PONHA ORDEM NO SEU MUNDO INTERIOR (1 parte):
IMPELIDAS
Neste ano estamos refletindo sobre o tema “Trabalhando Com Deus”. Para que possamos trabalhar com Deus precisamos colocar em ordem nosso mundo interior. Muitos guerreiros da fé, muitos cristãos caíram e ainda caem não por causa dos inimigos externos, dos inimigos visíveis, mas por causa da desordem em que se encontram seu mundo interior.
Todos nós existimos em dois planos. Vivemos a
vida nos relacionando com um mundo exterior, que está fora de nós e com um
mundo interior, que se encontra dentro de nós.
O mundo exterior corresponde ao mundo visível,
público, onde nos relacionamos uns com os outros. Este mundo exterior demanda
de nós muita energia e nos aprisiona em muitas tarefas, fazendo com que o mundo
interior seja por nós negligenciado.
O mundo exterior é o mundo do trabalho, das
posses, do dinheiro, do cuidado com o corpo, do divertimento, em fim é o mundo
onde externamos nossos valores, desejos e sonhos. O mundo interior é o mundo
invisível, espiritual, onde nos encontramos com nossa consciência, nossa alma e
com Deus. É no mundo interior que nos descobrimos de fato e não no mundo
exterior.
O mundo interior de uma pessoa pode estar em
desordem, um verdadeiro caos, e ainda assim ela ser bem sucedida no mundo
exterior, no campo profissional e até religioso. Mas certamente este sucesso a
levará a ruína cedo ou tarde. Isso se deve porque nossas escolhas e ações são
frutos de nosso mundo interior.
Muitas pessoas tentam fugir de si mesmas e de Deus.
Elas trabalham ativamente, se entregam a programações e reuniões, se envolvem
num ativismo frenético, para não terem que confrontarem a si mesmas. Tentam
apaziguar suas consciências através de realizações de tarefas, acreditando que
muito produzindo encontrarão paz com Deus, mas isso não funciona. Isso é fruto
de uma teologia ocidental, americanizada, capitalista.
Vivemos prisioneiro de uma teologia de produção,
metas e objetivos. Nós compramos essa ideia de que quanto mais ativo um
indivíduo é na vida ministerial, mais espiritual ele é. Quanto maior uma
igreja, mais abençoada ela é. Mas o que realmente motiva essas pessoas a serem
ativas? O que as impelem realizarem para Deus? São suas motivações genuínas e
puras?
Uma espiritualidade sadia está diretamente
relacionada com uma motivação correta do coração. Motivações erradas produzem
uma espiritualidade doentia.
Durante este mês de Agosto iremos refletir tendo
como base para nossa reflexão o livro de Gordon MacDonald “Ponha Ordem No Seu
Mundo Interior”.
Gordon MacDonald diz que colocar em ordem nosso
mundo interior não é nada mais do que compreender todo o significado do
senhorio de Jesus sobre nossa própria vida. Colocar em ordem nosso mundo
interior é uma tarefa que deveremos realizar todos os dias de nossas vidas, é
uma tarefa para a vida toda, ela não se encerra enquanto vivermos neste corpo
corrupto, dominado pelo pecado e que por causa do pecado produz caos e desordem
em nosso homem interior e consequentemente em nossas vidas e em nossos
relacionamentos.
Gordon MacDonald dividiu nosso mundo interior em
cinco partes que iremos refletir ao longo desse mês:
1. Nossa Motivação de Vida |
2. O Emprego do tempo |
3. Sabedoria e Conhecimento |
4. Força Espiritual |
5. Restauração |
|
Hoje iremos tratar da primeira parte para colocarmos nosso mundo interior em ordem: Nossa Motivação de Vida.
1 – NOSSA MOTIVAÇÃO DE VIDA
São nossas motivações que nos impulsionam a
vivermos, são elas que nos fazem agir e reagir frente ao mundo que nos cerca,
por isso é importante que tenhamos claro o que verdadeiramente nos motiva a
fazer o que fazemos e a sermos o que somos.
