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terça-feira, 29 de setembro de 2020

SERMÕES 149 - SER GANANCIOSO

 

TRABALHANDO COM DEUS NÃO PEGA BEM...

SER GANANCIOSO

 

Hoje estamos encerrando nossa série “Trabalhando Com Deus Não Pega Bem...”. O tema de hoje é “Trabalhando Com Deus Não Pega Bem Ser Ganancioso”. Vamos abordar a questão da ganância. Acredito que todos nós sabemos que a ganancia é uma ambição desmedida, exagerada de ganho, quer seja de dinheiro quer seja de bens materiais.

Para abordarmos este tema da ganância quero convidá-los a uma reflexão no texto de Lucas 12.13-14.

13 Alguém da multidão lhe disse: "Mestre, dize a meu irmão que divida a herança comigo". 14 Respondeu Jesus: "Homem, quem me designou juiz ou árbitro entre vocês?". (Lucas 12.13-14)

Jesus estava ensinando a uma multidão quando um homem que se encontrava na multidão lhe pede para interferir na partilha de sua herança, pois se sentia injustiçado por seu irmão. Possivelmente seu irmão o estivesse lhe defraudando com relação à divisão de sua herança. O texto nada mais diz a respeito da herança. Não sabemos ao certo se era justa a solicitação deste homem ou se era ele quem estava desejoso de receber mais do que realmente lhe era justo.

Naqueles dias era comum que um rabino mediasse algumas situações como essas. Entretanto Jesus se recusou a ser juiz de sua causa, propondo aquele homem uma reavaliação da compreensão que ele tinha a respeito da missão Jesus, através de uma pergunta: "Homem, quem me designou juiz ou árbitro entre vocês?". Jesus estava dizendo que não era seu propósito tratar de queixas de propriedades ou qualquer outro assunto litigioso, judicial. É certo que o homem tinha entendido mal a missão de Jesus.

Jesus poderia ter deixado este assunto de lado e continuado a discorrer outro tema, mas ele aproveita a deixa daquele homem e faz uma advertência a todos que o ouviam e deixa um principio para nortear a vida de seus ouvintes, conforme podemos ler no verso quinze do texto: 15 Então lhes disse: "Cuidado! Fiquem de sobreaviso contra todo tipo de ganância; a vida de um homem não consiste na quantidade dos seus bens". (Lucas 12.15) - Vejamos primeiro a advertência dada por Jesus.

 

1 – ADVERTÊNCIA

Jesus faz uma forte advertência: “Cuidado! Fiquem de sobreaviso, guardai-vos contra todo tipo de ganância”. Sua advertência é dirigida contra a ganância.

Assim como aquele homem que solicitou a ajuda de Jesus com relação à partilha de sua herança, muitos que estavam ouvindo a Jesus se encontravam demasiadamente preocupados com os bens materiais. Gastavam muito de suas energias para adquiri-los e mantê-los. A vida não era fácil para eles. Aquela gente vivia sob o abusivo domínio político e militar do império romano.

Em nossa última mensagem falamos que os soldados romanos abusavam de seu poder fazendo com que os judeus trabalhassem para eles e também tomavam os pertences deles, muitas vezes adquiridos com muito esforço. Os judeus sonhavam e viviam na expectativa da manifestação de um messias libertador e conquistador porque não suportavam mais a opressão e humilhação dos romanos sobre eles. Além disso, a cobrança injusta, pesada, de impostos trouxera pobreza e miséria para quase todos os judeus.

Qual é o grande sonho de toda pessoa pobre e oprimida por uma sociedade? Ser rica. Toda pessoa pobre e oprimida acredita que através da riqueza conseguirá ser tratada com dignidade e assim alcançar uma vida feliz. O povo judeu de maneira geral vivia sonhando e buscando sua segurança na riqueza. Essa foi a razão de Jesus adverti-los, eles estavam colocando sua esperança de uma nova vida apenas nas coisas passageiras que o dinheiro poderia lhes dar, esquecendo-se de que Deus iria lhes dar a vida próspera e justa tão sonhada por eles.

Penso que hoje não é diferente, muitos brasileiros e brasileiras têm corrido atrás da riqueza, em busca de uma vida melhor e mais digna. 55 milhões de brasileiros estão abaixo da linha da pobreza. Estas pessoas sonham com uma vida melhor. Elas não pedem muito querem ter uma casa para morar, com água, luz e esgoto; querem trabalho para comprar o alimento de cada dia; querem escola para seus filhos e serem tratadas com dignidade nos hospitais.

Estas pessoas colocam na riqueza a esperança de uma vida melhor, assim como os judeus nos dias de Jesus. O que leva as pessoas a jogarem na loteria e outros jogos de sorte? A deixarem seus salários e bens nos altares de muitas igrejas? A fazerem oferendas nas encruzilhadas e cachoeiras? A caírem nos contos dos estelionatários? A entrarem em pirâmides? Certamente que é o desejo de se enriquecerem. Elas acreditam que o dinheiro irá proporcionar a elas uma vida melhor. Diante disso se agarram a qualquer promessa e oportunidade de se enriquecerem. Neste desejo de obterem riqueza para se libertarem de uma sub-vida, de uma vida sofrida, elas correm o risco de se tornarem gananciosas.

