PENTATEUCO
Definição
Verbete: Pentateuco [Do
gr. Pentáteuchos (de pent(a)- + teûchos, 'livro', pelo lat. Pentateuchu.]
Os cinco primeiros livros
do Velho Testamento, atribuídos a Moisés: o Gênese, o Êxodo, o Levítico, o
Números e o Deuteronômio; Tora.
Introdução
Gostaria em primeiro lugar, de deixar claro que a minha
opinião é bastante concisa em relação a inspiração e revelação de Deus acerca
do Cânon bíblico, principalmente em relação ao nosso objeto de estudo “O
Pentateuco”.
O que trataremos a seguir são fundamentos bíblicos,
teóricos e arqueológicos que tentarão nos dar uma visão mais acertada no que se
refere a autoria do Pentateuco. Tendo em vista as diversas correntes literárias
tanto da Baixa Crítica como da Alta Crítica, no tocante a este tão discutido
assunto no meio teológico.
Sem dúvida alguma, tenho convicção de que o fato de Moisés
ter ou não escrito sozinho o Pentateuco, não trará algum transtorno ou
constrangimento a nossa fé nos dogmas aceitos pela Igreja do Senhor, quanto à
Revelação das Escrituras. O que busco esclarecer e peço a Deus que todos
busquem desta mesma maneira, é que através desta análise tenhamos um
conhecimento mais profundo, claro e
cônscio de como Deus em sua sabedoria e conhecimento nos deixou tamanho legado
de fé, princípios e determinações a serem seguidas por nós seus servos e
filhos.
Observando o livro Evidências
que merecem um Veredicto II, observei que o Dr. D.A. Hubbard referiu-se à importância primária do Pentateuco para que possamos
compreender a relação entre o povo de
Israel e Deus. Diz ele:
“Sendo um
registro de revelação e a reação a ela,
o Pentateuco testifica dos atos salvatícios de Deus, o qual é o soberano Senhor
da história da natureza. O ato cêntrico de Deus no Pentateuco (e, de fato, no
Antigo Testamento), é o êxodo do Egito. Foi então que Deus irrompeu na
consciência dos israelitas e revelou-se como o Deus que redime. O discernimento
obtido por meio dessa revelação capacitou-os, sob a liderança de Moisés, a
reavaliar as tradições de seus antepassados, vendo nelas o desabrochar do relacionamento de
Israel com Deus, que havia florescido tão brilhantemente na liberação da servidão ao Egito.”
Ainda outro estudioso o Dr. Gilkey demonstrando a
experiência do Êxodo – Sinai como “ponto essencial da religião bíblica”, disse:
“Para nós, o Êxodo reveste-se tanto de um interesse
histórico quanto de um interesse confessional. A questão daquilo que Deus fez
no Sinai, em outras palavras, não é apenas uma questão para exame do erudito da
religião e da teologia dos semitas, mas é muito mais uma questão para consideração do crente contemporâneo que
deseja prestar seu testemunho atual quanto aos atos de Deus na história.”
Scofield introduz:
“Certos
críticos tem negado que Moisés tenha escrito do Gênesis ao Deuteronômio, apesar
do fato de terem sido atribuídos a Moisés pelo próprio Senhor Jesus Cristo. Os
argumentos contra a autoria de Moisés fundamenta-se principalmente na variação
dos nomes de Deus (Eloim e Jeová), as diferenças no estilo e vocabulário, e a
presença de mais de uma narrativa sobre o mesmo acontecimento, como, por
exemplo, a criação do homem em Gênesis 1:26 e 2:7. Tais argumentos foram
devidamente respondidos na explicação de que a variação nos nomes divinos tem o
propósito de revelar certos aspectos do caráter de Deus; o estilo depende do
assunto; e as narrativas paralelas, comuns na antiga literatura do Oriente
Próximo, tem a intenção de acrescentar detalhes à primeira narrativa.”
Portanto encontremos nas Escrituras a
resposta sábia conforme a regra básica da Hermenêutica que diz: “A Bíblia
interpreta a própria Bíblia”. E no Pentateuco, portanto, temos uma introdução
verdadeira e lógica de toda a Bíblia; e, em tipo, uma epítome da revelação
divina.
