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terça-feira, 19 de março de 2024

SERMÕES 223 - REINICIANDO A RELAÇÃO FAMILIAR

 REINICIANDO A RELAÇÃO FAMILIAR

Série: Reset

 

Estamos refletindo na série “Reset”. O tema de nossa mensagem de hoje é “Reiniciando a relação familiar”.

Meu objetivo é mais uma vez ajudá-los a reiniciarem a vida a partir da Palavra de Deus. Hoje iremos buscar entender a relação familiar a partir de sua origem no Éden para que possamos reiniciar nossas relações familiares à luz da Palavra de Deus.

A bíblia nos apresenta duas narrativas da criação no livro de Gênesis, uma no capítulo um e outra no capítulo dois. Ambas as narrativas apresentam descrições da criação do ser humano, do homem e da mulher. Elas possuem enfoques diferentes, mas se completam nos ajudando a compreender melhor o projeto ser humano e a relação familiar.

Iremos iniciar nossa reflexão pelo capítulo um de Gênesis. Nosso primeiro ponto de hoje está no enfoque deste primeiro relato da criação do homem e da mulher. Portanto nosso primeiro ponto é: “Homem e Mulher Ambos Foram Feitos a Imagem de Deus”.

 

1 – HOMEM E MULHER AMBOS FORAM FEITOS A IMAGEM DE DEUS

27 Criou Deus o homem (Adam) à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. (Gênesis 1.27 - NVI)

A palavra hebraica “Adam” significa terroso ou vermelho. O texto no pé da letra está dizendo que Deus fez o terroso a sua imagem, macho e fêmea. Mas também pode significar ser humano, sem gênero. Esta palavra acabou por dar nome ao primeiro homem, Adão.

Podemos afirmar que esta primeira narrativa pelo seu contexto quer nos dizer que Deus fez o ser humano e os fez macho e fêmea, isto significa dizer, que os fez com características físicas, sexuais e emotivas bem distintas um do outro, contudo o texto quer enfatizar que ambos foram feitos imagens de Deus.

Esta verdade já é suficiente para por fim a qualquer ideia de que o homem tem maior valor que a mulher, ou de que o homem é superior à mulher. Ambos foram feitos a imagem de Deus. Tanto o homem quanto a mulher possuem em seu ser atributos comunicativos de Deus. Certos atributos se veem mais presente no homem e outros na mulher, de forma que ambos se completam.

Sabendo que a mulher é mais frágil que o homem, o apóstolo Pedro orienta os maridos a tratarem suas esposas com honra, conforme lemos em1 Pedro 3.7.

7 Do mesmo modo vocês, maridos, sejam sábios no convívio com suas mulheres e tratem-nas com honra, como parte mais frágil e co-herdeiras do dom da graça da vida, de forma que não sejam interrompidas as suas orações. (1 Pedro 3.7)

Pedro nos ensina que a força dada ao homem deve ser usada para proteger a mulher e honrá-la. Diante disso é inadmissível que o homem use de sua força para coagir a mulher ou se fazer prevalecer sobre ela. Aqueles que assim o fazem tem sua relação com Deus quebrada.

O nosso segundo ponto está no enfoque dado no segundo relato da criação do homem e da mulher. Portanto nosso segundo ponto é: “Não é Bom Que o homem Esteja Só”.

 

2 – NÃO É BOM QUE O HOMEM ESTEJA SÓ

18 Então o Senhor Deus declarou: "Não é bom que o homem (הָֽאָדָ֖ם – ắdhām - ser masculino) esteja só; farei para ele alguém que o auxilie e lhe corresponda". [...] 21 Então o Senhor Deus fez o homem cair em profundo sono e, enquanto este dormia, tirou-lhe uma das costelas, fechando o lugar com carne. 22 Com a costela que havia tirado do homem, o Senhor Deus fez uma mulher e a trouxe a ele. 23 Disse então o homem: "Esta, sim, é osso dos meus ossos e carne da minha carne! Ela será chamada mulher, porque do homem foi tirada". (Gênesis 2.18, 21-23)

A declaração “não é bom que o homem esteja só” partiu de Deus, conforme lemos no verso dezoito. Ao lermos esta narrativa desconsiderando a primeira narrativa da criação do ser humano, podemos ser levados a pensar que Deus viu Adão triste em sua tarefa diária, sem ter com quem dividir seus sentimentos e concluiu que Adão precisava de uma adjutora ou auxiliadora que lhe correspondesse. Se pensarmos dessa forma nós estaremos dizendo que a mulher não fazia parte do projeto inicial da criação. Ela veio a existir para atender a uma necessidade do homem, do ser masculino.

Pensar dessa forma é um grande erro teológico. Deus criou o ser humano, macho e fêmea. A mulher já era parte do plano divino na criação. O homem não poderia existir sem a mulher, pois desde o inicio o projeto de Deus era criar uma diversidade de seres humanos e não um ser humano isolado. A ordem era para que o homem e a mulher se multiplicassem.

A expressão “não é bom que o homem esteja só” declarada por Deus, nos revela a necessidade que o ser humano (tanto homem e mulher) tem por um ser semelhante a ele que lhe corresponda, acredito que esta seja a ênfase deste texto.

