RESTAURANDO A IMAGEM DA IGREJA - 1
Creio que há muito tempo a imagem
da igreja diante a sociedade está desgastada e deturpada. Atualmente quando se
pensa em igreja, logo vem à mente a imagem de pessoas vendendo produtos
“celestiais”, sacerdotes envolvidos em pedofilia, pastores milionários, pastores
na vida política e, igrejas construindo templos enormes para que seus nomes
sejam vistos pelos homens.
Contudo preciso esclarecer que isso
não é igreja, não são marcas da igreja de Cristo. Por isso proponho aqui uma busca para
restaurarmos a imagem da igreja. Para que isso seja possível precisamos
caminhar nas seguintes direções:
1 – Abandonar o legalismo religioso
Esse legalismo se faz no âmbito da
práxis pastoral e do discurso teológico.
Práxis pastoral –
Nossa esperança está firmada em rituais. Acreditamos que ao batizarmos alguém
mudamos sua vida, sua história e sua miséria com o lavar das águas. Nos
esquecemos que o batismo é um rito, e que deveríamos nos preocupar mais com a
essência por trás deste rito do que em realizar o próprio rito. O que realmente
ensinamos para que esta pessoa venha se batizar? Ela realmente compreende o por
quê está se batizando? Quem é Jesus? O que significa para sua vida render-se a
Jesus?
Realizamos casamentos com belas
festas, mas as pessoas não entendem o que é o casamento. Apresentamos cultos a
Deus todos os domingos, mas o coração do povo não está apegado a Deus, mas ao
que d´Ele pode se obter. Oramos e jejuamos não para que Deus imprima em nós sua
vontade, mas para obtermos poder e desta forma sermos mais idolatrados pelos
homens ou para obtermos bens materiais.
Acreditamos que a pratica dos ritos
nos santifica. Os ritos por si só não são maus, pelo contrário, nos ajudam a
lembrarmos dos valores celestiais. Contudo quando o rito está vazio de sua
essência espiritual ele perde o valor, e só nos ajuda a nos tornarmos mais legalistas.
Precisamos de uma práxis pastoral
que vai as ruas e becos das cidades, que olha para os marginalizados, que
abrace os enfermos, que grite pelos mudos que foram amordaçados pelo poder da
minoria que detém a maioria dos recursos financeiros.
Discurso teológico –
Nossa incapacidade de compreender plenamente Deus nos limita a uma visão
perfeita de Deus. Deus se revelou por meio de Seu Filho Jesus Cristo para que
pudéssemos aprender por meio dele a viver segundo a vontade de Deus. Entretanto
nos prendemos e brigamos por causa de doutrinas que formulamos ao longo dos
anos. Nosso legalismo religioso nos impede de nos tornarmos um só corpo neste
tempo, pois todos cremos saber mais que o outro, ter a melhor teologia, a
melhor doutrina e não compreendemos que o caminho da união está em abrirmos mão
de mistérios que não nos foram revelados.
Temos livre-arbítrio? Toda nossa
vida já estava escrita antes da fundação do mundo? Deus elegeu os salvos antes
da fundação do mundo? Podemos falar em línguas hoje? Batizamos por imersão ou
aspersão? Quando se dará o arrebatamento? E muitos outros temas são discutidos
pelas diversas denominações e linhas teológicas.
Particularmente tenho minhas
definições, entretanto não afirmo ser o detentor da verdade para assuntos onde
a Bíblia permite várias formas de se ler. Melhor é viver em paz com meu irmão.
Não quero com isso, dizer que a
igreja precisa rejeitar sua fé doutrinária. Não vejo problema que uma
denominação defenda um ponto de vista, mas é preciso ensinar a igreja a
suportar em amor àqueles que pensam diferentes, e amá-los de fato, vivendo numa
unidade verdadeira.
Para que a igreja tenha sua imagem
restaurada é preciso abandonar o legalismo que se faz presente em sua práxis
pastoral e em seu discurso teológico.
Precisamos de uma teologia que seja
mais pratica e de uma pratica que seja
mais próxima do ensino de Jesus Cristo.
Pr. Cornélio Póvoa de Oliveira
19/03/2013
Nenhum comentário:
Postar um comentário