Pentateuchos
Nome que se dá à coleção dos primeiros
cinco livros do Antigo Testamento: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e
Deuteronômio. Nos lugares da Escritura onde ocorria este nome, os israelitas
davam aos cinco livros o nome de Lei, Js 1.7; Mt 5.17; Lei de Moisés, 1 Rs 2.3;
Ed 7.6; Lc 2.22; a Lei do Senhor, 2 Cr 31.3; Lc 2.23; o Livro da Lei, Js 1.8; o
Livro de Moisés, 2 Cr 25.3,4; o livro da lei de Moisés, Js 8.31; o Livro da Lei
de Deus, Js 24.26; o Livro da Lei do Senhor, 2 Cr 17.9. Todas estas designações
do Pentateuco dão a entender que os cinco livros eram tidos como um só volume,
como ainda se vê nos manuscritos judaicos, ainda que citados pelos vários nomes
das palavras iniciais. A divindade em cinco livros distintos e mencionada por
Josefo, cont. Apiom 1.8, e originou-se com a tradução grega, ou já existia
anteriormente. Como quer que seja, os Setenta adotaram a divisão, donde vieram
para nós os modernos títulos de Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e
Deuteronômio.
“A divisão da lei de Moisés em cinco
livros, dizem, serviu de modelo para a divisão do Saltério. Se assim foi,
deveria Ter sido em tempos muito antigos, porque já de muito que ele estava
assim dividido em cinco livros. As provas encontram-se nas descobertas feitas
nos próprios manuscritos nos quais os livros dos Salmos aparecem de tal modo
arranjados, que o salmo que abra cada livro, corresponde ao respectivo livro do
Pentateuco. O salmo primeiro, comparando o justo a uma árvore plantada junto às
correntes as águas, faz lembrar o jardim do Éden, de que fala o primeiro livro
do Pentateuco. O salmo 42 dá início ao segundo livro do Saltério, com um grito
de quem se acha em tristeza, oprimido pelo inimigo, e julgando-se como
abandonado por Deus, mas que, ao mesmo tempo, antecipa o seu livramento. É uma
recordação das aflições de Israel no Egito, como as descreve o livro de Êxodo.
No salmo 73, que abre o terceiro livro, as dúvidas do salmista acerca da
justiça de Deus para com os homens, desaparecem, quando considera o fim
destinado aos perversos. Este salmo reflete a gratidão para com a bondade
divina, dando a lei levítica como garantia de sua misericórdia. O salmo 90
abre-se com a oração de Moisés em que
ele roga a Deus que lha faça conhecer
o número de seus dias. Este assunto corresponde ao Livro dos Números. O
salmo 107, que dá princípio ao quinto livro, fala da bondade do Senhor nos dias da tribulação, e, como o
Deuteronômio, faz uma recapitulação dos exemplos do favor divino para com
Israel. É preciso reconhecer que esta correspondência é mais fantasiosa que real.
A Tradição Oral e Escrita
A narração
dos fatos contidos no primeiro livro do Pentateuco, foi transmitida aos tempos
de Moisés pela tradição oral e escrita. Os acontecimentos posteriores deram-se
no seu tempo e nos quais tomou parte pessoalmente. A arte de escrever era comum
no Egito muito antes de Moisés; era conhecida na Arábia, onde havia ele estado
algum tempo; em Canaã, onde seus antecessores peregrinaram e por onde estava
guiando o povo. As várias formas de literatura representadas no Pentateuco,
mostram quais eram as concepções familiares naquela época. Posto que os cinco
livros não sejam, no seu todo, atribuídos a Moisés, contudo, dão-no como seu
autor. Duas passagens são de sua autoria: a vitória sobre Amaleque, Êx 17.14, e
o itinerário dos israelitas desde o Egito às planícies de Moabe, fronteira ao
Jordão e a Jericó, Nm 33.2,
O cântico comemorativo das obras do Altíssimo e do seu favor para com
Israel, foi escrito e composto por ele, Dt 31.19, 22, 30; 32.44. Moisés também
escreveu e cantou o hino de louvor a propósito da destruição de Faraó e do seu
exército, e da passagem do Mar Vermelho, Êx 15.1-18, 21. A parte que trata das
leis, compõe-se de três corpos distintos. O primeiro chama-se o livro do pacto,
e compreende os dez mandamentos, lei fundamental da nação e os regimentos nela
baseados, Êx caps. 20-23.
O segundo corpo de leis, regula o serviço do santuário, Êx caps. 25 a 31 e 35 a 40; o Levítico e a maior
parte do livro de Números. Toda esta legislação revelou-a Deus a Moisés, Êx
25.1 e seg.