Os ricos também podem ser dominados pela ganância, por uma razão diferente é claro, pois estes acabam sendo seduzidos pelo que a riqueza pode lhes proporcionar: poder, status social e bens materiais. Estas coisas significam influência política, portas abertas em todos os lugares e comprar o que desejar. Não temos como negar, essas coisas seduzem o coração do homem.  

É contra este desejo que Jesus está dizendo: “Cuidado! Guardai-vos contra todo tipo de ganância”. Ele está dizendo para não nos deixarmos ser dominados pelo desejo de “ter”, e não depositarmos nossa esperança nas coisas passageiras, transitórias deste mundo. Por isso ele ensina um princípio para nortear a vida de seus ouvintes. Vejamos este princípio.

 

2 - PRINCÍPIO

Jesus diz para eles: “A vida de um homem não consiste na quantidade dos seus bens”. Ele estava dizendo para eles que Deus não mede um homem pelos bens que possui.

É relevante lembrarmos que predominava entre os judeus daqueles dias a ideia de que as riquezas eram um sinal do favor de Deus, e que a pobreza era um sinal de falta de fé ou mesmo punição da parte de Deus. Nos dias de Jesus já rolava uma teologia de prosperidade.

Essa compreensão era uma distorção da promessa de Deus para os israelitas. Deus havia prometido torná-los prósperos em relação as demais nações. Entretanto, isso não significava que entre eles não haveria pobres e que estes não eram amados ou abençoados por Deus.

Uma das ordens de Deus dada aos judeus era que todo fruto e toda semente que caísse no chão, assim como todo fruto e semente que se encontravam nas bordas da plantação fosse deixado para os pobres durante a colheita, para que estes pudessem se alimentar deles e sustentarem suas famílias (Lv 23.22; Dt 24.19-22). Deus já pensava na providência para os pobres. Este ensino objetivava fazer com que todos pudessem ter alimento para seu sustento, mas também nos ensina que devemos suprir a necessidade de nosso próximo. Deus desejava por este ato de partilha que todos tivessem uma vida digna. Se existem pessoas necessitadas é porque têm pessoas com as mãos recolhidas para ajudar. Estão colhendo para si além do que deveriam. Não estão deixando as bordas e as sobras para os mais necessitados.

As palavras de Jesus “a vida de um homem não consiste na quantidade dos seus bens” nos ensina também que Deus não é contra os ricos, como também não é a favor dos pobres. Segundo Jesus nenhum homem será pesado pelos bens que adquiriu em vida. Mas seu ensino mostra aos seus discípulos que quem confia nas riquezas e não em Deus não entrará no Reino de Deus.

Com o fim de elucidar e firmar este ensino no coração de seus discípulos, Jesus conta a eles uma parábola, a parábola do rico tolo (Lucas 12.16-21).

16 Então lhes contou esta parábola: "A terra de certo homem rico produziu muito bem. 17 Ele pensou consigo mesmo: ‘O que vou fazer? Não tenho onde armazenar minha colheita’. 18 Então disse: ‘Já sei o que vou fazer. Vou derrubar os meus celeiros e construir outros maiores, e ali guardarei toda a minha safra e todos os meus bens. 19 E direi a mim mesmo: Você tem grande quantidade de bens, armazenados para muitos anos. Descanse, coma, beba e alegre-se’. 20 Contudo, Deus lhe disse: ‘Insensato! Esta mesma noite a sua vida lhe será exigida. Então, quem ficará com o que você preparou?’" 21 "Assim acontece com quem guarda para si riquezas, mas não é rico para com Deus". (Lucas 12.16-21)

Vejamos algumas lições que podemos aprender desta parábola.

·      Primeira lição: A primeira lição que é a lição central e maior da parábola é mostrar a tolice em se preocupar demasiadamente com o bem estar neste tempo presente, quando se vive aqui no máximo até os 100 anos, esquecendo-se de se preparar para a vida após a morte.

A condenação não está no fato deste homem ser rico, mas na insensatez de não considerar a finitude de sua vida. Viveu sem se preparar para prestar conta da vida a Deus. Armazenou riquezas neste mundo, mas não acumulou riquezas no céu.

A ganância não o deixou perceber que já tinha o suficiente, que seus celeiros já estavam cheios. A parábola mostra que ele tinha mais de um celeiro, isto para enfatizar que ele já tinha mais do que o suficiente para ele. Entretanto ele decide construir celeiros maiores para poder armazenar mais do que já tinha acumulado. Ele já tinha provisão para descansar e viver em paz, mas a ganância não o deixou perceber que deveria compartilhar a bênção que Deus lhe havia dado.

