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terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

SERMÕES 220 - O CAMINHO DA SALVAÇÃO POR MEIO DO SACRIFÍCIO

 O CAMINHO DA SALVAÇÃO POR MEIO DO SACRIFÍCIO

 

19 Quando Moisés terminou de proclamar todos os mandamentos da Lei a todo o povo, levou sangue de novilhos e de bodes, juntamente com água, lã vermelha e ramos de hissopo, e aspergiu o próprio livro e todo o povo, dizendo: 20 "Este é o sangue da aliança que Deus ordenou que vocês obedeçam". 21 Da mesma forma, aspergiu com o sangue o tabernáculo e todos os utensílios das suas cerimônias. 22 De fato, segundo a Lei, quase todas as coisas são purificadas com sangue, e sem derramamento de sangue não há perdão. 23 Portanto, era necessário que as cópias das coisas que estão nos céus fossem purificadas com esses sacrifícios, mas as próprias coisas celestiais com sacrifícios superiores. 24 Pois Cristo não entrou em santuário feito por homens, uma simples representação do verdadeiro; ele entrou no próprio céu, para agora se apresentar diante de Deus em nosso favor; 25 não, porém, para se oferecer repetidas vezes à semelhança do sumo sacerdote que entra no Santo dos Santos todos os anos, com sangue alheio. 26 Se assim fosse, Cristo precisaria sofrer muitas vezes, desde o começo do mundo. Mas agora ele apareceu uma vez por todas no fim dos tempos, para aniquilar o pecado mediante o sacrifício de si mesmo. 27 Da mesma forma, como o homem está destinado a morrer uma só vez e depois disso enfrentar o juízo, 28 assim também Cristo foi oferecido em sacrifício uma única vez, para tirar os pecados de muitos; e aparecerá segunda vez, não para tirar o pecado, mas para trazer salvação aos que o aguardam. (Hebreus 9.19-28)

A carta aos Hebreus retrata o sacrifício de Jesus Cristo como tendo cumprido perfeitamente as exigências do Antigo Testamento. Pois Ele se sacrificou a si mesmo (não a animais), o fez de uma vez por todas (não repetidamente), e assim assegurou a purificação de nossa consciência e a restauração da comunhão com o Deus vivo.

Os pensamentos acerca da morte de Cristo levaram o autor sagrado a pensar no “sangue que dá vida”. E esse pensamento levou-o a relembrar que até mesmo o primeiro pacto estava associado a sacrifícios cruentos. Essa linha de pensamento, finalmente, leva-o à ampla declaração do vigésimo segundo versículo, o qual diz que, sem remissão de sangue não há perdão de pecados. Por conseguinte, o autor sagrado passa de conceitos do “Novo Testamento” para conceitos do “Antigo Testamento” relacionando-os.

É através do Antigo pacto que podemos compreender o ato sacrificial de Jesus. Hoje vamos falar sobre “O Caminho da Salvação Por Meio do Sacrifício”.

Nossa primeira afirmação a respeito deste caminho de salvação é que ele foi instituído por Deus e não por homens. 

                                                                                         

                                               

1 – INSTITUÍDO POR DEUS

19 Quando Moisés terminou de proclamar todos os mandamentos da Lei a todo o povo, levou sangue de novilhos e de bodes, juntamente com água, lã vermelha e ramos de hissopo, e aspergiu o próprio livro e todo o povo, dizendo: 20 "Este é o sangue da aliança que Deus ordenou que vocês obedeçam". (Hebreus 9.19,20)

Quando pensamos em sacrifício logo nos vem à mente a ideia de termos de fazer algo que está além das nossas capacidades ou a ideia de algum culto macabro, de algo relacionado com o diabo. Enfim a ideia do sofrimento permeia esta palavra sacrifício.

Quando pensamos em sacrifício na visão do A.T., nos lembramos dos carneiros, novilhos, ovelhas, dos animais que eram imolados e oferecidos a Deus.

A palavra hebraica para "sacrifício" é korban קרבן que significa "aproximar-se". Ela é derivada da raiz karev קרב que significa "aproximar". Portanto, o propósito do sacrifício é ganhar intimidade com o Senhor.

Quando uma pessoa buscava se aproximar de Deus, ela oferecia um sacrifício, por meio do qual era feito a “expiação”, do hebraico “kipper”. Esse verbo vem do substantivo kopher que significa “resgatar por um substituto”. Assim ela era purificada e podia se aproximar de Deus.

