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segunda-feira, 8 de junho de 2020

SERMÕES 134 - JESUS DIANTE A TENTAÇÃO


NOS PASSOS DE JESUS EM TEMPO DE PANDEMIA:
JESUS DIANTE A TENTAÇÃO

Atualmente estamos vivendo uma situação atípica a todos nós. Nos encontramos dentro de um contexto de pandemia. A pandemia acontece quando um surto, um aumento de uma determinada doença ocorre dentro de uma região, e este surto se transforma em uma epidemia quando a doença dessa região se espalha por diversas outras regiões, e quando esta epidemia se espalha por todo planeta temos uma pandemia. De uma forma simples pandemia é o nome dado à realidade de que todas as pessoas no mundo estão sofrendo da mesma doença ou da mesma crise.
A pandemia gera sobre nós diversos sentimentos negativos como medo, angústia, impotência, incerteza, insegurança e outros. Precisamos avaliar com seriedade estes sentimentos, pois são frutos de preocupações legitimas que neste tempo de epidemia tem dominado nossas mentes e nossos corações.
A realidade atual de pandemia exige que tenhamos responsabilidade social por meio do regime de isolamento coletivo. Trata-se de uma ação com o fim de frear a rápida contaminação provocada pelo vírus, portanto, evitar o contato físico e a proximidade com pessoas para além daquelas entre as quais a residência é compartilhada favorece a preservação da vida de pessoas vulneráveis. Esse recolhimento tem o propósito preventivo e deve ser respeitado por todos nós.
Entretanto este isolamento social coletivo pode trazer custos psicológicos altíssimos para muitas pessoas, portanto cuidar de sua saúde mental e espiritual nesse momento é tão importante quanto preservar sua saúde física. Diante dessa necessidade de cuidado que devemos ter conosco, queremos olhar para Jesus neste mês e ver como Ele lidava com seus diversos sentimentos diante as crises e adversidades da vida.
Por que olhar para Jesus? Por que buscarmos em Jesus a referência para nós neste tempo de pandemia? Primeiro porque Ele foi o único homem perfeito diante todas as crises e situações mais adversas da vida. Segundo porque Ele venceu todas as crises e adversidades possíveis de serem experimentadas por qualquer ser humano.
O primeiro grande confronto de Jesus se deu no início de seu ministério. Ele foi levado pelo Espírito Santo ao deserto, onde após quarenta dias de jejum foi tentado pelo diabo.
Em sua primeira tentação o diabo buscou aproveitar da necessidade mais básica e primitiva do ser humano, a necessidade de alimentar-se para sobreviver, para instigar Jesus a transformar pedras em pães. O diabo queria que Jesus violasse as leis naturais estabelecidas na criação, uma ação que somente Deus poderia realizar. Creio que hoje em tempo de pandemia, assim como Jesus, somos tentados a lidarmos com a realidade presente de forma divina ou mística. Portanto precisamos seguir nos passos de Jesus e lidarmos com a realidade presente como filhos de Adão e não como se fossemos pequenos deuses. Esta é a visão de muitos que se declaram filhos de Deus, pensam que são pequenos deuses. Por isso o primeiro ponto que quero refletir com vocês é:


1 – LIDANDO COM A REALIDADE PRESENTE COMO FILHOS DE ADÃO
2 Depois de jejuar quarenta dias e quarenta noites, teve fome. 3 O tentador aproximou-se dele e disse: "Se você é o Filho de Deus, mande que estas pedras se transformem em pães". 4 Jesus respondeu: "Está escrito: ‘Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus’". (Mateus 4.2-4)
Jesus teve fome diz o texto. Ele esteve confinado no deserto por quarenta dias sem se alimentar. Seu corpo estava clamando por comida. Essa primeira crise experimentada por Jesus é fruto da necessidade básica de sobrevivência de todos nós seres humanos.  Sem pão não sobrevivemos. Sem o alimento que fornece ao nosso corpo os nutrientes necessários para a sua sobrevivência, nossos músculos e órgãos vitais começam a definhar até morrer.
O diabo sabia que Jesus estava no deserto sem se alimentar a quarenta dias, por isso o instiga a transformar pedras em pães e dessa forma saciar a sua fome. Todo o corpo de Jesus, todas as células, todos os neurônios estavam gritando para que ele comesse o mais rápido possível. Seu corpo estava no limite, sua sobrevivência dependia de se alimentar novamente.
