REINICIANDO A VIDA PROFISSIONAL
Série: Reset
Estamos
refletindo na série Reset. O tema de nossa mensagem de hoje é “Reiniciando a
Vida Profissional”.
Nosso desejo
através desta série é ajudá-los a reiniciarem a vida a partir da Palavra de
Deus. Às vezes chegamos a uma determinada situação em nossas vidas que
precisamos parar tudo o que estamos fazendo e recomeçarmos tudo do zero para
podermos colocar tudo em ordem. Outras vezes precisamos parar e resetarmos algumas
áreas de nossas vidas para que possamos iniciá-las de forma diferente.
Hoje iremos desafiá-los a refletirem sobre suas vidas profissionais. O primeiro ponto que eu gostaria de pensar com vocês é uma pergunta: “O trabalho para você é uma carreira profissional ou uma vocação de Deus?”
1 – O TRABALHO PARA VOCÊ É UMA CARREIRA
PROFISSIONAL OU UMA VOCAÇÃO DE DEUS?
Qual a sua
resposta para esta pergunta? A sua resposta define a sua compreensão a respeito
do trabalho, define a sua cosmovisão a respeito deste tema.
A bíblia nos
ensina que o trabalho é uma vocação e não uma carreira. Quando o homem estava
no Éden, ele recebeu de Deus a vocação para cuidar da criação. Esta é a origem
e a base do trabalho. Portanto o trabalho surge como vocação e não como uma
carreira profissional conforme podemos ler no livro de Gênesis 1.27-30.
27 Criou Deus o homem à sua imagem, à
imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. 28
Deus os abençoou, e lhes disse: "Sejam
férteis e multipliquem-se! Encham e subjuguem
a terra! Dominem sobre os peixes do mar,
sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se movem pela terra". 29 Disse Deus: "Eis que lhes
dou todas as plantas que nascem em toda a terra e produzem sementes, e
todas as árvores que dão frutos com sementes. Elas servirão de alimento para
vocês. 30 E dou
todos os vegetais como alimento a tudo o que tem em si fôlego de vida: a todos
os grandes animais da terra, a todas as aves do céu e a todas as criaturas que
se movem rente ao chão". E assim foi. (Gênesis 1.27-30)
Quando Deus diz
ao ser humano subjuguem a terra, dominem sobre as espécies de forma geral e
sobre as plantas e vegetais, ele estava tornando o trabalho como parte inerente
da vida humana. Neste sentido o trabalho é vocação e não um anexo em nossas
vidas. A nossa sobrevivência depende do trabalho e a nossa ação de glorificar a
Deus está relacionado com o trabalho.
Deus criou todas
as coisas existentes, isto significa que Deus trabalhou para que tudo viesse a
existir e continua trabalhando hoje para manter a existência de todas as
coisas. Assim Ele nos fez a Sua semelhança, seres vocacionados para trabalhar e
por meio do nosso trabalho sobrevivemos e mantemos todas as coisas que nos foi
dado por Deus. A ordem para trabalhar é criacional e devemos compreendê-la a
partir daquele que nos criou.
O trabalho não
implicava em salário, mas em tarefas. Toda tarefa, toda realização é trabalho,
independentemente de ser remunerado. O trabalho de uma mãe é trabalho. O
trabalho voluntário é trabalho.
O trabalho como
vocação não deve ser compreendido com o que você faz para viver (médico,
professor, gari, borracheiro, pastor, etc) e sim como você faz o seu trabalho.
Independentemente do que você faz profissionalmente, a pergunta é: “Você
glorifica a Deus no que faz?”
Em nosso mundo
atual, após a queda do homem no Éden, o trabalho deixou de ser uma vocação e se
tornou um ídolo. O trabalho passou a definir cada ser humano, seu papel e lugar
na sociedade. Também passou a ser o alvo da realização pessoal do ser humano.
Antes era um meio para glorificar a Deus, mas acabou se tornando um meio para
nos sentirmos realizados. O glorificar a Deus ficou para segundo plano ou
terceiro plano.
Muitos hoje
cultuam o trabalho remunerado, cultuam a carreira profissional, pois ela passou
a dar as pessoas o poder para alcançarem as concupiscências deste mundo. Por
meio do trabalho as pessoas podem adquirir todo o luxo oferecido aos que têm
dinheiro em abundância.
O chamado
criacional para trabalhar implicava somente em fazer algo ordenado por Deus,
que nos provia o alimento para nossa sobrevivência e O glorificava. Após a
queda e com o desenvolvimento organizacional das sociedades este chamado foi
gradativamente sendo substituído pela carreira profissional, onde o indivíduo
não busca somente se sustentar e glorificar a Deus, mas busca sua realização
pessoal e identidade por meio do trabalho.
Em nosso segundo
ponto eu quero apresentar a compreensão que nós cristãos temos sobre trabalho.
