscam Jesus para que ele possa lhes servir com conquistas de bens
materiais (casas, carros, etc.) ou com promoções profissionais. Oram pelos seus
próprios interesses, sonham com aquilo que seus olhos podem ver, choram pelo
desejo de serem reconhecidas pela sociedade e se esforçam para construirem seus
próprios castelos.
Jesus te ama e
se preocupa com você. Pode confiar Nele. Descansa sua alma em Jesus. Deixa ele
conduzir sua vida. Ele te dará tudo o que precisa. Ele te conduzirá por
caminhos que promovam a glória do Pai, pois foi para isso que você foi criado. Ele morreu na cruz não para que você receba
glória, mas para que o Pai tenha a glória Dele restaurada em você.
Reflexão:
1. Assim como Deus veio tabernacular/habitar com os
homens e andou com os pecadores, sem contudo se associar ao pecado, com o fim
de transformá-los em seu povo. Você tem
se relacionado com pessoas “pecadoras” com o fim de transformá-las em povo de
Deus?
2. Aprendemos que Jesus veio para restaurar a glória do
Pai em nós. Você tem vivido de forma que
a grandeza da glória de Deus se espalhe através de você ou você tem vivido na
busca de sua própria glória?
Pr. Cornélio Póvoa de Oliveira
03/02/2019
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