A fome pode despertar em nós a capacidade de agirmos de forma irracional, de salientar nosso egoísmo, de trazer a tona em nós sentimentos de medo, de insegurança e de incerteza quanto à vida. Quando a fome realmente aperta passamos a ser movidos pelo impulso de sobrevivência e nos tornamos capazes de fazermos coisas que achávamos que nunca faríamos.
Neste tempo de pandemia pessoas só de pensarem na possibilidade de não terem alimento saíram de forma egoísta e imprudente comprando nos mercados todo o alimento que encontravam sem se preocuparem com a fome das demais pessoas. Muitas delas sequer tinham como guardar estes alimentos de forma segura.
Esaú é um exemplo bíblico do que a fome pode levar um homem a fazer. Ao voltar de uma caçada com fome agiu de forma irracional quando abriu mão das bênçãos oferecidas por Deus a ele. Sua ação intempestiva e precipitada devido à fome foi considerada imoral e profana pelo autor do livro de Hebreus.
16 Não haja nenhum imoral ou profano, como Esaú, que por uma única refeição vendeu os seus direitos de herança como filho mais velho. (Hebreus 12.16)
Ele trocou as bênçãos da primogenitura estabelecidas por Deus por um prato de comida. Ele deu mais valor ao desejo de seu corpo, do que a sua relação com Deus. O alimento é algo imprescindível a nossa sobrevivência sem dúvida, mas não mais valiosa do que as bênçãos do Eterno.
Quando o diabo tentou a Jesus, provocando-o a transformar pedras em pães, o que estava em jogo era mais do que sua identidade. A questão não era Jesus provar se era de fato o
Filho de Deus. Jesus sabia que ele era o Filho de Deus e não tinha nenhum problema com relação a isso. O diabo sabia que Jesus era o Filho de Deus encarnado e não tinha dúvida quanto a isso. Em diversas ocasiões até os demônios, servos do diabo, declaravam esta verdade, conforme podemos ler no Evangelho de Marcos.
11 Sempre que os espíritos imundos o viam, prostravam-se diante dele e gritavam: "Tu és o Filho de Deus". (Marcos 3.11)
O diabo estava na verdade instigando Jesus a usar do poder divino e desta forma incapacitá-lo a morrer na cruz por nós, pois ele deixaria de ser cem por cento homem, uma vez, que lidou com as dores e adversidades humanas como Deus e não como homem.
Jesus morreu nossa morte e nos justificou com seu sangue porque Ele foi cem por cento homem, por isso Ele é chamado de segundo Adão. Ele experimentou todas as lutas e adversidades que nós homens experimentamos, como homem e não como Deus. Ele lidou com todas as realidades terrenas como homem e não como Deus.
Esta é grande lição de Jesus para nós neste tempo de confinamento. Não podemos lidar com a realidade humana e com o sofrimento humano como se fossemos pequenos deuses. Jesus está nos ensinando que precisamos lidar com a realidade terrena e humana como seres humanos caídos, isto é, seres humanos sujeitos a lei do pecado e da morte.
Portanto não trate esta pandemia como se você estivesse de férias. Não é tempo de ir a praia, piscina, academia e outros locais de lazer. Não lide com essa realidade do coronavírus de forma irresponsável. Não pense que você é um “deus” imune à realidade de sofrimento e fragilidade dos demais seres humanos. Você não tem o poder e nem autoridade de transformar pedras em pães. Deus não lhe deu poder para violar as leis naturais da criação, mas poder para testemunhar o seu amor. Preste muita atenção no que vou dizer: “nem mesmo estando em Cristo você tem poder para violar as leis que regem sobre a criação”. Você não tem poder para andar sobre as águas, para voar, curar as pessoas ou realizar qualquer outro feito sobrenatural. Os sinais sobrenaturais que acompanharam os que creem no nome de Jesus, descritos no Evangelho de Marcos, só são possíveis quando o Espírito de Deus os realiza através de nós, eles não estão sob o nosso domínio. Você não vive no mundo do Harry Potter. O nome de Jesus não é uma varinha mágica que você usa como quer e quando quer.