O terceiro corpo de leis contém as
proclamações que Moisés fez à nova geração dos hebreus nas vésperas de sua entrada em Canaã, recordando o modo por que
Deus os conduziu, e reproduz várias porções da lei com o fim especial de
mostrar-lhe a sua espiritualidade e pondo em relevo as feições mais importantes
da vida religiosa, nas circunstâncias especiais em que o povo ia entrar, e ao
mesmo tempo modificado os pormenores referentes às novas exigências da vida na terra de Canaã.
Moisés escreveu esta mensagem e mandou aos levitas que pudessem o livro ao lado
da Arca da Aliança do Senhor para lhes servir de testemunho, Dt 31.9, 24-26.
Segundo se lê nestes livros, as passagens espalhadas em todo o Pentateuco são
de sua autoria.
Todo o Antigo Testamento, quando fala
da lei, sempre a dá como obra de Moisés, escrita em um livro, Js 1.7,8; Ed 6.8;
Ne 8.1,18. São muito freqüentes e explicitas as referências à lei de Moisés, Js
1.7-8; 8.31-35; Jz 3.4; 1 Rs 2.3; 2 Rs 18.6,12; cp. Dt 24.16; 2 Rs 21.7,8; Dn
9.11,13; Ed 3.2; 6.18; 7.6; Ne 8.1,18; Ml 4.4.
Uma das feições particulares desta
legislação, a lei de um só altar, esteve em
desuso durante o cativeiro ou retenção da arca pelos filisteus depois
que o Senhor abandonou a Silo, 1 Sm 4.11,21,22; 6.1; 7.2; Sl 78.60; Jr 7.12-15;
26.6. Enquanto durou este período o povo sob a direção de Samuel, sacrificava
onde podia, 1 Rs 3.2-4, como seus pais haviam feito nos tempos antigos, antes
do pacto entre Jeová e os israelitas, de que a lei e a arca serviam de monumento. Mais uma vez este regime esteve em
vigor, quando os piedosos israelitas, que habitavam o reino do norte, se viram
privados de subir a Jerusalém para adorar o Senhor. Teriam de escolher entre
abster-se inteiramente de sacrificar, ou
adorar a Deus como o havia feito Abraão. Isaque e Jacó. Tomaram o segundo
alvitre. Todos os outros casos de
sacrificar, fora do santuário central, obedeciam à lei, que expressamente
estabelecia que em qualquer lugar em que Jeová se manifestasse, aí se oferecia o
sacrifício, Êx 20.24; Jz 2.1,5; 6.19-24; 13.15-22. O reino do norte reconhecia
a autoridade da lei de Moisés. Os profetas Oséias e Amós que trabalhavam entre
as dez tribos, apesar de não falarem em nome de Moisés, referiam-se
constantemente às leis do Pentateuco e empregavam a sua linguagem.
Autoria do Pentateuco
Negam alguns que o Pentateuco seja obra de Moisés. As
principais objeções consistem em que o livro contém fatos que se deram após a
sua morte e que, portanto, não poderiam ser escritos por ele. Lê-se em Gn 12.6:
“Era então o cananeu o que habitava a terra”, cp. 13.7.
O sentido que dão a
esta passagem é que os cananeus já não ocupavam a terra em vida do escritor.
Mas não é isso que ele diz; senão que o cananeu era o habitador da terra,
quando Abraão ali esteve e que a terra lhe estava prometida. Gn 14.14 diz: “Que
Abraão foi em alcance destes reis até Dã.” Dizem que no tempo do patriarca esse
lugar se chamava Laís e que o nome de Dã só lhe foi dado no tempo dos juízes,
Jz 18.29. Resta saber, porém, se o Dã de
Gênesis é o mesmo Dã do livro dos
Juízes. Se é, então devemos supor que o nome de Dã, que era o mais
familiar, substituiu o antigo Laís no curso de repetidas transcrições.
O texto hebreu não
existe em sua absoluta pureza primitiva.
Em Gn 36.31, diz-se: “Antes que os filhos de Israel tivessem rei”, como se à
monarquia que principiou em Saul já existisse quando o autor escreveu o livro.
Mas os reis de Edom referidos nos vv.
