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terça-feira, 21 de junho de 2022

SERMÕES 164 - APOCALIPSE 10: AS DUAS TESTEMUNHAS E A VITÓRIA FINAL

 AS DUAS TESTEMUNHAS E A VITÓRIA FINAL

Série: Apocalipse (10 parte)

 

Continuamos refletindo no período de intervalo entre a sexta e a sétima trombeta. O capítulo 11, assim como o capítulo 10 se passa neste intervalo. Agora serão apresentadas a nós duas cenas que mostram a proteção divina para os fiéis em Cristo Jesus. Veremos que o povo de Deus é protegido, mas não totalmente. Ainda sofrerão agressões de seus inimigos.

Este décimo-primeiro capítulo é um resumo e uma introdução às profecias mais detalhadas dos mesmos eventos que virão nos capítulos doze a vinte.

Vamos iniciar lendo os dois primeiros versos deste capítulo (Apocalipse 11.1,2).

1 Deram-me um caniço semelhante a uma vara de medir, e me foi dito: "Vá e meça o templo de Deus e o altar, e conte os adoradores que lá estiverem. 2 Exclua, porém, o pátio exterior; não o meça, pois ele foi dado aos gentios. Eles pisarão a cidade santa durante quarenta e dois meses". (Apocalipse 11.1,2)

João recebe um caniço, uma régua para medir o templo de Deus e o altar. O autor deve estar se referindo ao altar do incenso, uma vez que o altar das ofertas queimadas ficava do lado de fora do templo, no átrio externo e os sacrifícios já não eram mais necessários. Ele também é instruído para contar os adoradores que lá estavam.

A medição do templo faz referência às experiências de medições de Ezequiel (Ez 40-42) e de Zacarias (Zc 2.1-5) descritas no Velho Testamento. Essas medições apontam para o povo de Deus restaurado e protegido na casa de Deus.

A ordem para medir não tem a intenção real de que ele soubesse as medidas do templo ou do altar, mas era para que ele atentasse para o lugar de proteção oferecido aos adoradores que lá estavam.

Contudo João recebeu a ordem de não contar aqueles que se encontravam no pátio exterior. Os adoradores que se encontravam no Santo Lugar foram separados das demais pessoas que se encontravam no pátio exterior, pois aquele local foi dado aos gentios, e estes estariam ali durante quarenta e dois meses, que equivalem há três anos e meio.

A medição do templo parece-me estar paralela ao selamento dos 144.000 citados no intervalo entre o sexto e o sétimo selo e talvez se refira ao mesmo evento. Neste sentido os que estão no Santo Lugar, são os selados com o selo de Deus na testa (Ap 7.9). Os gentios são os não salvos, estão no átrio externo. O termo “gentios” refere-se a todas as pessoas, de todas as nações. Estas pessoas ainda terão uma oportunidade de arrependimento, de receberem o selo de Deus, até que o tempo delas se cumpram, conforme lemos no Evangelho de Lucas 21.24b.

24b Jerusalém será pisada pelos gentios, até que os tempos deles se cumpram. (Lucas 21.24b)

Segundo o texto que lemos de Apocalipse, o tempo dos gentios se completará em quarenta e dois meses, isto representa três anos e meio. Este tempo é o que foi profetizado por Daniel (Dn 7.25).

25 Ele falará contra o Altíssimo, oprimirá os seus santos e tentará mudar os tempos e as leis. Os santos serão entregues nas mãos dele por um tempo, dois tempos e meio tempo. (Daniel 7.25)

Temos aqui três tempos e meio, que representam três anos e meio. Este é o tempo que o anticristo dominará a terra. Neste tempo surgirão duas testemunhas, conforme lemos em Apocalipse 11.3-10.

