TRABALHANDO COM DEUS NÃO PEGA BEM...
SER GANANCIOSO
Hoje estamos encerrando nossa série “Trabalhando Com Deus Não Pega
Bem...”. O tema de hoje é “Trabalhando Com Deus Não Pega Bem Ser Ganancioso”.
Vamos abordar a questão da ganância. Acredito que todos nós sabemos que a
ganancia é uma ambição desmedida, exagerada de ganho, quer seja de dinheiro
quer seja de bens materiais.
Para abordarmos
este tema da ganância quero convidá-los a uma reflexão no texto de Lucas 12.13-14.
13 Alguém da multidão lhe disse:
"Mestre, dize a meu irmão que divida a herança comigo". 14 Respondeu Jesus: "Homem, quem me designou juiz ou
árbitro entre vocês?". (Lucas 12.13-14)
Jesus estava
ensinando a uma multidão quando um homem que se encontrava na multidão lhe pede
para interferir na partilha de sua herança, pois se sentia injustiçado por seu
irmão. Possivelmente seu irmão o estivesse lhe defraudando com relação à divisão
de sua herança. O texto nada mais diz a respeito da herança. Não sabemos ao
certo se era justa a solicitação deste homem ou se era ele quem estava desejoso
de receber mais do que realmente lhe era justo.
Naqueles dias
era comum que um rabino mediasse algumas situações como essas. Entretanto Jesus
se recusou a ser juiz de sua causa, propondo aquele homem uma reavaliação da
compreensão que ele tinha a respeito da missão Jesus, através de uma pergunta: "Homem, quem me designou juiz ou árbitro entre
vocês?".
Jesus estava dizendo que não era seu propósito tratar de queixas de
propriedades ou qualquer outro assunto litigioso, judicial. É certo que o homem
tinha entendido mal a missão de Jesus.
Jesus poderia ter deixado este assunto de lado e continuado a discorrer outro tema, mas ele aproveita a deixa daquele homem e faz uma advertência a todos que o ouviam e deixa um principio para nortear a vida de seus ouvintes, conforme podemos ler no verso quinze do texto: 15 Então lhes disse: "Cuidado! Fiquem de sobreaviso contra todo tipo de ganância; a vida de um homem não consiste na quantidade dos seus bens". (Lucas 12.15) - Vejamos primeiro a advertência dada por Jesus.
1 – ADVERTÊNCIA
Jesus faz uma
forte advertência: “Cuidado! Fiquem de sobreaviso,
guardai-vos contra todo tipo de ganância”. Sua advertência é dirigida contra a
ganância.
Assim como
aquele homem que solicitou a ajuda de Jesus com relação à partilha de sua
herança, muitos que estavam ouvindo a Jesus se encontravam demasiadamente
preocupados com os bens materiais. Gastavam muito de suas energias para
adquiri-los e mantê-los. A vida não era fácil para eles. Aquela gente vivia sob
o abusivo domínio político e militar do império romano.
Em nossa última
mensagem falamos que os soldados romanos abusavam de seu poder fazendo com que
os judeus trabalhassem para eles e também tomavam os pertences deles, muitas
vezes adquiridos com muito esforço. Os judeus sonhavam e viviam na expectativa
da manifestação de um messias libertador e conquistador porque não suportavam
mais a opressão e humilhação dos romanos sobre eles. Além disso, a cobrança
injusta, pesada, de impostos trouxera pobreza e miséria para quase todos os
judeus.
Qual é o grande
sonho de toda pessoa pobre e oprimida por uma sociedade? Ser rica. Toda pessoa
pobre e oprimida acredita que através da riqueza conseguirá ser tratada com
dignidade e assim alcançar uma vida feliz. O povo judeu de maneira geral vivia
sonhando e buscando sua segurança na riqueza. Essa foi a razão de Jesus
adverti-los, eles estavam colocando sua esperança de uma nova vida apenas nas
coisas passageiras que o dinheiro poderia lhes dar, esquecendo-se de que Deus
iria lhes dar a vida próspera e justa tão sonhada por eles.
Penso que hoje
não é diferente, muitos brasileiros e brasileiras têm corrido atrás da riqueza,
em busca de uma vida melhor e mais digna. 55 milhões de brasileiros estão
abaixo da linha da pobreza. Estas pessoas sonham com uma vida melhor. Elas não
pedem muito querem ter uma casa para morar, com água, luz e esgoto; querem
trabalho para comprar o alimento de cada dia; querem escola para seus filhos e
serem tratadas com dignidade nos hospitais.
Estas pessoas
colocam na riqueza a esperança de uma vida melhor, assim como os judeus nos
dias de Jesus. O que leva as pessoas a jogarem na loteria e outros jogos de
sorte? A deixarem seus salários e bens nos altares de muitas igrejas? A fazerem
oferendas nas encruzilhadas e cachoeiras? A caírem nos contos dos
estelionatários? A entrarem em pirâmides? Certamente que é o desejo de se
enriquecerem. Elas acreditam que o dinheiro irá proporcionar a elas uma vida
melhor. Diante disso se agarram a qualquer promessa e oportunidade de se
enriquecerem. Neste desejo de obterem riqueza para se libertarem de uma sub-vida,
de uma vida sofrida, elas correm o risco de se tornarem gananciosas.