Gordon MacDonald dividiu as pessoas em dois
grupos com relação à motivação de vida. O primeiro grupo ele chama de
“impelidos” e o segundo grupo ele chama de “chamados”.
De uma maneira bem simples as pessoas impelidas
são motivadas na vida por impulsos errados, não genuínos, não em conformidade
com a verdadeira natureza humana criada por Deus. Enquanto as pessoas chamadas
são motivadas na vida por impulsos corretos, genuínos, em conformidade com a
verdadeira natureza humana criada por Deus.
Os impelidos diante as adversidades da vida são
engolidos por elas, pois não possuem estrutura interna para suportar estas
adversidades. O caos exterior se torna ainda maior por causa da desordem de seu
mundo interior, desta forma um abismo atrai outro abismo. Os chamados têm uma
força que vem de dentro, a força de Deus que lhes dá perseverança e poder, e que produz resistência aos golpes externos
proporcionados pela vida.
As pessoas chamadas podem ou não serem dotadas de
qualidades e bens, mas o que determina serem chamadas é o simples fato de
desejarem Deus pelo que Ele é, sem interesse algum no que Ele pode dar. É o
discernimento claro de quem Deus é e de quem eles são.
Os impelidos normalmente desejam Deus para
alcançarem suas realizações pessoais. Estes buscam a Deus e até são muito
ativos na igreja, mas no fundo O buscam para satisfazer seu “eu”.
Pessoas
geralmente se tornam impelidas porque seus pais nunca lhes disseram palavras de
elogios, nunca demonstraram aprovação em suas realizações e conquistas, de
forma que estes cresceram precisando provar que eram dignos de elogios e de
aprovação. Suas vidas são movidas pelo desejo e pela busca incessante de
aprovação e aceitação. Outras pessoas se tornam impelidas porque na infância
foram privadas de amor e aceitação. Viveram sendo humilhados e rejeitados pelos
famíliares ou colegas de escola. Ainda outras se tornam impelidas porque
cresceram numa ambiente compulsivo, doentio, onde aprenderam que a vida só tem
sentido quando se ganha, quando se vence. O mundo interior para estas pessoas
não tem valor algum. A vida consiste no adquirir a admiração das pessoas.
Nessa
manhã vou abordar apenas este grupo de pessoas que Gordon MacDonald chama de
“impelidos” e a noite o Pr. Décio irá abordar o grupo de pessoas denominadas
“chamadas”. Vejamos as características que definem as pessoas impelidas.
2 – CARACTERÍSTICAS DE PESSOAS
IMPELIDAS
O
autor do livro “Ponha Ordem No Seu Mundo Interior” nos apresenta oito
características de uma pessoa impelida.
1.
As pessoas impelidas,
na maior parte dos casos, só se satisfazem ao ver o trabalho
realizado. Elas realizam tarefas com o fim de ouvir
elogios e encontrar satisfação dessa forma. Acabam se tornando prisioneira da
psicose da realização. Elas querem realizar mais e mais tarefas para ouvir mais
elogios e sentir-se valorizadas. Elas querem terminar a tarefa e realizam a
tarefa pela tarefa. Para elas não importa o processo, o tempo e o custo da
tarefa. Elas não conseguem aproveitar os bônus que a tarefa pode lhes oferecer
enquanto a realizam. Elas só conseguem pensar na satisfação ao ouvir os
elogios. Estão em busca de valorização e de aceitação como ser.
2.
As pessoas impelidas estão sempre preocupadas com os símbolos
associados à ideia de realização. Realizar as fazem
se sentirem poderosas diante as demais pessoas. Elas realizam tarefas na busca
de fortalecer este sentimento de poder. Elas são impelidas a realizar com o fim
de alcançarem um status diante a sociedade. Estão em busca de reconhecimento
social. Elas realizam com o fim de obterem melhor colocação social,
profissional e acadêmica.