Mesmo no Éden, numa relação ausente do pecado, o homem criado sentia a necessidade de uma companheira, de alguém que estivesse na mesma altura que ele.

Acredito que isso se deve porque nós seres humanos fomos criados a semelhança de Deus, que é um ser plural, onde Pai, Filho e Espírito Santo correspondem um ao outro e vivem na mais perfeita harmonia. Assim também sentimos necessidade de nos correspondermos a um ser semelhante a nós.

Sendo assim, acredito que posso afirmar que ninguém se sentirá plenamente completo e feliz, vivendo de forma relacional somente com Deus, sem comunhão com as demais pessoas. Afirmar para você mesmo que você só precisa de Deus e de mais ninguém é um grande erro. Contraria o ensino de Jesus: “Ame o teu Deus de todo o seu coração, de toda sua alma, de toda sua força e ame o teu próximo como a ti mesmo”. Não basta Deus é preciso se relacionar com outro ser semelhante a você.

Você não pode amar a Deus sem amar o teu próximo. A relação com Deus é baseada na relação com o outro, com o teu próximo. Portanto não é bom que o homem esteja só, porque Deus se faz presente para nós por meio do outro. Deus não vai aparecer na sua casa. Ninguém jamais viu a Deus diz o apóstolo João. Ele se revelou a nós na forma humana para que pudéssemos olhar para ele como alguém que nos correspondesse. Em Jesus vemos Deus.

No processo de reiniciarmos a relação familiar devemos considerar que o homem reconhece a mulher como sua correspondente, este é o nosso terceiro ponto.

 

3 – O HOMEM RECONHECE A MULHER COMO SUA CORRESPONDENTE

A iniciativa de criar a mulher partiu de Deus. Deus fez o homem cair em profundo sono e enquanto este dormia Ele formou a mulher. Ele poderia tê-la feito do pó da terra, como criara o homem, mas preferiu criá-la da carne e dos ossos do homem. Ao fazer isso, Ele nos exemplificou que o homem e a mulher são, simbolicamente, unidos como uma pessoa só. Esta é uma união mística dos corações e das vidas do casal. Adão entendeu essa verdade, conforme lemos em Gênesis 2.23.

23 Disse então o homem: "Esta, sim, é osso dos meus ossos e carne da minha carne! Ela será chamada mulher, porque do homem foi tirada". (Gênesis 2.23)

A expressão “osso dos meus ossos e carne da minha carne” é claramente o reconhecimento por parte do homem de que a mulher criada era correspondente a ele. Adão se identificou imediatamente com a mulher que lhe foi dada por Deus. Ela estava na mesma estatura dele.

Embora homem e mulher tenham recebidos funções diferentes para o bom funcionamento da família, ambos diante de Deus são iguais e ambos devem se ver como iguais, pois foi assim que Adão enxergou a mulher antes da queda.

Você marido deve enxergar sua esposa como “osso dos seus ossos e carne da sua carne”, como correspondente a você e assim também a mulher deve enxergar seu marido como correspondente a ela, pois foi feita de sua própria substância.

Ser auxiliadora não faz da mulher menor que o homem, apenas dá a ela uma função diferente do homem. Ser o homem cabeça da mulher não o torna maior que a mulher, mas sim responsável pelo cuidado dela e de sua descendência diante de Deus. O homem não recebe autoridade sobre a mulher para sujeitá-la a suas vontades, mas para protegê-la e servi-la em amor.

Acredito que podemos transportar esta verdade para a família da fé, para nossa comunhão como igreja, pois o projeto família sempre contemplou à união das diversas famílias para formar através dessa união uma só família, a grande família de Deus em Cristo Jesus, sendo Jesus a cabeça dessa grande família.

Assim como Adão reconheceu Eva como sua correspondente, precisamos nós também reconhecermos uns aos outros como correspondentes, nos vermos todos na mesma altura. Não existem seres humanos maiores ou menores que o outro, estamos todos na mesma estatura. Podemos ter funções diferentes no corpo de Cristo e dentro das estruturas sociais em que vivemos, mas nenhum ser humano é maior que o outro.

 

REFLEXÃO FINAL

Eu quero concluir desafiando você a três reflexões finais.

1.    Diante a verdade de que o homem e a mulher são ambos feitos a imagem de Deus, nós podemos afirmar que não existe mais espaço teológico e antropológico para as mulheres serem tratadas como inferiores aos homens. Portanto eu pergunto aos homens: “Vocês têm tratado as mulheres de seus relacionamentos com a igualdade e o valor criacional que elas merecem?”

2.    Diante a verdade de que “não é bom que o homem esteja só”, aprendemos que todo ser humano, homem e mulher, precisam se relacionar com outro ser semelhante. Portanto eu pergunto: “Você tem buscado viver em comunhão com Deus através da comunhão com as demais pessoas ou acredita que só Deus é suficiente para você?”

3.    Diante a verdade de que Adão reconheceu Eva como sua correspondente, alguém que estava na mesma altura que ele, Eu pergunto: “Você tem reconhecido seus semelhantes como seus correspondentes ou os têm tratado com inferioridade e desprezo?”

 

Pr. Cornélio Póvoa de Oliveira

17/03/2024

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