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sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

SERMÕES 219 - PROVA E PROVISÃO (parte 2)

 PROVA E PROVISÃO

(parte 2)

 

No domingo passado destacamos dois ensinos extraídos do texto de João 6.1-15.

·      Primeiro ensino que destacamos foi que durante a nossa jornada de fé, Jesus nos levará a lugares onde seremos colocados a prova, assim como fez com Filipe através da pergunta “onde compraremos pão para esta multidão?”.

·      Segundo ensino que destacamos foi que a nossa provisão vem de Deus. A provisão não estava nos denários (dinheiro) acumulados na bolsa onde depositavam as ofertas e nem nos recursos encontrados por André, mas em Deus, no próprio Senhor Jesus.

Entretanto eu havia dito que destacaríamos três ensinos deste texto de João. Hoje vou apresentar o terceiro ensino, que busca responder a pergunta que levantamos a partir da certeza de que Jesus é o nosso verdadeiro provedor: “Como Jesus prove os recursos necessários para o sustento de nossa igreja local e do pão colocado diariamente em nossas mesas?”. Portanto o nosso ponto de hoje é: Jesus e as fontes de sua provisão.

 

1 – JESUS E AS FONTES DE SUA PROVISÃO

Meu objetivo hoje é apresentar a vocês quais são as fontes de recursos que Jesus utiliza para sustentar sua obra e a nós seres humanos.

No domingo passado eu dei o “spoiler” referente a esta questão. Eu afirmei que a bíblia nos ensina que devemos trabalhar. Esta é a primeira fonte de provisão usada por Jesus. A segunda fonte de provisão usada por Jesus é o próprio Pai Celestial e a terceira fonte a generosidade. Elas não estão aqui colocadas numa ordem de grau ou de hierarquia. Vamos começar refletindo sobre a primeira fonte de provisão: trabalho.

 

·      Primeira fonte de provisão: Trabalho

O trabalho é a fonte natural de onde Jesus prove os recursos para sua obra e para colocar o pão diário sobre as nossas mesas.

O trabalho foi o meio estabelecido por Deus a nós no Éden para nos prover o alimento diário, o sapato para os nossos pés, a escola para nossos filhos, a reserva para nossa aposentadoria, etc. O trabalho era bênção no ambiente do Éden, do paraíso.

Fomos convocados por Deus para cuidar do jardim. O trabalho deveria ser algo muito prazeroso, da mesma forma como Deus sentiu prazer ao terminar toda sua criação. Contudo por causa do pecado o trabalho se tornou árduo, exaustivo para nós seres humanos, conforme podemos ler em Gênesis 3.17-19.

17 E ao homem declarou: "Visto que você deu ouvidos à sua mulher e comeu do fruto da árvore da qual eu lhe ordenara que não comesse, maldita é a terra por sua causa; com sofrimento você se alimentará dela todos os dias da sua vida. 18 Ela lhe dará espinhos e ervas daninhas, e você terá que alimentar-se das plantas do campo. 19 Com o suor do seu rosto você comerá o seu pão, até que volte à terra (até que se torne pó novamente), visto que dela foi tirado; porque você é pó e ao pó voltará". (Gênesis 3.17-19)

Portanto é por meio do seu trabalho que Jesus irá sustentar sua obra nesta casa e irá prover o pão diário sobre a sua mesa. Essa verdade está clara nas palavras do apóstolo Paulo, conforme lemos em sua segunda carta aos crentes de Tessalônica (2 Tessalonicenses 3.10-12).

10 Quando ainda estávamos com vocês, nós lhes ordenamos isto: se alguém não quiser trabalhar, também não coma. 11 Pois ouvimos que alguns de vocês estão ociosos; não trabalham, mas andam se intrometendo na vida alheia. 12 A tais pessoas ordenamos e exortamos no Senhor Jesus Cristo que trabalhem tranquilamente e comam o seu próprio pão. (2 Tessalonicenses 3.10-12)

Alguns irmãos de Tessalônica ouvindo pregações que Jesus estava voltando decidiram não trabalhar mais para aguardarem em descanso a vinda do Senhor. Paulo então os exorta com essas palavras: “Se vocês não querem trabalhar também não comam”.