Os sacrifícios estavam divididos em várias classes. De particular significado para a expiação eram as ofertas pelo pecado e pela culpa (Lv 4-5). As mais importantes eram feitas todos os anos, no dia da Expiação. Somente neste dia do ano o sumo sacerdote entrava no Santo dos Santos, ultrapassando o véu e durante sua adoração oferecia um sacrifício de sangue como expiação de todos os pecados cometidos pelo povo de Israel (Lv 16). O aspecto principal de todo o sistema era o derramamento de sangue pela morte de uma vítima vicária.

Segundo muitos estudiosos da bíblia Deus foi o primeiro a sacrificar (Gênesis 3.21), dando inicio a essa prática.

21 O Senhor Deus fez roupas de pele e com elas vestiu Adão e sua mulher. (Gênesis 3.21)

Embora o texto não nos de maiores informações podemos concluir que estas peles eram de algum animal, que foram sacrificados para servirem de vestimentas para Adão e sua mulher.

Em Gênesis 22:13 lemos:

13 Abraão ergueu os olhos e viu um carneiro preso pelos chifres num arbusto. Foi lá, pegou-o e sacrificou-o como holocausto em lugar de seu filho. (Gênesis 22.13)

Nesta passagem Abraão estava prestes a sacrificar Isaque seu filho, quando Deus o interrompeu e lhe diz para oferecer o carneiro em lugar de seu filho. O carneiro havia sido providenciado por Deus, simbolizando que Ele proveria o Cordeiro para tirar o pecado do mundo.

O sacrifício era oferecido como meio para se aproximar de Deus e fazer expiação. No livro de Dt 21:1-9, Moisés determinou que no caso de um assassinato sem solução os anciãos da cidade deveriam declarar sua inocência e oferecer um sacrifício em lugar do assassino.

Podemos ver por meio destas passagens que tal substituição sacrificial foi criada pelo próprio Deus. Por meio do sacrifício o sangue derramado fazia expiação, tornando o pecador aceito por Deus, conforme podemos ler em Levítico 17.11.

11 Pois a vida da carne está no sangue, e eu o dei a vocês para fazerem propiciação por si mesmos no altar; é o sangue que faz propiciação pela vida. (Levítico 17.11)

Veja bem! Deus disse: “Eu o dei a vocês”. Foi Deus quem deu o sangue com esse propósito expiador. Assim, devemos pensar no sistema sacrificial como dado por Deus, instituído por Deus e não por homens.

O N.T. reconhece essa verdade. O próprio Deus ofereceu seu Filho para que, através de Seu sangue, nós pudéssemos ser purificados. Na primeira epístola de João (1 Jo 4.10) lemos as seguintes palavras:

10 Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou seu Filho como propiciação pelos nossos pecados. (1 João 4.10)

Nossa segunda afirmação a respeito deste caminho de salvação por meio do sacrifício é que o ofertante se identifica com a oferta.

 

2 – O OFERTANTE SE IDENTIFICA COM A OFERTA

            Vamos ler algumas passagens extraídas do livro de Levítico.

           

3 "Se for o sacerdote ungido que pecar, trazendo culpa sobre o povo, trará ao Senhor um novilho sem defeito como oferta pelo pecado que cometeu. 4 Apresentará ao Senhor o novilho na entrada da Tenda do Encontro. Porá a mão sobre a cabeça do novilho que será morto perante o Senhor". (Levítico 4.3,4)

 

13 "Se for toda a comunidade de Israel que pecar sem intenção, fazendo o que é proibido em qualquer dos mandamentos do Senhor, ainda que não tenha consciência disso, a comunidade será culpada. 14 Quando tiver consciência do pecado que cometeu, a comunidade trará um novilho como oferta pelo pecado e o apresentará diante da Tenda do Encontro. 15 As autoridades da comunidade porão as mãos sobre a cabeça do novilho perante o Senhor. E o novilho será morto perante o Senhor". (Levítico 4:13-15)

 

27 "Se for alguém da comunidade que pecar sem intenção, fazendo o que é proibido em qualquer dos mandamentos do Senhor seu Deus, será culpado. 28 Quando o conscientizarem do seu pecado, trará como oferta pelo pecado que cometeu uma cabra sem defeito. 29 Porá a mão sobre a cabeça do animal da oferta pelo pecado, que será morto no lugar dos holocaustos". (Levítico 4:27-29)

 

Ao colocar as mãos sobre o animal, o ofertante certamente estava se identificando com ele e “solenemente” designando “a vitima como estando em seu lugar”.