2 – A COMPREENSÃO QUE NÓS CRISTÃOS TEMOS SOBRE
TRABALHO
De uma maneira
geral existe uma compreensão do trabalho que está enraizada em nossa cultura
cristã. Timothy Keller escreveu sobre essa compreensão em seu livro “Como
Integrar Fé e Trabalho”. Ele aponta três maneiras como nós cristãos nos
relacionamos com o trabalho.
Ø
Imagem do Livro
“Como Integrar Fé e Trabalho”.
·
Primeira maneira:
“Servir no Reino de Deus” é sinônimo de atividade ministerial de tempo integral
A grande maioria
dos cristãos não consideram o seu trabalho secular como ministério integral
para Deus. Ministério integral é somente o trabalho do pastor e do missionário.
É muito comum ouvirmos dizeres como: “Pastor você que é sortudo, pois vive só
para orar e estudar a bíblia”.
·
Segunda maneira:
Buscamos justificar nossas habilidades e dons através da sua utilidade
espiritual
Neste sentido o
trabalho só é compreendido como bom quando nós usamos nossas habilidades
naturais e dons para o serviço na igreja ou missionário.
É muito comum
músicos profissionais tocarem na equipe de louvor da igreja com o fim de
justificarem suas habilidades. Médicos servirem em suas férias em um campo
missionário. Estamos falando de profissionais de várias áreas que colocam suas
habilidades a serviço da igreja por um período. Eles desejam servir a Deus e
por não entenderem suas profissões como ministério integral a Deus, o fazem
quando possível servindo na igreja ou num campo missionário.
·
Terceira maneira:
Entendemos que precisamos criar alternativas “cristãs” de trabalho para proporcionarmos
um ambiente cristão
Uma vez que o
crente não consegue servir integralmente a Deus por meio do seu trabalho, ele
tenta tornar o ambiente do seu trabalho um ambiente mais parecido com a igreja.
Ele cria uma radio cristã, uma pizzaria cristã, uma loja de roupa cristã, etc.
Coloca no balcão de sua empresa uma bíblia aberta para que as pessoas perguntem
algo que lhe dê a chance de testemunhar de Jesus. Ele ora para abrir a empresa
com seus funcionários e ora ao fechar agradecendo o dia trabalhado. Compartilha
o lucro de sua empresa com instituições cristãs de caridade. Consagra o seu
local de trabalho para Deus. Coloca folhetos nas sacolas dos clientes. Põe
fundo musical gospel em sua empresa. Ele faz de tudo para tornar o ambiente
espiritual e convidativo para Deus.
Estas três
maneiras que nós cristãos nos relacionamos com o trabalho estão fundamentadas
sobre o mesmo erro, a dicotomia existente entre fé e trabalho. Não estamos
dizendo que essas maneiras de nos relacionarmos com o trabalho são pecados.
Elas podem ser até praticadas, contudo a relação nossa de fé e trabalho devem
ultrapassar as fronteiras criadas pela dicotomia entre fé e trabalho. Essas
maneiras apresentadas por Timothy Keller elas apenas apresentam momentos de
encontros entre fé e trabalho, mas não as unem, como era a proposta criacional.
Essa dicotomia
se torna evidente na vida de muitos profissionais cristãos quando olhamos para
o seu testemunho. É muito comum uma pessoa “crentona” na igreja, mas desonesta
no trabalho, boca suja, insubmissa aos seus chefes, injusta nos salários de
seus empregados, etc. Esse tipo de crente não compreende o trabalho como espaço
sagrado a Deus.
Também
percebemos essa dicotomia quando cristãos se mostram moralmente corretos no
trabalho, mas praticam atividades incoerentes com sua fé. Por exemplo: Um
lutador que se diz cristão, ele é honesto, irrepreensível, mas soca seu
adversário sem dó, com o fim de quebrar seus ossos. É incoerente com o
evangelho do amor de Cristo. Essa forma violenta de se sustentar não glorifica
a Deus e causa sérios danos físicos aos seus adversários.
Outro exemplo:
Um advogado que trabalha em busca de falhas contratuais com o fim de levar
vantagens sobre o outro, pratica um trabalho incoerente com sua fé. Contratos
são feitos para serem cumpridos e quando um dos lados buscam meios para
quebrarem o contrato, está na verdade buscando meios para não cumprir a parte
que lhe cabe, sendo assim, mostram claramente que não desejam honrar com a
palavra. Este advogado está trabalhando em prol de pessoas mal intencionadas.
Existem empresas que contratam advogados só para esse fim.
No caso do lutador e do advogado, embora ambos
possam ser irrepreensíveis em suas vidas e condutas dentro do ambiente
profissional, suas ações profissionais são incoerentes com a fé que proclamam.
O lutador e o advogado estão destruindo vidas, um por meio da força e o outro
por meio das palavras. Poderíamos acrescentar ainda nesta lista de exemplo os “coachings”,
pois esses motivadores profissionais são na verdade despertadores dos ídolos
dos corações humanos. Eles estimulam as pessoas a correrem atrás de seus sonhos
pessoais, inflamando os egos dos funcionários para servirem aos desejos
competitivos e de enriquecimento de seus patrões.
