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terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

SERMÕES 165 - O PODER DAS PALAVRAS

 

O PODER DAS PALAVRAS

 

Ao longo de minha vida cristã ouvi muitas coisas a respeito do poder das palavras. Diante as muitas pregações que ouvi, admito que cheguei a pensar que as palavras possuíssem poder em si mesmas, tanto para abençoar quanto para amaldiçoar.

Meu objetivo hoje é levá-los a compreender um pouco mais sobre este tema “O Poder das Palavras”. Para isso quero convidá-lo a uma reflexão a partir do texto de Mateus 8.5-13.

5 Entrando Jesus em Cafarnaum, dirigiu-se a ele um centurião, pedindo-lhe ajuda. 6 E disse: "Senhor, meu servo está em casa, paralítico, em terrível sofrimento". 7 Jesus lhe disse: "Eu irei curá-lo". 8 Respondeu o centurião: "Senhor, não mereço receber-te debaixo do meu teto. Mas dize apenas uma palavra, e o meu servo será curado. 9 Pois eu também sou homem sujeito à autoridade, com soldados sob o meu comando. Digo a um: ‘Vá’, e ele vai; e a outro: ‘Venha’, e ele vem. Digo a meu servo: ‘Faça isto’, e ele faz". 10 Ao ouvir isso, Jesus admirou-se e disse aos que o seguiam: "Digo-lhes a verdade: Não encontrei em Israel ninguém com tamanha fé. 11 Eu lhes digo que muitos virão do Oriente e do Ocidente, e se sentarão à mesa com Abraão, Isaque e Jacó no Reino dos céus. 12 Mas os súditos do Reino serão lançados para fora, nas trevas, onde haverá choro e ranger de dentes". 13 Então Jesus disse ao centurião: "Vá! Como você creu, assim lhe acontecerá!" Na mesma hora o seu servo foi curado. (Mateus 8.5-13)

O texto que lemos nos diz que Jesus estava chegando à cidade de Cafarnaum quando um centurião, um comandante do exército romano, se dirige a ele pedindo ajuda. Não para vencer uma batalha! Nem para ser promovido! Ele se aproxima para pedir ajuda por um servo seu que se encontrava paralítico, alguém que possivelmente trabalhava em sua casa.

A narrativa nos mostra que Jesus curou o paralítico apenas por meio de algumas palavras. A Bíblia narra muitas outras passagens que mostram o poder das palavras. Certa vez Jesus disse a uma figueira para que ela nunca mais produzisse fruto e quando ele voltou com seus discípulos no outro dia, eles ficaram admirados, pois a figueira estava seca até a raiz.

Através destas passagens bíblicas podemos ver claramente que as palavras pronunciadas por Jesus tinham poder. A pergunta que precisamos fazer é: “O poder estava nas palavras ou em Jesus que as pronunciou?”

A primeira afirmação que faço é que o poder está na autoridade de quem as pronuncia e não nas palavras em si mesmas.

 

1 – O PODER ESTÁ NA AUTORIDADE DE QUEM AS PRONUNCIA

O centurião era um homem acostumado a receber ordens e dar ordens. Ele compreendia que uma pessoa revestida de autoridade deveria ser obedecida, pois possuía um poder delegado a ela pelo Império Romano.

9 Pois eu também sou homem sujeito à autoridade, com soldados sob o meu comando. Digo a um: ‘Vá’, e ele vai; e a outro: ‘Venha’, e ele vem. Digo a meu servo: ‘Faça isto’, e ele faz". (Mateus 8.9)

As pessoas não se sujeitavam a ele só por causa das palavras, mas por causa da autoridade que ele havia recebido do Império Romano. Da mesma forma Jesus também estava revestido de autoridade, conforme lemos em Mateus 28.18.

18 Então, Jesus aproximou-se deles e disse: "Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra”. (Mateus 28.18)

Jesus fazia suas obras na autoridade que o Pai lhe havia conferido, como o Messias, o ungido de Deus. O Espírito de Deus estava sobre Jesus lhe conferindo poder e autoridade. Não eram as palavras de Jesus que tinham poder. Era Jesus que estava revestido de poder.

Todo o universo e todo o mundo espiritual obedecem a Jesus, pois Ele está revestido de autoridade. Ele é a própria fonte de poder pela qual todas as coisas foram criadas.

O centurião entendeu que Jesus era Senhor sobre os homens, sobre os espíritos e sobre todo universo. Ele entendeu que Jesus era o comandante do Reino de Deus. Por isso ele disse a Jesus: ‘basta que diga apenas uma palavra’.

