PENTECOSTE E A CURA DO MENDIGO ALEIJADO
Série: Atos de Transformação
No último
domingo, no culto da manhã, o Pr. Hélio deu início à série “Atos de
Transformação”. Esta série esta pautada no Livro do Novo Testamento “Atos dos
Apóstolos”.
Como o nome da
série já nos indica, estaremos lendo este livro “Atos dos Apóstolos” buscando
perceber as diversas transformações que a pregação dos apóstolos causaram na
vida das pessoas, na sua individualidade e também na sociedade das quais elas
faziam parte.
Nós iremos
refletir a partir do capítulo 2, onde temos a narrativa do derramamento do
Espírito Santo sobre os discípulos de Jesus, passaremos pelo capítulo 3 onde
nos é narrado a cura de um mendigo aleijado e iremos encerrar nossa reflexão no
capítulo 4, verso 22, onde temos o desfecho das consequências da cura do
mendigo aleijado.
Não irei ler
todo o texto contido em nossa mensagem de hoje, pois isso demandaria um tempo
muito grande, mas eu os exorto em amor a fazerem esta leitura em casa. Diante o
tempo que temos para nossa reflexão irei pinçar aquilo que considerei
importante dentro do tema proposto de nossa série.
Vamos começar pelo capítulo dois. As primeiras transformações que eu quero destacar se originam a partir do evento de Pentecoste. Nosso primeiro ponto é: “Pentecoste e as transformações decorrentes deste evento”.
1 – PENTECOSTE E AS TRANSFORMAÇÕES
DECORRENTES DESTE EVENTO
1 Chegando
o dia de Pentecoste, estavam todos
reunidos num só lugar. (Atos 2.1)
O que é o Pentecoste? A
palavra “pentecoste” significa quinquagésimo, se referindo a uma festa
celebrada 50 dias depois da páscoa. Esta festa judaica era chamada “festa da
colheita” e marcava o inicio da colheita dos cereais. A festa de Pentecoste era
uma celebração de agradecimento a Deus pela colheita de cereais.
Neste dia de Pentecoste
estavam todos (o texto está se referindo aos 120 discípulos aproximadamente,
descritos no capítulo 1.15 deste livro), estavam todos reunidos num só lugar em
Jerusalém, conforme Jesus havia ordenado, quando são surpreendidos por um
evento que transformariam suas vidas para sempre, o derramamento do Espírito
Santo, conforme lemos em Atos 2.2-4.
2 De repente veio
do céu um som, como de um vento muito forte, e encheu toda a casa na qual estavam
assentados. 3 E viram o que
parecia línguas de fogo, que se separaram e pousaram sobre cada um deles. 4 Todos ficaram cheios do Espírito
Santo e começaram a falar noutras línguas, conforme o
Espírito os capacitava. (Atos
2.2-4)
A descida do Espírito
Santo no dia de Pentecoste marca o início da grande colheita espiritual, não
mais de cereais, mas de vidas para Deus. Eu vou pontuar algumas transformações
ocorridas na história por causa deste evento do derramamento do Espírito Santo.
·
PRIMEIRA TRANSFORMAÇÃO:
Fim do Ministério Terreno de Jesus e Inicio do Ministério do Espírito Santo.
4 Todos ficaram cheios
do Espírito Santo e começaram a falar noutras línguas, conforme o
Espírito os capacitava. (Atos 2.4)
A
ascensão de Jesus (subida de Jesus ao céu) encerra seu ministério terreno e dá
inicio ao ministério do Espírito Santo. É claro que o Espírito Santo esteve
atuando na antiga aliança e atuou no ministério terreno de Jesus, contudo com o
encerramento do ministério terreno de Jesus, a atuação do Espírito Santo sobre
a humanidade de maneira geral se tornou muito mais ampla.
O
Espírito Santo antes contido e limitado a alguns poucos judeus na história, é
derramado sobre todos os povos, raças e línguas por meio do Evangelho de
Cristo. O Espírito Santo é quem nos convence do pecado, da justiça e do juízo.