Eu quero
apresentar uma proposta que possa por fim a dicotomia existente entre fé e
trabalho. Acredito que isso só será possível se resetarmos, isto é,
reiniciarmos a nossa compreensão de fé e trabalho. Este será o nosso terceiro
ponto.
3 – REINICIANDO A COMPREENSÃO DE FÉ E
TRABALHO
17 Tudo o que
fizerem, seja em palavra ou em ação, façam-no em nome do Senhor Jesus,
dando por meio dele graças a Deus Pai. 18
Mulheres, sujeitem-se a seus maridos, como convém a quem está no Senhor. 19 Maridos, amem suas mulheres e não as tratem com amargura. 20 Filhos, obedeçam a seus pais em tudo, pois isso agrada ao Senhor. 21 Pais, não irritem seus filhos, para que eles não se
desanimem. 22 Escravos, obedeçam em tudo a seus
senhores terrenos, não somente para agradar os homens quando eles estão
observando, mas com sinceridade de coração, pelo fato de vocês temerem ao
Senhor. 23 Tudo o
que fizerem, façam de todo o coração, como para o Senhor, e não para os
homens, 24 sabendo que receberão do Senhor a
recompensa da herança. É a Cristo, o Senhor, que
vocês estão servindo. (Colossenses 3.17-24)
É interessante
observarmos a expressão “tudo o que fizerem”, ela aparece duas vezes nesta
perícope. Estes versos expressam que todas as nossas ações e falas, em
quaisquer dos papéis que estejamos exercendo em nossas vidas, devem ser feitos
com o fim de honrar a Cristo Jesus.
Podemos incluir
dentro desta perícope o texto de Colossenses 4.1.
1 Senhores,
dêem aos seus escravos o que é justo e direito, sabendo que vocês também têm um
Senhor no céu. (Colossenses 4.1)
Quando Paulo diz
“tudo o que fizerem”, isto expressa que todas as nossas ações resultam em
trabalho que visam honrar a Cristo, incluindo o trabalho remunerado e escravo
daqueles dias, conforme nós lemos.
Paulo está
integrando a fé a todas as dimensões da vida, inclusive a dimensão
profissional, o trabalho. Podemos dizer que Paulo resetou a compreensão fé e
trabalho, retornando ao modelo criacional. O trabalho não é visto como
realização pessoal, mas como vocação, um chamado de Deus para sua sustentação e
um meio para glorificá-Lo.
Com isso não
estou dizendo que você não possa ser médico, dentista, advogado, engenheiro,
professor, mecânico ou exercer qualquer outra profissão que você tenha paixão e
aptidão. Certamente a vocação de Deus
inclui áreas de sua paixão e aptidão.
O que precisamos
compreender é que a fé deve estar integrada em nosso trabalho, ela não pode ser
algo separada de nossa vocação primária, que é glorificar a Deus. Não podemos
ser profissionais que abraçam a fé em determinados momentos do nosso trabalho,
mas devemos sim, sermos cristãos em todo tempo em que exercemos nosso trabalho,
seja qual for ele, pois todo trabalho é vocação de Deus.
Devemos pensar
em nosso trabalho como meio e o lugar onde vivemos integralmente nossa fé. O
seu trabalho é o seu serviço ministerial integral para Deus, assim como o
trabalho pastoral ou missionário o são.
REFLEXÃO FINAL
Eu quero
concluir essa mensagem nos exortando a vencermos a dicotomia que foi criada
entre fé e trabalho. Colocarmos a bíblia sobre o balcão, orarmos por nossos
funcionários e negócios, colocarmos folhetos de evangelismo nas sacolas dos
clientes tudo isso é possível e pode ser feito, afinal vivemos num país livre
para expressarmos nossa fé.
Contudo
precisamos entender que a nossa fé compreende o trabalho como vocação de Deus e
não um caminho para nossa realização pessoal e muito menos para conquistarmos
as concupiscências deste mundo.
Precisamos
reinicializar nossa compreensão a respeito de nossa vida profissional, pois do
contrário ela se tornará um ídolo para nós e não um espaço para glorificarmos a
Jesus Cristo nosso Senhor.
O trabalho, seja
ele qual for, deve ser visto sempre como o meio de glorificarmos a Deus, Se
você é médico honre a Jesus Cristo, tratando os seus pacientes como se
estivesse cuidando de Jesus. Se você é policial honre a Jesus, tratando as
pessoas com o respeito devido como se estivesse tratando a Jesus. Não abuse de
sua autoridade policial. Se você é professor honre a Jesus, ensinando seus
alunos como se estivesse ensinando a Jesus. Se você é pastor honre a Jesus,
pastoreando seu rebanho como se estivesse pastoreando a Jesus.
23 Tudo o que
fizerem, façam de todo o coração, como para o Senhor, e não para os
homens, 24 sabendo que receberão do Senhor a
recompensa da herança. É a Cristo, o Senhor, que
vocês estão servindo. (Colossenses 3.23,24)
Pr. Cornélio
Póvoa de Oliveira
10/03/2024
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