O apóstolo Paulo estava dizendo para eles não se tornarem pesados aos seus irmãos que trabalhavam pelo pão. Ele estava ensinando aos irmãos de Tessalônica que o pão era fruto do trabalho e era para os que trabalhavam. É claro que isto serve para nós também. Paulo ordena e exorta aos que estavam ociosos a trabalharem para que assim comessem do seu próprio pão.

Acredito que podemos dizer que o pão (o alimento) gerado como fruto do nosso trabalho é primeiramente para o nosso próprio deleite. Cada um deve produzir o seu próprio pão, segundo Paulo. Mas não é só para o nosso deleite! É também para o sustento daqueles que vivem integralmente no serviço a Deus.

Os que vivem da pregação do Evangelho de Cristo são providos através dos pães ofertados por aqueles que são por eles espiritualmente alimentados. O apóstolo Paulo defendendo o seu direito de provisão escreve as seguintes palavras aos irmãos de Corinto, em sua primeira carta (1 Coríntios 9.11,13,14).

11 Se entre vocês semeamos coisas espirituais, seria demais colhermos de vocês coisas materiais? [...] 13 Vocês não sabem que aqueles que trabalham no templo alimentam-se das coisas do templo, e que os que servem diante do altar participam do que é oferecido no altar? 14 Da mesma forma o Senhor ordenou àqueles que pregam o evangelho, que vivam do evangelho. (1 Coríntios 9.13,14)

Portanto vimos que Jesus sustenta sua obra através do trabalho de cada um de vocês e provê o pão sobre as vossas mesas por meio do trabalho de vocês. Podemos assim afirmar que vocês são os primeiros instrumentos para o sustento de suas casas e da igreja de Cristo.

Entretanto existe o grande perigo de nos perdermos como agentes de Deus e acharmos que somos nós que sustentamos nossa casa e a casa de Deus, este foi o erro de Filipe e André. Eles se esqueceram de quem era realmente o provedor de suas casas e do ministério de Jesus.

Quando nós olhamos para o nosso texto de João 6.1-15, nós percebemos no texto que Filipe e André buscaram a provisão do pão na fonte que chamamos trabalho. Em João 6.7 lemos o seguinte:

7 Filipe lhe respondeu: "Duzentos denários não comprariam pão suficiente para que cada um recebesse um pedaço!" (João 6.7)

Filipe olhou para o dinheiro, para a moeda corrente de seus dias, o denário. Um denário era fruto de um dia de trabalho. Contudo ele percebeu que 200 denários, valor este que se refere a 200 dias de trabalho de um homem, não eram suficientes para alimentar aquela multidão, conforme lemos em João 6.7. Ele estava dizendo para Jesus que eles não tinham recursos para prover o pão para aquela multidão, era melhor despedi-los com fome. Em outras palavras que cada um cuide de si mesmo. Que cada um se vire para prover o seu alimento.

Este é o modelo socioeconômico implantado pelos homens. Este é o modelo que domina os nossos sistemas econômicos do mundo, as nossas sociedades de forma geral e que nos leva a guerrearmos uns com os outros em busca de dominarmos o mercado e garantirmos a nós o nosso alimento diário, à custa muitas vezes de outras vidas.

Neste modelo gerido pelos homens de provisão do pão diário você tem somente a provisão que o seu dinheiro pode lhe oferecer. Todo o seu recurso depende do quanto financeiramente você tem. Este modelo dos homens é falido, pois não sustenta a todos e aprisiona os homens a necessidade de acumular recursos, com o fim de se precaver para o futuro, para um tempo que não existe e que nem se sabe se existirá. Falta pão hoje e se vive com o medo de faltar pão amanhã.

