Translate

segunda-feira, 14 de outubro de 2024

SERMÕES 236 - A EXPERIÊNCIA MISSIONÁRIA EM TESSALÔNICA, BERÉIA E ATENAS

 A EXPERIÊNCIA MISSIONÁRIA EM TESSALÔNICA, BERÉIA E ATENAS

Série: Atos de Transformação (Atos 17.1-33)

 

Hoje em nossa série “Atos de Transformação” iremos estudar o capítulo dezessete do Livro “Atos dos Apóstolos”. O tema de nossa mensagem é... Lembro que desde o capítulo dezesseis estamos refletindo sobre acontecimentos ocorridos na segunda viagem missionária de Paulo.

Nós iremos dividir o estudo deste capítulo em três partes.

·         Primeira parte: A experiência missionária em Tessalônica (vss. 1-9).

·         Segunda parte: A experiência missionária em Beréia (vss. 10-14).

·         Terceira parte: A experiência missionária em Atenas (vss. 15-34).

Buscaremos tirar lições destas experiências missionárias. Nosso primeiro ponto é “A Experiência Missionária em Tessalônica”.

 

1 – A EXPERIÊNCIA MISSIONÁRIA EM TESSALÔNICA (vss. 1-9)

Eu não vou fazer a leitura destes versos bíblicos, mas peço a gentileza que você possa fazer esta leitura em sua casa. Eu não estarei lendo porque os relatos da experiência missionária vividas por Paulo, Silas, Timóteo e Lucas em Tessalônica são exatamente iguais aos relatos das experiências missionárias anteriores, da primeira viagem de Paulo e Barnabé.

Os missionários foram à sinagoga de Tessalônica por três sábados e discutiram com eles a respeito da necessidade do Cristo sofrer e ressuscitar ao terceiro dia. Paulo anunciou que o Cristo apresentado nas Escrituras é Jesus a quem ele e seus companheiros tem proclamado.

Alguns dos judeus e também muitos gentios creram na pregação de Paulo, entre estes convertidos muitas mulheres de alta posição social.

Como sempre alguns judeus movidos por inveja inflamaram homens perversos e desocupados contra Paulo e seus companheiros criando um grande tumulto na cidade.

É interessante notarmos que assim como em outras experiências missionárias anteriores o que moveu os judeus foi a inveja. A partir da inveja eles levantaram falsos testemunhos contra Paulo e seus companheiros de missão. A inveja os levou a pronunciarem que eles eram hereges, que estavam contra o sistema romano... a inveja os fazia mentir e acreditarem em suas próprias mentiras. Eles não estavam interessados no bem comum de todos, eles estavam sendo movidos por inveja, com o fim de se justificarem eles agiam se dizendo os defensores das verdades de Deus e do sistema institucional da qual faziam parte, no caso aqui o império romano, a quem na verdade eles odiavam. A inveja leva os judeus a se aliarem ao império romano contra Paulo e seus companheiros.

Infelizmente este movimento de inveja dos judeus contra Paulo tem acontecido em muitas igrejas de nossos dias. O que posso dizer a respeito disso é não se desanimem, pelo contrário alegrem-se no Senhor, pois Jesus disse (Mateus 5.10-12):

10 Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, pois deles é o Reino dos céus. 11 "Bem-aventurados serão vocês quando, por minha causa os insultarem, perseguirem e levantarem todo tipo de calúnia contra vocês. 12 Alegrem-se e regozijem-se, porque grande é a recompensa de vocês nos céus, pois da mesma forma perseguiram os profetas que viveram antes de vocês". (Mateus 5.10-12)

De Tessalônica Paulo e seus companheiros foram para Beréia, o que nos leva ao nosso segundo ponto do estudo de hoje “A Experiência Missionária em Beréia”.  

