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sábado, 27 de novembro de 2010

APOSTILA 5 - ESCATOLOGIA

A P O S T I L A 5  -  E S C A T O L O G I A

Prof. Cornélio Póvoa de Oliveira

1ª Aula

INTRODUÇÃO

O termo escatologia é oriundo do grego antigo (eskatós) “último”, mais o sufixo (logia) “estudo”. O estudo das últimas coisas ou estudo dos últimos acontecimentos. Aqui denominaremos de escatologia bíblica, pelo fato de estudarmos as últimas coisas à luz da Bíblia.

A escatologia bíblica é uma parte da teologia que trata dos últimos eventos na história do mundo ou do destino final do gênero humano, comumente denominado como fim do mundo sob a ótica das Escrituras Sagradas. Dentre os vários assuntos tratados na escatologia bíblica temos:

• O arrebatamento;

• A morte;

• O tribunal de Cristo;

• A grande tribulação; o milênio;

• As Bodas de Cristo;

• O julgamento final;

• Novos céus e nova terra;

• Estado Intermediário.



A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DA ESCATOLOGIA

A Escatologia sempre esteve presente na vida dos cristãos e os influenciou na maneira de se portarem como seres políticos e sociais. Se as pessoas não conseguem enxergar isso no passado, por nem sempre terem um bom conhecimento histórico, não é difícil verificar essa ênfase na igreja contemporânea. O envolvimento político e social do cristão, pelo menos na igreja contemporânea, pode estar (e frequentemente está) diretamente vinculado à sua posição escatológica e mais especificamente à sua idéia do reino de Deus.



Norman L. Geisler acertadamente diz:

“A diferença crucial dos pontos de vista a cerca do envolvimento cristão na arena política está mais intimamente associada com a concepção de como alguém relaciona o presente reino de Deus com o futuro reino do que propriamente com a tradição eclesiástica.”



2ª Aula


“MORTE FÍSICA”

A Bíblia em sua exposição acerca da morte, inclui, a morte física, a morte espiritual e a morte eterna. De modo natural, a morte física e a morte espiritual são tratadas em conexão com a Doutrina do Pecado, e a morte eterna é tratada mais especificamente em conexão com a Escatologia Geral.

O assunto morte faz parte da escatologia individual e é foco de preocupação de toda a raça humana. De modo especial a morte tem preocupado o pensamento dos cristãos durante muitos séculos, em seus aspectos físicos, como a interrupção da vida no corpo e como devemos preparar-nos para ela, e em seus aspectos espirituais, como a separação de Deus e como ela pode ser vencida.



1. A Natureza da Morte Física

Após a entrada do pecado (causador da morte), a morte é normalmente mostrada nas Escrituras como uma parte natural da existência humana. Ela (Escritura) afirma expressamente que a morte tem necessariamente a ver com o pecado. Ela é a punição do Santo Legislador sobre os infratores da Sua Lei. A morte é o julgamento de Deus sobre o pecador (Ez 18.4; Rm 6.23). A Bíblia fala do fato de várias maneiras, mas de modo geral podemos concluir que ela apresenta a morte física como o término da vida física pela separação do corpo e alma/espírito.

A Bíblia uniformemente coloca a morte como um evento escatológico nas mãos de Deus. Ela deixa claro que Deus tem o poder da morte em suas mãos (Ap 1.18; Lc 12.5), por que Ele é quem concede a vida, Quem tem o poder de dar a vida, também tem o poder de tirá-la. Quem paga o salário da morte é Deus; não é o Diabo. Contudo, temos que entender que Satanás reina no estado da morte, estando, todavia, sob o domínio de Deus.

A Bíblia apresenta a morte não como uma cessação da existência, mas uma disjunção (separação) das relações naturais da vida.

Dr. Heber Carlos Campos disse:

“A morte física é a separação temporária entre o corpo e a alma, é nessa morte que nós somos separados de nós mesmos; isto é o nosso eu material é separado do nosso eu imaterial.”



2. O Processo da Morte Física

O texto de Gênesis 2.17 afirma: “No dia em que comeres certamente morrerás”. Não houve uma morte imediata do corpo, mas a semente da morte foi plantada no homem. Enquanto a morte espiritual foi um evento, a morte física é um processo. O homem não morre de uma vez, mas ele morre lentamente, até que o corpo seja separado da alma no suspiro final.



3. A inescapabilidade da morte física

A Escritura diz de maneira clara em Hebreus 9.27 que: “aos homens está destinado morrerem uma só vez, e depois disso o juízo”. Portanto, esse é um decreto divino que está sobre os pecadores. Está ordenado que todos os pecadores venham infalivelmente à morte, porque ela é o “salário do pecado”. Todos os homens morrem fisicamente. Deste fato ninguém escapa, exceto aqueles cristãos que viverem na parousia de Cristo (2ª vinda), pois não estarão debaixo da necessidade de morrer (Obs.: Este assunto será tratado posteriormente).

A morte é algo passivo para nós os homens, nós não escolhemos morrer, simplesmente morremos. A morte é inevitável para o pecador.



4. A morte física do crente

Embora o crente em Cristo tenha a certeza da vida ressurreta, não deixará de experimentar a morte física. O crente, porém, encara a morte de um modo diferente do incrédulo. Seguem-se algumas das verdades reveladas na Bíblia a respeito da morte.


4.1 Para os salvos a morte não é o fim da vida, mas um novo começo. Neste caso, ela não é um terror (1Co 15.55,57), mas um meio de transição para uma vida mais plena.


4.2 Para o salvo, morrer é ser liberto das aflições deste mundo (2Co 4.17) e do Corpo terreno, para ser revestido da vida e glória celestiais (2Co 5.1-5). Paulo se refere à morte como sono (1Co 15.6,18,20; 1Ts 4.13-15), o que dá a entender que morrer é descansar do labor e das lutas desta terra (Ap 14.13).


4.3 A Bíblia refere-se à morte do crente em termos consoladores. Por exemplo, ela afirma acerca da morte do santo: “É preciosa à vista do Senhor” (Sl 116.15). É a entrada na paz (Is 57.1,2) e na glória (Sl 73.24); é ser levado pelos anjos “Para o seio de Abraão” (Lc 16.22); é ir ao “paraíso” (Lc 23.43); é ir à Casa de nosso Pai, onde há muitas moradas (Jo 14.2); é uma partida bem-aventurada para estar com Cristo (Fp 1.23); é ir “habitar com o Senhor” (2Co 5.8); é um dormir em Cristo (1Co 15.18; Jo 11.11; 1Ts 4.13); é ganho ainda muito melhor (Fp 1.21,23); é a ocasião de receber a “Coroa da Justiça” (ver 2Tm 4.8).



3ª Aula


“A IMORTALIDADE DA ALMA”

No tratamento acerca do assunto anterior (morte física), foi assinalado que a morte física é a separação do corpo e alma, e marca o fim da nossa presença física na terra. Mas, agora surgem as questões:

• O que acontece com a alma?

• A morte física dá fim a sua vida, ou ela continuará a existir e a viver após a morte?

A grande maioria das religiões cristãs e não cristãs, concorda em linhas gerais com o fato de que a alma é imortal. O conceito de uma alma imortal é muito antigo, as suas raízes remontam ao princípio da história humana. Em geral se pode dizer que a crença na imortalidade da alma se acha em todas as raças e nações, não importa seu estágio de civilização.

Sempre foi firme convicção da igreja de Jesus Cristo que a alma continua a viver depois da sua separação do corpo. Esta doutrina da imortalidade da alma irá ser considerada à partir de agora. Os sabatistas (adventista do sétimo dia) acreditam no aniquilacionismo da alma (ou seja, dos ímpios morrem e dos justos vivem).