32-43, reinaram antes de Moisés; este diz somente que os descendentes de Esaú
já tinham reis, ao passo que os israelitas, aos quais se havia prometido rei,
ainda o não tinham, Gn 17.6,16; 35.11. Diz o Dt 1.1: “Estas são as palavras que
Moisés disse a todo o Israel na banda daquém do Jordão”, isto é, na parte
oriental como se o escritor estivesse em Canaã. Mas a expressão citada não tem este sentido. Abraão, Isaque e Jacó falaram
daquela região como situada aquém do rio, que ficou sendo conhecida como este
modo. Ainda mais: aquela região não era Canaã, a terra prometida. Moisés ainda
estava aquém do rio. Qualquer que fosse o lado do rio em que o povo estivesse,
designavam as montanhas Abarim ao oriente do Mar Morto, como as montanhas
daquém, e ultimamente denominavam o país entre o Jaboque e o Arno na Peréia, a
região daquém. Admite-se geralmente que os versículos 5-12 do cap. 34 do Dt,
onde se fala da morte de Moisés e em que é comparado com os profetas que o
precederam, 5, 10, não foram escritos por sua mão. Isto, porém, de modo algum
pode servir de argumento para negar-lhe a autoria do Pentateuco, no seu todo.
Fraquezas
e Falácias da Teoria Wellhausiana
1.
A teoria Documental tem sido caracterizada por uma espécie sutil de raciocínio
em círculos; tende a postular sua conclusão (“a Bíblia não é uma revelação sobrenatural”)
como sua premissa básica (“não pode
existir algo chamado revelação sobrenatural”). Aquela premissa, é claro, era um
artigo de fé para toda a liderança intelectual na época do iluminismo
(l’Éclaircissement na França, die Aufklärung na alemanha) do século dezoito;
estava implícito na filosofia prevalecente do deísmo. Infelizmente, porém,
tornou impossível qualquer consideração
justa das evidências apresentadas pelas Escrituras da revelação sobrenatural.
Além disso, tornou-se absolutamente obrigatório descobrir explicações
racionalistas e humanistas para cada aspecto ou episódio no texto das
Escrituras que tem algo de milagroso ou que testifica a manifestação de Deus.
Mas esta tentativa de tratar objetivamente como dados literários do ponto de vista
de preconceito antisobrenaturalista se destinava ao fracasso desde o início. É
como a tentativa do daltônico de julgar
as grandes obras-primas da pintura. A
primeira falácia, portanto, era petitio
principii (tomar a questão).
2.
Alegava-se que a teoria de Wellhausen se baseava na evidência do próprio texto,
mas a evidência do texto é consistentemente evadida quando vai claramente
contra as teorias. Por exemplo, os documentaristas insistiam, “Os livros
históricos do Antigo Testamento não demonstram que reconhecem a existência da
legislação P ou do código mosaico escrito antes do fim do exílio”. Quando veio
a resposta a esta declaração, demonstrando que numerosas referências à Lei
Mosaica e às instruções P foram descobertas nos livros históricos, veio da
parte deles a réplica: “Ah, bem, estas referências são interpoladas posteriores
feitas por escribas sacerdotes que reeditaram estes livros depois do Exílio”.
Isto quer dizer que o mesmo corpo de evidência ao qual se apela comprovar a teoria,
se rejeita quando entra em conflito com a teoria. Ou, em outras palavras, cada vez que a teoria é
desafiada pelos próprios dados que ela alega explicar, então o time capacitado
para eliminar dificuldades, Redator e Interpolador Ltda., recebem a chamada de
socorro. Táticas ilusórias como estas dificilmente poderiam justificar a
confiança e integridade dos resultados.
3.
Os documentaristas pressupõem que os autores hebraicos são diferentes de quaisquer escritores conhecidos em toda a história da literatura
pelo fato de só eles não possuírem a capacidade de empregar mais do que um nome
para Deus; mais do que um só estilo de escrita, seja qual for a diferença no
assunto tratado; mais do que um entre
vários sinônimos da mesma idéia; mais do que um tema típico ou círculo
de interesse. Segundo estas teorias, um
autor único como (citando um exemplo brasileiro) Rui Barbosa não poderia ter
escrito pesquisas literárias, como Ensaio
sobre Swift, reportagens vivas e cintilantes da atualidade da época, como
em Cartas da Inglaterra, e ainda a
grande obra de polêmica religiosa, que é sua versão de “O Papa e o Concílio”. Se tivesse sido um hebreu antigo, decerto
suas obras já teriam sido mutiladas, dentro da hipótese das fontes múltiplas,
A,B e C! A estrutura inteira da divisão das fontes foi construída sobre
pressuposições exclusivistas que não são demonstradas na literatura de nenhuma
outra nação e de nenhum período.
4.