 

2 – A EXPERIÊNCIA MISSIONÁRIA EM BERÉIA (vss. 10-14)

10 Logo que anoiteceu, os irmãos enviaram Paulo e Silas para Beréia. Chegando ali, eles foram à sinagoga judaica. 11 Os bereanos eram mais nobres do que os tessalonicenses, pois receberam a mensagem com grande interesse, examinando todos os dias as Escrituras, para ver se tudo era assim mesmo. 12 E creram muitos dentre os judeus, bem como dentre os gregos, um bom número de mulheres de elevada posição e não poucos homens. 13 Quando os judeus de Tessalônica ficaram sabendo que Paulo estava pregando a palavra de Deus em Beréia, dirigiram-se também para lá, agitando e alvoroçando as multidões. 14 Imediatamente os irmãos enviaram Paulo para o litoral, mas Silas e Timóteo permaneceram em Beréia. (Atos 17.10-14)

Chegando em Beréia Paulo, Silas, Timóteo e Lucas seguiram a estratégia a qual estavam acostumados – foram à sinagoga judaica. Entretanto em Beréia aconteceu algo diferente com relação a exposição da Palavra de Deus. Essa diferença foi tão notória que Lucas fez questão de registrá-la de forma enfática para nosso conhecimento, por isso ele fez uma comparação entre os judeus de Tessalônica e os judeus de Beréia quanto a forma como receberam a Palavra de Deus anunciada pelo apóstolo Paulo.

Lucas afirma que os bereanos eram mais nobres do que os tessalonicenses. Duas coisas o levaram a fazer este elogio para os bereanos: Primeiro, pela forma como receberam a mensagem. Eles a receberam com grande interesse. Em segundo lugar pela forma como trataram a mensagem. Eles examinavam todos os dias as Escrituras, para ver se tudo era assim mesmo.

Os bereanos eles não rejeitaram a Palavra de Deus trazida por Paulo, mas também não acolheram os ensinos de Paulo sem que consultassem as Escrituras de forma acurada, com zelo. Somente depois de muito estudo abraçaram a fé em Cristo Jesus.

Atualmente eu me preocupo demais com a forma como nossas igrejas tem tratado a Palavra de Deus. Estamos formando líderes incapazes de pensarem, de refletirem, falam somente o que ouvem dentro dos seminários que escolheram para estudar.

As nossas diversas denominações abraçaram determinadas teologias como se os teólogos que as elaboraram estivessem isentos de erros e de seu próprio tempo. Essas teologias são inculcadas, imprimidas na mente de seus seguidores de forma que são incapazes de dialogarem com pensamentos diferentes ou posições diferentes, ainda que estas estejam pautados na bíblia.

Quando a igreja é chamada para refletir em posições diferentes a partir da bíblia, elas preferem rejeitar o que está escrito na bíblia e também aquele que a chama para a reflexão bíblica, empurrando para fora da igreja o irmão em Cristo, acusando-o de herege e passam a tratá-lo como se ele fosse um inimigo. Essa é uma atitude de autodefesa, onde o medo as levam a se apegarem nas afirmações teológicas de suas instituições, assim como os católicos fizeram no passado. A palavra da instituição passa a ter mais peso do que a bíblia. Isso é um claro sinal de idolatria institucional.

Eu vou apresentar como exemplo um tema que já falei nesta série de mensagens. Mas o considero pertinente em nossos dias atuais devido ao grande número de cristãos que vejo abandonando a fé, mas se considerando salvos.

Alguns crentes e algumas denominações têm dificuldades de reconhecer que um crente pode abandonar a fé, conforme descreve o apóstolo Paulo em 1 Timóteo 4.1.

O Espírito diz claramente que nos últimos tempos alguns abandonarão a fé e seguirão espíritos enganadores e doutrinas de demônios. (1 Timóteo 4.1)

O apóstolo está alertando o jovem pastor Timóteo que alguns abandonarão a fé e seguirão doutrinas de demônios, de espírito enganadores. Ele está falando de abandonar a fé na pessoa e obra de Jesus Cristo. Só pode abandonar a fé quem está na fé. Aqueles que pensam estar na fé e não estão, não tem fé para abandonar. O convencido não tem fé para abandonar.