A Bíblia nos ensina que toda criação está sujeita a lei do pecado, por causa do primeiro Adão. Por isso adoecemos e morremos. Somente quando Jesus vier novamente e nós formos revestidos do novo corpo estaremos completamente livres da lei do pecado que rege sobre a criação. Mas até lá todos estamos sujeitos à adoecermos e morrermos. Jesus ciente desta realidade humana respondeu a Satanás:
4 Jesus respondeu: "Está escrito: ‘Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus’". (Mateus 4.4)
Ele estava dizendo ao diabo que o homem não precisa apenas do pão para alimentar o corpo, mas que precisa viver em obediência a Deus. Viver em obediência a Deus é ir em direção contrária do primeiro Adão no Éden. É aceitar viver dependente e submisso ao Deus criador, assim como Jesus viveu.
O pão pode alimentar nosso corpo, saciar a fome de nosso estômago, mas a Palavra de Deus nos aponta para a vida eterna em Cristo Jesus, por isso ela é o alimento mais imprescindível para nossas vidas, mais do que o alimento para o nosso corpo. Ainda que possamos morrer de fome ou de sede neste tempo presente, se morrermos em Cristo Jesus, Nele viveremos eternamente.
Portanto precisamos lidar com a realidade da pandemia não pensando que podemos alterar a ordem natural desta criação caída, não pensando que podemos brincar que somos deuses imunes aos acontecimentos deste mundo caído em que vivemos, mas devemos sim lidar com esta realidade apegados a Palavra de Deus, pois ela é vida para todos que a ouvem.
Devemos enfrentar a pandemia crendo na promessa de que nada pode alterar a realidade de que temos a vida eterna em Cristo Jesus. Esta é a Palavra de Deus: Jesus Cristo consumou a obra de nossa redenção na cruz e Nele todos nós estamos predestinados à vida eterna.
Depois o diabo o tentou pela segunda vez e desta vez o provocou a se lançar do alto do templo na expectativa de que os anjos de Deus o segurariam não deixando que ele viesse a se esborrachar no chão. Portanto o segundo ponto que quero refletir com vocês é:

2 – LIDANDO COM A PALAVRA DE DEUS DE FORMA RESPONSÁVEL
5 Então o diabo o levou à cidade santa, colocou-o na parte mais alta do templo e lhe disse: 6 "Se você é o Filho de Deus, jogue-se daqui para baixo. Pois está escrito: ‘Ele dará ordens a seus anjos a seu respeito, e com as mãos eles o segurarão, para que você não tropece em alguma pedra’". 7 Jesus lhe respondeu: "Também está escrito: ‘Não ponha à prova o Senhor, o seu Deus’". (Mateus 4.5-7)
Uma vez que Jesus declara como o segundo Adão, ao diabo, que a vida presente e suas necessidades primordiais não eram mais importantes que sua relação com Deus Pai, o diabo o tenta a fazer prova do amor do Pai por Ele. 
Preste atenção no jogo do diabo. Primeiro ele disse a Jesus: “se você é o Filho de Deus prove quebrando a ordem natural da criação”. Primeiro ele instigou Jesus a ser mais do que um ser humano, com o fim de atender suas necessidades primarias. Agora nesta segunda tentação ele diz: “se você é o Filho de Deus prove que Deus Pai te ama, afinal ele mesmo disse que dará ordens a seus anjos a seu respeito”. O diabo cita a própria Palavra de Deus, mais especificamente o Livro de Salmos 91.11, para persuadir Jesus a colocar o amor de Deus por Ele a prova.
Em nossos dias essa tem sido uma atitude muito corrente no meio evangélico de forma geral. As pessoas têm exigido de Deus prova do seu amor por elas. Muitas recitam para Deus Sua própria Palavra com o fim de persuadi-Lo a fazer o que elas desejam. Não percebem que estão agindo da mesma forma que o diabo agiu quando tentou a Jesus.
Em tempos de pandemia viver sem tomar os devidos cuidados orientados pelo ministério da saúde e citar textos bíblicos achando que está protegido pela fé; é se atirar do templo e esperar que Deus envie anjos para te segurar. Isto é tentar a Deus e por Deus a prova.