Ao discutirmos sobre imortalidade, nos é necessário termos em mente que o termo “imortalidade” nem sempre é empregado no mesmo sentido. Portanto, para se evitar a confusão, vamos às distinções:

• No sentido mais absoluto da palavra, só se atribui imortalidade a Deus. Veja o que Paulo diz em 1Tm 6.15,16. Ali está escrito que Deus é ”... o único que possui imortalidade”. Isto não quer dizer que nenhum de suas criaturas não seja imortal nalgum sentido da Palavra. O sentido evidente da sua afirmação é que Deus é o único ser que possui imortalidade “como uma qualidade de sua essência” é algo “original, eterna e necessária a Ele”.

• “Seja qual for a imortalidade que se possa atribuir a quaisquer criaturas suas, é dependente da vontade divina, é-lhes conferida,e, portanto, teve um começo. Deus, por outro lado, é necessariamente livre de todas as limitações temporais”. Berkhof - Teologia Sistemática, p. 907

• A imortalidade, no sentido de uma existência contínua ou infinita, é também atribuída a todos os espíritos, a alma humana inclusive. Uma das doutrinas da religião ou filosofia natural é que, quando o corpo é dissolvido, a alma não comparte a sua dissolução, mas retém a sua identidade como um ser individual. Esta idéia da imortalidade da alma está em perfeita harmonia com o que a Bíblia ensina acerca do homem. O homem não é eterno, ele é imortal. Ou melhor, o homem adquiriu a imortalidade e também a eternidade, com a união que faz com o Deus Eterno.

• Ainda, o termo “imortalidade” é empregado na linguagem teológico para designar o estado do homem no qual ele está inteiramente livre das sementes da decadência e da morte. Neste sentido da palavra, o homem era imortal antes da Queda. Esse estado evidentemente não excluía a possibilidade do homem se tornar sujeito à morte. Embora o homem, no estado de retidão, não estivesse sujeito à morte, estava propenso a essa sujeição. Era inteiramente possível que, mediante o pecado, ele se tornasse sujeito à lei da morte; e o fato é que ele caiu vítima dele. 1Ts 5.23 - O corpo é o elemento material; a alma é a volição (vontade), intelecto e emoções e o espírito é a parte imaterial que faz o elo de ligação com Deus.



Testemunho da Revelação Geral Quanto à Imortalidade da Alma.

Os argumentos colhidos na história e filosofia e na teologia, em prol da imortalidade da alma não são absolutamente conclusivos, mas certamente são testemunhos importantes da existência continuada, pessoal e consciente do homem.

A intenção da Bíblia não é provar. Ela não afirma explicitamente que a alma do homem é imortal, e não procura provar isso de maneira formal, como tampouco procura apresentar prova formal da existência de Deus. No entanto, isso não significa que a Escritura o negou ou o contradisse ou o ignorou. Ela pressupõe claramente em muitas passagens que o homem continua sua existência consciente após a morte. De fato, ela trata da verdade da imortalidade do homem de modo muito parecido ao modo como trata da existência de Deus, isto é, ela a pressupõe como um postulado incontestável.

Encontramos exemplos em certas passagens notáveis do Velho Testamento, que falam da alegria do crente em comunhão com Deus depois da morte. Jô 19.25-27; Sl 16.9-11; 17.15; 73.23,24,26. Elas exalam a confiante expectação de venturas na presença do Senhor. No Novo testamento, depois que Cristo trouxe à luz a vida e a imortalidade, naturalmente as provas se multiplicam. Ensina-se claramente uma existência continuada dos justos e dos ímpios. Que as almas dos crentes sobreviverão, vê-se de passagens como Mt 10.28; Lc 23.43; Jo 11.25, 26; 14.3; 2Co 5.1; e várias outras passagens evidenciam muito bem que se pode dizer a mesma coisa das almas dos ímpios, Mt 11.21-24; 12.41; Rm 2.5-11; 2Co 5.10. A Teologia usa a filosofia como suplemento e não como complemento.



4ª Aula


Teste de avaliação de aprendizagem

1. Conceitue a escatologia bíblica. Eschatos = último, logos = estudo; portanto, estudo das últimas coisas. É o estudo dos acontecimentos finais do plano de Deus para este mundo. Não só os acontecimentos do fim da história da humanidade, mas também aqueles que estão no final da existência do indivíduo, e ainda aqueles eventos que estão além da história, como a existência na eternidade.

2. Discorra acerca da importância da escatologia. É importante porque a esperança é fundamental na fé cristã. A bíblia dá ênfase aos acontecimentos finais, para certeza e consolo do povo de Deus. É natural que o homem queira saber, não só de sua origem e papel no mundo, como seu destino, como consumação dos propósitos de Deus para o homem. Sendo assim, a maneira como se vê a escatologia, se termina as ações até o final.

3. Qual a idéia fundamental da concepção bíblica da morte? Na Bíblia a morte física é o término da vida pela separação do corpo da alma (Mt 2.20; Jo 19.30; Ec 12.7); mas não é o fim da existência. A morte espiritual é onde todo homem se encontra até que se reconcilie por meio de Cristo (Is 59.2; Ef 2.1-3). A morte eterna acontece no além, e é a existência totalmente separada de Deus e dos Seus favores para sempre (2Ts 1.6-9), também chamada de “segunda morte” (Ap 20.14 e 21.8).

4. A morte é apenas resultado natural do pecado, ou é uma positiva punição pelo pecado? Justifique. Em qualquer aspecto, é resultado do pecado (Rm 5.12,21; 6.23). Representa um castigo divino para o homem (Rm 1.32 e 5.16).

5. Exponha sua posição bíblica a cerca da morte do crente. Quando o indivíduo crê em Jesus Cristo, ele obtém vitória sobre a morte em todos os aspectos. Vence a morte espiritual (Ef 2.5,6); a morte eterna (Jo 5.24) e de certa forma a morte física, pois embora o seu corpo fique sujeito à morte, o cristão fica livre da morte considerada como castigo. É vista como lucro (Fl 1.21,23), dormir no Senhor (1Ts 4.13-15) e estar presente com o Senhor ( 2Co 5.8). É um sofrimento que gerará aperfeiçoamento (Hb 5.7-9 e 12.23). Ela será vencida definitivamente com a ressurreição (1Ts 4.16,17)




5ª Aula


O ESTADO INTERMEDIÁRIO

Com certa freqüência a Bíblia refere-se à morte usando a figura do “sono”. Por causa dessa imagem, alguns têm concluído que o Novo Testamento ensina a doutrina do “sono da alma”. O sono da alma é geralmente descrito como um tipo de animação suspensa temporariamente da alma, entre o momento da morte pessoal e o tempo quando nosso corpo será ressuscitado. “O sono da alma representa um afastamento do cristianismo ortodoxo. Ele permanece, entretanto, como uma minoria firmemente entrincheirada no meio cristão.” Sproul, O Estado Intermediário, pp. 91-92

A visão tradicional é chamada de “Estado Intermediário”. Este ponto de vista crê que na morte a alma do crente vai imediatamente estar com Cristo e experimentará uma existência pessoal contínua e consciente enquanto aguarda a ressurreição final do corpo. Durante esse tempo o indivíduo ainda não passou pela ressurreição e pelo juízo final, e, portanto, encontra-se sem o corpo e sem as retribuições das obras, os quais acompanharão a existência eterna.

Jesus prometeu ao ladrão na cruz: “Hoje mesmo estarás comigo no paraíso” (Lc 23.43). Os que defendem a concepção do sono da alma argumentam que Jesus não poderia dizer que encontraria o ladrão no paraíso no mesmo dia, naquele momento, porque ficaria morto por 3 dias, porque ficaria, ainda não havia subido ao céu. Contudo, se a ascensão de Cristo realmente não houvesse acontecido e seu corpo certamente estivesse no sepulcro, ele não poderia ter entregue seu espírito ao Pai, como o fez. Temos convicção que no momento de sua morte, a alma de Jesus foi para o paraíso, conforme havia afirmado. Os defensores do sono da alma argumentam que a maioria das versões bíblicas tem se equivocado na posição da vírgula. Eles têm a seguinte redação errada: “Em verdade te digo hoje, estarás comigo no paraíso”.