Preconceitos subjetivos se revelam no tratamento das Escrituras hebraicas como evidência
arqueológica. Por demais freqüentemente a tendência tem sido considerar a
qualquer declaração bíblica como sendo suspeita e indigna de confiança, embora
que a própria antigüidade do Antigo Testamento
(mesmo pelas datas atribuídas pelos críticos) deveria recomendá-lo para ser
considerado como documento arqueológico. No caso de qualquer discrepância, na
comparação com uma fonte pagã, mesmo sendo de data posterior, automaticamente a
informação pagã tem a preferência como testemunha histórica. Quando não há
outras evidências disponíveis de fontes
não israelitas ou de algum tipo de descoberta arqueológica, então, a
declaração bíblica não é levada a sério a não
ser que possa ser encaixada com a teoria. Não faz diferença para eles o grande número de informações bíblicas
que, rejeitadas como não históricas
pelos peritos do século dezenove tem sido confirmadas pela evidência
arqueológica posterior (como a historicidade de Belsazar, os Heteus e os
Horeus), a mesma atitude de preconceito prejudicial contra a Bíblia tem
persistido, sem a mínima justificativa. (Seria uma ingenuidade supor que os
relatórios pagãos do Egito, da Babilônia e da Assíria – em contraste com as
Escrituras hebraicas com seus elevadíssimos padrões morais – eram livros de tendências
propagandistas ou preconceitos partidários). W. F. Albright tem o crédito de
ter dirigido uma boa parte dos seus esforços eruditos no sentido de reabilitar
a reputação do Antigo Testamento como registro do passado no qual se pode
confiar. Em numerosos livros e artigos, demonstrou, repetidas vezes que a
narrativa Bíblica tem sido vindicada contra seus críticos, pela descoberta arqueológica recente.
5.
A escola de Wellhausen começou com a mera suposição (a prova da qual não tem
sido alvo de muitos esforços da parte deles) que a religião de Israel era de
origem meramente humana como qualquer outra, e que precisava ser explicada como
mero produto da evolução. Não fazia diferença para eles que nenhuma outra religião conhecida (a não ser aquelas
que surgiram da fé dos hebreus) tem chegado ao monoteísmo genuíno; os
israelitas também devem ter começado com animismo e politeísmo cru, exatamente
como as demais culturas antigas. A evidência esmagadora em contrário, desde o
Gênesis até Malaquias, que a religião israelita era monoteísta desde o começo
até o fim tem sido evadida nos interesses dum dogma preconcebido: que não pode
existir aquilo que se chama religião sobrenaturalmente revelada. Por este
motivo, todas as narrativas simples e diretas em Gênesis e no restante da Torá que descrevem as
experiências de Abraão, Isaque, Jacó e
Moisés tem sido sujeitadas a uma
reanálise cínica, procurando
demonstrar que um retoque monoteístico foi aplicado àqueles antigos dignatários
politeístas pelos assim-chamados “Deuteronomistas” ou a escola Sacerdotal de
época posteriores.
6.
Quando por meio de manipulação engenhosa do texto, se produz uma “discrepância”
ao interpretar uma passagem fora do contexto, não se aceita nenhuma explicação
que reconciliaria a dificuldade, mas, pelo contrário, a suposta discrepância
precisa ser explorada para “comprovar” diversidade de fontes. (Cf. a
discrepância que Pfeiffer imaginava ver (IOT 328) entre duas narrativas do
assassinato de Sísera. Segundo ele, Juízes 5.25-27 diz que Jael o matou com seu
martelo e estaca de tenda enquanto bebia leite; Juízes 4.21 diz que o fez
enquanto Sísera dormia. Na realidade, 5.25-27 não declara que estava bebendo no
momento do impacto, mas seria inútil dizer isto a Pfeiffer, pois já dividiu as
“narrativas discrepantes”entre J e E).
7.
Embora literaturas semíticas antigas demonstrem numerosas instâncias de
repetição e de duplicação pelo mesmo autor na sua técnica de narrativa, é somente
a literatura hebraica que não tem licença de empregar tais repetições ou
reduplicações sem trair uma autoria diversa. É instrutivo estudar a literatura
sectária das cavernas de Cunrã, para perceber até que época os israelitas
continuavam a empregar a repetição com o propósito de enfatizar. Por exemplo,
compara-se placa I com placa IV do Manual de Disciplina, onde os
requisitos para se entrar na comunidade monásticas são esclarecidos de tal
maneira que convidaria os serviços peritos do divisor de fontes documentárias.
8.