André por sua vez viu um menino, um adolescente com cinco pães de cevada e dois peixinhos. Esta era a alimentação de uma pessoa pobre. A cevada era um pão fino cozido na grelha. Possivelmente aquele adolescente havia preparado aqueles pãezinhos e peixes para sua alimentação daquele dia. Os ricos comiam pão feito de trigo. Entretanto André o apresentou a Jesus querendo confirmar as palavras de Filipe, conforme podemos ler em João 6.8,9.

8 Outro discípulo, André, irmão de Simão Pedro, tomou a palavra: 9 "Aqui está um rapaz com cinco pães de cevada e dois peixinhos, mas o que é isto para tanta gente?" (João 6.8,9)

Percebemos nas palavras de André que ele não estava apresentando aquele menino esperando um milagre de Jesus, apenas o fez para confirmar que eles não tinham recursos para alimentar aquela multidão, por isso era melhor despedi-los.

Ambos estavam olhando apenas para a provisão tangível, fruto do trabalho humano. Estavam confiados no pão que podiam produzir somente. Assim vivemos muitos de nós, embora afirmemos que é Deus que nos sustenta, lá no fundo, confiamos apenas nos recursos de nosso trabalho. Este é um grande erro nos esquecemos de quem é o verdadeiro provedor de nossas casas e de nossa igreja.

A segunda fonte de provisão de Jesus é o próprio Pai Celestial.

 

·      Segunda fonte de provisão: O próprio Pai Celestial

O relato da multiplicação dos pães nos ensina que Jesus é o pão que sacia a nossa fome mais profunda, a fome pela vida, mas também nos ensina que a provisão que necessitamos vem do Pai Celestial. Ele é o recurso primeiro para nossa existência, para o nosso sustento.

10 Disse Jesus: "Mandem o povo assentar-se". Havia muita grama naquele lugar, e todos se assentaram. Eram cerca de cinco mil homens. 11 Então Jesus tomou os pães, deu graças (ὐχαριστήσας - eucaristēsas) e os repartiu entre os que estavam assentados, tanto quanto queriam; e fez o mesmo com os peixes. (João 6.10,11)

A palavra “deu graças”, no verso onze, vem do grego “eucaristia” que significa neste contexto que Jesus reconheceu com gratidão que o pão que sustenta a vida provém do Pai Celestial.

Jesus também nos ensinou em outra ocasião a confiarmos na providência de nosso Pai Celestial, conforme lemos em Mateus 6.31-33.

31 Portanto, não se preocupem, dizendo: ‘Que vamos comer?’ ou ‘que vamos beber?’ ou ‘que vamos vestir?’ 32 Pois os pagãos é que correm atrás dessas coisas; mas o Pai celestial sabe que vocês precisam delas. 33 Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes serão acrescentadas. (Mateus 6.31-33)

Jesus está dizendo que não temos porque nos preocupar com o que vamos comer, beber ou vestir, pois o nosso Pai que está no céu nos dará tudo isso se buscamos primeiramente vivermos inteiramente para o Seu agrado.

Paulo também nos ensina a pormos nossa esperança na provisão de Deus Pai e não no fruto de nosso próprio trabalho, conforme lemos em 1 Timóteo 6.17.

17 Ordene aos que são ricos no presente mundo que não sejam arrogantes, nem ponham sua esperança na incerteza da riqueza, mas em Deus, que de tudo nos provê ricamente, para a nossa satisfação. (1 Timóteo 6.17)

Lemos no texto de João 6 que após Jesus ter dado graças e repartido os cinco pães e os dois peixinhos, todos ficaram satisfeitos e ainda encheram com as sobras doze cestos.

Quando reconhecemos que a nossa provisão vem de Deus e que somos apenas instrumento pelo qual Ele providência o pão para as nossas mesas e o sustento para sua obra, recebemos Dele com fartura.

Jesus nos ensina por meio deste milagre da multiplicação dos pães e peixes que o pouco que temos se torna muito quando confiamos em Deus. O alimento daquele adolescente pobre se tornou abundante para todos. Os cinco pães e os dois peixinhos alimentaram não só a ele, mas a multidão que lá estava.  Quando o nosso recurso é escasso, insuficiente, mas a nossa confiança está em Deus e não nos recursos gerados pelo nosso trabalho, Deus faz o impossível acontecer, porque Ele é a fonte primária de toda vida.