Com esta mudança, o “hoje” então passa a referir-se ao tempo em que Jesus está falando, e não ao tempo em que Ele encontraria o ladrão no paraíso. Esta pontuação, contudo, é muito improvável. Era perfeitamente óbvio ao ladrão em que dia Jesus estava falando com ele. Dificilmente era necessário que Jesus dissesse que estava falando “hoje”. Este desperdício, por parte de um homem que lutava para poder respirar nas agonias da crucificação é exatamente improvável. Pelo contrário, de maneira consistente com o resto das evidências bíblicas quanto ao estado intermediário (Fl 1.19-26; 2Co 5.1-10), a promessa para o ladrão é que ele estaria reunido com Cristo no paraíso no mesmo dia.

Apesar de a morte trazer descanso para a alma e a Bíblia freqüentemente referir-se a ela usando o eufemismo (linguagem de palavra) do “sono”, não é correto supor que no estado intermediário a alma dorme ou que permanecemos inconscientes ou num estado de animação suspensa até a ressurreição final.

A provação da humanidade termina com a morte. Nosso destino final é determinado quando morremos. Não há esperanças para uma segunda chance de arrependimento depois da morte, e não existe nenhum lugar tal como purgatório para melhorar nossa condição futura (Hb 9.27).



ESTADO INTERMEDIÁRIO PARA O CRENTE

Os primeiros cristãos não deram atenção a questão do estado intermediário da alma, porque criam que Cristo voltaria imediatamente. Com a demora, as coisas mudaram e muitas doutrinas a respeito surgiram. Na escola alexandrina foi considerado como purificação gradual, daí o “purgatório”. Os reformadores ensinaram que os crentes quando morrem entram imediatamente no céu, e o incrédulo vai para o inferno. Alguns poucos textos bíblicos, nos ajudam a estabelecer uma doutrina bíblica a respeito.

O estado do crente depois da morte é diferente e melhor do que o experimentado nesta vida, embora não seja tão diferente ou tão abençoado quanto será na ressurreição final. No estado intermediário iremos experimentar a continuação da existência pessoal e consciente da presença e na presença de Cristo.

Para nós crentes, o estado intermediário refere-se à nossa presença consciente com Cristo no céu, como almas sem corpo, entre a morte e a ressurreição de nossos corpos.

1. Os mortos estão numa existência consciente – Lc 16.19-31 – Aquele que morreu continua a existir numa outra forma. Apesar de ser uma parábola, a verdade central ensinada deve ser considerada. Ap 6.9,10; 2 Co 5.6-9; Fl 1.23e Mt 22.32.

2. Os justos estão no gozo da salvação (presença de Cristo) – No VT Sl 49.14,15; Gn 5.24; Sl 73.24 e no NT Lc 23.43; 2 Co 5.8; Ap 2.7, 14.13 e Hb 9.24. A expectativa era que o cristão assim que deixasse o corpo passaria a estar presente com o Senhor. Mas, ainda não é o fim (Fl 3.21; 2 Co 5.10; Ap 20.12 e 21.1).

3. Os ímpios estão sob castigo e sofrimento – Lc 16.23 e é colheita (Gl 6.7,8; 2Pe 2.9); também os anjos v. 4; 1Pe 3.19; Mt 3.18.



Doutrinas que negam a existência consciente da alma

O sono da alma – Os textos mal interpretados Mc 9.24; At 7.60; 1Co 15.51; 1Ts 4.13.

A destruição da alma – Deus cria tudo novo? Ec 12.7; Mt 25.46; Rm 2.8-10; Ap 14.13; 20.10.

O purgatório – Lugar de purificação e preparação para céu, segundo Macabeus 12.43-45

O limbo das crianças – ficam nas bordas do inferno, porém não sofrem (Jo 3.5).

O limbo dos pais – Seio de Abraão (Lc 16.23) e paraíso (Lc 23.43). Continuam achando que estado intermediário é um lugar.




6ª Aula


Teste de avaliação de aprendizagem

1. Cite e comente pelo menos três razões para o estudo da escatologia.



2. Assinale as alternativas corretas

( ) A grande maioria das religiões, cristãs e não cristãs, concordam em linhas gerais com o fato de que a alma é imortal.

( ) A igreja de Jesus Cristo tem a firma convicção que após a morte, a alma dorme.

( ) No sentido mais absoluto da palavra, só se atribui imortalidade a Deus.

( ) Uma das doutrinas da religião ou filosofia natural é que, quando o corpo é dissolvido, a alma não comparte a sua dissolução, mas retém a sua identidade como um ser individual.

( ) Imortalidade é um termo teológico, que designa o estado do homem no qual ele está inteiramente livre das sementes da decadência e da morte.



3. Qual é o testemunho da revelação geral quanto à imortalidade da alma.



4. Disserte sobre o testemunho da revelação especial (Bíblia) acerca da imortalidade da alma.



5. Qual a sua posição acerca do “estado intermediário”? Prove com referências bíblicas.



6. Cite e comente em síntese, quais as posições escatológicas existentes.





7ª Aula


1 - O MILÊNIO

O Milênio é o período de 1.000 anos em que Cristo reinará sobre a terra, dando cumprimento às alianças abraâmica e davídica, bem como à nova aliança.

“...e reinaram com Cristo durante mil anos” (Ap. 20.4b). O milênio será, de acordo com as escrituras, um tempo de restauração para todas as coisas. Ao invés do pecado, a justiça encherá a Terra.

Será verdadeiramente a Idade Áurea da Terra, acerca da qual os poetas têm entoado, e pela qual este mundo triste e sofrido tem esperado através de todos os séculos, desde que o seu Rei foi crucificado e assim o Senhor da Glória foi rejeitado pelos que lhe pertenciam e por cuja razão, o reino foi adiado.

Haverá profundas mudanças na Terra, durante o Milênio. A maldição que Deus pronunciou devido ao pecado, será removida e assim a benção de Deus mover-se-á sobre a Terra.

Vejamos agora alguns itens a serem considerados sobre o Milênio.

1.1 – A forma de Governo

TEOCRÁTICO, isto é, o próprio Deus regerá o mundo na pessoa do Seu Filho, o Senhor Jesus Cristo (Ap 19.16; 20.4).

1.2 – A Sede do Governo

Jerusalém será a capital do mundo. A desprezada cidade tantas vezes pisada pelos exércitos invasores (Is 2.2-4).

1.3 – Condições espirituais

As condições espirituais em evidência durante o Milênio contrastarão fortemente com as prevalecentes nos dias atuais. Então terá sua total realização a profecia de Joel 2.28,29, em que, o Espírito Santo será derramado sobre Israel e as demais nações.

1.4 – O conhecimento do Senhor será universal durante o Milênio

Is 11.9; Jr 31.34. Tal qual hoje o mal prevalece e muitas nações jazem nas trevas da idolatria, naquele tempo a justiça de Deus prevalecerá e todas as nações conhecerão o nome do Senhor Jeová Rafá.

1.5 – Satanás será preso durante o Milênio.

Esse inimigo, tanto de Deus como do homem, será algemado e lançado no abismo, de maneira que ele ficará impossibilitado de exercer o seu nefasto programa de engano entre os homens; Ap 20.1-3.

1.6 – Haverá paz universal durante este período em estudo.

Hoje os esforços humanos para promover a paz entre os homens são vãos. Porém chegará o dia em que o Príncipe da Paz estabelecerá a perfeita harmonia entre as nações.

1.7 – Fim do Milênio

Satanás será solto do abismo, por um pouco de tempo e enganará as nações a fim de congregá-las para a batalha.

O fato de que o homem dará ouvidos aos enganos de Satanás, embora tenha usufruído das bênçãos e das melhores influências espirituais, durante este período, mostrará que o estado de depravação natural do coração humano, ainda se encontra enraizado dentro do seu instinto pecaminoso, por natureza, e este estado de depravação será revelado no fim desse período de 1.000 anos.