Com auto-confiança altamente questionável, a escola de Wellhausen presumiu que
críticos europeus modernos, que não tem em mãos nenhuma outra literatura antiga
hebraica com a qual possam fazer comparações (pelo menos, quanto ao período
bíblico), podem fixar a data da composição de cada documento, com exatidão
científica. Supõem também que podem ter a liberdade de emendar o texto ao
substituir palavras mais comuns pelas palavras raras ou incomuns preservadas no
texto massorético, que eles não
entendem, ou que não acham cabíveis no contexto. Como estrangeiros, vivendo
numa época e numa cultura totalmente diferentes, se sentiam competentes
para lançar do descarte ou reembaralhar
frases ou até versículos inteiros quando
seus conceitos ocidentais de consistência ou de estilo foram ofendidos.
9.
Supuseram, além disto, que estudiosos vivendo 3.400 anos após o evento pudessem
(mormente na base de teorias filosóficas) reconstruir com mais segurança a
ordem dos acontecimentos da época do que os próprios autores antigos (que
viviam dentro de 600 ou 100 anos daqueles eventos, mesmo pelas datas
avançadas que os próprios críticos dão).
Em resumo, é muito duvidoso se a
hipótese de Wellhausen mereça a posição de respeitabilidade científica. Há
tantas alegações forçadas para pleitear a causa, tantos argumentos em círculo,
tantas deduções questionáveis tiradas de remissas não substanciadas, que é
absolutamente certo que sua metodologia nunca subsistiria num foro jurídico. Quase
nenhuma das leis de evidência que se respeitam em procedimentos legais se
obedece entre os arquitetos da Teoria Documental.
O criticismo bíblico compreende duas
seções distintas: (1) Baixo Criticismo, consistindo do (a) Criticismo textual,
que é uma busca em torno da história do texto, até se determinar a sua maior
aproximação com o texto original, e (b) o Criticismo lingüístico, que
compreende o exame das raízes, o significado das palavras e o idioma; (2) O
Alto Criticismo que consiste (a) da crítica literária, que procura resolver os
problemas de datas em que determinado livro foi escrito e o seu autor, e (b) da
crítica histórica, que investiga a sua credibilidade.
O termo Alto Criticismo (ou Alta
Crítica) é usado, muitas vezes sem qualquer cuidado, pelos controversistas,
como sinônimo de radicalismo literário. O chamado alto crítico bem pode ser
ultra-conservador, defendendo apenas de sua concepção da natureza do Velho
Testamento. Logo, deve se aplicar o termo adequadamente. É, entretanto, no campo
da crítica histórica que a pendência tem persistido. A negação da credibilidade
do Velho Testamento, no tocante a sua autoria e inspiração divina, tem
inevitavelmente levado a oposição dos que crêem na autoridade e inspiração das
Escrituras; e os dois campos tem terçado as suas armas com o máximo de mestria.
A crítica do Pentateuco é a tarefa
mais importante que qualquer estudante do Velho Testamento pode enfrentar,
porque desta depende todo o resto dele. Extremamente difícil, requer paciência
e habilidade, para que os argumentos pró e contra sejam devidamente pesados e o
valor real finalmente determinado. Entretanto,
muitos que de julgam sábios tem oferecido um testemunho pobre da sua
capacidade para tal tarefa. Alguns tem colecionado uma multidão de fatos desconexos, sem capacidade para
coloca-los em ordem e demonstrarem o seu
valor na debatida questão; e o estudante comum fica impossibilidade, por sua
vez, de forma uma oposição segura.
A opinião dos Judeus e cristãos, por
mais de dois mil anos, sempre foi unanimemente em favor da autoria mosaica do
Pentateuco, e foi somente entre 1650 e 1750, um século, portanto, de crítica
moderna, que as primeiras dúvidas foram levantadas por Hobbes, Peyrerius,
Spinosa, Richard Sinon e Lc Clere. Para facilitar o estudo, dividiremos o
assunto em diversas seções, chamando a atenção do estudante para o fato de que apenas daremos os pontos
principais de cada escola.
A
posição atual
A compreensão obtida mediante esses
criticismos acerca da hipótese Graf-Wellhausen, juntamente com as pesquisas
contínuas de seus defensores, tem dado em resultado uma modificação
considerável sobre a antiga teoria. Os pontos se vistas evolucionários simples
da história e da religião de Israel, foram postos de lado. A autenticidade
básica dos relatos sobre os patriarcas é reconhecida por muitos estudiosos,
visto que a luz da arqueologia tem iluminado o pano de fundo desses relatos. O
ambiente egípcio do ciclo de José e o relato do Êxodo tem sido confirmados por
considerações arqueológicas, literárias e lingüísticas (cf. A. S. Yahuda, The
Language of the Pentateuch in its Relation to Egypitian, 1931; C. H. Gordon,
The World of the Old Testament, 1958, pág. 139).