O Espírito Santo é quem nos ensina todas as coisas que Jesus nos ensinou. O
Espírito é quem nos capacita para sermos testemunhas de Jesus. O Espírito Santo
é quem nos une e nos molda com o fim de que Jesus seja glorificado através de
nós. O Espírito Santo é quem torna Jesus presente em nós e por meio de nós.
APLICAÇÃO: A obra do
Espírito Santo se tornou mais notória e imprescindível para nós. Diante desta
verdade bíblica não podemos ignorar a pessoa do Espírito Santo. O Espírito de
Deus trabalha para que Jesus seja glorificado por meio de nós, mas trabalha em
uma relação de amor conosco. Ele não nos violenta, pelo contrário, nos respeita.
Ele ministra a nós por meio da bíblia, dos profetas (os pregadores da Palavra),
mas também fala conosco por meio do nosso homem interior. Precisamos cultivar por
meio da oração, do jejum e da leitura da Palavra de Deus um espírito sensível à
voz do Espírito Santo.
·
SEGUNDA
TRANSFORMAÇÃO: Confirmação da Transição da Velha Aliança Para a Nova Aliança.
Por
mais que muitos não compreendam ou tenham muita dificuldade em lidar com a
realidade de que a Velha Aliança cessou, se encerrou em Cristo, essa é uma
verdade irrefutável da Bíblia.
25 Da mesma forma, depois da
ceia ele (Jesus)
tomou
o cálice e disse: "Este cálice é a nova aliança
no meu sangue; façam isto, sempre que o beberem, em memória de mim". (1
Coríntios 11.25)
O
sangue de Jesus é o marco do inicio de uma nova aliança. Jesus encerrou toda e
qualquer obrigação com relação à Lei de Moisés. Isto não significa que eu possa
viver na libertinagem. Pelo contrário, uma vez que compreendo o Evangelho de
Cristo e experimento o novo nascimento, o Espírito de Deus em mim não me deixa
viver no pecado, pois em Cristo sou chamado a amar o meu próximo, como Ele me
amou.
Eu
não vivo mais para cumprir a Lei de Moisés, estou liberto dessa lei, mas vivo
preso a Lei de Cristo. Ao cumprir a Lei de Cristo eu cumpro a Lei de Moisés.
Todo o ensino de Jesus é o ensino de como devemos viver o amor. Somente no amor
há liberdade, na lei o que existe é a obrigação entre o servo e o Senhor. Jesus
disse já não vos chamo de servo. Somos desafiados pelo Evangelho a servirmos e
vivermos movidos pelo amor.
A
descida do Espírito Santo sobre todos os que professam a Jesus Cristo como
Senhor é a confirmação de que o período da nova aliança foi inaugurado com a
morte e ressurreição de Cristo, a promessa do Pai declarada pelos profetas
Ezequiel e Joel se cumpriu. A Lei não está mais nas tabuas ou escrita nos
livros, mas em nossos corações.
APLICAÇÃO: Uma vez que
vivemos no Espírito e na Lei do Espírito é inaceitável ainda procedermos
segundo as obras da carne. É inaceitável vivermos no adultério, na fornicação,
na prostituição, na imoralidade, na idolatria, na bebedeira, na glutonaria, na
fofoca, na difamação de terceiros, na avareza, na soberba, promovendo
discórdias e divisões, provocando a ira dos outros, fazendo juízo das pessoas,
dando lado à inveja, se vestindo de forma indecente, falando palavrões e coisas
que não edificam, etc. Estas coisas não podem mais fazer parte do nosso viver;
e não é uma questão de cumprir leis, mas de natureza. Se somos filhos de Deus
precisamos manifestar as obras do Espírito e não da carne.
·
TERCEIRA
TRANSFORMAÇÃO: Transição da Morada de Deus do Templo Físico em Jerusalém Para o
Templo Espiritual.