Voltemos novamente para Levítico 17:11.

11 Pois a vida da carne está no sangue, e eu o dei a vocês para fazerem propiciação por si mesmos no altar; é o sangue que faz propiciação pela vida. (Levítico 17.11)

Este versículo além de nos mostrar que foi o próprio Deus quem instituiu o sacrifício, também nos ensina que era o sangue que fazia a expiação, por ser ele o símbolo da vida.

Então uma vida era sacrificada em favor de outra. De tal forma que a vida sacrificada levava o pecado, assumia a condenação do pecado do outro. Assim o pecador se tornava santo diante de Deus.

Segundo a Palavra de Deus nós todos já nascemos possuidores de uma natureza pecaminosa. O apóstolo Paulo em sua epístola aos Romanos diz que “todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Romanos 3.23).

O que podemos fazer então? Na verdade não podemos fazer nada, pois somos culpados e só nos resta aguardarmos o julgamento de Deus. Não devemos continuar sacrificando com o fim de aplacar a ira de Deus? O próprio AT reconhece com clareza que os sacrifícios por si mesmos não podiam expiar pecados veja as palavras do profeta Miquéias 6.6-8.

6 Com que eu poderia comparecer diante do Senhor e curvar-me perante o Deus exaltado? Deveria oferecer holocaustos de bezerros de um ano? 7 Ficaria o Senhor satisfeito com milhares de carneiros, com dez mil ribeiros de azeite? Devo oferecer o meu filho mais velho por causa da minha transgressão, o fruto do meu corpo por causa do meu próprio pecado? 8 Ele mostrou a você, ó homem, o que é bom e o que o Senhor exige: Pratique a justiça, ame a fidelidade e ande humildemente com o seu Deus. (Miquéias 6.6-8)

O Salmo 5l é particularmente expressivo neste sentido: a culpa moral não pode ser apagada mediante sacrifícios de animais, conforme expressa Davi no verso 16.

16 Não te deleitas em sacrifícios nem te agradas em holocaustos, se não eu os traria. (Salmos 51.16)

De fato o pecado só podia ser perdoado através graça de Deus que transbordaria no sacrifício de Jesus.

O autor da carta aos Hebreus também esclarece este fato (Hebreus 9:9-12).

9 Isso é uma ilustração para os nossos dias, indicando que as ofertas e os sacrifícios oferecidos não podiam dar ao adorador uma consciência perfeitamente limpa. 10 Eram apenas prescrições que tratavam de comida e bebida e de várias cerimônias de purificação com água; essas ordenanças exteriores foram impostas até o tempo da nova ordem. 11 Quando Cristo veio como sumo sacerdote dos benefícios agora presentes, ele adentrou o maior e mais perfeito tabernáculo, não feito pelo homem, isto é, não pertencente a esta criação. 12 Não por meio de sangue de bodes e novilhos, mas pelo seu próprio sangue, ele entrou no Santo dos Santos, uma vez por todas, e obteve eterna redenção. (Hebreus 9.9-12)

O texto diz que quando Cristo veio como sumo sacerdote obteve para nós eterna redenção. Amém! A Escritura está por meio destas palavras apontando em direção à maravilhosa graça de Deus manifestada a nós em Cristo Jesus.

Deus se torna o ofertante, pois oferece o seu Filho para morrer em lugar do homem, em nosso lugar. O Filho se identifica conosco, para poder morrer a nossa morte. Como homem ele havia “nascido sob a lei” (Gálatas 4.4) e obedeceu plenamente a todos os mandamentos de Deus até a morte. Jesus se identificou conosco. Foi homem como nós. Esta identificação e sua obediência até a morte é expressa por Paulo em Filipenses 2.7,8.

7 mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. 8 E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até à morte, e morte de cruz! (Filipenses 2.7,8)

E Em sua morte Ele levou sobre si a maldição da lei, que nos condenava, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar, conforme podemos ler no livro de Gálatas 3.13.

Nossa terceira afirmação a respeito deste caminho de salvação por meio do sacrifício é que ela é finalizada em Cristo.

 

3 – FINALIZADA EM CRISTO

Este caminho apontava para Cristo e foi válido até Cristo.

É um erro total supor que Deus age em certa época de acordo com um de seus atributos e em outra de acordo com outro. Ele age em conformidade com todos eles em todos os tempos.