O papel de Moisés (q. v.) como o grande
legislador e a personagem dominante da religião de Israel, tem sido confirmado.
Embora não abandonaram a teoria
documentária tem sido modificada por eruditos contemporâneos. O desenvolvimento
de cada documento é excessivamente complexo e geralmente se considera que
representa a ‘escola’ inteira e não um único autor. O desenvolvimento dos
vários documentos não é consecutivo, mas
antes, paralelo, visto que em cada um deles
se podem encontrar elementos antigos,
como indica o uso de elementos pentateucais
pelos profetas (cf. Aalders, op. cit.,
págs. 111-138). Dissecações minuciosas de versículos e atribuição
positiva de suas porções a diversas fontes geralmente tem sido abandonadas.
Essas modificações, na hipótese documentária, podem ser contempladas pelos
conservadores como um boletim médico, e não como um obituário. A teoria
Wellhauseniana ainda está muito viva e permanece um desafio constante à
erudição ortodoxa, que algumas vezes se tem
contentado em consolar-se com as reações contra a hipótese documentária
sem produzir uma completa introdução para o Pentateuco, que afirme de modo
positivo a evidência em favor da unidade
básica da lei, ao mesmo tempo que leve em consideração as indicações de
diversidade sobre a qual a teoria documentária se baseia.
Os estudos de Aalders tem palmilhado
sobre um terreno novo e apontam para o caminho por onde se deve prosseguir. De
particular interesse são seu reconhecimento de elementos pós-mosaicos e
não-mosaicos no Pentateuco (por exemplo, Gn 14:14; 36:31; Êx 11:3; 16:35; Nm
12:3; 21:14,15; 32:34 e segs.; Dt 2:12; 34:1-12), e sua consciência do fato que
nem o Antigo nem o Novo Testamentos atribuem a obra inteira a Moisés, embora ambos os Testamentos atribuem-lhe
porções substanciais. Os grandes códigos
legais, por exemplo, são creditados especificamente a Moisés (exemplo,
Êx 20:2-32,33; 34:11-26; Dt caps. 5-26; cf. Dt 31:9,24), como o é também o
itinerário dos israelitas, em Nm 33:2. No que diz respeito às histórias do
Gênesis sobre os gentios, Moisés pode ter
sido ou não aqueles que as compilou, baseando-se em suas formas orais ou
escritas. As evidências acerca da edição pós-mosaica no Pentateuco se encontram
nas referências citadas acima e especialmente na menção de documentos antigos
tal como ‘o livro das guerras do Senhor’ (Nm 21:14). É difícil datar a redação
final do Pentateuco. A sugestão de Aalders de que isso teria tido lugar algum
tempo entre os reinados de Saul e Davi é crível, embora se deva fazer algum
desconto no tocante à modernidade do vocabulário e do estilo.
A
Mensagem Religiosa do Pentateuco
O Pentateuco deve ser definido como um
documento que dá a Israel sua compreensão, sua etiologia da vida. Aqui, por
meio de narrativa, poesia, profecia e lei, a vontade de Deus concernente à tarefa
de Israel no mundo é revelada’ (A. Bentzen, Introduction the Old Testament,
1952, II, pág. 77). Um registro de revelação e resposta à mesma, o Pentateuco
testifica sobre os atos salvadores de Deus, o qual é Senhor soberano da
história e da natureza. O ato central de Deus, no Pentateuco (e, de fato, no
Antigo Testamento) é o Êxodo do Egito (q.v.). Ali Deus irrompeu na consciência
dos israelitas e se revelou como o Deus redentor. A compreensão obtida por essa revelação
permitiu-os a, sob a liderança de Moisés, re-avaliarem as tradições
transmitidas por seus antepassados e ver nelas os primórdios das revelações do
trato de Deus que desabrocharam tão brilhantemente no livramento da escravidão
egípcia.
Tendo-se exibido poderosa e
abertamente como Senhor, no êxodo, Deus levou os israelitas a perceberem que
Ele era o criador e sustentador do universo, bem como Aquele que dirige a
história. A ordem observada é importante: o conhecimento do Redentor levou ao conhecimento do
Criador; a compreensão sobre o Deus da graça
conduziu à compreensão sobre o Deus da natureza.