Contudo mesmo escrito de forma tão clara muitos ainda continuam pregando que uma vez salvo, salvo para sempre. Assim procedem porque estão apegados a teologia calvinista e fazem toda leitura da bíblia baseado nesta teologia. Nossas igrejas batistas estão cada vez mais calvinistas. Não me surpreenderei se daqui alguns anos não estivermos batizando crianças. Eu pergunto como fica o texto de Gálatas 4.1-4.

Foi para a liberdade que Cristo nos libertou. Portanto, permaneçam firmes e não se deixem submeter novamente a um jugo de escravidão. Ouçam bem o que eu, Paulo, lhes digo: Caso se deixem circuncidar, Cristo de nada lhes servirá. De novo declaro a todo homem que se deixa circuncidar que está obrigado a cumprir toda a lei. Vocês, que procuram ser justificados pela lei, separaram-se de Cristo; caíram da graça. (Gálatas 4.1-4)

No primeiro verso deste capítulo Paulo diz “permaneçam firmes e não se deixem submeter novamente a um jugo de escravidão”. O apóstolo está alertando os irmãos para permanecerem firmes no evangelho que haviam recebido pela fé, porque eles estavam correndo o risco de voltarem a viver debaixo do jugo de escravidão. A afirmação do apóstolo para permanecerem firmes é uma autenticação de que eles estavam em Cristo Jesus, libertos da lei do pecado, salvos pela graça. Não podemos negar esta verdade. Paulo está falando com crentes salvos pela graça mediante a fé em Cristo Jesus.

O apóstolo afirma categoricamente aos crentes que passaram a buscar a justificação pela lei, falando para aqueles que se circuncidaram que Cristo de nada lhes serviria mais. Eles estavam anulando o que Cristo havia feito por eles na cruz, pois estavam abandonando a fé e buscando a salvação pelos méritos através do cumprimento da lei de Moisés.

No verso quatro, Paulo deixa claro como a luz do meio-dia que eles na busca pela justificação pela lei, separaram-se de cristo. Só pode se separar de Cristo quem estava com Cristo. O apóstolo ainda diz: “caíram da graça”. Só pode cair da graça quem estava na graça. Assim como só pode cair da bicicleta quem está na bicicleta.

Os calvinistas, como eu já fui um dia, gostam de dizer que essas pessoas não eram convertidas, apenas convencidas. A bíblia não está dizendo isso. Pelo contrário, elas foram separadas de Cristo, caíram da graça. Portanto estavam com Cristo e na graça. Muitos outros textos colaboram para esta verdade, entre eles o texto que já lemos 1 Timóteo 4.1.

Não podemos negar um texto ou criarmos desculpas intencionais para justificarmos uma posição teológica. Precisamos saber como conciliar todas as verdades de Deus, sem negar nenhuma delas. Precisamos ser humildes para lermos a bíblia e nos deixarmos ser desafiados por ela. Precisamos amar aqueles que nos desafiam a pensarmos diferentes e não expulsá-los de nossas igrejas. Há verdades bíblicas que não podem ser negadas, são inegociáveis, mas existem muitas doutrinas teológicas que são fundamentadas na elaboração de pensamentos extra bíblia ou que simplesmente na busca de sua afirmação ignoram os textos que parecem contradizê-las e estas doutrinas quase sempre são negociáveis, não justificando o repúdio àqueles que pensam diferente de nós a respeito delas.

Não podemos negar que a bíblia contém texto que parecem dizer que o crente não perde a salvação, mas não podemos escolher uma verdade jogando outra fora. Precisamos saber como conciliarmos os textos para que cheguemos à verdade, pois Deus não é Deus de confusão.

Eu pessoalmente creio que um crente pode se apostatar da fé. Ao abandonar a fé em Jesus Cristo, perde sua salvação. Um pastor cheio do Espírito que abandona sua fé e passa a ser um seguidor do budismo, eu creio que ele perdeu a salvação. Assim também creio que um pastor que diz ter fé em Jesus, mas abandona verdades bíblicas, começa a defender casamentos homoafetivos e passa a ensinar doutrinas demoníacas eu creio que o Jesus que ele afirma ter fé, já não é mais o Jesus da bíblia. Ele caiu da graça, conforme descreve Paulo.