3.
As pessoas impelidas geralmente se acham dominadas por uma
descontrolada busca da superação. Pessoas assim
estão sempre insatisfeitas com a vida, consigo mesmas, pois sempre desejam o
que ainda não alcançaram. Estão sempre trabalhando para se superarem e nunca
conseguem desfrutar do que já alcançaram. Este sentimento se reflete em suas
relações, de forma que nunca se sentem satisfeitos com o trabalho de seus
subordinados ou com aquilo que seus amigos lhe oferecem. Pessoas assim se
tornam chatas e ingratas.
4.
As pessoas impelidas
tendem a ter pouca consideração para com os princípios morais, como honestidade
e respeito mútuo. Gradativamente vão se tornando
mais corrupta, mais fraudulentas, mentirosas, imorais, inimigas do bem. Elas
dão pouco valor a ética e a moral, pois a busca pelo sucesso exterior se torna
tão forte que as impedem de avaliar seu mundo interior. Não conseguem ver que
estão construindo um mundo exterior bem sucedido a custas do mundo interior e
que um dia isso lhes será cobrado, seja aqui ou após a morte.
5.
As pessoas impelidas
muitas vezes possuem pouca ou nenhuma habilidade no trato com outros. Não significa que elas não se relacionam, mas para elas alcançarem
seus projetos é mais significante do que cultivar bons relacionamentos. Dessa
forma quando uma pessoa não tem utilidade em seus projetos ela se torna
dispensável para eles.
6.
As pessoas impelidas
tendem a ser fortemente competitivas. Elas
vêem cada esforço a ser feito como um jogo de vida ou morte. E é claro que elas
acham que têm de vencer a todo custo, para estar bem aos olhos de todo mundo.
Neste desejo de obterem o sucesso, de realizarem seus próprios projetos passam
a ver todos como competidores e não parceiros. Elas não trabalham para o bem
comum de todos, mas para a realização pessoal.
7.
As pessoas impelidas, em geral, se irritam com enorme
facilidade. Sua raiva pode entrar em erupção a
qualquer momento em que elas percebam antagonismo ou deslealdade por parte de
alguém. O gatilho da raiva é disparado toda vez que alguém discorda delas ou
oferece uma solução diferente da que elas propõem, ou ainda faz uma leve
crítica. Essa raiva pode se manifestar das mais diversas formas, agressão
física, agressão verbal ou através de uma perseguição pessoal na tentativa de
sabotar tudo o que este colega fizer ou falar.
8.
As pessoas impelidas
geralmente são indivíduos que estão sempre muito atarefados. Estão ocupados demais com seus projetos para cultivarem bons
relacionamentos com a família, irmãos da igreja, vizinhos e colegas de
trabalho. Nem preciso dizer que eles não têm tempo de qualidade para
construírem um relacionamento profundo com Deus. O tempo de suas agendas são
gastos para seu aperfeiçoamento profissional e pessoal somente.
Essas oito características de uma pessoa impelida
nos deixa claro que pessoas impelidas sacrificam o desenvolvimento das demais
pessoas em prol das realizações. Este tem sido o erro de muitos pastores,
líderes e empreendedores de maneira geral. Muitos olham tanto para o resultado
e se alegram neles sem perceberem o rastro de morte que deixaram no caminho.
Veremos agora um personagem bíblico que tipifica
bem uma pessoa impelida. Vamos olhar atentamente para a vida do rei Saul e
buscaremos descobrir quais eram suas motivações de vida. A história do rei Saul
começa com um início promissor.