3 "Darei poder às minhas duas testemunhas, e elas profetizarão durante mil duzentos e sessenta dias, vestidas de pano de saco". 4 Estas são as duas oliveiras e os dois candelabros que permanecem diante do Senhor da terra. 5 Se alguém quiser lhes causar dano, da boca deles sairá fogo que devorará os seus inimigos. É assim que deve morrer qualquer pessoa que quiser causar-lhes dano. 6 Estes homens têm poder para fechar o céu, de modo que não chova durante o tempo em que estiverem profetizando, e têm poder para transformar a água em sangue e ferir a terra com toda sorte de pragas, quantas vezes desejarem. 7 Quando eles tiverem terminado o seu testemunho, a besta que vem do Abismo os atacará. E irá vencê-los e matá-los. 8 Os seus cadáveres ficarão expostos na rua principal da grande cidade, que figuradamente é chamada Sodoma e Egito, onde também foi crucificado o seu Senhor. 9 Durante três dias e meio, homens de todos povos, tribos, línguas e nações contemplarão os seus cadáveres e não permitirão que sejam sepultados. 10 Os habitantes da terra se alegrarão por causa deles e festejarão, enviando presentes uns aos outros, pois esses dois profetas haviam atormentado os que habitam na terra. (Apocalipse 11.3-10)

Estamos diante duas figuras difíceis de interpretar. As duas testemunhas tem sido ao longo dos anos apontados por muitos estudiosos como sendo Elias e Moisés devido à relação com os milagres e as pragas descritas neste texto. Alguns outros dizem ser Elias (2 Rs 2.11) e Enoque (Hb 11.5), pois ambos passaram por este mundo e foram levados ao céu sem experimentar a morte física.

Eu me uno aos teólogos que afirmam que as duas testemunhas são a Igreja do Velho Testamento e do Novo Testamento proclamando a salvação em Jesus Cristo. O Livro Apocalipse trabalha muito a unidade das duas alianças. A partir de Cristo já não existe mais judeus e gentios, mas somente um povo, o povo de Deus em Cristo Jesus. Duas testemunhas também indicam a forma como Jesus enviou seus discípulos. As testemunhas são comparadas a oliveiras e a candelabros. A oliveira é símbolo do povo de Deus no Antigo Testamento, e o candelabro é símbolo da Igreja no Novo Testamento.

A Igreja de Cristo nos dias finais será usada com grande poder. O Evangelho será anunciado de forma poderosa em todas as nações. O testemunho da igreja será acompanhado de muitos sinais e milagres. Entretanto a Igreja enfrentará a fúria da besta que vem do abismo para matar a igreja. A besta, o anticristo vencerá a igreja, o anúncio do evangelho deixará de ser propagado. Entretanto as portas do inferno não prevalecerão contra a igreja de Cristo (Apocalipse 11.11-13).

11 Mas, depois dos três dias e meio, entrou neles um sopro de vida da parte de Deus, e eles ficaram de pé, e um grande terror tomou conta daqueles que os viram. 12 Então eles ouviram uma forte voz do céu que lhes disse: "Subam para cá". E eles subiram para o céu numa nuvem, enquanto os seus inimigos olhavam. 13 Naquela mesma hora houve um forte terremoto, e um décimo da cidade ruiu. Sete mil pessoas foram mortas no terremoto; os sobreviventes ficaram aterrorizados e deram glória ao Deus do céu. (Apocalipse 11.11-13)

A vitória da Igreja está relatada nestes versos. A morte não pôde deter a Igreja, pois esta foi comprada pelo sangue do Cordeiro de Deus. O inferno não pode nos vencer, a morte não pode nos vencer, pois nossos pecados já foram pagos na cruz.

A Igreja foi temporariamente vencida, assim como Jesus na cruz. Depois de três dias e meio, Deus soprou vida sobre sua igreja, e ela tornou a viver. Assim será comigo e com você que crê em Jesus Cristo. Deus soprará vida em nós, mesmo depois de experimentarmos a morte física, ressuscitaremos para subirmos para o céu.

A Igreja sobe, ela é arrebatada, e o juízo final de Deus se inicia sobre toda terra, conforme descreve Apocalipse 11.14-19.

14 O segundo ai passou; o terceiro ai virá em breve. 15 O sétimo anjo tocou a sua trombeta, e houve altas vozes no céu que diziam: "O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará para todo o sempre". 16 Os vinte e quatro anciãos que estavam assentados em seus tronos diante de Deus prostraram-se sobre seus rostos e adoraram a Deus, 17 dizendo: "Graças te damos, Senhor Deus todo-poderoso, que és e que eras, porque assumiste o teu grande poder e começaste a reinar. 18 As nações se iraram; e chegou a tua ira. Chegou o tempo de julgares os mortos e de recompensares os teus servos, os profetas, os teus santos e os que temem o teu nome, tanto pequenos como grandes, e de destruir os que destroem a terra". 19 Então foi aberto o santuário de Deus no céu, e ali foi vista a arca da sua aliança. Houve relâmpagos, vozes, trovões, um terremoto e um grande temporal de granizo. (Apocalipse 11.14-19)

Lembro que este décimo-primeiro capítulo é um resumo e uma introdução às profecias mais detalhadas dos mesmos eventos que virão nos capítulos doze a vinte.