Os ricos também
podem ser dominados pela ganância, por uma razão diferente é claro, pois estes
acabam sendo seduzidos pelo que a riqueza pode lhes proporcionar: poder, status
social e bens materiais. Estas coisas significam influência política, portas
abertas em todos os lugares e comprar o que desejar. Não temos como negar, essas
coisas seduzem o coração do homem.
É contra este
desejo que Jesus está dizendo: “Cuidado! Guardai-vos contra todo tipo de
ganância”. Ele está dizendo para não nos deixarmos ser dominados pelo desejo de
“ter”, e não depositarmos nossa esperança nas coisas passageiras, transitórias
deste mundo. Por isso ele ensina um princípio para nortear a vida de seus
ouvintes. Vejamos este princípio.
2 - PRINCÍPIO
Jesus diz para
eles: “A vida de um homem não consiste na
quantidade dos seus bens”. Ele estava
dizendo para eles que Deus não mede um homem pelos bens que possui.
É relevante
lembrarmos que predominava entre os judeus daqueles dias a ideia de que as
riquezas eram um sinal do favor de Deus, e que a pobreza era um sinal de falta
de fé ou mesmo punição da parte de Deus. Nos dias de Jesus já rolava uma
teologia de prosperidade.
Essa compreensão
era uma distorção da promessa de Deus para os israelitas. Deus havia prometido
torná-los prósperos em relação as demais nações. Entretanto, isso não
significava que entre eles não haveria pobres e que estes não eram amados ou
abençoados por Deus.
Uma das ordens
de Deus dada aos judeus era que todo fruto e toda semente que caísse no chão,
assim como todo fruto e semente que se encontravam nas bordas da plantação
fosse deixado para os pobres durante a colheita, para que estes pudessem se
alimentar deles e sustentarem suas famílias (Lv 23.22; Dt 24.19-22). Deus já
pensava na providência para os pobres. Este ensino objetivava fazer com que
todos pudessem ter alimento para seu sustento, mas também nos ensina que
devemos suprir a necessidade de nosso próximo. Deus desejava por este ato de
partilha que todos tivessem uma vida digna. Se existem pessoas necessitadas é
porque têm pessoas com as mãos recolhidas para ajudar. Estão colhendo para si
além do que deveriam. Não estão deixando as bordas e as sobras para os mais
necessitados.
As palavras de
Jesus “a vida de um homem não consiste na quantidade dos seus bens” nos ensina também que Deus não é
contra os ricos, como também não é a favor dos pobres. Segundo Jesus nenhum
homem será pesado pelos bens que adquiriu em vida. Mas seu ensino mostra
aos seus discípulos que quem confia nas riquezas e não em Deus não entrará no
Reino de Deus.
Com o fim de
elucidar e firmar este ensino no coração de seus discípulos, Jesus conta a eles
uma parábola, a parábola do rico tolo (Lucas 12.16-21).
16 Então lhes contou esta parábola: "A
terra de certo homem rico produziu muito bem. 17 Ele
pensou consigo mesmo: ‘O que vou fazer? Não tenho onde armazenar minha
colheita’. 18 Então disse: ‘Já sei o que vou fazer. Vou derrubar os
meus celeiros e construir outros maiores, e ali guardarei toda a minha safra e
todos os meus bens. 19 E direi a mim mesmo: Você tem grande quantidade de
bens, armazenados para muitos anos. Descanse, coma, beba e alegre-se’. 20 Contudo,
Deus lhe disse: ‘Insensato! Esta mesma noite a sua vida lhe será exigida.
Então, quem ficará com o que você preparou?’" 21 "Assim
acontece com quem guarda para si riquezas, mas não é rico para com Deus".
(Lucas 12.16-21)
Vejamos algumas
lições que podemos aprender desta parábola.
·
Primeira lição: A primeira lição
que é a lição central e maior da parábola é mostrar a tolice em se preocupar
demasiadamente com o bem estar neste tempo presente, quando se vive aqui no
máximo até os 100 anos, esquecendo-se de se preparar para a vida após a morte.
A
condenação não está no fato deste homem ser rico, mas na insensatez de não
considerar a finitude de sua vida. Viveu sem se preparar para prestar conta da
vida a Deus. Armazenou riquezas neste mundo, mas não acumulou riquezas no céu.
A
ganância não o deixou perceber que já tinha o suficiente, que seus celeiros já
estavam cheios. A parábola mostra que ele tinha mais de um celeiro, isto para
enfatizar que ele já tinha mais do que o suficiente para ele. Entretanto ele
decide construir celeiros maiores para poder armazenar mais do que já tinha
acumulado. Ele já tinha provisão para descansar e viver em paz, mas a ganância
não o deixou perceber que deveria compartilhar a bênção que Deus lhe havia
dado.