1 Havia um homem de Benjamim, rico e influente (poderoso), chamado Quis, filho de Abiel, neto de
Zeror, bisneto de Becorate e trineto de Afia. 2 Ele tinha um filho chamado Saul, jovem de boa aparência,
sem igual entre os israelitas; os mais altos batiam nos seus ombros. (1 Samuel 9.1,2)
Saul foi o primeiro rei de Israel. Sua história é
introduzida na história de Israel de uma forma muito promissora quando avaliada
pelos valores do mundo externo, visível, que rege nosso sistema de governo.
Diante este olhar três vantagens são apontadas na vida de Saul. A primeira
vantagem é que ele descendia de uma família rica e influente, isto significa
que sua família tinha muitos bens e poder para negociar na vida pública de
Israel. A segunda vantagem é que ele era belo, um jovem de boa aparência.
Possivelmente um “Brad Pitt”, alguém que todos gostariam de ser. O povo olhava
para Saul e projetavam nele seus sonhos pessoais. A terceira vantagem de Saul
era que ele possuía um corpo físico bem desenvolvido em relação aos demais
homens de Israel.
Devemos nos lembrar que Saul era o desejo de
consumo de seus dias, o povo havia pedido a Samuel um rei conforme os rei das
demais nações. Eles queriam alguém que pudesse representá-los diante as demais
nações. Um rei segundo o coração deles, dos homens e não de Deus. Saul é escolhido
por Deus para atender ao desejo do povo de Israel.
Logo após
ser ungido por Samuel como rei de Israel, Saul, é levado por Deus a vivenciar
uma experiência sobrenatural, uma experiência que deveria ser para ele um marco
do poder e da presença de Deus em sua vida a partir daquele momento. Saul é
tomado pelo Espírito de Deus, entra em transe e profetiza, conforme podemos ler
em 1 Sm 10.10,11.
10 Chegando em Gibeá, um grupo de profetas o encontrou; o
Espírito de Deus se apossou dele (Saul),
e ele profetizou em transe no meio deles. 11 Quando os que já o conheciam viram-no profetizando com
os profetas, perguntaram uns aos outros: "O que aconteceu ao filho de
Quis? Saul também está entre os profetas?" (1 Samuel 10.10,11)
Quero aqui abrir um parênteses aproveitar esta
oportunidade para dizer que vivenciar experiências sobrenaturais,
extraordinárias com Deus, não nos torna mais santos e nem mais capacitados para
o ministério que Deus tem para nós. Essa mesma verdade é confirmada na
experiência da transfiguração de Jesus, quando Pedro, João e Tiago tem um
encontro com Moisés e Elias. Contudo no dia seguinte da transfiguração estavam
repreendendo a quem não deveriam repreender, e nem sequer conseguiram atender a
solicitação de um pai que clamava pela libertação de seu filho que se
encontrava endemoniado. Vivenciar experiências sobrenaturais não produz
transformação em nosso caráter, somente conversões genuínas transformam nosso
caráter. Fecho aqui o parênteses. Voltemos ao nosso texto.
Tudo colaborava para que Saul se tornasse um
grande rei. O cenário estava pronto para que seu nome entrasse na história dos
grandes reis de Israel. Saul alcançou sucesso imediato no início de seu
reinado. Deus era com ele e todos o admiravam e o seguiam fielmente. Entretanto
Saul caiu. O ungido de Deus caiu.
4 – A QUEDA DO UNGIDO DE DEUS
Como caiu o ungido de Deus? Como, Saul, um homem
tão promissor caiu? O que o levou a cair? Ele não foi vencido pelos inimigos
externos, mas pela desordem de seu mundo interior. Sua queda se deu por não ter
dado atenção ao seu mundo interior, por não ter cuidado de seu coração. Saul
termina sua história de forma melancólica, se lançando sobre sua própria
espada.
Saul era um homem “impelido”, que tomava decisões
baseadas nas necessidades pessoais de sua alma e em seus interesses
estratégicos para manter seu poder, seu status diante os homens. Vamos pontuar
alguns erros de Saul:
· Primeiro erro: Saul se julgou maior que todos – Saul exerceu uma função que era prerrogativa dos
sacerdotes e profetas.
