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sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

SERMÕES 118 - DESEJOS, IMPULSOS DA VIDA



DESEJOS, IMPULSOS DA VIDA

Gostaria hoje de falar sobre desejos. Todo ser humano tem desejos. Alguns desejos são conscientes e podemos identificá-los facilmente, outros desejos estão em nosso inconsciente. Muitas vezes estes desejos do inconsciente estão governando nossas vidas e só os percebemos quando somos confrontados, colocados na parede. Por exemplo: Uma pessoa diz que tem o desejo de cuidar da saúde, fazer ginástica, correr, mas todos os dias quando chega em casa logo deita no sofá e se entrega a preguiça. De fato o verdadeiro desejo dessa pessoa não é cuidar da saúde, e sim, viver na preguiça.  Este é o desejo que ela não expressa, mas que domina seu inconsciente.
Os desejos fazem parte de nossa essência, pois são eles que nos empurram e nos motivam a viver. Uma pessoa sem desejo algum é uma pessoa morta emocionalmente e espiritualmente. O desejo de realizar algo ou de conquistar algo, da a nós um propósito para continuarmos firmes na vida e não entregues ao acaso.  Se os nossos desejos são o que impulsionam nossas vidas, precisamos avaliar e compreender nossos desejos a luz da Palavra de Deus. A primeira lição bíblica que eu gostaria de destacar sobre os desejos é que...


1 – NOSSOS DESEJOS DETERMINAM A DIREÇÃO DE NOSSAS VIDAS
16 Eis que alguém se aproximou de Jesus e lhe perguntou: "Mestre, que farei de bom para ter a vida eterna?" 17 Respondeu-lhe Jesus: "Por que você me pergunta sobre o que é bom? Há somente um que é bom. Se você quer entrar na vida, obedeça aos mandamentos". 18 "Quais?", perguntou ele. Jesus respondeu: "‘Não matarás, não adulterarás, não furtarás, não darás falso testemunho, 19 honra teu pai e tua mãe’ e ‘amarás o teu próximo como a ti mesmo’". 20 Disse-lhe o jovem: "A tudo isso tenho obedecido. O que me falta ainda?" 21 Jesus respondeu: "Se você quer ser perfeito, vá, venda os seus bens e dê o dinheiro aos pobres, e você terá um tesouro no céu. Depois, venha e siga-me". 22 Ouvindo isso, o jovem afastou-se triste, porque tinha muitas riquezas. (Mateus 19.16-22)
Esta história da Bíblia nos fala de desejos. Um jovem rico desejava ter a vida eterna e se aproximou de Jesus para lhe perguntar o que deveria fazer para obtê-la.
Jesus diz ao jovem rico que deveria obedecer aos mandamentos de Deus, dados por Moisés. O jovem acreditando que já os cumpria diz a Jesus: “a tudo isso tenho obedecido”. Entretanto a pergunta que ele faz a Jesus - “O que me falta ainda?” - mostra que ele não se sentia seguro quanto a sua salvação.  Essa insegurança se deve a dois fatores:
·      Primeiro fator: A obediência aos mandamentos não assegura que uma pessoa é suficientemente justa para entrar no céu, pelo contrário, a lei apontava para ele o desejo de seu coração em infringi-la. A lei dizia para ele, assim como diz a todos nós, que existe em nós um desejo mal, um desejo de ir contra os princípios de Deus.
·      Segundo fator: Somos incapazes de obedecer aos mandamentos de Deus plenamente. O jovem rico acreditava que estava obedecendo aos mandamentos de Deus, mas já falhava no primeiro mandamento, pois amava mais ao dinheiro do que a Deus.
Mas nessa história nos é apresentado um segundo desejo, um desejo que estava no inconsciente desse jovem, o desejo pela riqueza, que só aparece quando Jesus o confronta a dar o que tinha aos pobres e então segui-lo. O relato da história nos mostra que este desejo inconsciente era o desejo que realmente impulsionava a vida desse jovem. As palavras de Jesus o confrontou e trouxeram a luz o desejo que estava escondido em seu inconsciente. A história termina de forma triste, pois o jovem optou em se afastar de Jesus, o que nos mostra que o desejo pela riqueza era maior e mais forte do que o desejo de entrar no céu. Seu desejo pela riqueza determinou a direção de sua vida e seu futuro. A segunda lição bíblica que eu gostaria de destacar sobre os desejos é que...