A exibição de controle sobre a natureza, o que se evidenciou nas pragas, na
travessia do Mar Vermelho, e no sustento no deserto, bem pode ter influenciado
os israelitas para que vissem Deus como o Senhor tanto da natureza como da
história.
A graça de Deus é revelada não apenas em Seu livramento e
orientação, mas igualmente na
transmissão da lei e na iniciação da aliança firmada. O compromisso de
obediência assumido por Israel, seu juramento de lealdade a Deus e à Sua
vontade, foi a resposta de Israel: porém, até mesmo essa resposta é o Dom da
graça de Deus, pois é Ele que embora livre de qualquer obrigação, fixou as
condições da aliança e proveu o sistema de sacrifício como meio de transpor o
abismo entre Ele mesmo e o Seu povo. A graça de Deus exige em total
reconhecimento de Sua Soberania, uma obediência completa à Sua vontade em toda
esfera da vida, Essa exigência é graciosa porque envolve o que é bom para
Israel, o que a ajudaria a realizar seu verdadeiro potencial, e a levaria a
descobrir o que não poderia faze-lo sem a revelação divina.
Qualquer que seja a origem do
Pentateuco, atualmente aparece como um documento que possui uma rica unidade
interna. Trata-se do registro da revelação de Deus na história e de Sua
soberania sobre a história. Testifica tanto sobre a resposta de Israel como de
seu fracasso em corresponder à altura. Testifica sobre a santidade de Deus, que
O separa dos homens, sobre Seu amor gracioso, que liga a Ele de conformidade com
Suas condições.
Conclusão
Após abordarmos alguns conceitos
e definições tanto da Baixa Crítica quanto da Alta Crítica, encontramos em
nossa interpretação que Moisés NÃO é o autor do Pentateuco.
Ele não é o autor TOTAL. Como vimos a
escrita sendo utilizada muitos anos antes dele tanto na Fenícia, como na
Arábia, e nas escavações arqueológicas foram encontradas a Pedra Roseta, e o
Código de Amurabe, delimitando assim que a escrita já existia antes de Moisés,
por certo Moisés, compilou materiais acerca da criação do mundo, da criação do
homem, mensagens estas que também eram passadas de forma auricular de pais para
filhos, pois este era um costume utilizado no período mencionado.
Outra condição para que mencionemos o
fato de Moisés NÃO ter escrito todo o Pentateuco é a narrativa da sua própria
morte no último capítulo de Deuteronômio, o que pode ser atribuído a Josué ou a
algum contemporâneo.
Porém, se atentarmos para a
qualificação do homem Moisés, estudante das melhores universidades do Egito,
com um conhecimento amplo em muitas ciências usadas naqueles tempos, poderíamos
avaliar que Moisés reunia todas as qualificações necessárias para escrever e
organizar todo o Pentateuco com a Revelação do Espírito Santo de Deus. Gostaria de mencionar o Dr. Russel Shedd que
diz: “Ninguém pode afirmar com absoluta certeza quem escreveu o livro de
Gênesis. Visto que Gênesis é o alicerce necessário para os escritos de Êxodo a
Deuteronômio, e visto que a evidência disponível indica que Moisés escreveu
esses quatro livros, é provável que Moisés tenha sido o autor do próprio livro
de Gênesis. A evidência apresentada pelo Novo Testamento contribui para essa
posição (cf. especialmente Jo 5:46,47; Lc 16:31; 24:44). Na tradição da Igreja,
o livro de Gênesis tem sido comumente designado como Primeiro Livro de Moisés.
Nenhuma evidência em contrário tem sido
capaz de invalidar essa tradição”.
Bibliografia
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Impressão. Belo Horizonte (Venda Nova), MG, Editora Vida, 1995.
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Trad. J. R. Carvalho Braga. 19 Ed. Rio de Janeiro, JUERP, 1996.
A Bíblia Vida Nova. Editor
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A Bíblia Sagrada – com referências e anotações de Dr. C.I.
Scofield. São Paulo - SP. Imprensa Batista Regular, 1986.
GILKEY, Langdon B. “Cosmology, Ontolgy, and the travail
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SELLIN, Ernest. Introdução ao Antigo Testamento. Vol.
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DOUGLAS, J. D. O Novo
Dicionário da Bíblia. Editor em Port. R.P. Shedd 2a Ed. São Paulo –
Editora Vida Nova, 1995.
By: Pr. Josué Alves de Brito Júnior
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