As palavras não têm poder mágico em si mesmas, nem a fé tem poder em si mesma. Se assim fosse não teríamos mais pessoas doentes, brigando com a balança, insatisfeitas com seus corpos, nem malhando todos os dias. Bastaria a nós ordenar o que desejássemos ao nosso corpo e pronto. Mas as coisas não são assim, ninguém emagrece apenas afirmando que irá emagrecer, ninguém fica mais saudável apenas dizendo que irá ter uma saúde melhor. As coisas não acontecem só porque você liberou uma palavra com fé.

Hoje existe um grupo de cristãos que dão as palavras um poder que elas não possuem. Os cristãos adeptos desta tendência usam o termo “palavras proféticas”. Estes acreditam que o mundo e também suas vidas irão melhorar porque elas liberaram uma palavra profética. Na verdade o que chamam de “palavras proféticas” são confissões positivas, com uma nova roupagem. Elas acreditam que por simplesmente declararem algo, aquilo acontecerá.

As palavras só tem poder quando estão sustentadas por um poder que transcende elas mesmas. A Palavra de Deus só tem poder porque é sustentada pelo próprio Deus, que é em sua essência poderoso para fazer tudo que desejar. Nada é impossível para Deus.

Grande parte das profecias ditas por ai não se cumpre porque não foram ditas por Deus, mas por homens cheios de fé nas palavras que saem de seus próprios corações. Contudo eles não têm poder para dar sustentação a suas palavras.

As palavras dos profetas de Deus se cumprem porque Deus dá sustentação a elas, não porque elas possuem poder em si mesmas. Lembre-se que Deus zela em cumprir sua Palavra.  

A segunda afirmação que faço é que o poder das palavras está no quanto você as absorve em seu coração.

 

2 – O PODER ESTÁ NO QUANTO VOCÊ AS ABSORVE EM SEU CORAÇÃO

21 A língua tem poder sobre a vida e sobre a morte; os que gostam de usá-la comerão do seu fruto. (Provérbios 18.21)

Quando lemos atentamente Provérbios 18, logo perceberemos que o texto está tratando de relações humanas, de compatriotas. Dentro deste contexto de relação humana a língua pode ser usada tanto para a vida, para abençoar; quanto para a morte, para amaldiçoar. Tudo depende de como você usa as palavras e com que intencionalidade você as usa.

Tiago também nos adverte a respeito do poder da língua (Tg 3.8-10).

8 a língua, porém, ninguém consegue domar. É um mal incontrolável, cheio de veneno mortífero. 9 Com a língua bendizemos ao Senhor e Pai, e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus. 10 Da mesma boca procedem bênção e maldição. Meus irmãos, não pode ser assim! (Tiago 3.8-10)

Tiago, assim como em Provérbios 18, está falando do poder que as palavras exercem nas relações humanas. A língua pode ser instrumento para bendizermos ao Senhor, para O glorificarmos, mas pode ser um instrumento para amaldiçoarmos uns aos outros, para nos ferirmos mutuamente e dessa forma ferirmos o Corpo de Cristo. Tiago diz que não pode ser assim! Não podemos adorar a Deus e ao mesmo tempo ferir seus filhos. Precisamos usar nossa língua para bendizer o nome de nosso Deus, abençoarmos uns aos outros e produzirmos vida a todos quanto pudermos.

Creio que seja relevante dizer que o poder das palavras em nós, o efeito delas em nós, são diretamente proporcionais ao valor que damos a pessoa que a proferiu, e ao quanto absorvemos desta palavra. Uma palavra pode nos destruir ou nos impulsionar a vida dependendo de quem a proferiu e do quanto nós a acolhemos em nossos corações.

Por exemplo: Uma pessoa desconhecida, alguém a quem você não atribui muito valor te chama de imprestável e de burra. Você provavelmente irá ficar irada na hora, mas logo irá ignorar e esquecer estas palavras. Mas se sua mãe ou seu pai te chamar de imprestável e burra, possivelmente você irá remoer estas palavras e abriga-las em seu coração. Com o tempo elas destruirão sua alma, seu relacionamento com seus pais e sua capacidade de realizar e ser melhor, pois você passará a se ver como uma pessoa imprestável e burra. Você se tornará prisioneira destas palavras.

Quando acolhemos palavras destruidoras, de maldição e as deixamos crescer em nossa alma, elas nos destruirão e roubarão de nós a liberdade e a felicidade. Elas nos paralisarão e nos matarão interiormente se não as lançarmos fora de nossas vidas.