7b Saul ficou em Gilgal, e os soldados que estavam com ele tremiam de medo. 8 Ele esperou sete dias, o prazo estabelecido por Samuel;
mas este não chegou a Gilgal, e os soldados de Saul começaram a se dispersar. 9 Então ele ordenou: "Tragam-me o holocausto e os
sacrifícios de comunhão". Saul ofereceu então o holocausto, 10 e quando ele terminou de oferecê-lo,
Samuel chegou, e Saul foi saudá-lo. 11 E
perguntou-lhe Samuel: "O que você fez?" Saul respondeu: "Quando
vi que os soldados estavam se dispersando e que você não tinha chegado no prazo
estabelecido e que os filisteus estavam reunidos em Micmás, 12 pensei: ‘Agora, os filisteus me atacarão em Gilgal, e eu não busquei o Senhor’. Por isso senti-me obrigado a oferecer o holocausto". (1 Samuel 13.7b-12)
Saul havia
sido ungido para ser rei somente e não sacerdote, nem profeta. Fazer uso de um
poder, de uma função que não lhe foi confiada é se julgar acima de todos. Esse
é o pensamento do soberbo.
De fato
muitas coisas colaboraram para a decisão errada tomada por Saul. Os inimigos
estavam próximos e seus soldados estavam tremendo de medo, e muitos começaram a
ir embora. Samuel estava atrasado e era importante para Saul que seus homens
acreditassem que Deus estava com eles. Oferecer os sacrifícios traria a confiança
de seus homens de volta. Dessa forma Israel teria chance de vencer a guerra.
Saul foi
estratégico, mas não temente a Deus. Sua percepção errada de si mesmo o levou a
uma decisão errada. A desordem de seu mundo interior trouxe desordem para seu
mundo exterior. Acreditar que era maior que os outros foi sua ruína.
Pessoas
impelidas agem movidas pelos valores do mundo externo que as envolvem. O mundo
regido pelos homens nos ensina a pensarmos que somos melhores do que de fato
somos. O mundo externo nos ensina que aqueles que alcançam dinheiro, poder e
fama podem todas as coisas. Elas não se veem mais como seres humanos, mas como
pessoas funcionais dentro de um sistema maligno hierarquico. Recentemente
assistimos um desembargador humilhar um policial municipal por causa de sua
posição social. Um pouco antes um
engenheiro havia feito o mesmo.
Pessoas
impelidas agem estrategicamente priorizando suas agendas e motivações pessoais.
Qual foi a motivação de Saul em oferecer os sacrifícios? Quando lemos o verso
doze, percebemos claramente uma preocupação consigo mesmo, com sua vida. Ele
não estava preocupado com o povo. Saul não se compreendia como um com o povo.
Ele se via como governante a quem o povo devia servir e não um servo do povo. O
medo de perder o povo que o servia levou Saul a usurpar a função de Samuel. Ele
priorizou sua agenda pessoal. Ele agiu em prol de si mesmo.
Ainda que
tomemos decisões corretas, mas quando tomadas usurpando de uma função ou
autoridade que não nos foi dada, ela se torna errada. Os fins não justificam os
meios. Precisamos respeitar a autoridade e a função que Deus deu a cada pessoa.
Ninguém é maior que ninguém. Pessoas exercem funções diferentes, ocupam cargos
diferentes, alcançam status diferentes, mas todas são simplesmente pessoas aos
olhos de Deus. Diante de Deus todos os títulos se acabam. Todos somos pecadores
e somente em Jesus encontramos justificação e perdão para os nossos pecados.
Aplicação: Se você se encontra como Saul, cercado pelos inimigos, acreditando que
Deus está atrasado em seu socorro, não se precipite, não olhe para sua agenda
pessoal nesse momento, confie em Deus. Confie em todo tempo, em todas as
circunstâncias. No tempo certo Ele estenderá as mãos e te livrará do inimigo.