10 Quem ama o dinheiro jamais terá o suficiente; quem ama as riquezas jamais ficará satisfeito com os seus rendimentos (Eclesiastes 5.10)

Muitos vivem assim hoje, buscam acumular riquezas com o fim de fazerem uma boa aposentadoria, mas esquecem de que a vida não está sob o seu controle.

Deus não é contra você fazer uma poupança para sua velhice, mas é contra você em nome deste pé de meia, não ajudar o seu próximo, não participar do projeto de implantação do Seu Reino no coração dos homens. A generosidade é a arma para que nosso coração não se apegue ao dinheiro e dessa forma mantermos a ganância e avareza distante de nosso coração. Por isso dar o dízimo, participarmos de campanhas com os demais irmãos de nossa igreja é importante, pois é um meio de sempre nos lembrarmos de que é Deus que nos sustenta. Falo aqui de campanhas especiais, com um fim especifico. Não me refiro a estes movimentos e apelos por dinheiro que se fazem nas diversas igrejas por aí e que nunca cessam.

·      Segunda lição: É mostrar que não temos o controle absoluto de nossas vidas e que um dia prestaremos conta ao criador. O homem rico da parábola se achou tão seguro pelos bens que tinha conseguido acumular, que passou a fazer planos para o restante de sua vida, se esquecendo de que sua vida não está sob o seu domínio. A vida não nos pertence. Fomos criados por um Deus vivo e prestaremos conta a Ele de nossas vidas.

3 Consagre ao Senhor tudo o que você faz, e os seus planos serão bem-sucedidos. (Provérbios 16.3)Dedique ao Senhor tudo o que você faz, e os seus planos serão bem-sucedidos, porque você está entregando tudo o que faz a Ele. Todas as suas realizações estão nas mãos de Deus, por isso você será bem-sucedido.

Normalmente nos esquecemos de que não temos o controle absoluto de nossas vidas. Enquanto tudo está bem e estamos produzindo bem, fazemos planos e projetos a longo prazo, nos esquecendo de que a qualquer momento Deus pode nos chamar para prestarmos conta de nossa vida.

Jesus não condena que façamos projetos e planos para o amanhã. Mas condena a arrogância de nos acharmos donos de nós mesmos, de fazer o que fazemos somente para nós mesmos. O homem rico se quer considerou o que Deus gostaria que ele fizesse com o acúmulo de sua produção.

·      Terceira lição: A vida se constrói com solidariedade, generosidade e não com egoísmo e ganância. A fala de Jesus "Assim acontece com quem guarda para si riquezas, mas não é rico para com Deus", nos ensina que ser rico para com Deus deve ser o alvo de nossas vidas. De nada adiantará você ter ajuntado riquezas aqui na terra, onde a traça e a ferrugem destroem e não ter ajuntado riquezas nos céus. Mais do que as riquezas materiais, precisamos acumular riquezas espirituais, sermos ricos para com Deus.

17 Quem trata bem os pobres empresta ao Senhor, e ele o recompensará. (Provérbios 19.17)

Riquezas espirituais são construídas quando vivemos uma espiritualidade em Cristo centralizada no outro, quando praticamos obras de justiça que glorifiquem o nosso Pai Celestial.

O problema não está em ser rico. Deus deseja que você seja próspero e bem sucedido em tudo. Mas sua prosperidade deve ser fruto de sua generosidade e não de sua ganância, ela deve ser fruto de um trabalho honesto e não opressor.

O problema está em guardar para si riquezas. Aquele que guarda para si riquezas tem o coração apegado a riqueza e se torna avarento e ganancioso. Não consegue perceber que a bênção de Deus sobre ele é para ser desfrutada por ele, mas também compartilhada com os mais pobres.

 

REFLEXÃO FINAL

Quero concluir convidando você a fazer uma avaliação de seu coração.  Jesus nos deixou uma advertência clara para não deixarmos nosso coração ser dominado pela ganância. Portanto quero apresentar a você três perguntas para você refletir e avaliar seu coração diante o ensino que aprendemos hoje de Jesus.

1.    Seu coração está nos bens e conquistas que você pode ter hoje ou no que receberá no Reino de Deus? Se a sua prioridade é viver bem hoje isso influenciará seu estado de felicidade, sua ética e suas escolhas diárias. Seu coração deve estar apegado às conquistas do céu e não do aqui e agora.

2.    Você planeja a vida considerando a vontade de Deus? Pense se no planejamento de sua vida você considera a realidade de que Deus é o Senhor de sua vida. Suas escolhas profissionais, relacionais, seus investimentos, tudo que você faz, o faz sob a avaliação e aprovação de Deus?

3.    Você tem sido generoso com seu semelhante ou egoísta? Tratando bem os pobres você emprestado a Jesus. Você tem acumulado sua riqueza para si mesmo ou para Deus?

 

 

Pr. Cornélio Póvoa de Oliveira

27/09/2020

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