10 Quem
ama o dinheiro jamais terá o suficiente; quem ama as riquezas jamais ficará
satisfeito com os seus rendimentos (Eclesiastes 5.10)
Muitos
vivem assim hoje, buscam acumular riquezas com o fim de fazerem uma boa
aposentadoria, mas esquecem de que a vida não está sob o seu controle.
Deus
não é contra você fazer uma poupança para sua velhice, mas é contra você em
nome deste pé de meia, não ajudar o seu próximo, não participar do projeto de
implantação do Seu Reino no coração dos homens. A generosidade é a arma para
que nosso coração não se apegue ao dinheiro e dessa forma mantermos a ganância e
avareza distante de nosso coração. Por isso dar o dízimo, participarmos de
campanhas com os demais irmãos de nossa igreja é importante, pois é um meio de
sempre nos lembrarmos de que é Deus que nos sustenta. Falo aqui de campanhas
especiais, com um fim especifico. Não me refiro a estes movimentos e apelos por
dinheiro que se fazem nas diversas igrejas por aí e que nunca cessam.
·
Segunda lição: É mostrar que não temos o controle
absoluto de nossas vidas e que um dia prestaremos conta ao criador. O homem rico
da parábola se achou tão seguro pelos bens que tinha conseguido acumular, que
passou a fazer planos para o restante de sua vida, se esquecendo de que sua vida
não está sob o seu domínio. A vida não nos pertence. Fomos criados por um Deus
vivo e prestaremos conta a Ele de nossas vidas.
3 Consagre
ao Senhor tudo o que você faz, e os seus planos serão bem-sucedidos. (Provérbios 16.3)
– Dedique
ao Senhor tudo o que você faz, e os seus planos serão bem-sucedidos, porque
você está entregando tudo o que faz a Ele. Todas as suas realizações estão nas
mãos de Deus, por isso você será bem-sucedido.
Normalmente
nos esquecemos de que não temos o controle absoluto de nossas vidas. Enquanto
tudo está bem e estamos produzindo bem, fazemos planos e projetos a longo prazo,
nos esquecendo de que a qualquer momento Deus pode nos chamar para prestarmos
conta de nossa vida.
Jesus
não condena que façamos projetos e planos para o amanhã. Mas condena a
arrogância de nos acharmos donos de nós mesmos, de fazer o que fazemos somente
para nós mesmos. O homem rico se quer considerou o que Deus gostaria que ele
fizesse com o acúmulo de sua produção.
·
Terceira lição: A vida se constrói com solidariedade,
generosidade e não com egoísmo e ganância. A fala de Jesus "Assim acontece com quem guarda para si riquezas,
mas não é rico para com Deus", nos
ensina que ser rico para com Deus deve ser o alvo de nossas vidas. De nada
adiantará você ter ajuntado riquezas aqui na terra, onde a traça e a ferrugem
destroem e não ter ajuntado riquezas nos céus. Mais do que as riquezas
materiais, precisamos acumular riquezas espirituais, sermos ricos para com
Deus.
17 Quem trata bem os pobres
empresta ao Senhor, e ele o recompensará. (Provérbios
19.17)
Riquezas espirituais são construídas
quando vivemos uma espiritualidade em Cristo centralizada no outro, quando
praticamos obras de justiça que glorifiquem o nosso Pai Celestial.
O problema não está em ser rico. Deus
deseja que você seja próspero e bem sucedido em tudo. Mas sua prosperidade deve
ser fruto de sua generosidade e não de sua ganância, ela deve ser fruto de um
trabalho honesto e não opressor.
O problema está em guardar para si
riquezas. Aquele que guarda para si riquezas tem o coração apegado a riqueza e
se torna avarento e ganancioso. Não consegue perceber que a bênção de Deus
sobre ele é para ser desfrutada por ele, mas também compartilhada com os mais
pobres.
REFLEXÃO
FINAL
Quero concluir
convidando você a fazer uma avaliação de seu coração. Jesus nos deixou uma advertência clara para
não deixarmos nosso coração ser dominado pela ganância. Portanto quero
apresentar a você três perguntas para você refletir e avaliar seu coração
diante o ensino que aprendemos hoje de Jesus.
1.
Seu
coração está nos bens e conquistas que você pode ter hoje ou no que receberá no
Reino de Deus? Se a sua prioridade é viver bem hoje isso influenciará seu
estado de felicidade, sua ética e suas escolhas diárias. Seu coração deve estar
apegado às conquistas do céu e não do aqui e agora.
2.
Você
planeja a vida considerando a vontade de Deus? Pense se no planejamento de sua
vida você considera a realidade de que Deus é o Senhor de sua vida. Suas
escolhas profissionais, relacionais, seus investimentos, tudo que você faz, o
faz sob a avaliação e aprovação de Deus?
3.
Você
tem sido generoso com seu semelhante ou egoísta? Tratando bem os pobres você
emprestado a Jesus. Você tem acumulado sua riqueza para si mesmo ou para Deus?
Pr. Cornélio
Póvoa de Oliveira
27/09/2020
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