Espere Deus agir por você, enquanto isso trabalhe para Ele e por Ele.
· Segundo erro: Saul se apegou ao poder – Saul amou o poder. O amor ao poder cria desordem
no coração do homem. Saul no íntimo de seu ser já não se via como um servo de
Deus, que trabalhava para Deus. Pelo contrário ele acreditava que Deus
trabalhava para ele, pois ele era o rei de Israel.
Pessoas
impelidas se apegam ao poder facilmente, pois o poder as torna alvos de
elogios, como também proporcionam a elas a capacidade de realizarem seus
desejos pessoais. Diante disso usam do poder, manipulando-o para se manterem
perpetuamente no poder. É muito comum vermos pessoas que alcançaram o poder
trabalharem para mudarem a constituição de seus países com o fim de poderem se
manter no poder.
Entretanto
ao usar do poder para usurpar uma posição que Deus não lhe outorgou, Saul
perdeu seu poder definitivamente. Deus retirou dele a unção para reinar,
conforme podemos ler em 1 Sm 13.13,14.
13 Disse Samuel: "Você agiu como tolo, desobedecendo
ao mandamento que o Senhor seu Deus lhe deu; se você tivesse obedecido, ele
teria estabelecido para sempre o seu reinado sobre Israel. 14 Mas agora seu reinado não permanecerá; o Senhor procurou um homem segundo o seu coração e o
designou líder de seu povo, pois você não obedeceu ao mandamento do
Senhor". (1 Samuel 13.13,14)
A partir desse dia o medo de perder seu trono tomou
conta de seu coração. Saul se tornou um homem perturbado. Vendo que a
popularidade de Davi crescia passou a odiá-lo e persegui-lo ferozmente. Usou de
seu poder manipulando-o indevidamente para tentar matar aquele que Deus
escolherá para substituí-lo.
Pessoas impelidas não aceitam o crescimento de outras
pessoas. Elas se sentem ameaçadas, pois não possuem uma clara visão de sua
identidade em Deus e nem de sua missão. Passam a ver os outros como concorrente
quando deveriam vê-los como companheiros na missão dada por Jesus.
Pessoas impelidas não tem disposição de transferir seus
ministérios, cargos, títulos a outros, pois elas não conseguem existir sem
eles. Elas acham que são o que fazem. O que as definem é o título que recebem
de suas tarefas. Você pergunta para alguém: “Quem é você?”. Ela responde: “Sou
pastor”. “Sou médico”. “Sou desembargador”. Elas se definem pelo serviço que
prestam a sociedade. Enxergam sua importância pelo que fazem e não pelo que
são. Alguns pastores e líderes de ministérios estão presos nessa armadilha.
Quando aquilo que somos e o que fazemos se tornam uma
coisa só dentro de nós, nos tornamos escravos do que fazemos. Então passamos a
realizar mais e mais coisas com o fim de sermos mais elogiados, mais aceitados
e mais reconhecidos por aqueles que nos cercam. Nosso sentimento de valorização
está atrelado as nossas realizações.
O texto diz que Deus buscou um homem segundo o seu
coração. Davi foi encontrado por Deus quando ainda era somente um pastor de
ovelhas literalmente. Ele não tinha realizado nada de excepcional até aquele
momento. Ele não tinha nenhuma tarefa invejável, desejável pela sociedade de
seus dias. Mas tinha um coração segundo o coração de Deus, o que nos diz que
Saul não tinha. Davi sabia quem Deus era e quem ele era claramente.
Saul perdeu a noção de quem Deus era e de quem ele era.
Saul também perdeu a noção de que era importante para Deus pelo que era e não
pelo que fazia. Ele não abria mão do ofício de “rei”, pois acreditava que era
aquilo que o definia como pessoa. Ser rei o tornava popular e respeitado pelo
povo, mas para Deus isso era indiferente. A motivação de Saul no exercício de
seu reinado era pelo desejo de ser reverenciado e reconhecido como o maior de
todos. Por isso o crescimento de Davi o incomodava.