Eu gostaria que você não se prendesse ao exemplo apresentado por mim, é só um exemplo entre outros exemplos, mas se prendesse ao que realmente estou querendo mostrar, a incapacidade de nos abrirmos para estudarmos seriamente a Palavra de Deus sem o peso da instituição a qual escolhemos congregar ou servir, sem o peso da teologia que decidimos abraçar.

Vou apresentar um outro exemplo para ajudá-lo a não ficar preso somente ao exemplo citado anteriormente. Paulo ao escrever a Timóteo afirma que é a vontade de Deus que todos os homens sejam salvos, conforme podemos ler em 1 Timóteo 2.3-6.

Isso é bom e agradável perante Deus, nosso Salvador, que deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade. Pois há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens: o homem Cristo Jesus, o qual se entregou a si mesmo como resgate por todos. Esse foi o testemunho dado em seu próprio tempo. (1 Timóteo 2.3-6)

O texto é muito claro, no verso quatro Paulo afirma que Deus deseja que todos os homens sejam salvos, que cheguem ao conhecimento da verdade... verdade que os libertará da condenação eterna. Da mesma forma o verso deixa claro que Jesus se entregou a si mesmo como resgate por todos, se referindo a todos os seres humanos.

Contudo nossos irmãos calvinistas leem este texto e afirmam que Deus deseja salvar somente os que Ele elegeu antes da fundação do mundo. Para encaixarem este texto e muitos outros dentro da doutrina da predestinação, eles afirmam que a palavra “todos” se refere somente aos eleitos.

A carta de Paulo a Timóteo em lugar algum fala sobre eleição ou predestinação. Precisamos ler a carta e compreendê-la dentro do momento histórico em que foi escrito. Timóteo ao receber esta carta ele não tinha conhecimento da Teologia Calvinista, os irmãos em Cristo não tinham uma teologia elaborada sobre predestinação como a que temos hoje em dia. Certamente Timóteo leu a carta e compreendeu que Deus desejava salvar todos os homens, todos os seres humanos e Jesus havia morrido por todos eles.

Se o apóstolo Paulo quisesse dizer que Deus desejava salvar somente todos os eleitos, ele teria escrito e deixado claro para Timóteo para que este pudesse compreender o que ele estava dizendo. Claramente o que vemos são instituições forçando leituras de textos bíblicos e doutrinando pastores para continuarem defendendo suas histórias e sua teologia.

Que nos deixemos ser conduzidos ao estudarmos a bíblia somente pelo poder revelador do Espírito Santo. Que somente a bíblia interprete a si mesma.

Precisamos ser como os bereanos abertos para ouvirmos e cautelosos para abraçarmos o que nos ensinam, verificando se tudo está de acordo com os ensinos bíblicos e não com uma posição teológica. Se os bereanos fossem como os de Tessalônica eles não dariam ouvidos a Palavra de Deus pregada por Paulo, pois eles já tinham sua teologia judaica formulada na qual viviam sua religiosidade. Jesus Cristo não seria aceito por eles como o Messias, o Salvador. E assim como aconteceu em outras cidades, Paulo e seus companheiros seriam perseguidos ferozmente por eles. Mas o coração aberto para ouvir atentamente e averiguar a verdade os levaram a crer em Jesus e receber dele a salvação.

De Beréia Paulo vai para Atenas, o que nos leva para o nosso terceiro ponto de hoje: “A Experiência Missionária em Atenas”.