Mas, no ponto pinacular da rebelião contra o Senhor, Deus enviará fogo do céu que os devorará.

O fim do Milênio marcará também o fim de todas as dispensações terrestre e o fim do tempo.

Schweitzer - diz que os fatos relacionados à Escatologia, citados por Jesus não são verdadeiros, são símbolos.

Dood - Para ele a nova era já está aqui. Não temos que aguardar, temos que experimentar – Veja Cl 1.13 e Jo 10.10.

Butman - Acha até a ressurreição duvidosa, não acredita que os comentários dos discípulos sejam verdadeiros – Deus é o Deus do impossível e veja 2Pedro 1.21.

Multman - Estudo do futuro é irrelevante.



2 - Pós Milenismo (Pós Milenista)

Acreditam que o reino de Deus já se faz presente. Que haverá avivamento, e com isto a paz se espalhará no mundo. O reino é o governo de Deus nos corações, não é algo que será introduzido de modo cataclísmico. Haverá um período de 1000 anos de paz – Is 11.6; Jo 14.6 e Mt 13. A segunda vinda de Cristo será seguida da ressurreição de todos e depois do julgamento final. Os 1000 anos de Apocalipse são simbólicos em sua natureza (uma interpretação amplamente espiritualizada no que tange a profecia).

A segunda vinda de Cristo se dará depois do Milênio.

2.1 - Ordem dos acontecimentos  A parte final da Era da Igreja (isto é, os seus últimos 1.000 anos) é o Milênio, que será uma época de paz e abundância promovida pelos esforços da Igreja. Depois disso, Cristo virá. Seguir-se-á então uma ressurreição generalizada, e depois desta um juízo geral e a eternidade.


3 - Amilenismo (Amilenista)

Acreditam que o reino de Deus foi inaugurado com a vinda física de Jesus e continua espiritualmente. Já estamos vivendo o milênio, não acreditam nele de forma literal – Ap 16; Lc 17.20,21. A tribulação já começou (pós tribulacionista). A segunda vinda de Cristo inaugurará a era final, haverá a ressurreição de todos, seguida de julgamento final. É o sistema escatológico mais simples.

A “primeira ressurreição” (Ap 20:5) se refere à vida de cristãos que morreram e que estão com Cristo no céu ou a vida em Cristo que começa com o novo nascimento e sobre o novo Israel crê que é a igreja – Gl 6.16.

A segunda vinda de Cristo se dará no fim da época da Igreja e não existe um Milênio na Terra. Estritamente falando, os amilenistas crêem que a presente condição dos justos no céu é o Milênio. Alguns amilenistas tratam a soberania de Cristo sobre os corações dos crentes como se fosse o Milênio.

3.1 - Ordem dos acontecimentos  A Era da Igreja terminará num tempo de convulsão (pós tribulacionistas), Cristo voltará, haverá ressurreição e juízo gerais e, depois a eternidade.



4 - Pré milenismo (Pré Milenista)

Acreditam que após a segunda vinda de Cristo, Ele (Cristo) reinará fisicamente aqui por mil anos. Será inaugurado de modo dramático e não paulatinamente (Mt 24.12).

Durante os três primeiros séculos a interpretação do pré milenista dominou a igreja primitiva, mas a partir do IV século a interpretação amilenista ganhou força principalmente porque a igreja cristã recebeu uma posição favorável do imperador Constantino que deu fim à perseguição da igreja. A conversão de Constantino e o reconhecimento político do cristianismo foram interpretados como o princípio do reino milenial sobre a terra.

No concílio de Éfeso em 431 o pré milenismo foi condenado como superstição, embora o amilenismo tenha dominado na história da igreja por 13 séculos (do 4 ao 17), o pré milenismo continuou a ser defendido por grupos de crentes no século 19.

4.1 - Ordem dos acontecimentos  A Era da Igreja termina no tempo da Tribulação, Cristo, volta à Terra, estabelece e dirige Seu reino por 1.000 anos, ocorrem a ressurreição e o juízo dos não-salvos, e depois vem a eternidade.

4.2 - A questão do arrebatamento  Entre os pré-milenistas não há unanimidade quanto ao tempo em que vai ocorrer o arrebatamento.



A TRIBULAÇÃO

1 - Duração

Corresponde a última semana apresentada por Daniel na profecia das Setenta semanas (Septuagésima Semana de Daniel), portanto, durará sete anos (Dn 9.27). A metade desse período é apresentada pelas expressões “42 meses” e “1.260 dias” (Ap 11.2-3).

O primeiro período (Mt 24.3-14) é chamado de O Principio das dores. O segundo período (Mt 24.15-28) é chamado de A Grande Tribulação.



2 - Descrição dos acontecimentos:

2.1 - Julgamento sobre o mundo - As três séries de juízos descrevem esse julgamento (selos (Ap 6), trombetas (Ap 8-9) e taças (Ap 16)).

2.2 - Perseguição contra Israel (Mt 24.9, 22; Ap 12.17).

2.3 - Salvação de multidões (Ap 7)

2.4 - Ascensão e domínio do anticristo (2 Ts 2; Ap 13).



3 - Desfecho

A tribulação terminará com a reunião das nações para a batalha de Armagedom e com o retorno de Cristo a terra (Ap 19). Segundo os pré milenistas, neste momento, se dá inicio ao reinado de 1.000 anos de Cristo.


O ARREBATAMENTO DA IGREJA

Os textos para compreendermos o arrebatamento são os seguintes: 1 Tessalonicenses 4:13-18; 1 Coríntios 15.51-57; João 14.1-3

1 – A ocasião do arrebatamento

Pós milenistas e amilenistas vêem o arrebatamento da Igreja no final desta era e simultaneamente com a segunda vinda de Cristo.

Entre os pré milenistas, há vários pontos de vista:

1.1 - Pré Tribulacionismo

Acredita que a igreja será arrebatada antes da grande tribulação. A Segunda vinda em duas etapas: Uma para a Igreja (a vinda do Senhor nos ares – esta ocorrerá antes que comece o período de sete anos da Tribulação) e outra para todos (Cristo desce a Terra), após a grande tribulação.

Provas citadas:

• A promessa de ser guardada (fora) da hora da provação (Is 57.1; Lc 21.36; Ap 3.10);

• A remoção do aspecto de habitação no ministério do Espírito Santo exige necessariamente a remoção dos crentes (2 Ts 2.1-8);

• A Tribulação é um período de derramamento da ira de Deus, da qual a Igreja já está isenta (Ap 6.17; 1 Ts 1.10; 5.9).


1.2 – Mesotribulacionista ou Mid tribulacionista

O arrebatamento ocorrerá depois de ter transcorrido três anos e meio do período da Tribulação.

Provas citadas:

• A última trombeta de 1 Coríntios 15.52 é a sétima trombeta de Ap 11.15-19, que soa na metade da Tribulação;

• A Grande Tribulação é composta apenas dos últimos três anos e meio da septuagésima semana da profecia de Daniel (Dn 9:24-27), e a promessa de libertação da Igreja só se aplica a esse período (Ap 11.2; 12.6);

• A ressurreição das duas testemunhas retrata o arrebatamento da Igreja, e sua ressurreição ocorre na metade da Tribulação (Ap 11.3,11).



1.3 - Pós tribulacionismo

O arrebatamento acontecerá ao final da Tribulação. O arrebatamento é distinto da segunda vinda, embora seja separado dela por um período pequeno de tempo. A Igreja permanecerá na Terra durante todo o período da Tribulação, mas Deus a protegerá.

Segunda vinda é única.

Provas citadas:

• O arrebatamento e a Segunda vinda de Cristo são descritos pelas mesma palavras;

• Preservação da ira significa proteção sobrenatural para os crentes durante a Tribulação, não libertação por ausência (assim como Israel permaneceu no Egito durante as pragas, mas foi protegido de seus efeitos);

• Mt 24.29-31



1.4 – Arrebatamento parcial

Somente crentes considerados dignos serão arrebatados antes da ira de Deus ser derramada sobre a Terra; os que não tiverem sido fiéis permanecerão na Terra durante a Tribulação. Muitos pré tribulacionistas crêem num arrebatamento parcial da Igreja.