A terceira fonte de provisão de Jesus para o sustento de nossas necessidades e de sua igreja é a generosidade.

 

·      Terceira fonte de provisão: A generosidade

A generosidade é o modelo celestial de economia. Ela está fundamentada em Deus e em seu modelo celestial. Aquele que a pratica o faz porque confia que Deus é o provedor do pão hoje e será o provedor do pão amanhã.

Jesus nos ensina a confiarmos neste modelo celestial de provisão ao repartir os cinco pães e dois peixinhos, conforme lemos em João 6.10,11.

10 Disse Jesus: "Mandem o povo assentar-se". Havia muita grama naquele lugar, e todos se assentaram. Eram cerca de cinco mil homens. 11 Então Jesus tomou os pães, deu graças e os repartiu entre os que estavam assentados, tanto quanto queriam; e fez o mesmo com os peixes. (João 6.10,11)

Este é o segredo do grande milagre da multiplicação. Somos chamados para repartirmos o pão que nos foi dado por Deus através do nosso trabalho.

Jesus nos ensinou a orarmos “dai-nos o pão nosso de cada dia”. Quando oramos o pão nosso, já estamos dizendo que o pão não é unicamente “meu”. A oração do Pai Nosso é uma oração comunitária e não individual. Jesus nos convoca a orarmos ela de forma comunitária, nos enxergando como parte de um todo. Eu invoco Deus como o Pai de todos, Pai Nosso. Eu peço pão para todos: “dai-nos o pão nosso”. Eu peço perdão por todos, me vendo dentro do pecado da minha comunidade, do meu país, da humanidade em geral.

Portanto o pão que me é confiado vem primeiramente para o sustento de minha casa, depois deve ser dado para aqueles que pregam a Palavra e também para aqueles que não puderam colher o maná porque estavam doentes, ou porque estavam desempregados, ou porque não conseguiram colher o suficiente para o sustento de sua família.

Eu oferto o pão que me sobrou de forma generosa, confiante que Deus amanhã suprirá o pão que eu necessitar. A generosidade faz com que todos possam ter o pão sobre a mesa. Foi assim no inicio da igreja, conforme lemos em Atos 4.34,35.

34 Não havia pessoas necessitadas entre eles, pois os que possuíam terras ou casas as vendiam, traziam o dinheiro da venda 35 e o colocavam aos pés dos apóstolos, que o distribuíam segundo a necessidade de cada um. (Atos 4.34,35)

O apóstolo Paulo também nos ensinou que devemos trabalhar para ajudar aqueles que tem necessidade, conforme lemos em sua epístola aos Efésios 4.28.

28 O que furtava não furte mais; antes trabalhe, fazendo algo de útil com as mãos, para que tenha o que repartir com quem estiver em necessidade. (Efésios 4.28)

Paulo enfatiza o trabalho não somente para o sustento pessoal, mas para repartir com quem estiver em necessidade.

A sua generosidade pode não mudar o mundo todo, mas pode mudar o mundo de uma pessoa.

 

REFLEXÃO FINAL

Eu quero concluir essa mensagem expressando o sonho que tenho de nos tornarmos uma igreja de uma só mente e um só coração, uma igreja onde cada membro possa sentir a dor do outro e onde cada um possa ser o instrumento de Jesus para suprir as necessidades uns dos outros.

Eu sonho um dia desenvolvermos projetos sociais em nossa cidade com o fim de prover cuidado e restauração de vidas. Mas isso não depende só de mim, eu preciso de você, do seu apoio para que este sonho se torne realidade.

Participe do que Deus quer realizar em nosso meio de forma generosa. Reparta o pouco que tiver com alegria, pois a bênção da multiplicação está no repartir o pão. Deus os abençoe!

 

Pr. Cornélio Póvoa de Oliveira

18/02/2024

 

 

 

 

 

 

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