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sexta-feira, 18 de outubro de 2019

SERMÕES 106 - HUMANOS COMO CRISTO (terceira parte): RECONHECENDO SUA HUMANIDADE


HUMANOS COMO CRISTO (terceira parte):
RECONHECENDO SUA HUMANIDADE

Neste mês de outubro estamos olhando para a humanidade de Jesus com o fim de aprendermos a viver nossa humanidade como Ele a viveu. Em nosso último encontro afirmamos que Jesus foi 100% homem. Hoje veremos Jesus manifestando sentimentos e fraquezas pertencentes a nós seres humanos, contudo Ele não pecou, quebrando a máxima de que “errar é humano”. Uma das características que permitiu Jesus ser um ser humano perfeito foi a sua capacidade de reconhecer sua humanidade. Ele a reconheceu...


1 – DIANTE O LUTO
13 Ouvindo o que havia ocorrido, Jesus retirou-se de barco em particular para um lugar deserto. As multidões, ao ouvirem falar disso, saíram das cidades e o seguiram a pé. (Mateus 14.13)
Jesus ouviu algo que o fez se retirar para um barco. O que ele ouviu? Ele tinha acabado de receber a notícia de que seu primo João Batista havia sido decapitado por Herodes. Jesus não participou do sepultamento. Ele não teve a oportunidade de se despedir de João Batista.
Qualquer um de nós ao recebermos a notícia da morte de um parente, de um amigo, de um colega de trabalho, imediatamente é tomado por uma dor no coração, parece que algo foi arrancado de nós, nos sentimos impotentes, incapazes de mudar a situação, e então só nos resta chorar e pedir a Deus consolo.
Como você acha que Jesus se sentiu diante a morte de seu primo? Jesus precisou se retirar para um lugar deserto e por isso tomou um barco para se distanciar da multidão que o seguia. Jesus precisou de um tempo para si mesmo. Ele precisava passar pelo luto.
Jesus reconheceu sua própria humanidade diante a morte de João Batista. Possivelmente seu desejo era ressuscitar João Batista. Ele poderia fazê-lo, diferentemente de nós que não temos poder algum, mas isto significaria abrir mão de sua humanidade. Jesus assumiu essa dor do luto, pois sabia que essa era a vontade de Deus para a vida de João Batista. Era necessário que João Batista saísse de cena e ele crescesse se tornando o ator principal da história da humanidade.
Precisamos aprender com Jesus que é necessário enfrentarmos o luto, encararmos o que nos faz sofrer. O fato de sermos cristãos, de crermos em Deus não nos isenta da dor do luto. O luto pode ser causado pela perda de seu emprego, do seu ministério, do seu casamento, do seu filho, da sua filha, da sua saúde, do seu pet, da sua casa ou pela perda de alguém importante para você. Várias são as causas que podem causar em você um sentimento de perda, de impotência, de agonia, de depressão. Ser cristão não significa viver no paraíso neste mundo presente.
Muitas pessoas pensam que por ser cristão não podem reconhecer sua humanidade, não podem reconhecer suas fraquezas, suas dores, suas agonias. Jesus não tentou afogar sua dor, não tentou fingir que não estava doendo. A negação da dor, não tira a dor; somente nos torna mentirosos.
No Getsêmani, Jesus pediu para Pedro, João e Thiago, orarem com ele. Jesus não escondeu seus sentimentos, não ficou negando sua dor. Não é assim que lidamos com a dor, com a depressão, com o sofrimento. Pelo contrário precisamos reconhecer nossa humanidade, precisamos buscar ajuda e se necessário ajuda de profissionais, pois estes foram dados por Deus para o nosso próprio bem. Jesus reconheceu sua humanidade...