Provas citadas:

• Versículos como: Mt 25.1-13; Lc 17.34-36; Hb 9.28;

• Há santos na Terra durante a Tribulação (Mt 24.22).



2 – Acontecimentos relacionados com o arrebatamento

• A descida de Cristo (depende da posição escatológica);

• A ressurreição dos mortos em Cristo;

• A transformação de corpos mortais para imortais dos crentes vivos na ocasião;

• O encontro com Cristo nos ares para a subida ao céu.


Tarefa  Fazer um gráfico cronológico, de cada linha teológica, dos últimos tempos.



8ª Aula


A Segunda Vinda

A Bíblia tem 1845 referências à Volta de Cristo (1527 no Velho Testamento e 318 no Novo Testamento). Este número é 6 vezes maior que as referências à Sua Primeira Vinda.

Vários termos são empregados para denotar este grande evento, dos quais os seguintes são os mais importantes:

1. Apocalupsis (desvendamento, revelação) - que indica a remoção daquilo que agora obstrui a nossa visão de Cristo (1 Co 1.7; 2Ts 1.7; 1Pe 1.7,13; 4.13).

2. Epiphaneia (aparecimento, manifestação) – termo referente à vinda de Cristo, saindo Ele de um substrato oculto com as ricas bênçãos da salvação (2Ts 2.8; 1Tm 6.14; 2Tm 4.1; Tt 2.13).

3. Parousia (literalmente, presença) – que assinala a vinda que precede ou que resulta na presença de Cristo (Mt 24.3, 27, 37; 1Co 15.23; 1Ts 2.19; 3.13; 4.15; 5.23; 2Ts 2.1-9; Tg 5.7,8; 2Pe 1.16; 1Jo 2.28).



Como será a Segunda Vinda de Cristo

Os dispensacionalistas dos dias atuais distinguem duas vindas futuras de Cristo, embora às vezes procurem preservar a unidade da idéia da Segunda vinda falando dela como dois aspectos daquele grande evento. Mas, desde que as duas são na realidade, apresentadas como dois eventos diferentes, separados por um período de vários anos, cada qual com seu propósito, dificilmente poderão ser consideradas como um evento único.

A primeira é a parousia, ou simplesmente “a vinda”, e resulta no arrebatamento dos santos, às vezes descrito como um arrebatamento secreto. Esta vinda é iminente, isto é, pode ocorrer a qualquer momento, visto que não há eventos preditos que devam preceder sua ocorrência. A opinião predominante é que, nesse tempo, Cristo não descerá à Terra, mas permanecerá nas alturas. Os que morreram no Senhor ressuscitarão dos mortos, os santos vivos serão transfigurados, e juntos recolhidos para encontrar-se com o Senhor nos ares.

Seguir-se-á um intervalo de sete anos (período da Tribulação), Israel se converterá, Rm 11.26, ocorrerá a Grande Tribulação (três anos e meio finais), e o anticristo ou homem do pecado será revelado, 2Ts 2.8-10.

Depois destes eventos, haverá outra vinda do Senhor com os seus santos, 1Ts 3.13, chamada “revelação” ou “dia do Senhor”, no qual Ele descerá à Terra. Ele descerá com os Seus pés sobre o Monte das Oliveiras (no mesmo monte de onde ascendeu ao céu há mais de dois mil anos).

O Monte das Oliveiras será fendido pelo meio, metade do monte se apartará para o norte e a outra metade para o sul (Zc 14.4).

Cristo voltará no fim do mundo com o propósito de introduzir a era vindoura, o estado eterno de coisas.

Ele virá para julgar e restaurar Israel, e também para julgar as nações (Mt 25.31-46), e introduzirá o reino milenar.


Data da Segunda vinda – Não se sabe a ocasião exata da vinda do Senhor, Mt 24.36, e todas as tentativas do homem para determinar a data exata evidenciaram-se errôneas. A única coisa que se pode dizer com certeza, com base na Escritura, é que Cristo voltará no fim do mundo.


Abrangência da restauração – Com a Segunda vinda ocorrerá a restauração de todas as coisas (At 3.20,21). A expressão “restauração de todas as coisas” é forte demais para referir-se a algo menos que o perfeito restabelecimento do estado de coisas anterior à queda do homem. Ela indica o restabelecimento de todas as coisas à sua condição antiga.


Será uma vinda pessoal – Isto se deduz da afirmação feita pelos anjos aos discípulos no Monte da Ascensão (At 1.11).


Será uma vinda física – Que a volta do Senhor será física se deduz de passagens como At 1.11; 3.20,21; Hb 9.28; Ap 1.7). Jesus voltará corporalmente à Terra. Alguns identificam esta vinda com a Sua vinda espiritual no dia de Pentecostes, e entendem que a parousia significa a presença espiritual do Senhor na Igreja.


Será uma vinda visível – Se Cristo virá de forma corpórea, Ele será visível (Mt 24.30; 26.64; Mc 13.26; Lc 21.27; At 1.11; Cl 3.4; Tt 2.13; Ap 1.7).


Será uma vinda repentina – Embora de um lado a Bíblia ensine que a vinda do Senhor será precedida de diversos sinais, ensina, de outro lado, que, de maneira igualmente enfática, que a vinda será repentina, será inesperada, tomando de surpresa o povo (Mt 24.37-44; 25.1-12; Mc 13.33-37; 1 Ts 5.2,3; Ap 3.3; 16.15).


Será uma vinda gloriosa e triunfal – Ele não voltará no corpo da Sua humilhação, mas numa corpo glorificado e com vestes reais (Hb 9.28; Mt 24.30; 2 Ts 1.7; 1 Co 15.25; Ap 19.11-16).




9ª Aula


A Ressurreição

A ressurreição é doutrina fundamental na escatologia. Vamos examinar sua base bíblica, sua natureza, seus sujeitos e sua importância.

1 – Base Bíblica

1.1 – No Antigo Testamento

Alguns dizem que no A.T. não tem uma doutrina da vida além-túmulo nem da ressurreição do corpo. Sem dúvida foi Jesus que trouxe à luz a vida e a imortalidade, mas, mesmo assim, a idéia da ressurreição já aparece no Antigo Testamento.

• A crença de que a comunhão do crente com Deus é tão forte que nem a morte pode destruí-la (Sl 16.10,11; 49.15; Ec 12.7).

• Textos que afirmam categoricamente a ressurreição do corpo (Is 26.19; Dn 12.2).

• O fato de que Jesus e os fariseus creram na ressurreição com base no Antigo Testamento.


1.2 – No Novo Testamento

• A ressurreição de Cristo passou a ser a grande verdade da ressurreição.

• Textos que afirmam a ressurreição (Jo 5.25-29; 6.39,40,44; 11.23-26; At 24.15; 1 Co 15; Fl 3.21).


2 – A Fonte da Ressurreição

A Bíblia afirma que a ressurreição tem sua fonte em Cristo. Ele é a ressurreição e a vida (Jo 11.25). É Ele quem ressuscita os mortos (Jo 5.28,29; 6.39, 40, 44,54).

Ele é a primícia dos que dormem, isto é, Ele é o primeiro a experimentar a ressurreição do tipo que nós vamos ter. Cristo é a garantia e o padrão da nossa ressurreição (Fl 3.20,21).

A ressurreição de Cristo constitui-se num ato da nova criação, sendo o corpo ressurreto de Cristo o primeiro corpo desta nova ordem de existência.

Às vezes a Bíblia diz que a ressurreição é uma obra de Deus, sem especificar pessoa alguma (Mt 22.29; 2 Co 1.9). Outras vezes, é obra realizada pelo Espírito Santo (Rm 8.11). Porém, a maior ênfase é que a ressurreição é obra de Jesus Cristo, conforme já indicamos acima com vários textos. Naturalmente, trata-se de uma obra da Trindade, mas que se realiza através da segunda pessoa.