Aplicação:
Talvez você
esteja preso nessa armadilha. Você trabalha exaustivamente, mais e mais, com o
fim de ser elogiado, respeitado em sua empresa, em sua casa. O mesmo pode estar
acontecendo em sua vida religiosa. Você serve exaustivamente na igreja, em
busca de reconhecimento espiritual pelo pastor e demais irmãos. Saiba que Deus
te ama não pelo que você faz, mas pelo que você é para Ele. Jesus morreu na
cruz por você não pelo que você fez ou fará, mas pelo que você é para Ele. Você
é filho amado de Deus. Você é precioso para Deus. Ele te ama como você é.
· Terceiro erro: Saul deu lugar em seu coração às
vozes externas – Saul não conseguindo
ouvir a voz de Deus buscou a orientação de uma médium mesmo sabendo que Deus
abomina aqueles que consultam espíritos, conforme lemos em 1 Sm 28.7.
7 Então Saul disse aos seus auxiliares: "Procurem uma
mulher que invoca espíritos, para que eu a consulte". Eles disseram:
"Existe uma em En-Dor". (1 Samuel 28.7)
Saul abriu
mão dos valores e princípios de Deus que haviam sido ordenados por Deus através
de Moisés (Dt 18.9-12) para tentar acalmar seu coração.
Pessoas impelidas
priorizam seus sentimos e desejos acima de tudo. Elas estão sempre necessitadas
de autoafirmação, de coisas externas que lhe deem segurança e um pouco de paz,
pois seu homem interior, sua mulher interior estão totalmente em desordem.
Diante esta necessidade se abrem para as diversas vozes que ecoam neste mundo
dominado pelo maligno, até mesmo vozes do além, do inferno, como fez Saul.
Aplicação: Se você está em desespero, não está conseguindo ouvir a voz de Deus,
não encontra paz, talvez dominado pelo sentimento de culpa e está tentando
urgentemente ouvir alguém que te dê uma afirmação positiva, que te faça se
sentir seguro ou segura. Cuidado com as muitas vozes que este mundo oferece.
Cuidado com as vozes dos falsos profetas. Cuidado com as vozes daqueles que se
revestem de santidade e usam do nome de Deus para praticar estelionatos
celestiais. Principalmente não busque as vozes daqueles que estão
desencarnados, pois isto é abominação a Deus. Não provoque a ira de Deus. Vá
para seu quarto, ore a Deus em secreto, aquiete seu coração, silencie sua alma,
leia a Bíblia e espera atentamente que Deus te responderá de alguma forma.
REFLEXÃO FINAL
Saul vinha de uma família poderosa, de grande
influência na tribo de Benjamim. Uma família acostumada a lidar com o poder.
Possivelmente aprendera com seu pai a lidar com o poder de forma estratégica,
usando-o para si beneficiar dele e não para servir aos interesses do povo e
principalmente de Deus. Saul era um homem interiormente desestruturado, seu
coração era governado pelo seu “eu” e não por Deus, por isso caiu o ungido de
Deus.
Infelizmente as igrejas estão cheias de Saul,
pessoas impelidas, agarradas a cargos, títulos e ritos. Matando e ferindo
muitas vidas em vez de produzirem vidas. Fontes secas, que secaram ao se
deixarem serem motivadas pela busca das realizações pessoais. Mas Deus pode
renovar sua vida, fazer transbordar água viva da fonte seca. Deus quer
transformar você que se identificou como uma pessoa “impelida” em uma pessoa
“chamada”.
Portanto não perca a mensagem de hoje que será
trazido pelo Pr. Décio. Ele vai apresentar as características de uma pessoa
chamada. Deus te abençoe grandemente.
Pr. Cornélio Póvoa de Oliveira
02/08/2020
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