2 – PRECISAMOS AVALIAR E PRIORIZAR CORRETAMENTE NOSSOS DESEJOS
Se os nossos desejos como vimos podem determinar a direção de nossas vidas e interferirem em nosso futuro eterno, precisamos avaliá-los e priorizá-los corretamente.
O jovem rico não soube avaliar e priorizar seus desejos corretamente. Ele priorizou a riqueza (o que é passageiro) ao invés de ter priorizado a vida eterna. Muitos hoje cometem o mesmo erro priorizando uma vida confortável, abrem mão de uma vida irrepreensível, honesta e de uma ética intocável para obterem lucros, e assim poderem desfrutar dos prazeres oferecidos aos que tem dinheiro. Não percebem que ao abrirem mão dos valores e princípios de Deus condenam a si mesmos a morte eterna.
Portanto é preciso avaliar cuidadosamente cada um de nossos desejos e priorizarmos o que de fato é prioridade. Podemos classificar nossos desejos da seguinte forma: Desejos carnais, desejos espirituais e desejos legítimos.
·      Desejos carnais – são frutos da nossa natureza caída.
·      Desejos espirituais – são promovidos em nós pelo Espírito Santo de Deus.
·      Desejos legítimos – são intrínsecos ao nosso ser, fazem parte de nossa constituição humana (comer, dormir, descansar, busca por segurança, bem-estar, etc.).
Os desejos carnais estão em conflitos com os desejos espirituais, conforme lemos em...
17 Pois a carne deseja o que é contrário ao Espírito; e o Espírito, o que é contrário à carne. Eles estão em conflito um com o outro, de modo que vocês não fazem o que desejam. (Gálatas 5.17)
Os desejos carnais são frutos de nossa natureza caída e nos levam a práticas pecaminosas que Paulo chama de obras da carne.
19 Ora, as obras da carne são manifestas: imoralidade sexual, impureza e libertinagem; 20 idolatria e feitiçaria; ódio, discórdia, ciúmes, ira, egoísmo, dissensões, facções 21 e inveja; embriaguez, orgias e coisas semelhantes. Eu os advirto, como antes já os adverti, que os que praticam essas coisas não herdarão o Reino de Deus. (Gálatas 5.19-21)
Paulo afirma que os desejos carnais nos distanciam do Reino de Deus e nos condenam a morte eterna. Contudo os que pertencem a Cristo, isto é, que se renderam ao seu Senhorio, já não são dominados por esses desejos da carne, conforme descreve o apóstolo Paulo.
24 Os que pertencem a Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e os seus desejos. (Gálatas 5.24)
Os que pertencem a Cristo, que crucificaram a carne são tomados por novos desejos, novas paixões, passam a ter prazer maior não mais nas coisas temporais, mas no que os conecta com a eternidade, com o próprio Deus. São possuídos pelos desejos espirituais, desejos que brotam diretamente do coração de Deus e que produzem neles a manifestação do fruto do Espírito, que são descritos pelo apóstolo Paulo.
22 Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, (Gálatas 5.22)
Devemos sempre priorizar os desejos espirituais, os desejos que nascem do coração de Deus, pois fomos criados para sua glória e somente quando vivemos para a glória de Deus alcançamos o sentimento de realização. Sentimento este que nos dá a sensação de que a vida é bela, é boa, de que ela tem sentido. Os desejos produzidos pelo Espírito de Deus em nós nos impulsionam a uma vida plena. Talvez você esteja se perguntando: “Como posso distinguir se o desejo de meu coração provém de Deus?”.