Precisamos lidar com a Palavra de Deus de forma responsável. A Palavra de Deus não esta presa a um versículo solto, fora do seu contexto. “Tudo posso naquele que me fortalece” não é a Palavra de Deus, mas parte do que diz a Palavra de Deus. A Palavra de Deus se encontra na Bíblia, mas presa ao contexto de toda a Bíblia. Ela está amarrada a lógica de todo ensino de Deus, de capa a capa. Ela não permite que usemos frases contidas nela como se fossem um instrumento de magia, fetiche ou um amuleto da sorte.  
Também não podemos usá-la para manipularmos Deus a fazer o que desejamos. O que não é sábio de nossa parte, pois Deus sabe o que é melhor para nós, mais do que nós mesmos. Veja como Jesus respondeu a Satanás quando este usou da Palavra de Deus para tentá-lo.
7 Jesus lhe respondeu: "Também está escrito: ‘Não ponha à prova o Senhor, o seu Deus’". (Mateus 4.7)
Jesus conhecia a Palavra citada pelo diabo. Entretanto Jesus sabia que ele era homem e não passarinho. Jesus sabia que Deus não lhe deu asas para voar, portanto se jogar do alto do Templo era colocar o amor de Deus a prova de forma insensata. Era usar da Palavra de Deus de forma estúpida e irresponsável. Não aceitar os limites de nossa humanidade e de nossas fragilidades como consequência do pecado é andar como tolo. 
Se lançar do Templo tendo o conhecimento de que não está imune a lei da gravidade e de que não tem asas para voar é loucura pura, não existe fé nisso, ainda que você possa tentar usar da Palavra de Deus para justificar sua loucura e burrice. Agir contra todos os sinais e evidências naturais é cometer um ato de loucura. Isso não é fé, é falta de maturidade.
Da mesma forma não se cuidar como se deve neste tempo de pandemia é loucura. Não existe fé nisso, ainda que você possa declarar a Palavra de Deus para justificar sua insensatez.
A fé não te dá o direito de se jogar naquilo que não é inteligente, racional ou sensato. A fé não autentica a sua loucura. A fé de Jesus é totalmente racional. Ele sabia que era homem e não podia voar, por isso nem ousou tentar a Deus Pai. Ele sabia que o Pai criou cada ser diferente do outro e que cada um tem sua forma particular de ser e suas limitações próprias, e que estas devem ser respeitadas, como forma de submissão ao Criador.
Entretanto a fé nos leva a experimentar o amor e a graça de Deus quando lidamos com Sua Palavra de forma responsável. Contudo quando nós agimos com inteligência e sensatez, e mesmo assim, somos alcançados pela crise, pela pandemia, pelos sentimentos mais destruidores que possam existir, Deus se faz presente conosco na aflição. Este era o sentimento de Davi expresso em um de seus salmos. A certeza da presença de Deus o tornava capaz de andar por um vale de trevas e morte sem temer o perigo.
4 Mesmo quando eu andar por um vale de trevas e morte, não temerei perigo algum, pois tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me protegem. (Salmos 23.4)
A fé nos tranquiliza, pois independente das circunstâncias, se estamos num vale de bênçãos ou de morte, ela nos faz sentir e perceber o amor de Deus por nós. A fé nos faz prosseguir adiante, ela não nos deixa permanecer no vale da morte, pois ela produz em nossa mente e em nosso coração a certeza de que a vida em Cristo Jesus nos conduzirá a vitória. A fé gera em nós paz, mesmo estando no vale de trevas e morte, porque ela nos faz viver além dos limites da vida terrena. Ela nos faz ver além do vale da morte. Davi em seu Salmo pula do vale de trevas e morte para um banquete preparado para os vitoriosos.
5 Preparas um banquete para mim à vista dos meus inimigos. Tu me honras, ungindo a minha cabeça com óleo e fazendo transbordar o meu cálice. (Salmos 23.5)
A fé nos transporta para a mesa que nos foi preparada por Jesus nosso bom pastor e anfitrião. A fé em Jesus nos conduz para o banquete oferecido por Ele aos vencedores. A fé nos encoraja a enfrentarmos todos os desafios que a vida pode nos apresentar, pois ela se fundamenta naquele que teve coragem de ir para a cruz em nosso lugar. Tudo se torna possível a nós pela fé, mas isto não torna a fé irracional. Uma fé inteligente, racional lida com a Palavra de Deus de forma responsável.