Muitos perguntam: “Como poderia Deus salvar a humanidade sendo Ele um Deus de amor, santo e justo ao mesmo tempo?” Como pode Deus salvar o homem e satisfazer todo o seu ser?”

Segundo o que está escrito em Romanos 5.12 ...Por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte...

Deus não poderia viver um relacionamento de amor com o homem em toda sua plenitude,  sendo Ele Santo e Justo. O clamor por justiça não se misturaria com o pecado. Era preciso que o homem pagasse pelo seu pecado, pois o salário do pecado é a morte (Romanos 6.23).

Assim como o pecado entrou pela desobediência de um só homem, a salvação viria pela obediência de só homem também. Era preciso que uma vida fosse sacrificada para levar o pecado da humanidade e assim livrar o homem da lei do pecado.

Em João 3.16 está escrito:

16 "Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. (João 3.16)

Devemos entender que o Pai e o Filho fizeram tal obra de reconciliação juntos. Está escrito no livro de 2 Coríntios 5.18,19:

18 Tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, 19 ou seja, que Deus em Cristo estava reconciliando consigo o mundo, não lançando em conta os pecados dos homens, e nos confiou a mensagem da reconciliação. (2 Coríntios 5.18,19)

Também devemos entender que ao dar seu Filho, Ele estava dando a si mesmo, de tal maneira que era o próprio Juiz que em Santo amor assumiu o papel da vitima inocente, pois na pessoa do seu Filho e por meio Dela, Ele mesmo levou a penalidade que ele próprio infligiu.

Somente Deus, nosso Senhor e criador, poderia colocar-se como nossa segurança, poderia tomar o nosso lugar, poderia sofrer a morte eterna em nosso lugar como consequência de nossos pecados de tal modo que ela fosse finalmente sofrida e vencida.

Conta-se que há muitos anos nos E.U.A. uma certa jovem dirigia seu carro em alta velocidade, então um policial a parou e vendo que ela havia bebido um pouco a levou para o juiz da cidade.

O juiz ficou surpreso ao ver que a jovem era sua filha, mas sendo ele um homem justo, apesar do amor pela filha, teve que penaliza-la.

Ela ficou obrigada a pagar ao governo uma quantia “x” que não me lembro exatamente.

Este juiz ao terminar de ler a sentença, tirou a sua veste de juiz desceu até onde estava a réu, sua filha, tirou sua carteira do bolso e fez um cheque pagando a divida que ele mesmo havia infligido. Na posição de pai, dela ele pagou sua divida. Sendo assim fiel a lei, justo e demonstrando o amor que sentia por sua filha.

Exatamente assim Deus agiu conosco, conforme lemos em Filipenses 2.7,8.

7 mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. 8 E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até à morte, e morte de cruz! (Filipenses 2.7,8)

Sim Jesus o homem que também é Deus sacrificou-se por nós, morreu a nossa morte, fez-se pecado para que nós nos tornássemos justos (2 Coríntios 5.21).

            Karl Barth diz “que essa foi à expressão não somente da santidade da justiça divina, mas também do santo amor divino”.

            O sacrifício tem seu fim na pessoa de Jesus Cristo, ele é consumado na pessoa de Jesus Cristo. Todo lei sacrificial do Antigo Testamento era sombra do sacrifício superior que Cristo faria por nós.

            John Stott diz que “o amor divino triunfou sobre a ira divina mediante o divino auto-sacrifïcio”.

            Porque o amor divino triunfou não precisamos mais sacrificar, basta-nos crer na obra salvadora de Jesus Cristo.

 

CONCLUSÃO

Quero concluir com o versículo de Hebreus 9.28.

28 assim também Cristo foi oferecido em sacrifício uma única vez, para tirar os pecados de muitos; e aparecerá segunda vez, não para tirar o pecado, mas para trazer salvação aos que o aguardam. (Hebreus 9.28)

 Sim, Cristo ofereceu a si mesmo como oferta para tirar o pecado da humanidade, para tirar o meu pecado, o seu pecado, e o fez para todo o sempre. Esta foi à obra da expiação e Cristo também satisfez a justiça de Deus, sacrificando-se a si mesmo. Desta forma dando fim a ira de Deus e nos reconciliando com o Pai, realizando a propiciação por nós pecadores.

Diante desta verdade onde o próprio Deus se tornou homem por amor a você, morreu numa cruz em seu lugar, o que você vai fazer? Jesus te chama para o mundo anunciar sua morte e a sua ressurreição.

 

Pr. Cornélio Póvoa de Oliveira

25/02/2024 (noite)

 

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