 

3 – A EXPERIÊNCIA MISSIONÁRIA EM ATENAS (vss. 15-34)

15 Os homens que foram com Paulo o levaram até Atenas, partindo depois com instruções para que Silas e Timóteo se juntassem a ele, tão logo fosse possível. 16 Enquanto esperava por eles em Atenas, Paulo ficou profundamente indignado ao ver que a cidade estava cheia de ídolos. 17 Por isso, discutia na sinagoga com judeus e com gregos tementes a Deus, bem como na praça principal, todos os dias, com aqueles que por ali se encontravam. 18 Alguns filósofos epicureus e estóicos começaram a discutir com ele. Alguns perguntavam: "O que está tentando dizer esse tagarela?" Outros diziam: "Parece que ele está anunciando deuses estrangeiros", pois Paulo estava pregando as boas novas a respeito de Jesus e da ressurreição. 19 Então o levaram a uma reunião do Areópago, onde lhe perguntaram: "Podemos saber que novo ensino é esse que você está anunciando? 20 Você está nos apresentando algumas idéias estranhas, e queremos saber o que elas significam". 21 Todos os atenienses e estrangeiros que ali viviam não cuidavam de outra coisa senão falar ou ouvir as últimas novidades. 22 Então Paulo levantou-se na reunião do Areópago e disse: "Atenienses! Vejo que em todos os aspectos vocês são muito religiosos, 23 pois, andando pela cidade, observei cuidadosamente seus objetos de culto e encontrei até um altar com esta inscrição: AO DEUS DESCONHECIDO. Ora, o que vocês adoram, apesar de não conhecerem, eu lhes anuncio. 24 "O Deus que fez o mundo e tudo o que nele há é o Senhor do céu e da terra, e não habita em santuários feitos por mãos humanas. 25 Ele não é servido por mãos de homens, como se necessitasse de algo, porque ele mesmo dá a todos a vida, o fôlego e as demais coisas. 26 De um só fez ele todos os povos, para que povoassem toda a terra, tendo determinado os tempos anteriormente estabelecidos e os lugares exatos em que deveriam habitar. 27 Deus fez isso para que os homens o buscassem e talvez, tateando, pudessem encontrá-lo, embora não esteja longe de cada um de nós. 28 ‘Pois nele vivemos, nos movemos e existimos’, como disseram alguns dos poetas de vocês: ‘Também somos descendência dele’. 29 "Assim, visto que somos descendência de Deus, não devemos pensar que a Divindade é semelhante a uma escultura de ouro, prata ou pedra, feita pela arte e imaginação do homem. 30 No passado Deus não levou em conta essa ignorância, mas agora ordena que todos, em todo lugar, se arrependam. 31 Pois estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio do homem que designou. E deu provas disso a todos, ressuscitando-o dentre os mortos". 32 Quando ouviram sobre a ressurreição dos mortos, alguns deles zombaram, e outros disseram: "A esse respeito nós o ouviremos outra vez". 33 Com isso, Paulo retirou-se do meio deles. 34 Alguns homens juntaram-se a ele e creram. Entre eles estava Dionísio, membro do Areópago, e também uma mulher chamada Dâmaris, e outros com eles. (Atos 17.15-34)

A experiência missionária de Atenas é muito interessante, pois nos apresenta um choque de cosmovisões. Quando falamos de cosmovisão, estamos falando de como as pessoas veem o mundo, de como elas leem e compreendem a vida ao seu redor.

Entender a cosmovisão de uma pessoa nos ajuda a compreender porque alguém tão perto de nós aparentemente vive de forma tão distante de nós, tão diferente de nós. Essa compreensão pode nos ajudar a expormos o evangelho a uma outra pessoa, assim também como pode nos ajudar a compreender as diferentes reações quando expomos o evangelho a outras pessoas.

Paulo ao apresentar na praça pública o Evangelho de Jesus Cristo e anunciar a ressurreição dos mortos aos atenienses, ele experimenta imediatamente essa realidade do choque entre sua cosmovisão e a cosmovisão deles. Os atenienses já tinham entre eles mesmos choques de cosmovisões, por compreenderem e lerem o mundo de forma diferentes entres eles, como podemos ver no verso dezoito deste capítulo.