Por fim não conseguindo persuadir Jesus a fazer prova do amor de Deus Pai, Satanás resolve oferecer a Jesus toda a glória que um homem pode alcançar, se este o adorasse. Jesus estava sendo tentado a abandonar Deus em troca de sua própria glória. Portanto nossa última reflexão dessa mensagem é:

3 – LIDANDO CORRETAMENTE COM A GLÓRIA
8 Depois, o diabo o levou a um monte muito alto e mostrou-lhe todos os reinos do mundo e o seu esplendor. 9 E lhe disse: "Tudo isto lhe darei, se você se prostrar e me adorar". 10 Jesus lhe disse: "Retire-se, Satanás! Pois está escrito: ‘Adore o Senhor, o seu Deus e só a ele preste culto’". 11 Então o diabo o deixou, e anjos vieram e o serviram. (Mateus 4.8-11)
Quando falamos de glória estamos falando de tudo que pode colocar alguém em exaltação, em evidência, em motivo de orgulho em relação às demais pessoas. Era isso que o diabo estava oferecendo a Jesus, toda glória possível neste mundo.
Jesus seria o mais famoso dos famosos. Todos iriam enviar uma solicitação de amizade para ele no facebook. As pessoas fariam filas para fazer uma self com ele. Ele seria o convidado de honra em todas as festas e eventos. Todos iriam querer colocar o nome “Jesus” em seus filhos. Todos os reinos e nações se prostrariam diante dele. Ele teria os melhores carros já fabricados e as melhores cadeiras nos estádios e festas. Sua renda ultrapassaria em muito a fortuna de qualquer outro ser humano. Ele teria tudo que desejasse neste mundo.
Contudo Jesus rejeita esta oferta do diabo, pois para Ele nada era mais valioso do que reconhecer que somente Deus era digno de toda a glória. Só existe um que merece toda glória, toda honra, e só a Ele presto culto afirmou Jesus ao diabo.
Jesus não viveu buscando glória para si, não viveu buscando reconhecimento de homens, não viveu correndo atrás de nenhum bem que este mundo pudesse lhe oferecer. Não adquiriu nada que despertasse nos homens um desejo de segui-lo ou se aproximar dele pelo que possuía. De fato ele não tinha nada, nem mesmo um lugar para repousar sua cabeça (Lc 9.58).
Entretanto hoje muitos que dizem seguir os passos de Jesus vivem correndo atrás da glória deste mundo. Suas orações normalmente estão carregadas de desejos pessoais.
Neste tempo de confinamento, de pandemia, quando a vida se mostra frágil e se revela tão incerta, devemos buscar a Deus pelo que Ele é, e não pelo que pode fazer. Devemos buscar a Deus com o fim de prestar a Ele toda a glória e não com o fim de que Ele nos dê glória. Devemos orar para que a vontade de Deus se cumpra em meio a pandemia no mundo e em nossas vidas. Precisamos mais do que nunca crer que Deus sabe o que faz.
Não devemos perder tempo orando por carro novo, por casa nova, por novo emprego, talvez nem mesmo por nossa saúde pessoal. Tenho comigo que se nos preocuparmos mais neste tempo em dar a Deus toda glória, servindo-o com toda nossa força, com todo nosso coração, falando do seu amor a quem tivermos a oportunidade, e nos preocupando somente em orar pela salvação dos que estão perdidos e daqueles que se desviaram da verdade, acredito que Jesus nos acrescentará o que verdadeiramente necessitamos. Se for um carro, ele nos dará o carro. Se for uma casa, ele nos dará a casa. Se for um novo emprego, ele nos dará o novo emprego. Se for a cura, ele nos dará a cura. Tão somente convido você a confiar Nele e acreditar que ele sabe o que é melhor para você.
Não se assuste com o que vou dizer, mas tenha muito cuidado ao orar! O rei Ezequias estava doente e próximo de morrer, então orou à Deus suplicando que o curasse (2 Rs 20). Infelizmente ou felizmente Deus ouve nossas orações. Infelizmente porque não sabemos orar. Felizmente porque é bom saber que Deus nos ouve. O rei foi atendido. Entretanto a resposta de sua oração o levou a vivenciar dias maus, os quais não teria vivido se simplesmente tivesse confiado em Deus e deixado que Ele o recolhesse para o céu. Portanto confie em Deus, entrega sua vida a Ele e confie que Ele fará aquilo que é melhor para você. Deus não erra em suas decisões. Ele ouve nossas orações e pode ceder a nossa vontade, como cedeu à vontade do rei Ezequias. Contudo será que nossa vontade é melhor que os planos de Deus para nós? Portanto pense bem em como você está orando.