A sétima trombeta foi tocada, as profecias do sexto selo se cumprirão após o arrebatamento da igreja e a vinda de Cristo. Estes dois eventos acontecerão simultaneamente. O arrebatamento é descrito por Paulo neste tempo. Leiamos as palavras do apóstolo a Igreja de Corinto (1 Coríntios 15.51,52).

51 Eis que eu lhes digo um mistério: nem todos dormiremos (morreremos), mas todos seremos transformados, 52 num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da última trombeta. Pois a trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis e nós seremos transformados. (1 Coríntios 15.51,52)

Paulo também reafirma esta verdade aos irmãos da Igreja de Tessalônica (1 Tessalonicenses 4.16,17).

16 Pois, dada à ordem, com a voz do arcanjo e o ressoar da trombeta de Deus, o próprio Senhor descerá do céu, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro. 17 Depois disso, os que estivermos vivos seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, para o encontro com o Senhor nos ares. E assim estaremos com o Senhor para sempre. (1 Tessalonicenses 4.16,17)

A Igreja de Cristo é arrebatada e Jesus Cristo descerá do céu. Nós a Igreja de Cristo não sofreremos as dores do último “ai”, não passaremos pelo juízo descrito no sexto selo. Enquanto os ímpios entram em dias de terror, nós entramos em dias de glória. Enquanto os ímpios estarão sofrendo a ira do Cordeiro, nós a Igreja de Cristo estaremos na presença de Deus, do Deus Vivo, a quem chamamos de Pai. O dia da justiça chegou!

Onde você estará neste dia? Na terra sofrendo o castigo da ira do Cordeiro ou no céu desfrutando da gloriosa presença de Deus? Se você está vivendo debaixo do sangue do Cordeiro você estará no céu.

 

REFLEXÃO FINAL

Eu quero encerrar esta mensagem dizendo que as duas testemunhas venceram. A Igreja de Cristo venceu! Entretanto nós ainda estamos caminhando para o cumprimento destes dias. Ainda vivemos o dilema da fé. Vivemos o paradoxo da fé que nos declara “mais que vencedores”, mas ainda estamos sujeitos a sermos vencidos neste tempo presente.

Somos vencedores porque o mundo, o diabo e a morte não podem nos separar da vitória que em Cristo alcançamos na cruz, contudo eles podem nos ferir hoje e nos matar neste tempo presente. Aprendemos que na medição do templo ordenada por Deus a João, somos protegidos por Deus nosso Pai. Contudo vimos que a besta ainda vencerá.

O mal muitas vezes irá te vencer. O mal irá causar feridas profundas na sua vida. O mal nos vence quando a morte leva nossos amados. O mal nos vence quando somos acometidos por doenças. O mal nos vence quando somos violentados psicologicamente ou fisicamente.

A besta vence as testemunhas. Talvez muitas bestas, homens maus já te feriram e venceram você. Entretanto o mal será vencido. Os feridos se levantarão em glória. O mal é uma realidade temporária. Amém! O mal é temporário. As bestas sofrerão o castigo do Cordeiro.

 Se o mal te alcançou, não é porque você é culpado, mas porque ainda no chegou o dia da ira do Cordeiro. Se o mal ainda te causa dor é porque você ainda não contemplou no coração o dia do juízo, sobre toda forma do mal. Se alegre no Senhor, pois ele fará justiça. Ele porá fim a todo mal. O mal deixará de existir para todo o sempre.

Como devo lidar com o mal hoje? Devo simplesmente aceitá-lo e me sujeitar a ele? Não! Vença o mal como Jesus venceu. O mal é vencido pelo bem. O mal hoje é contido pelo bem. Você vence o mal hoje perdoando os que te feriram, amando os seus inimigos e orando para que eles ainda possam se arrepender antes que chegue ao fim o dia dos gentios quando não mais haverá salvação.

Vença o mal praticando o bem. Deus te abençoe!

 

 

Pr. Cornélio Póvoa de Oliveira

19/06/2022 (noite)

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