3 – OS DESEJOS DE DEUS NOS IMPULSIONAM PARA FORA DE NÓS
Os desejos de Deus são expressões de seu amor, por isso sempre que são promovidos em nós nos impulsionam para fora de nós. O amor é um sentimento que nos lança para fora de nós mesmos. A Bíblia nos apresenta essa verdade de capa a capa.
28 Um dos mestres da lei aproximou-se e os ouviu discutindo. Notando que Jesus lhes dera uma boa resposta, perguntou-lhe: "De todos os mandamentos, qual é o mais importante?" 29 Respondeu Jesus: "O mais importante é este: ‘Ouve, ó Israel, o Senhor, o nosso Deus, o Senhor é o único Senhor. 30 Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma, de todo o seu entendimento e de todas as suas forças’. 31 O segundo é este: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’. Não existe mandamento maior do que estes". (Marcos 12.28-31)
Jesus ao ser questionado por um dos mestres da lei sobre qual era o mandamento mais importante, ele afirmou que o mandamento mais importante era amar a Deus e amar ao seu próximo. Em outras palavras Jesus está dizendo que precisamos em primeiro lugar nos lançarmos pleno para Deus, este é um movimento para fora de nós; e em segundo lugar nos lançarmos para o nosso próximo. Novamente Jesus pede para fazermos um movimento para fora de nós em direção ao nosso próximo, assim como nos lançamos constantemente para nós mesmos em amor.
O amor não é estático, sem movimento, imóvel, pelo contrário o amor é dinâmico, ativo, por isso que não se ama somente de palavras, pois o amor produz ação em direção ao outro, o amor nos lança para fora de nós mesmos.
Deus é amor, Ele é a expressão maior de amor, e foi o amor de Deus que o levou a desejar trazer a existência o que não existia. Deus nos criou por desejar compartilhar seu amor conosco, sua vida conosco.
Todo desejo que nos impulsiona para nós mesmos desconsiderando o próximo não provém de Deus. Todo desejo que nos lança para dentro de nós, que nos faz ver o mundo a partir de nós, de nossas necessidades pessoais, é desejo egoísta produzido por um amor distorcido, desconfigurado como consequência da queda do ser humano no Éden.
Por outro lado todo desejo que nos impulsiona para fora de nós, para o outro, provém de Deus. Todo desejo despertado em nós que nos faz ver o mundo além de nós é certamente promovido pelo Espírito de Deus.
Não estou dizendo que todo desejo pessoal que temos é mal ou errado. Desejar ter um carro, uma casa, um emprego, se casar, fazer sexo com sua esposa e outros tantos desejos não são mal em si mesmo, não são errados. Esses desejos fazem parte dos desejos legítimos. Eles só se tornam mal quando eu desejo tais coisas à custa do meu próximo ou quando me torno escravo de um deles, isto é,  quando passo a ser dominado por este desejo.
Um desejo alcançado à custa da vida de outro produz a destruição de todos nós e não somente daquele diretamente prejudicado. Isso se deve porque fomos criados interligados, interdependentes uns dos outros, com o fim de nos completarmos, nos edificarmos e nos amarmos. Fomos criados por Deus com o fim de vivermos em unidade, somos todos um, gerados de Adão e Eva, feitos do barro. Estamos todos conectados neste movimento cósmico da vida produzida por Deus. Nossas vidas não estão separadas e desconectadas do universo. Quando produzimos divisão e distanciamento do outro, destruímos a nós mesmos, pois destruímos a unidade existente no princípio da criação e que foi restaurada por Cristo na cruz e restauração esta que será manifestada em sua segunda vinda. Quando nos ferimos replicamos isso neste movimento cósmico da vida produzida por Deus. A vitima de hoje possivelmente será o opressor de amanhã. O opressor de hoje possivelmente será a vitima de amanhã.
Só conseguiremos quebrar este movimento de replicação do mal, de destruição, de amargura, de violência quando em primeiro lugar desejarmos o Deus que na cruz morreu por nós e a ele nos entregarmos de todo nosso coração e em segundo lugar desejarmos amar o nosso próximo como amamos a nós mesmos.
Cada indivíduo que descobre Deus e se rende a sua sabedoria é mais um indivíduo impulsionado para fora de si mesmo. É mais um indivíduo desejoso de ver a vida de Deus fluindo de si para fora, em um movimento de si para Deus e de si para o próximo. Minha oração é que você faça parte destes indivíduos chamados por Deus para fora e que juntos consigamos viver o chamado de Deus neste movimento que nos impulsiona a sairmos de dentro de nós para fora, para Deus e para o outro.

REFLEXÃO FINAL
1.      Você é capaz de discernir qual desejo determina a direção de sua vida no dia-a-dia? (o que te move a trabalhar, a ir à igreja, a fazer as coisas triviais da vida)
2.      Você tem avaliado seus desejos para saber se eles são carnais ou espirituais? Você tem priorizado os desejos espirituais em sua vida?
3.      Seus desejos tem lançado você para fora de si mesmo? Seus desejos são expressões de amor?


Pr. Cornélio Póvoa de Oliveira
02/02/2020

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