De
fato Deus nunca morou num templo físico. Deus é Espírito. Entretanto Deus fez
uma aliança com Salomão na inauguração do templo em Jerusalém. Em 2 Crônicas
7.16 lemos as seguintes palavras de Deus para Salomão:
16 Escolhi e consagrei este
templo para que o meu nome esteja nele para sempre. Meus
olhos e meu coração nele sempre estarão. (2
Crônicas 7.16)
É
claro que olhos e coração aqui é figurativo. Isto significa que Deus estava
comprometido a se manifestar e atender ao povo naquele lugar.
Contudo
Jesus predisse, em um diálogo com uma mulher samaritana antes de sua morte, que
chegaria o dia em que não mais adoraríamos a Deus em Jerusalém, se referindo ao
templo, e sim O adoraríamos em espírito e em verdade. Jesus estava se referindo
a realidade de que Deus estaria sendo adorado fora do templo, no ajuntamento do
seu povo. No novo testamento este povo é chamado de igreja.
A
igreja pode estar reunida em um templo, em uma casa, em um estádio, no hospital
e até mesmo na prisão. Com a descida do Espírito Santo, Deus deixou de estar
associado a um espaço geográfico físico e passou a estar associado na vida
daqueles que recebem Jesus Cristo como Senhor e Salvador. Estes são feitos
filhos de Deus, nascidos do Espírito.
APLICAÇÃO: Onde um filho de
Deus está; Deus está. Onde você estiver; Deus está ali por meio de você.
Estamos espiritualmente conectados com Deus, não dependemos mais de um templo
físico para nos conectarmos com Deus.
A
igreja, o povo de Deus, eu e você, não só não dependemos mais de um espaço
físico, como não dependemos mais de sacerdotes e ritos sacrificiais para nos
relacionarmos com Deus. Você tem acesso direto a Deus em Cristo Jesus.
·
QUARTA
TRANSFORMAÇÃO: Deixamos de Ser Indivíduos Independentes e Nos Tornamos
Indivíduos Interdependentes.
44
Todos os que
criam mantinham-se unidos e tinham tudo em comum. (Atos 2.44)
Viver
em Cristo é viver em comunidade. Viver em comunidade é viver numa relação de
interdependência com os demais membros da comunidade. Nenhum de nós é
suficiente em si mesmo.
APLICAÇÃO: Precisamos
reconhecer a necessidade que temos do outro para amá-lo, servi-lo e por ele
sermos amados e servidos, dessa forma prestamos nosso culto a Deus por meio do
outro e o outro por meio de nós. Tal culto a Deus deve ser prestado em amor e
não como obrigação e nem em busca de glória pessoal. O outro é você, é
continuidade de sua existência, amar o próximo é amar a si mesmo.
Assim
como o Pai é contido e contém Jesus, e o Filho Jesus é contido e contém o
Espírito Santo, e o Espírito Santo é contido e contém o Pai, sendo os três um;
Deus em Jesus e por meio do Espírito Santo nos chama para sermos um.
Quero agora
destacar uma transformação visível manifestada durante e depois da cura do
mendigo aleijado que se encontrava na frente da porta do templo chamada formosa.
Esta transformação está descrita no capítulo 3 e 4. Nosso segundo ponto é: “A
cura do mendigo aleijado de nascença e a transformação visível dos discípulos
de Jesus”.
2 – A CURA DO MENDIGO ALEIJADO DE NASCENÇA
E A TRANSFORMAÇÃO VISÍVEL DOS DISCÍPULOS DE JESUS
Lembrando o que
já foi pavimentado pelo Pr. Hélio, Jesus ascendeu, isto é, subiu para o céu, o
Espírito Santo desceu no dia de Pentecoste e a expansão da igreja se iniciou a
partir da pregação do apóstolo Pedro registrada em Atos 2.
O capítulo 3
começa narrando esta expansão da igreja através de um milagre na vida de um
mendigo aleijado de nascença. Estou tomando o cuidado de deixar claro que ele
era aleijado de nascença porque os judeus acreditavam que somente o messias
poderia curar alguém que sofria de doenças de nascença. Aleijados, cegos,
surdos e outras doenças de nascença só poderiam ser curadas pelo messias,
segundo a tradição judaica.