As palavras de maldição tem poder sobre sua vida se você deixar que elas tenham. Creia no que Deus diz a seu respeito e não no que as pessoas dizem sobre você. Viva apoiado no que Deus sente por você e não no que os outros dizem sentir por você. Caminhe sobre o que a Palavra de Deus diz a você e não sobre o que as pessoas e a cultura de nossos dias falam a você.

Deus te abençoou com todas as bênçãos espirituais em Cristo Jesus. Não te abençoou com bênçãos terrenas, mas bênçãos espirituais conforme lemos em Efésios 1.3.

3 Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo. (Efésios 1.3)

Portanto você não é uma pessoa burra, ignorante, imbecil, zero a esquerda, feia, desprezível, imprestável; pelo contrário você é uma bênção de Deus! Deleta estas palavras de maldição, de destruição de sua vida. Jogue fora toda palavra de maldição que você acolheu até hoje. Perdoe quem as lançou. Assuma a partir de agora quem de fato você é em Cristo Jesus. Você é alguém abençoado, abençoada com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais. Você é alguém de grande valor para Deus ao ponto Dele entregar seu único Filho por você na cruz. Você tem a mente de Deus. Você é morada do Deus vivo. Todas as palavras de Deus, todas as promessas de Deus se cumprirão em sua vida quando Jesus vier novamente e estabelecer seu Reino para sempre. Diga para você mesmo: “eu sou um abençoado por Deus”, “eu sou uma abençoada por Deus”. Amém!

A terceira afirmação que faço é que o poder das palavras está diretamente ligado a sua espiritualidade.

 

3 – O PODER ESTÁ DIRETAMENTE LIGADO A SUA ESPIRITUALIDADE

11 Vistam toda a armadura de Deus, para poderem ficar firmes contra as ciladas do diabo, 12 pois a nossa luta não é contra pessoas, mas contra os poderes e autoridades, contra os dominadores deste mundo de trevas, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais. (Efésios 6.11,12)

É incontestável que vivemos em meio a uma grande batalha espiritual. Muitos cristãos preferem viver ignorando esta guerra espiritual, mas ignorá-la não faz com que ela deixe de existir. Por outro lado, muitos outros cristãos dão tanta ênfase a essa batalha espiritual travada nas regiões celestiais que se tornaram vitimas de manipulação destes espíritos malignos. Vivem presos a ensinos e doutrinas de batalhas espirituais que não tem base bíblica alguma.

Paulo primeiramente nos ordena a nos vestirmos com toda a armadura de Deus, pois ele sabe que estamos numa batalha espiritual, e somente revestidos da armadura de Deus podemos vencer a ciladas do diabo. A armadura de Deus é na verdade a arma espiritual para vencermos o inimigo de nossas almas. Precisamos praticar cada item da armadura. Sua espiritualidade determinará o desfecho dessa batalha espiritual.

Logo depois o apóstolo afirma que nossa luta não é contra pessoas, ou como diz outra versão, não é contra carne e sangue. Ele faz essa afirmação porque somos tendenciosos a lutarmos contra o que enxergamos. Nós somos tendenciosos a trazermos a batalha espiritual para o campo pessoal e terreno. Passamos a ver o outro como nosso agressor. Aqueles que assim procedem demonstram uma espiritualidade rasa, fraca.

Quando fazemos isso pecamos porque todas as pessoas são alvo do amor e da graça de Deus. Jesus Cristo morreu na cruz por todos os seres humanos. Portanto precisamos amar as pessoas, acolhe-las com suas imperfeições e falhas, perdoá-las quando nos ferirem, mas nunca devemos lutar contra o ser humano, pois todo ser humano foi atraído por Jesus ao ser levantado na cruz. Atacar um ser humano é ferir a glória de Deus. Atacar um cristão é ferir o Corpo de Cristo.

Por fim Paulo afirma que precisamos lutar contra os poderes e autoridades, contra os dominadores deste mundo de trevas, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais. Existem duas linhas de interpretação destas palavras. A primeira é que Paulo está nos chamando a lutarmos contra todas as forças espirituais do mal, não é uma luta contra outros seres humanos e nem contra os governos humanos, mas contra o exercito de anjos caídos, que por causa do pecado estabeleceram um poder sobre a terra. É contra este exercito espiritual de Satanás que lutamos.