2 – AO BUSCAR FICAR A SÓS NO BARCO
13 Ouvindo o que havia ocorrido, Jesus retirou-se de barco em particular para um lugar deserto. As multidões, ao ouvirem falar disso, saíram das cidades e o seguiram a pé. (Mateus 14.13)
Jesus precisou ir para o barco, para um lugar onde pudesse ficar a sós. Precisamos compreender que às vezes precisamos nos retirar, sair de cena, com o fim de ficarmos a sós.
Jesus venceu o luto como homem. Ele não ressuscitou João Batista, mas aceitou a morte de seu amigo. Jesus precisou sepultar a morte de João Batista em seu coração. Jesus não ficou se culpando pela morte de João Batista. “Há! Ele morreu para que eu crescesse. Sou culpado de sua morte”. Não! Ele compreendeu que aquilo fazia parte do plano de Deus. Mas ele precisava lidar com a dor da perda.
O que aconteceu no barco, eu não sei. Mas, sei que o barco foi necessário para o restabelecimento emocional de Jesus. Não acredito que Jesus chorou. Mas acredito que ele teve um diálogo gostoso com o Pai a respeito de sua dor. Precisamos muitas vezes de um barco em nossas vidas, de um lugar para ficarmos a sós com Deus.
Essa não foi a única vez que Jesus se retirou para o barco. Quando se sentia pressionado pela multidão, pelas muitas vozes, também se retirava para o barco, conforme lemos em Marcos 3.8,9.
8 Quando ouviram a respeito de tudo o que ele estava fazendo, muitas pessoas procedentes da Judéia, de Jerusalém, da Iduméia e das regiões do outro lado do Jordão e dos arredores de Tiro e de Sidom foram atrás dele. 9 Por causa da multidão, ele disse aos discípulos que lhe preparassem um pequeno barco, para evitar que o comprimissem. (Marcos 3.8,9)
Às vezes precisamos nos afastar da multidão (trabalho, cobranças, das pressões do dia-a-dia) para assumirmos o controle novamente de nossas vidas.
Algumas pessoas estão vivendo enfermas porque nunca sepultaram suas perdas, seus traumas, suas dores. Nunca reconheceram sua humanidade. Nunca respeitaram a si mesmas como seres humanos, não se reconhecem como seres impotentes e incapazes de mudar a história. Vivem se martirizando, se culpando, ao invés de entregarem seus mortos a Deus e confiarem na graça de Deus.  Você precisa ir para o barco, ir para um lugar onde possa ter um a sós com Deus e entregar toda sua dor a Ele, ou para fugir de toda pressão que te destrói emocionalmente, que te consume por dentro e muitas vezes fisicamente também.
Você precisa respeitar seu luto, sua dor, seu tempo de cura. Você não poder curar outros se primeiramente não se permitir ser curado. Você não pode ajudar outros a enterrarem seus sofrimentos, enquanto as suas feridas continuam abertas e sangrando. Você precisa se tratar para depois ajudar outros a se tratarem. 
O barco é estratégico para Jesus, pois era o lugar onde ele poderia permanecer no controle de si mesmo. Era o lugar onde ele poderia dar a si mesmo o tempo necessário para restabelecer suas forças e permitir ouvir a voz do Consolador. Se Jesus permanecesse no meio da multidão, certamente seria arrastado por ela, sem poder proporcionar a si mesmo o tempo que necessitava para restabelecer sua saúde emocional.
“Você está nervoso? Vá pescar! Está estressado? Vá acampar!”. Você precisa dar um tempo para você, dar uma pausa em suas atividades para deixar que o Espírito de Deus te conduza a cura. Jesus reconheceu sua humanidade...