3 – A Natureza da Ressurreição

3.1 – Literal e corpórea

“Como ressuscitam os mortos?” (1 Co 15.35). Esta pergunta imaginada pelo apóstolo Paulo, ele mesmo responde ensinando que a ressurreição é literal e corpórea. É o corpo físico que ressuscita (1 Co 15.42). Não se trata de uma ressurreição espiritual ou simbólica, mas literal e física.

3.2 – Relação e diferença com este corpo

Será uma ressurreição do corpo mesmo e não uma criação inteiramente nova. Deus vai ressuscitar o próprio corpo de cada um. Esta inferência não vem somente do termo ressurreição, mas também de declarações expressas como em Romanos 8.11 e 1 Coríntios 15.53.

Entretanto, conquanto haja uma identidade fundamental com o corpo atual, o corpo ressuscitado será diferente, pois passará por grande transformação. Será corpo glorificado.

• O corpo ressuscita em incorrupção, enquanto morre corrupto.

• O corpo ressuscita em poder, e morre em fraqueza.

• Ressuscita corpo espiritual, enquanto o que morre é carnal (animal).

Será um corpo adequado para habitar a nova criação. um corpo apropriado para unir-se ao espírito aperfeiçoado e viver na nova ordem de existência.



4 – A Ressurreição dos ímpios

Os ímpios também vão ressuscitar (Dn 12.2; Jo 5.28,29). Quanto a qualidade do corpo deles não temos muita clareza na Escritura. Mas sabemos que será uma ressurreição para condenação.

Seus corpos ressuscitados será corpos adequados para unirem-se aos espíritos, não aperfeiçoados, mas condenados à punição eterna (2 Ts 1.9).



5 – O Tempo da Ressurreição

Quanto ao tempo da ressurreição, os amilenistas e os posmilenistas colocam a ressurreição dos crentes e dos ímpios num mesmo evento, pela ocasião da volta de Cristo, no fim dos tempos.

Os premilenistas separam a ressurreição dos crentes da dos ímpios pelo tempo do milênio, sendo a dos crentes antes (no arrebatamento), e a dos ímpios depois do milênio.

Esta é uma questão em aberto. Entretanto, podemos afirmar que o tempo da ressurreição é a volta de Cristo, ou o “último dia” (Jo 6.40; 1 Ts 4.16,17; 1 Co 15.52). Sem a presença real de Cristo não há ressurreição.

A ressurreição marca o início do mundo vindouro (Lc 20.35), enquanto que a segunda vinda de Cristo assinala o fim deste mundo presente.



6 – A Importância da Doutrina da Ressurreição

• Confirmação da unidade da natureza humana – A natureza do homem não é dicotômica ou tricotômica, mas unidade (é uma só). O homem existe na união de corpo, alma e espírito.

• Restauração da obra de Deus – O corpo será restaurado, como toda a criação o será (Rm 8.21).

• Redenção completa – A redenção não está completa sem a ressurreição do corpo (Rm 8.20-23). Deus não irá salvar somente a alma ou/e o espírito.




10ª Aula


O Julgamento Final

Outro evento escatológico relacionado com a volta de Cristo e o fim do mundo, proeminente na Bíblia, é o julgamento final. Toda a Escritura ensina que haverá um julgamento no final da história, o último.

O Antigo Testamento fala do “dia do Senhor”, quando Deus julgará as pessoas (Am 5.18; Ml 4.1; etc.).

No Novo Testamento as referências são abundantes também (Mt 25.31-46; Jo 5.27-29; At 17.31; Rm 2.5-11; 2 Tm 4.1; Hb 9.27; 10.27; 2 Pe 3.7; Ap 20.11-15).

As palavras principais usadas (hebraico: shafat e mishpt; no grego: krima, krino e krisis) aparecem centenas de vezes.

Estudaremos a natureza, o juiz, os que serão julgados, o critério, o propósito e a importância do julgamento final de Deus.

1 – Natureza do Julgamento

O julgamento final na Bíblia não é um processo espiritual invisível e infindável, nem pode equiparar-se com os julgamentos parciais e temporais de Deus sobre pessoas e nações na história. No presente, Deus visita o mal com castigos, e recompensa o bem com bênçãos. Mas, estes julgamentos não são finais. Muitas vezes o mal prossegue sem a devida punição, e o bem nem sempre é recompensado nesta existência com as bênçãos prometidas. Por esta razão, a própria consciência humana também reclama por um julgamento completo. Exemplos de reivindicações da justiça divina encontramos em muitas partes da Bíblia (Ml 2.17; 3.14,15; Sl 73, em Jó, etc.).

A Bíblia nos ensina a olhar para o futuro e aguardar o julgamento final como resposta para as interrogações sobre a justiça divina, a solução de todos os problemas e a remoção de todas as discrepâncias aparentes da era atual. Os textos não se referem a um processo, mas a um evento bem definido no fim dos tempos.


2 – O Juiz do Julgamento

O julgamento final é obra da Trindade. Dentro dela, o poder de julgar é dado ao Filho (Mt 25.31,32; Jo 5.27; At 10.42; 17.31; Fl 2.10; 2 Tm 4.1). Então, quem julga é Deus, através do Filho. Foi por causa da sua encarnação, expiação e exaltação que Jesus Cristo adquiriu todo o poder de julgar os vivos e os mortos. Cristo terá o auxilio dos anjos no julgamento (Mt 13.41,42; 24.31; 25.31). Os santos também, de algum modo, vão julgar com Cristo (1 Co 6.2,3; Ap 20.4). Este julgamento através dos santos pode significar mais do que simplesmente a condenação do mundo por sua fé, como os ninivitas teriam condenado as cidades incrédulas nos dias de Jesus; pode ser ainda mais do que estar presente ao julgamento de Cristo. É provável que o apóstolo Paulo estava dizendo mais do que isto para os coríntios.



3 – Os que Serão Julgados

A Bíblia ensina que todos serão julgados, justos e ímpios (Mt 25.31-46; 1 Co 3.12-15; 2 Co 5.10; 2 Pe 2.4-10; Ap 20.12,13). Quando Jesus declara que os crentes não entram em juízo (Jo 5.24), certamente está dizendo que não entram em condenação, isto é, não está em julgamento sua salvação, mas suas obras. O julgamento alcança também os anjos maus (Mt 8.29; 1 Co 6.3; 2 Pe 2.4; Jd 6). Será o dia da ruína final de Satanás e seus demônios. Há quem argumente que Paulo em 1 Coríntios 6.3 está se referindo ao julgamento dos anjos bons. Mas outros estudiosos defendem que como a palavra angelous não está precedida do artigo, não poderia estar se referindo aos anjos bons. Mais provável é que Paulo estivesse pensando no julgamento dos demônios.



4 – Elementos Básicos do Julgamento

4.1 – Responsabilidade individual

O julgamento tem por fundamento a responsabilidade de cada individuo perante Deus. Deus é o soberano criador e sustentador de todos no universo, e com Ele todos temos de tratar. Cada pessoa deve prestar contas de seus atos diante de Deus.

4.2 – Conhecimento da revelação

No julgamento final, será levado em conta o grau de conhecimento ou de luz que cada um recebeu de Deus. Por meio da revelação natural, todos puderam ter algum conhecimento de Deus, pelo que são indesculpáveis (Rm 1.19,20). Através da revelação especial o conhecimento aumentou (Rm 2.18). Assim, “os que sem lei pecaram, sem lei também perecerão; e todos os que sob a lei pecaram, pela lei serão julgados” (Rm 2.12). A revelação especial em Cristo fornece mais elementos ainda para embasar o julgamento final (Jo 3.18-21). A luz emanado por Cristo pode resultar salvação para os que crêem, ou mais duro juízo e condenação para os que rejeitam a luz.