A segundo linha de interpretação é que Paulo pode estar aqui também se referindo aos poderes e autoridades humanas, aos governos estabelecidos sobre as nações, nos chamando a lutarmos contra os sistemas que governam o mundo e que se encontram dominados pelas forças espirituais das trevas. Paulo estaria nos chamando para uma batalha não pessoal, não carnal, mas espiritual contra os sistemas de governos humanos estabelecidos e dominados pelas forças espirituais do mal. Seja como for, a nossa luta é contra as forças das trevas que dominam nosso mundo e não contra a carne e sangue.

Se a sua espiritualidade for rasa, fraca você ira reagir às adversidades da vida, as tribulações do dia-a-dia atacando as pessoas que te feriram ou que você julgou terem te tratado com injustiça. Você não compreenderá que sua luta não é contra elas, pelo contrário, você irá jogar nelas toda sua ira. Você passará a difamá-las e a tratá-las como inimigas. Você então terá caído na cilada do diabo e passará a promover divisão no Corpo de Cristo.

Se a sua espiritualidade for profunda, consistente você irá reagir às adversidades da vida, as tribulações do dia-a-dia perdoando e acolhendo com amor as pessoas que te feriram, pois sabe que sua luta não é contra elas. Você irá orar a Deus para que elas encontrem em você o amor de Jesus Cristo. Você se humilhará nas mãos de Deus e confiará que um dia Ele te honrará no tempo certo. As palavras de sua boca serão para abençoar somente e bendizer até mesmo aqueles que te difamam. Você então terá vencido o diabo e continuará promovendo a unidade do Corpo de Cristo.

 

REFLEXÃO FINAL

Eu quero encerrar descrevendo como o inimigo age sutilmente através de palavras sugestivas para destruir a unidade do Corpo de Cristo.

Satanás lança sobre a mente de uma pessoa, setas inflamadas, palavras com o fim de ascender à ira dela por alguém. Ele usa um fato ocorrido, uma fofoca ou mesmo uma mentira para despertar a ira nesta pessoa. Ela começa então a absorver estas palavras e abrigar o sentimento de ira e amargura em sua alma, ao invés de perdoar e buscar reconciliação. Com o tempo, cheia de rancor, ela começa a despejar sua amargura a outros, atacando e agredindo com palavras de ira, difamação e de maldição a pessoa que se tornou o alvo de sua amargura. Neste processo tanto o ofensor quanto o ofendido podem sair destruídos pelo inimigo.

Você pode ser esta pessoa amargurada que está sendo usada pelo inimigo. Quando não vigiamos acabamos caindo na cilada do diabo, atacando as pessoas e ferindo-as. Ao fazermos isso damos início a um processo de divisão, contendas e fofocas, espalhando nosso rancor e amargura por todos os lados, quando deveríamos estar fazendo todo o esforço possível para conservarmos a unidade do Espírito pelo vínculo da paz (Efésio 4.3). Se cairmos nessa cilada pecamos contra o Corpo de Cristo. Ferimos a unidade do Corpo de Cristo.

Você precisa compreender que o seu inimigo não é a pessoa que te feriu ou que te tratou com injustiça, mas o diabo. A pessoa que te feriu é um ser humano como você, que falha e que pode ter agido sugestionada pelo inimigo. Você deve perdoa-la e acolhe-la. Lembre-se ela é alvo do amor de Deus.

Talvez você seja a pessoa atacada e ofendida. Da mesma forma, você deve perdoar e acolher a pessoa que te atacou. Não alimente sua alma com as palavras de difamação e ódio lançadas a seu respeito. Do contrário você vai cair na cilada do inimigo. Não importa o que levou essa pessoa a te atacar. Não importa se você acha injustos os ataques dela. Antes de levar sua oferta a Deus você precisa se reconciliar com ela, conforme nos ensinou Jesus.

23 Portanto, se você estiver apresentando sua oferta diante do altar e ali se lembrar de que seu irmão tem algo contra você, 24 deixe sua oferta ali, diante do altar, e vá primeiro reconciliar-se com seu irmão; depois volte e apresente sua oferta. (Mateus 5.23,24)

Portanto não importa se você é o ofensor ou o ofendido, você não pode acolher em seu coração palavras contra o seu próximo, seja ele seu familiar, amigo ou um irmão. Isso é o que o diabo quer! Ele lançará palavras em sua mente com o fim de envenenar seu coração e destruir sua vida. Não dê a estas palavras poder. Acolha todo ser humano com suas falhas e imperfeições, principalmente os da fé, pois dessa forma você manterá a unidade do Corpo de Cristo e vencerá o inimigo.

 

 

Pr. Cornélio Póvoa de Oliveira

17/01/2021 (manhã)

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