3 – RETORNANDO A MULTIDÃO
14 Quando Jesus saiu do barco e viu tão grande multidão, teve compaixão deles e curou os seus doentes. (Mateus 14.14)
Retornar a multidão neste contexto significa que Jesus retornou a vida, ao ministério, as atividades de sua missão.
Uma vez que Jesus reconheceu sua humanidade diante do luto não negando sua dor; ele respeitou sua humanidade buscando ficar a sós com o Pai, onde não precisou reprimir sua dor, suas emoções, pelo contrário, ele pôde expressá-la no meio do mar, longe da multidão. Contudo o luto, a dor, o sofrimento não poderia ser vencido definitivamente se Jesus não retornasse para a multidão, ao seu ministério, a vida propriamente dita.
Existe um tempo determinado para você ficar a sós, para curar sua alma, para ouvir a voz de Deus e reorganizar sua estrada; mas é preciso retornar a vida, voltar à estrada. A cura só se dará definitivamente quando você retornar do luto para a vida.
Eu não sei qual o seu tempo para a cura. Sei que cada um de nós tem seu próprio ritmo e tempo para a cura, mas você precisa discernir este tempo, pois do contrário você ficará alisando sua dor, sua doença e ao invés de ser curado, se tornará ainda mais doente.
Jesus retornou para a multidão, retornou para seu ministério, retornou para sua missão. Ele foi para o barco com um peso no coração. Mas ao retornar do barco, ele estava cheio do Espírito de Deus e pronto para dar continuidade ao seu ministério.
Jesus não poderia ter atendido a multidão, curado os enfermos se não tivesse ido para o barco. Mas a multidão não seria curada se Jesus não retornasse do barco. Algumas pessoas doentes adoecem ainda mais ao entrarem no barco, porque ao pausarem a vida, ao dar um tempo para ficar com Deus a sós, se esquecem de que precisam voltar à vida.  Não entendem que existe tempo para todas as coisas. Você não pode ficar vivendo no luto por toda sua vida. Você não pode dormir abraçado ao medo do fracasso, do futuro por todos os seus dias.
Quanto tempo Jesus permaneceu no barco? Não sei. Tudo que posso afirmar é que foram algumas horas. Ele não permaneceu um dia no barco. Logo que saiu do barco teve compaixão da multidão e curou seus enfermos e logo escureceu e seus discípulos pediram para ele despedir a multidão.
Pessoas que não voltam para a vida, que não querem descer do barco, são pessoas que não sabem pelo que vivem. Jesus sabia claramente a razão do seu viver e porque se tornou um ser humano. Ele sentiu a perda de João Batista, mas sabia que no tempo certo ele devolveria a vida a João Batista e a todos que nele crer.
Jesus não podia ressuscitar João Batista, mas através de seu ministério podia dar vida a muitos que O buscavam. Ele preferiu ao invés de chorar por aquele que já não estava mais ao seu alcance, ajudar os que podiam ser por ele alcançados, e se alegrar com os que agora se alegravam.
Se você sabe quem é em Jesus Cristo, desça do barco, retome a vida, volta para a estrada, pois existem muitas pessoas doentes da alma, do espírito, do físico precisando de você. Jesus quer te usar para curar vidas, para restaurar famílias, para salvar o perdido, para edificar esta igreja. Você foi chamado para se engajar neste trabalho. Não fique remoendo seu luto por muito tempo, não fique no barco além do necessário, volte para a multidão, para a vida, para o trabalho, pois desta forma sua cura se completará, e você encontrará alegria no sorriso daquele que foi ajudado.

REFLEXÃO FINAL:
Deixe o Espírito de Deus te conduzir e derramar em seu coração compaixão como ele fez no coração de Jesus por aquela multidão.
Não sei em que estágio você está em sua vida. Talvez você esteja no luto, lidando com a dor de um casamento que fracassou, com a perda do seu emprego, com a falência da sua empresa, com a traição de sua esposa, do seu marido, com a descoberta que sua filha dorme na cama de outro homem, que seu filho foi violentado na infância, que a pessoa que você ama está com câncer. Não negue a dor, se é tempo de chorar, chore! Não tente ser um super-humano, pois o próprio Senhor Jesus reconheceu sua humanidade e lidou com ela respeitando seus limites, sem negar suas dores e fraquezas. Faça como Jesus, vá para o barquinho. Pare tudo! Pare e fique quieto a sós com Deus.
Se você já está no barco, já está a sós com Deus, abra seu coração, abra seus ouvidos para ouvir o que Ele tem a dizer. As palavras de Deus são remédios para os que estão abatidos.
19 Na sua aflição, clamaram ao Senhor, e ele os salvou da tribulação em que se encontravam. 20 Ele enviou a sua palavra e os curou, e os livrou da morte. (Salmos 107.19,20)
Se você já ouviu a voz de Deus, já se sente renovado por seu abraço, desce do barco e abraça os que precisam de abraço, dê uma palavra de amor aos que estão sofrendo. Ainda que João Batista continuasse morto, Jesus saiu do barco e distribuiu vida a todos que se encontravam na praia. Ainda que teu casamento tenha fracassado, ainda que seu negócio tenha falido, ainda que o câncer destruiu os teus sonhos, ainda é possível ver a beleza da vida quando se ouve a voz de Deus.
Entregue o que já passou a Deus, entregue os que já foram a Deus, entregue os sonhos não realizados a Deus, entregue sua história a Deus e recomece a viver o novo com Deus. A morte não determina o fim de uma vida, mas oportuniza o recomeço de uma nova vida.
Jesus saiu do barco e curou os doentes porque ele estava resolvido consigo mesmo. Ele ouviu a voz do Pai e sabia que seu trabalho não seria em vão. Chegaria o dia em que ele abraçaria novamente João Batista, mas agora era o tempo dele ajudar os que estavam na praia.
Hoje é o tempo de você se levantar e ajudar os que estão na sua praia, os que correm ao seu lado, os que andam ao seu redor, os que estão vivos na sua casa precisando de sua vida e de seu sorriso. Deus te abençoe!


Pr. Cornélio Póvoa de Oliveira
20/10/2019

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