4.3 – As obras humanas

O julgamento final levará em conta as obras de cada um (Mt 16.27; 25.31s; Jo 5.29; Rm 2.6; 1 Co 3.12-15; 2 Co 5.10; Ap 20.13). A resposta do homem à revelação de Deus mostra-se nas obras, termo que inclui todos os atos de obediência ou desobediência, inclusive “toda palavra fútil” (Mt 12.36) e todos “os segredos dos homens” (Rm 2.16; 1 Co 4.5).

Não é a fé em si que será julgada, mas as obras, produtos da fé. As obras revelam a fé e o caráter da pessoa, e o caráter revela o seu destino.



5 – O Propósito do Julgamento

5.1 – Declaração

O julgamento final não é uma espécie de sindicância para se descobrir o destino das pessoas. O propósito do julgamento não é descobrir, mas declarar toda a verdade. O caráter e os segredos dos homens serão plenamente descobertos e se tornarão conhecidos no julgamento final. Será declarado o que o homem é e o que ele fez ou deixou de fazer face à revelação de Deus.

5.2 – Retribuição

O julgamento final tem ainda outro propósito: retribuir a cada um, conforme as suas obras (1 Co 3.12-16; 2 Co 5.10, etc.). Esta retribuição não significa vida eterna ou salvação, pois estas não vêm das obras, pois são dons gratuitos de Deus em Cristo Jesus (Rm 6.23; Ef 2.8-9). A retribuição é a recompensa ou o galardão aos crentes pelas obas obras de fé realizadas, e o castigo pelas más obras dos ímpios.

No céu ou inferno, cada qual terá a retribuição das suas obras. “Para todos os que comparecerão ao juízo, a entrada no céu, ou a exclusão dele, dependerá da questão se estão revestidos da justiça de Jesus Cristo. Mas haverá diferentes graus, tanto de ventura no céu como de castigo no inferno” (Berkhof, L.).

5.3 – Separação entre o bem e o mal

Um dos propósitos do julgamento é a separação entre o bem e o mal, que agora existem juntos no mundo (Mt 13.24-30). Todo o pecado e suas manifestações serão erradicados do meio dos salvos, que então passarão a constituir um povo perfeito, sem mácula alguma, no “novo céu e nova terra”.

5.4 – Glorificação de Deus

A declaração de toda a verdade acerca do homem e retribuição de todas as obras resultarão também em revelação maior do caráter e das obras de Deus na Sua relação com o homem. Seu amor, justiça, poder, sabedoria, santidade, obras, serão plenamente revelados naquele dia, e formarão um contraste com as fraquezas dos homens. Ali haverá maior conhecimento de Deus. “Então conhecerei plenamente, como também sou conhecido” (1 Co 13.13). assim, o julgamento final resultará em glória ao nome de Deus, aliás, propósito final da criação e da revelação.



6 – Ocasião e Importância do Julgamento

6.1 – Ocasião

Os premilenistas situam o julgamento final depois do milênio, portanto, cerca de mil anos depois da volta de Cristo. Outros julgamento já teriam ocorrido, o dos crentes e das nações. Entretanto, nosso entendimento é que o julgamento de Apocalipse 20.11-15 é um julgamento no final do mundo para todos os indivíduos, grandes e pequenos, salvos e perdidos, de onde saem alguns para a vida e outros para a condenação eterna (20.15). Ele terá lugar imediatamente após a ressurreição na volta de Cristo.


6.2 – Importância da Doutrina

A doutrina do julgamento final é muito importante para os crentes e para todos em geral, pelo menos por duas razões:

• A doutrina do julgamento final dá dignidade às nossas ações. Elas serão avaliadas e recompensadas por Deus. Deus olha e sabe o que estamos fazendo. Todos os nossos atos, pequenos ou grandes, estão sendo registrados perante Deus, para serem julgados no grande dia do juízo. Nosso destino eterno depende das ações e decisões desta vida.

• O julgamento final significa que no fim a justiça vai prevalecer, para a glória de Deus Pai.





11ª Aula


O Destino Eterno

Depois do juízo final, segue-se o destino eterno. Para os justos, o céu; para os ímpios,o inferno. Vejamos primeiro o destino dos ímpios.

1 – O Destino Eterno dos Ímpios: o Inferno

1.1 – O inferno é um lugar

A Bíblia afirma a existência real do inferno. Não se trata apenas de um estado subjetivo da pessoa sem Cristo no além, mas é também um lugar. Muitas passagens nos dão conta da sua existência como um lugar para onde os ímpios vão (Mt 25.41,46; Mc 9.45,46; 2 Ts 1.7-9; Lc 16.19-31; Ap 20.10; 21.8).

O termo mais usado para designar o destino final dos ímpios sugere uma localidade. A idéia de punição eterna é derivada da palavra hebraica ge hinnon (Vale de Hinon) e do seu correspondente grego gehenna. Este termo que é traduzido por “inferno”, originalmente indicava um vale próximo de Jerusalém, vale de Hinon, onde os pagãos sacrificavam seus filhos ao ídolo Moloque. Depois passou a ser um vale onde as impurezas da cidade eram queimadas diuturnamente, com fogo que nunca se apagava. Assim, gehenna (inferno) passou a ser um lugar de imundícias e de destruição, e se transformou num símbolo do juízo divino.

No Novo Testamento, gehenna é visto como uma “fornalha de fogo” onde “haverá choro e ranger de dentes” (Mt 13.42,50), lugar “onde o seu verme não morre e o fogo nunca se apaga” (Mc 9.48). Inferno é lugar de castigo escatológico de eterna duração (Mt 25.46). Ali se juntam o corpo e a alma (Mc 9.43,45-48).

É o lugar de castigo para os ímpios bem como para Satanás e os demônios (Mt 25.41), a besta e o falso profeta (Ap 19.20;20.10), e também para a morte (Ap 20.14). Outras expressões equivalentes são “fogo eterno”, “lago de fogo”, “lago ardente de fogo e enxofre”, em fim, inferno é um lugar.

1.2 – A natureza do castigo

• Ausência total do favor de Deus – O inferno é a negação de todo o bem que as pessoas almejam e necessitam. É a negação completa do gozo e da felicidade. Deus, fonte de “toda boa dádiva e todo o dom perfeito” (Tg 1.17) não está ali para abençoar. Nenhuma necessidade ou ansiedade será satisfeita, por menor que seja (Lc 16.24). Aqui na terra os ímpios recebem a graça comum junto com os salvos. Mas no inferno, nada bom existe, porque é o lugar da ausência de Deus. Ali Deus não “faz nascer o sol sobre maus e bons, e faz chover sobre justos e injustos” (Mt 5.45).

• Completo domínio do pecado – As pessoas do inferno não foram salvas dos seus pecados, e levaram para lá suas almas maculadas, e por isto existem num estado eterno de pecado, e continuam pecando em palavras, pensamentos e obras no reino das trevas. Disto resulta uma interminável inquietude de vida.

• Sofrimento verdadeiros no corpo e na alma – O corpo ressurreto é adequado para os sofrimentos eternos. Alma e corpo se juntam na ressurreição para serem lançados no inferno. Estes sofrimentos significam castigo divino, manifestação da “ira de Deus contra toda a impiedade e injustiça dos homens” na sua expressão máxima e final (Rm 1.18; 2.5). A Bíblia declara que isto “é justo diante de Deus” (2 Ts 2.6).

• Castigos também subjetivos – O castigo no inferno consiste também em tormentos de consciência, angústia, desespero, choro e ranger de dentes (Mt 8.12; 13.50; Mc 9.43-48; Lc 16.23-28; Ap 14.10; 21.8). Certamente o castigo será diferenciado de acordo com o grau de culpa (Mt 11.22,24; Lc 12.47,48). Se cada pessoa é julgada “segundo as suas obras” (Ap 20.12), então o castigo é de acordo com o que cada um fez.