18 Alguns filósofos epicureus e estóicos começaram a discutir com ele. Alguns perguntavam: "O que está tentando dizer esse tagarela?" Outros diziam: "Parece que ele está anunciando deuses estrangeiros", pois Paulo estava pregando as boas novas a respeito de Jesus e da ressurreição. (Atos 17.18)

Paulo como de costume iniciou pregando na sinagoga aos judeus e gentios que a frequentavam. Mas Atenas era uma cidade muito culta e muito idólatra e essa última característica chamou a atenção de Paulo levando ele a pregar na praça da cidade, possivelmente esta praça era o local de comércio da cidade.

A pregação de Paulo para os atenienses que não frequentavam a sinagoga, que não tinham contato com a religião judaica, não era compreendida porque eles tinham uma cosmovisão muito distante dos conceitos os quais Paulo estava acostumado. Para os atenienses ressurreição era algo incompreensível, era um tema que não fazia parte das discussões deles.

Os epicureus criam em deuses pessoais e Jesus poderia ser mais um deus para sua lista de deuses. Entretanto eles não criam que estes deuses interferiam na vida cotidiana dos homens. Eles criam em deuses, mas estes deuses eram distantes e nada faziam por eles.

Os epicureus acreditavam que o mundo existia, simplesmente existia por razões que não conseguiam explicar. Eles não acreditavam que o mundo fora criado pelos deuses. Como eles acreditavam que os deuses não se importavam com o mundo, eles não cultuavam os deuses, embora cressem em sua existência. Por isso a pregação de Paulo para eles era algo que precisava de maior estudo, pois era contrário ao que criam.

Os estóicos acreditavam que uma força impessoal, que chamavam de providência, já tinha determinado todas as coisas. Eles eram deterministas e acreditavam que as pessoas deviam praticar domínio próprio diante o sofrimento do mundo. Normalmente eram pessoas frias, apáticas pois segundo eles o ser humano não era responsável por seus atos e nem tinha o poder de fazer escolhas, pois tudo já estava determinado muito antes dos acontecimentos se tornarem realidade.

Os estóicos acreditavam que a vida é cíclica e sem sentido. Para eles a boa vida era a pratica de virtudes. A morte era o retorno da alma para o reino dos deuses, onde o ciclo da vida recomeçava.

Paulo estava pregando a mesma mensagem para judeus e gentios. O que já nos mostra que ele falava a mesma coisa para grupos com cosmovisões diferentes. É importante ressaltarmos que dentro grupo de gentios atenienses já existiam entre eles cosmovisões diferentes, os epicureus compreendiam a vida de uma forma, os estóicos compreendiam a vida de outra forma, ambos não criam na ressurreição dos mortos e nada sabiam a respeito de Jesus Cristo.

Este é o primeiro ensino que aprendemos através da experiência em Atenas. Somos chamados para pregarmos a mesma mensagem de Cristo as mais diversas cosmovisões existentes. A mensagem não muda porque a obra de convencimento desta mensagem não está em nosso poder, mas nas mãos do Espírito Santo de Deus. Ele é quem convence o homem do pecado, da justiça e do juízo.

Embora tenhamos muitas cosmovisões no mundo, todo ser humano possui a mesma necessidade. Todo ser humano busca de alguma forma resposta para o vazio que sente em sua alma, para o grito pela eternidade que foi colocado por Deus em nós seres humanos.

Você não precisa conhecer todo o pensamento de um ateu para pregar para ele. Você não precisa ser especialista da cultura islâmica para pregar para eles. Você precisa somente conhecer a Jesus Cristo e deixar que o Espírito de Deus fale através de você enquanto você testemunha com sua vida o poder de Deus.

Conhecer um pouco da cosmovisão daquele a quem você vai evangelizar ajuda, mas não é essencial. O que de fato é essencial é você confiar no poder do Espírito Santo de Deus.

Aqueles filósofos atenienses embora não familiarizados com que Paulo estava falando, achando se tratar de uma nova filosofia, pediu para que ele falasse a eles no Areópago, local onde discursavam a outros seus pensamentos e ideias a respeito da vida. Era uma espécie de Faculdade onde os sábios buscavam ensinar uns aos outros.