Agora eu quero falar com você que perdeu algo ou está perdendo algo por conta da pandemia e do confinamento que nos foi imposto. Entenda que a perda de sua empresa, o fechamento de seu negócio, sua demissão, ou ainda, a perda de alguém muito importante para você nestes dias de pandemia, não significa que esta era a vontade de Deus para você. Deus não planejou o sofrimento para você. Deus não deseja o seu sofrimento. Você, assim como muitas outras pessoas são vitimas direta ou indiretamente desta pandemia, que tem sua causa primária no pecado.
Muitos estão sofrendo e morrendo nestes dias porque aqueles que detêm o poder estão usando-o para alcançarem sua própria glória. Estão enxergando nessa pandemia a oportunidade de se enriquecerem e de propagarem suas ideologias.
Em meio a pandemia assistimos a corrupção, a ganância, o egoísmo e a violência de muitos tirando a vida de muitos outros. Assistimos a isso porque Deus tem sido desprezado pela humanidade, que ao invés de dar glória ao seu Criador, busca glória para si mesma.
Jesus rejeitou a oferta do diabo, pois toda a glória que o mundo oferece procede do maligno. Jesus rejeitou o Diabo e a glória oferecida por ele para somente adorar ao Pai.
Os homens tem feito o caminho inverso, buscam a glória que o mundo oferece e inconscientemente acabam desta forma adorando ao diabo, pois o mundo em que vivemos está sob o seu domínio, sepultado no maligno. Por isso que o apóstolo João disse:
15 Não amem o mundo nem o que nele há. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele. 16 Pois tudo o que há no mundo — a cobiça da carne, a cobiça dos olhos e a ostentação dos bens — não provém do Pai, mas do mundo. (1 João 2.15,16)
Portanto não se entristeça por estas coisas, pois elas são passageiras. Confie em Deus! Sua vida é preciosa para ele. Certamente Ele te sustentará com sua destra fiel. Ele proverá o pão de cada dia. Talvez sua vida tenha que ser reiventada, reorganizada depois da pandemia, do confinamento, mas Deus ungirá tua cabeça com óleo e fará o teu calice transbordar. Sua vida será farta de alegria e você viverá para sempre na casa do teu Deus.  

REFLEXÃO FINAL
Quero concluir desafiando você primeiramente a lidar com a realidade deste tempo de pandemia como um filho de Adão sujeito às mazelas deste mundo. Portanto viva tomando os devidos cuidados com sua saúde e com a saúde daqueles que estão próximos a você. Você não é um pequeno deus. Você não está imune a essa doença e nem a qualquer outra. Faça como Jesus nestes dias. Se alimente da Palavra de Deus, pois somente por meio dela você encontrará vida eterna.
Em segundo lugar neste tempo de pandemia viva lidando com a Palavra de Deus de forma responsável. Não use a Palavra de Deus para viver de forma insensata. Não use da fé para fazer tolices. Não use versos soltos para não se tornar um agoureiro, um supersticioso, que vê nos versos da Bíblia magia. Não se exponha ao coronavírus acreditando que você pode todas as coisas naquele que te fortalece.
Mas lembre-se, se vivendo de forma responsável você for alcançado pelo covid-19, confie em Deus, pois sua vitória já está assegurada em Cristo Jesus.
Em terceiro lugar lide de forma correta com a glória. Viva de forma desprendida. Viva para glorificar somente a Deus e não busque glória para si mesmo. Neste tempo de pandemia não se deixe abater pelas perdas, mas confie em Deus e descanse em Sua sabedoria, pois no final Ele te exaltará. Em todo tempo Jesus está com você. Ele está agora com você. Não tenha medo! Se cuide! Mas não tenha medo. Deus está com você e você está Nele. Deus te abençoe.

Pr. Cornélio Póvoa de Oliveira
07/06/2020

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