A cura deste
homem comprovava que Jesus realmente era o Messias esperado pelo povo, pois foi
em seu nome que ele fora curado, por isso muitos vieram a crer após este
milagre. Este milagre tornou visível a transformação ocorrida na vida dos
discípulos de Jesus. Uma visível ousadia
espiritual surgiu na vida dos Discípulos de Jesus.
Devemos nos
lembrar que os discípulos de Jesus logo após a sua morte, se esconderam com
medo dos religiosos que poderiam julgá-los e matá-los.
Acredito que
dois eventos foram cruciais para que o medo deles fosse substituído por uma
ousadia espiritual extraordinária. O primeiro evento foi à aparição de Jesus
ressurreto a eles e o segundo evento a descida do Espírito Santo.
Tal ousadia
espiritual se vê em Atos 3.6-8, quando Pedro diz ao aleijado de nascença “não
tenho prata nem ouro, mas o que tenho isto lhe dou. Levanta e anda em nome de
Jesus”. O texto nos diz que de um salto, ele se pôs em pé e começou a andar. Esta
é a primeira demonstração de ousadia deste texto. Temos aqui uma ousadia para
agir em nome de Jesus. A ordem “levanta e anda” exigiu muita fé e ousadia da
parte de Pedro.
Por quarenta
anos este homem não andou. Certamente seus músculos estavam todos atrofiados e
endurecidos. Sem fisioterapia, seus ossos e músculos instantaneamente se
tornaram prontos para ele levantar e andar.
A cura deste
homem deixou todo o povo que lá estava perplexo. Pedro, conforme descreve os
versos 12-26 ousadamente aproveitou aquela oportunidade e começou a pregar para
eles, como já havia feito no dia do Pentecoste. Temos aqui a segunda
manifestação de ousadia por parte de Pedro, uma ousadia para pregar o Evangelho
a todos que lá se encontravam.
Pedro e João não
só demonstraram ousadia para agirem em nome de Jesus e pregarem o Evangelho de
Jesus, como também demonstraram ousadia diante das autoridades e dos religiosos
quando questionados a respeito da cura do aleijado de nascença, conforme lemos
em Atos 4.5-7.
5 No dia seguinte, as autoridades, os líderes religiosos e os mestres da lei reuniram-se em Jerusalém. 6 Estavam ali Anás,
o sumo sacerdote, bem como Caifás, João, Alexandre e todos os que eram da
família do sumo sacerdote. 7 Mandaram trazer Pedro e João diante deles e
começaram a interrogá-los: "Com que poder ou em nome de quem vocês fizeram
isso?" (Atos 4.5-7)
Anteriormente,
logo após a crucificação de Jesus, eles estavam com medo destas autoridades,
entretanto agora cheios do Espírito e certos da ressurreição de Jesus estavam
diante deles cheios de coragem e ousadamente pregaram para as autoridades que
lá estavam no sinédrio. Esta é a terceira manifestação de ousadia de Pedro e
João. Eles se posicionaram diante as autoridades que os repreendiam. Depois de
serem ameaçados pelas autoridades e pelo sumo-sacerdote que lá estavam foram
dispensados.
APLICAÇÃO: A capacitação e a ousadia que Pedro e
João demonstraram diante do mendigo aleijado de nascença, diante o povo que viu
o milagre e também diante as autoridades governamentais e religiosas foram
dadas pelo Espírito Santo de Deus.
Este poder, esta
capacitação e ousadia que os apóstolos viveram foram dadas a você também quando
você creu em Cristo. Ouse abrir a boca e falar das maravilhas de Deus e você
verá que coisas extraordinárias acontecerão a partir de sua vida. Não tenha
medo. Creia em Deus e Ele realizará coisas ainda maiores através de sua vida.
Ore a Deus para
que você tenha a oportunidade de evangelizar, de ver vidas se conectando a
Jesus por meio de sua pregação, do seu testemunho. Deus te deu um espírito de
coragem e não de covardia. Levante e ande em direção aos perdidos em nome de
Jesus. Deus te abençoe.
Pr.
Cornélio Póvoa de Oliveira
14/04/2024
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