Paulo passa a lhes falar a respeito de Deus, mostrando-lhes característica que ora se aproximava e ora se distanciava dos pensamentos dos epicureus e dos estóicos. Eles pareciam ouvir atentamente até que Paulo falou da ressurreição. Este tema pôs fim a fala de Paulo e fez com que todos se retirassem daquele local. Alguns que lá estava creram na pregação de Paulo.

A segunda lição que quero destacar é que todos temos uma cosmovisão, mesmo que não saibamos que a temos. Todos temos uma forma de interpretar o mundo e as ações das pessoas no mundo, inclusive esta cosmovisão está presente em nossa leitura da bíblia. Nossa cosmovisão pode ter sido construída através dos ensinos de nossos pais, de nossos professores e a nossa cosmovisão espiritual pode ter sido formado pela igreja que frequentamos ou pelo grupo de oração que frequentamos. Por isso reafirmo que precisamos aprender a ler a bíblia e interpretá-la através dela mesma, sem buscarmos darmos desculpas infundadas... desculpas que não estão escritas na bíblia quando nos depararmos com textos difíceis e que parecem contraditórios ao que pensamos.

 

REFLEXÃO FINAL

Eu tenho me preocupado muito com este hábito entre nós cristãos de supormos hipóteses que não estão na bíblia e criarmos desculpas diante textos que não concordamos, tornando nossas hipóteses e desculpas como verdades absolutas. Dizermos que Paulo quando fala a Timóteo a respeito dos crentes abandonarem a fé, está falando de pessoas que pensam ter fé, mas não tem, são apenas convencidas... é um erro grotesco e uma violência contra o texto bíblico, assim também a afirmação que Jesus morreu só pelos eleitos, sendo que muitos textos afirmam que Ele morreu por todos os homens, por todos os seres humanos.

Se aceitarmos este hábito de darmos desculpas aos textos que não correspondem ao nosso querer, de acrescentarmos pensamentos que não estão escritos, logo teremos que aceitar também que Paulo ao escrever que os alcoólicos não entrarão no reino de Deus, não tinha consciência em seu tempo de que o alcoolismo é uma doença que precisa ser tratada e não pecado da alma. O alcoolismo, assim como a glutonaria podem ser sintomas de uma crise emocional. Mas isso retira a verdade de que o alcoólatra não entrará no reino de Deus? O que você acha?

Este tipo de raciocínio nos levará a dizermos que a homossexualidade é uma doença também e não pecado da alma. Podemos concordarmos que Paulo em seus dias não tinha o conhecimento cientifico que temos hoje. Mas como fica a ação do Espírito Santo na iluminação sobre os homens que escreveram a bíblia? Eles foram iluminados por Deus e toda Palavra é útil a nós hoje ou escreveram segundo seus próprios conhecimentos?

Esse hábito de darmos desculpas para os textos difíceis ao invés de reconhecermos o que de fato está escrito, nós trazemos dos reformadores, hábito este que está levando muitos pastores e líderes de igrejas a afirmarem que a bíblia não é totalmente inspirada por Deus, dando a todos o direito de atualizá-la e reinterpretá-la conforme a sua teologia escolhida. Assim fez as Testemunhas de Jeová, assim fez o catolicismo, assim faz a teologia liberal, da libertação, da prosperidade, os seguidores do calvinismo, do arminianismo e outros. 

Enquanto lermos a bíblia para defendermos nossas instituições e não de fato a bíblia... continuaremos nos distanciando uns dos outros e produzindo o direito de cada um interpretar a bíblia a partir de sua cosmovisão. Precisamos ser como os crentes de Beréia, abertos para aprendermos e zelosos para verificarmos se tudo está de acordo com os ensinos bíblicos.  A bíblia é a Palavra de Deus e nossa única regra de fé e pratica.

Deus te abençoe grandemente!

 

 

Pr. Cornélio Póvoa de Oliveira

12/10/2024

Nenhum comentário:

Postar um comentário

SERMÕES 238 - QUAL É A MELHOR IDADE?

  QUAL É A MELHOR IDADE?       Costumamos tratar as pessoas da terceira idade como aqueles que alcançaram “a melhor idade”. Mas de fato qu...