1.3 – A duração do castigo

O castigo é eterno – A Bíblia declara que a condenação é eterna. Alguns, entretanto, acham injusto atribuir-se castigo eterno por uma falta finita. O argumento em defesa do castigo eterno é que o castigo não é por alguns pecados cometidos no passado, apenas. Os que morrem no pecado continuarão num estado de pecado, e por isto, estarão pecando continuamente. E por essa existência de contínuo pecar estarão sendo continuamente castigados.

Os que não aceitam a idéia da eternidade do castigo seguem teorias que explicam de modo diferente a questão. Apresentamos aqui duas teorias:

• Primeira teoria: Aniquilacionismo – Segundo esta teoria, a alma sem salvação será destruída completamente. Outros da mesma corrente entendem que a alma vai sofrer até o dia do juízo final, para depois ser aniquilada. Ele se baseiam em expressões bíblicas que declaram que os ímpios serão destruídos, ou vão perecer (Mt 10.28; 1 Co 1.18; 4.3; 2 Ts 2.10). Alguns dizem que é possível interpretar o castigo eterno nos efeitos, nas conseqüências, mas não é necessário entender o castigo como uma experiência consciente de dor eterna.

• Segunda teoria: Restauracionismo – Há intérpretes que defendem que a morte resultará na salvação de todos. Outros, da mesma linha, entendem que haverá uma segunda oportunidade para os perdidos, quando todos se converterão; ou então, sofrerão tanto que serão persuadidos a voltarem para Deus. Ao final, todos serão salvos.

Entretanto, entendemos que o ensino da Bíblia é que o castigo será eterno, sem nenhuma chance de retorno (2 Ts 1.8,9; Mt 25.46).

O fato de a Bíblia declarar que Deus deseja a salvação de todos, que Cristo morreu por todos, e que haverá uma espécie de reconciliação universal (Rm 5.18; Jo 12.32; Ef 1.10; Cl 1.20; Fl 2.10,11), não deve ser interpretado ignorando-se outro fato bíblico: que toda a evidência bíblica é claramente contra o universalismo. Devemos interpretar a Bíblia pela Bíblia, e os versículos difíceis à luz dos textos mais claros, como manda a regra hermenêutica.


2 – O Destino Eterno dos Justos: o Céu

2.1 – O significado da palavra “Céu”

A palavra “céu” tem pelo menos três sentidos na Bíblia:

• Parte do universo – “No princípio criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1). Refere-se à atmosfera imediatamente acima da terra (Gn 1.20), ao firmamento onde o sol, a lua e as estrelas estão localizados (Gn 1.17).

• Sinônimo de Deus – “Pai, pequei contra o céu e diante de ti” (Lc 15.18). A expressão “reino dos céus” em Mateus é usada como sinônimo de “reino de Deus” em Marcos e Lucas.

• Habitação de Deus – O sentido mais significativo da palavra céu é ser ele a habitação de Deus (Dt 26.15; Sl 2.4). Jesus ensinou que Deus está no céu: “Pai nosso que estás no céu” (Mt 6.9). Jesus desceu do céu, subiu ao céu, e voltará do céu (Jo 3.13; At 1.11) e ele está a destra do Pai. O fator mais importante no céu é que ele é a habitação de Deus.



2.2 – Imagens bíblicas do céu

A idéia de céu vai muito além da nossa capacidade de entender; foge totalmente à realidade perceptível pela razão ou pela experiência humana. A Bíblia declara que “as coisas que olhos não viram, nem ouvidos ouviram, nem penetraram no coração do homem, são as que Deus preparou para os que o amam” (1 Co 2.9). Por isto, a Escritura usa imagens para comunicar a idéia do céu. Vamos considerar as principais:

• O tabernáculo – No Antigo Testamento, o tabernáculo era o lugar onde Deus habitava para estar com o Seu povo (Ex 25.8). Era a “tenda revelação” (Ex 27.21). No Novo Testamento, Jesus é a presença de Deus na terra, pois Ele “habitou entre nós” (Jo 1.14). A palavra “habitou” aí é tabernaculou, e significa habitar numa tenda. Depois da sua morte, Cristo entrou no verdadeiro tabernáculo, o céu mesmo, na presença de Deus (Hb 9.24). Em Apocalipse 21.3, a figura do tabernáculo é novamente usada para expressar a realidade do céu que chegou também para os salvos. O propósito final de Deus é habitar com o Seu povo, e isto, se cumpre cabalmente no céu.

• Pátria e cidade – Os filhos de Deus são estrangeiros e peregrinos na terra, em busca de uma pátria (Hb 11.13-16), que está nos céus (Fl 3.20). Lá está a cidade dos salvos. É a “nova Jerusalém” (Ap 21.2). A Jerusalém deste mundo é a velha cidade, o modelo, a sombra da verdadeira Jerusalém. Como cidade, o céu é lugar de permanência eterna (Hb 13.14). Isto contrasta com a vida nômade nas tendas (Hb 11.9,10). Como cidade, o céu é o lugar de comunhão, esplendor e glória (Ap 21).

• Um jardim – Uma realidade que lembra o jardim do Éden (Ap 22.1-5). A árvore da vida reaparece e dela agora podemos comer livremente, e as suas folhas são para a cura de todos os males que resultaram do pecado. Lá não há mais maldição. A presença de Deus ali é real, pois “verão a sua face”.


2.3 – Céu como nova criação

A Bíblia fala do destino final do povo de Deus em termos de criação de “um novo céu e uma nova terra” (Ap 21.1). O mundo presente será destruído (2 Pe 3.10-13), ou transformado e liberto (At 3.21; Rm 8.19-21) para dar lugar à morada dos salvos.

Alguns como os luteranos defendem a idéia de que a nova criação será inteiramente nova, recorrendo a 2 Pe 3.7-13, Ap 20.11; 21.1; ao passo que os teólogos reformados (calvinistas) preferem a idéia de que será uma renovação da presente criação, com apoio em Sl 102.26,27; Hb 1.10-12; 12.26-28.

Razões contra o argumento do aniquilamento da presente criação:

• Tanto em 2 Pe 3.13 como em Ap 21.1 o termo grego usado para designar a novidade do novo cosmos não é neos, mas sim kainos. A palavra neos significa novo em tempo ou origem, enquanto que kainos significa novo em natureza ou em qualidade.

• O argumento de Paulo em Romanos 8, onde se diz que é a criação atual que será libertada da corrupção no eschaton, não uma criação totalmente diferente.

• Analogia entre a nova terra e os corpos ressurretos dos crentes. Nestes, haverá tanto continuidade como descontinuidade entre o corpo atual e o corpo ressurreto. Assim será também a nova criação.

A idéia de nova criação, céu e terra, como destino eterno dos remidos, corresponde com as muitas promessas da Bíblia de que os filhos de Deus herdarão a terra, e nela reinarão.



2.4 – Lugar de bem-aventurança

A principal ênfase da Bíblia quanto ao destino eterno dos justo é sobre o estado de vida. Céu, portanto, mais que um lugar, é um estado de vida feliz. A Bíblia mostra várias facetas desse estado de bem-aventurança eterna dos crentes.

• Completo livramento do pecado – haverá santidade completa. O pecado não só será extirpado do crente, mas também de toda a ordem social e cósmica. Seremos semelhante a Cristo (1 Jo 3.2; Rm 8.29).

• Comunhão irrestrita com Deus – A comunhão do crente com Deus é a fonte de toda a verdadeira alegria. A expressão que melhor expressa essa verdade é: “e verão a sua face” (Ap 22.4).

• Isenção do mal – A ordem eterna será de isenção da natureza má, tal como a tristeza, a doença e a morte (Is 25.8; Ap 7.17; 21.4).

• Serviço contínuo a Deus – Serviremos a Deus continuamente (Ap 22.3). Não sabemos como serviremos. Com certeza, o louvor e a adoração serão tributados para sempre a Deus (Ap 5.9; 12.10; 14.3).


Pr. Cornélio Póvoa de Oliveira

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